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2007-04-30

 

O Brilho das Imagens


Políptico do convento das Clarissas. Varsóvia 1350-60.


Políptico do convento das Clarissas. Varsóvia 1350-60. Pormenores

Pintura e Escultura Medieval do Museu Nacional de Varsóvia (séculos XII-XVI) de 1 de Março a 17 de Junho de 2007 no Museu de Arte Antiga. É a primeira vez que estas obras de arte saiem para estranjeiro. Uma oportunidade única para as ver em Lisboa. link


 

A Turquia: golpe militar ou islamização?

Para a União Europeia sobeja o dilema: defesa da democracia com o perigo da Turquia resvalar para o "Irão" e acabar com a democracia ou o apoio ao golpe militar para a defesa da... democracia! Por agora a UE, salva a face e adverte as forças armadas turcas para não intervirem. Talvez com a esperança de que elas ameaçem quanto baste.

Duas gigantescas manifestações com mais de um milhão de manifestantes cada uma, há 15 dias na capital, Ancara, e ontem em Istambul, que tiveram o apoio explícito das forças armadas, exigem a continuação do Estado laico e opôem-se à candidatura do actual ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdullah Gul, à presidência da República, proposto pelo partido islâmico moderado do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan. O PR é eleito pelo parlamento, com mais de 2/3 dos votos ou por maioria simples, à terceira tentativa.

Os manifestantes não querem ter uma "primeira dama" que usa véu e exibiam slogans como o de "Erdogan vai para o Irão" ou "nem sharia nem golpe de Estado".

O candidato do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, no poder) pode facilmente ser eleito pelos deputados à terceira tentativa pois o seu partido tem maioria absoluta no parlamento.

O primeiro-ministro mantém o braço de ferro com as forças armadas que constitucionalmente têm a responsabilidade de defender a laicidade do Estado e a herança de Mustafa Kemal Ataturk, o "pai da pátria", que fundou o Estado moderno, laico e ocidentalizado da Turquia, em 1923 e que já fizeram quatro golpes de Estado no últimos 50 anos (1960, 1971, 1980, 1997).

O Caso está no tribunal constitucional e uma saída pode ser a convocação de eleições antecipadas. Só que estas podem dar de novo a maioria a Erdogan.

Recep Tayyip Erdogan tem origem nos movimentos teocráticos islâmicos dos anos 90 mas que a certa altura arrepiou caminho e fundou o seu próprio partido islâmico moderado. No entanto, os defensores do Estado laico receiam que essa trajectória acabe por ser uma manobra que leve à república clerical.

Estas manifestações são a expressão do medo do regresso à sharia, à Idade Média, a um regime como o do Irão. É o confronto de dois estilos de vida o das grandes cidades e o do meio rural profundo. Erdogan é um símbolo do protagonismo de uma nova classe que se fortaleceu com os trabalhadores rurais, analfabetos e religiosos, que nos últimos 20 anos inundaram as cidades com o boom económico. Diário Digital/Lusa ou NYT ou El País.


 

Plantu e Sarkozy


"Il ne me reproche pas de le dessiner en traître. C'est curieux..." diz Jean Plantu o cartoonista do Monde. O artigo do provedor dos leitores sobre as caricaturas é sintomático do que nos espera em caso de vitória de Sarkozy. Se os apoiantes de ambos os candidatos mostram uma certa falta de sentido de humor ao protestarem contra as caricaturas de Plantu, Sarkozy vai longe de mais ao enviar uma carta oficial do Ministério do Interior para protestar contra as moscas que Plantu põe sistemáticamente a acompanhar o ministro-candidato.

Mais grave ainda são os telefonemas para o chefe da redacção a protestar por Sarkozy aparecer transformado em caniche, como muito bem diz o desenhador, no Monde não funcionou mas com um director de redacção mais medroso as consequências poderiam ser graves para o caricaturista.


 

"Candidado Manuel do Bexiga"

A Madeira anda em período eleitoral, sem novidades, a não ser eleger "o eleito AJJ" que resolveu "brincar" às eleições, só porque Sócrates lhe apertou os calos, ao exigir-lhe responsabilidades através da nova Lei das Finanças Regionais. Sócrates decidiu e, em meu entender, bem, legislar no sentido de quem se endivida tem de pagar a conta. Uma coisa que Alberto João Jardim nunca tinha feito como presidente do GR. Endividava-se e a conta lá seguia para o Governo da República que tudo foi pagando... até Sócrates chegar.

Alberto João Jardim afronta, ofende, berra com tudo e todos sempre, mas em período eleitoral sobem os decibeis com especial força.

Dificuldades, dificuldades, só mesmo com o 'Candidato Manuel do Bexiga' anima campanha na Madeira . O PND regional, que de Manuel Monteiro pouco tem - não me parece uma pessoa de humor, criou a figura do candidato fictício "Manuel do Bexiga" que até anda a ensinar Manuel Monteiro a expressar-se em madeirense e com pouco sucesso pois o homem anda a ficar muito mal no retrato. São de facto os homens do Garajau que marcam os pontos, que se divirtem e irritam Alberto João Jardim. É mesmo a única coisa de novo que apareceu na campanha.


2007-04-28

 

A "imparcialidade" dos nossos tribunais

O tribunal europeu dos direitos do homem condenou o Estado português a pagar 2 104,72€ ao jornalista José Manuel Mestre (JMM) e 687,37€ à SIC, num processo em que este mesmo jornalista tinha sido condenado pelos tribunais portugueses.

Vejamos resumidamente a situação. Em 1996, JMM numa entrevista ao então secretário geral da UEFA, Gerhard Aigner, pergunta-lhe se era admissível que o então presidente da Liga de Clubes também presidente do Futebol clube do Porto, Pinto da Costa, por conseguinte "patrão dos arbitros", pudesse nos jogos estar sentado no banco de suplentes, à frente do árbitro, de quem era patrão "por inerência".

Pinto da Costa ofende-se com a pergunta. Processa JMM e os tribunais portugueses condenam JMM. Este não se encolhe, porque acha e bem que esta condenação era atentatória da liberdade de expressão. E agora vê assim o tribunal europeu dos direitos do homem dar-lhe razão.

Deixo aqui a seguinte questão: porque razão tem de ser o Estado Português a pagar e não os autores materiais da decisão? Os juizes. Eles são pagos para julgar segundo as leis. JMM não tinha ofendido o senhor Pinto da Costa. Tinha usada a sua função de jornalista para interrogar alguém, conhecedor, sobre um caso que podia influenciar a verdade do jogo. Os juizes portugueses, que actuaram neste processo, fizeram má justiça. Os cidadãos portugueses não têm de pagar as asneiras de quem é pago para não asneirar e asneirou.


 

Milagres (2)

Sim, são rosas, camarada!

José Sócrates e o seu Governo foram cotados na última sondagem realizada pela MarkTest para o DN e para a TSF, cinco pontos abaixo do score obtido no mês anterior.

Segundo os analistas e comentadores de diferentes bordos, trata-se do efeito de erosão provocado pela a má gestão de dossiês como o da UNI, OTA, e reforma da AP.

Porém, para os que se escudavam sistematicamente nas altas taxas de popularidade do 1º Ministro para evitar discutir o (des) acerto das suas políticas, outro tempo é chegado.

Servindo-me do bom humor do 1º Ministro em recente entrevista ao Le Point [ver post Milagres (1)], dir-se-ia que o tempo dos milagres se começou a desvanecer.

Daí, talvez, o arranque de um grande debate sobre e regionalização.

Sempre é uma coisa mais terrena...


2007-04-26

 

Carmona Rodrigues, constituído Arguido

Acabou agora mesmo de se saber. Ouvi na SICnotícias, no frente a frente, Ana Draco-Luis Filipe Menezes, que o Presidente da CML, Prof. Carmona Rodrigues, fora considerado arguido no caso BragaParques. Caiu em cheio a notícia porque, na altura da chegada da notícia, o tema em debate era a corrupção.

Luis Filipe Menezes aproveitou para entalar Marques Mendes pois acha que ele não tem saída. Fez uma lista "à sua medida", por isso não quiz lá Santana Lopes, mas agora não tem saída. Segundo Luis Filipe Menezes tem mesmo de o demitir.


 

O funcionamento da Torre do Tombo

Somos atendidos de uma forma geral muito bem por funcionários que estão sempre disponíveis para ajudar. É um facto.

Mas, neste país, há sempre um mas... Um mas, que nos atrasa muito a vida.

Exemplos: só se podem pedir 3 dossiers de início e, depois, à medida que se os devolve, vai se solicitando a sunbstituição consoante a entrega. Poderia estar bem. Só que cada entrega leva, em média, 1/2 hora. Já se pensou no tempo perdido? Há dias para consultar 10 dossiers de 5 páginas cada, em média, levei uma tarde com uma agravente. Quando fui pedir o 11º por entrega do 8º como já eram 16H 30 já não podia ser.

Hoje, cheguei às 15 horas. Estive a ver o que queria consultar. Ultrapassei as 15H30 e tive de vir embora sem nada consultar, pois a primeira requisição tem de ser até essa hora. Conclusão à vista: onde está a eficácia e a organização funcional? Será preciso pensar muito para deduzir que isto não pode ser assim?

Senhor Director da Torre do Tombo e senhora Ministra da Cultura pensem lá um bocadinho e ponham a TT mais agilizada Assim , a perda de tempo é tamanha.

 

O Túnel do Marquês

16H40 de hoje. Entrei no túnel do Campo Pequeno no sentido Marquês de Pombal. Àquela hora nunca tinha demorado tanto tempo e passo por ali muitas vezes. Deu para ouvir na TSF das 17 H o Engenheiro responsável pelo túnel tecer os maiores elogios quer sobre a construção quer sobre a manutenção futura. Só que me apetecia perguntar-lhe, mas ele não estava a li à mão: mas afinal, se está tudo tão maravilhoso porque será esta demora numa zona ainda algo longe?

 

Declaração anti-comunista, versão polaca

O Monde publica hoje um artigo de opinião do euro deputado Bronislaw Geremek que está em risco de perder o mandato para o qual foi eleito por se recusar a assinar uma declaração de não colaboração com as autoridades comunistas.

Geremek é uma figura da oposição ao regime comunista e mostra bem que a sua posição não pode ser vista como uma defesa do seu interesse particular.
 

E para ver...


Sagueiro Maia a tomar o quartel do Carmo entre carros de combate, soldados e o povo de Lisboa é ir aqui ao Memórias.

 

Os Cravinhos ('Grândola Vila Morena' Zeca Afonso) WORKSHOP


 

GRÂNDOLA


Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade


2007-04-25

 

PSD esquisofrénico no 25 de Abril

Nas comemorações do 25 de Abril, no Parlamento, o deputado Paulo Rangel do PSD disse que
"Portugal vive tempo de «claustrofobia democrática»
«nunca como hoje se sentiu este ambiente de condicionamento da liberdade»
«Não, não só os media, é também a sociedade portuguesa que está condicionada»
«Nunca, como hoje, em décadas de democracia, se sentiu este ambiente de condicionamento da liberdade»
Em resumo, a liberdade e o regime democrático estão em perigo.
Achará o PSD que só assim, a imitar o pior do PCP, reparam nele? Oh Paulo Rangel, tanta estridência! Havia necessidade?
 

Comovente

Com a morte de Boris Ieltsin "a Rússia perdeu o maior reformador de toda a sua história... Se foi a minha mãe que me ensinou a amar, foi Ieltsin quem me fez compreender não só o que é uma pessoa livre, mas também como nos tornarmos livres."
É Boris Berezozsky quem o diz e sabe do que fala. Foi um dos felizes mafiosos, agora em fuga, no Ocidente, a quem Ieltsin abençoou o saque dos bens do Estado (do povo russo!) e transformou num dos mais ricos multimilionários da Santa Rússia.
Como eu o compreendo!

 

Eleições Madeira?!!

Onde tudo se confunde e mistura...

Igreja, Governo Regional, Campanha eleitoral, falta de encaixe do Presidente do GR na qualidade de presidente do PSD/M e, ao mesmo tempo, a máxima da lata de Alberto João Jardim.

Alberto João não suporta que o grupo da Nova Democracia, sustentado no quinzenário satírico, o Garajau, lhe faça frente, sobretudo pelo humor e como tal recorre a tudo. Mas chamar-lhes de fascistas é preciso não ter espelho pela frente. Um homem com o passado de Alberto João (esquecido!!) na União Nacional. redactor e director da Voz da Madeira, o jornal da ditadura... , etc., deveria ver-se um pouco melhor ao espelho.

Ontem, em Santa Cruz, nas inaugurações/campanha (mas que não são "campanha" - dizer isso são bocas das oposições malditas), onde também entrava o pároco a abençoar a inauguração do complexo balnear, dizendo: "quero abençoar uma obra no nosso concelho e é com alegria que o faço...." ... "uma obra humana e que é o concretizar do nosso projecto, que é uma colaboração do projecto de Deus..." foi o que aconteceu. Jardim apelida de fascistas os outros que se divertem. ... e lá se vão promovendo. E o grupo promete acompanhar Jardim nestas inauguraçãoes. Ontem, a tarja era "Inaugurações Eleitoralistas. Vergonha". Fonte DN de hoje 25 de Abril, não disponível on line.


 

25 de Abril e 1º Maio de 1974


2007-04-24

 

Milagres (1)



A Reforma da Administração Pública ziguezagueia. A nova proposta de Sistema de Avaliação que, a ser aprovada na AR, substituirá o sistema recém-criado e em vigor, parte do princípio de que não poderá haver mais de 25% de notas “relevantes” (e, dentro destas, apenas 5% de excelentes), enquanto que, para os dirigentes superiores, não se aplica tal constrangimento.


Estas condições de partida, impostas ao Sistema de Avaliação, emitem uma forte mensagem subliminar. Quer os servidores do Estado se esforcem, quer não, não haverá lugar para mais do que ¼ do total no pelotão da frente.


Edificante!

Segundo o PÚBLICO de hoje, Sarkozy conta-se entre os admiradores de Sócrates. Porquê? Por causa do seu destemido plano de reforma da AP.

Sarkozy terá desabafado: “Felizmente os socialistas franceses não são como ele, caso contrário teria dificuldades em posicionar-me”.

Interrogado sobre a circunstância de manter altas taxas de popularidade apesar das políticas restritivas que tem seguido, o Primeiro-Ministro português terá respondido: “É sem dúvida um milagre”. [Ver entrevista de José Sócrates ao Le Point]

Também me parece...

 

Doutores e Engenheiros

Vista de Paris a polémica dos diplomas parece-me ridícula. Talvez por viver em França onde só os médicos se fazem tratar por Doutor (e os advogados por Maitre) fico com a impressão que as mentalidades pouco evoluíram desde os meus tempos de estudante.

Como nós só os alemães e os suíços germanofonos que têm na porta dos gabinetes Herr Prof Dr Dr... consoante o número de canudos que possuem. Por aqui o primeiro ministro, os ministros e o presidente são Monsieur, mesmo ao actual Ministro dos Negócios Estrangeiros, que é médico de profissão, ninguém chama Docteur.

Quando vim para França o meu orientador de tese olhou para mim com um ar de gozo quando lhe chamei Monsieur le Professeur, a partir daí disse-me para o tratar por Jean-Claude, usando uma expressão tipicamente francesa: "on peut se tutoyer". Já a minha orientadora de mestrado (do IST) só a comecei a tratar por Adélia muitos anos depois...

Em França o que me faz sorrir um pouco é o tratamento de "Monsieur le Ministre" a tipos que já não são ministros há muitos anos, Giscard é tratado ainda hoje por Monsieur le Président.
 

Médico acusado de ter burlado ADSE em 4 milhões de euros

Começa hoje e, segundo as notícias, deve também terminar o julgamento de um médico acusado de burlar o Estado em 4 milhões de euros, pelo processo de facturação de exames e receitas fictícias. O processo envolve 5 arguidos (mulher, filho, sogro, colega e uma funcionária administrativa).

Quando começaram as investigações, o burlão fugiu para o Brasil com a mulher, que ainda lá está. Depois foi preso e extraditado, aguardando o julgamento no Estabelecimento Prisional de Lisboa.

O burlão está "arrependido", assume agora todas as culpas com o fim de isentar os restantes arguidos, que assim poderão ter os seus processos arquivados, o que segundo a lei vigente poderá dar-se.

O "interessante" de tudo isto é que ele burlou o Estado em 4 milhões, mas pretende provar que a fraude é de apenas 1,5 milhões, pois alega que o restante foi recebido pelo filho que ficou a gerir as clínicas enquanto o senhor burlão esteve ausente no Brasil. E, agora, até o MP diz no processo que os arguidos não dispõem de meios para repôr a fraude.

Segundo a comunicação social, o senhor burlão empregou o seu tempo de prisão para "desenvolver" um estudo acerca de como deve o Estado legislar para evitar este tipo de burlas, pelo que será uma verdadeira acção de patriotismo pagar-lhe o estudo. Não há almoços grátis.

Assim, o dito burlão não só não deve pagar nada ao Estado pela fraude, como deverá ser proposto para uma condecoração, em data oportuna, e ainda lhe deverá ser pedida desculpa pública por tão grandioso acto de nobreza - a elaboração do grande contributo sobre como fazer a fraude e evitar pagá-la. Apenas a redução da fraude para 1,5 milhões de euros, que tudo indica pode acontecer, não premeia tão ilustre esforço e iniciativa.


 

A ler o CC

O que Belmiro de Azevedo diz de Sócrates: antes da OPA à PT e depois da OPA aqui. E aqui.
Ou a luta entre as duas linhas do ministério público: o presidente do SMMP, António Cluny para um lado o PGR e Maria José Morgado para outro. Aqui.
E como José Manuel Fernandes, director do Jornal de Belmiro de Azevedo, investigou tão empenhadamente a diferença entre o título de engenheiro e o de licenciado em engenharia no caso Sócrates e como o CC investigou o uso do título de Dr. pelo não licenciado José Manuel Fernandes. Aqui

2007-04-23

 

Protocolo para mudar o ensino do 25 de Abril nas escolas

"O Ministério da Educação assinou hoje um protocolo com a Associação 25 de Abril e a Associação de Professores de História destinado a mudar a forma como a Revolução dos Cravos é ensinada nas escolas.
""Com este protocolo, as escolas vão trabalhar para estimular a aprendizagem do 25 de Abril, uma matéria difícil e até esquecida no programa", disse Maria de Lurdes Rodrigues durante uma mini-aula improvisada sobre o ensino em Portugal antes e depois da revolução, na Escola Básica 2/3 Matilde Rosa Araújo, em Cascais."
Ensinar o que foi a revolução do 25 de Abril nas escolas, caracterizar a ditadura, explicar as diferenças entre esta e o regime democrático - disse-me recentemente um professor de história - que, salvo excepções, continuava a ser um assunto tabu nas escolas. Após 34 anos de liberdade.

 

Mais disciplina nas salas de aulas

"A primeira alteração ao Estatuto do Aluno, aprovada em Conselho de Ministros, (2007-04-11)pretende reforçar a autoridade dos professores e das escolas, ao mesmo tempo que confere maior responsabilidade aos pais e encarregados de educação, através da simplificação dos procedimentos burocráticos." [link]
A alteração ao Estatuto do Aluno, encontra-se em discussão pública. E quem quiser dar o seu contributo pode faze-lo até 9 de Maio de 2007 para o que basta registar-se aqui.

 

"Sonho francês" contra "patriotismo republicano"

Somando os votos de direita a vitória de Sarkozi está assegurada. Só um milagre ou uma Ségolène subitamente arrebadora poderão inverter a sorte.
Diz o Público que um apela a um novo "sonho francês" e o outro a um "patriotismo republicano". Ou me engano muito ou se fosse francês, navegasse na indecisão e guiasse por apelos agarrava no sonho e mandava o patriotismo à fava. O problema é que o sonho é do Sarkozi. Até nisto a Ségolène perde.
Desta vez, mas só desta, disponho-me a acreditar em milagres.

 

Paulo Portas de camisa aberta

O CDS tem novo líder. Por acaso tem o mesmo nome do antigo líder do PP. Mas enquanto este era de direita, e ora se apresentava como "lord inglês" e fato às riscas ora se apresentava como popular Paulinho das Feiras, o actual diz-se de centro-direita, usa camisa aberta a mostrar o peito e é do CDS.
O programa apresentado por este Paulo Portas prima pelo vazio, como se esperava. Sobeja a retórica para empolgar os prosélitos. Anunciou "o início de uma grande caminhada". Vamos ver até onde.
O rival, Ribeiro e Castro, esmagado nas urnas internas, que tinha primado por uma liderança de ausência, revelou-se leão na refrega final perdedoura o que, caprichosamente, lhe evitou a humilhação e oferece, quiçá, um segundo fôlego para o futuro.

 

A saúde está cara

Há qualquer coisa que falta ver e rever na saúde deste país, porque, de facto, não é igual à de muitos outros países europeus, pelo menos em custos e organização.

Um caso passado hoje comigo. Tive de fazer umas quantas análises, um TAC à coluna, embora em várias posições, uma eco abdominal e um RX pulmões e coração. Custo total 120 €, paguei eu conjugando ADSE e seguro. Se a isto se juntar as duas consultas médicas, façam lá a conta porque isto trepa muito, mesmo continuando a conjugar ADSE e seguro.E atenção o seguro/ano não é nada barato.

Interrogo-me sinceramente, pelo menos enquanto rotina, quantas pessoas se podem dar ao luxo "desta saúde" e, por isso, não deixam de fazer os exames que lhe são pedidos, dado o montante que têm de pagar?.

Por outro lado, já pensaram no tempo que leva para fazer isso? É mesmo preciso ter muita disponibilidade.

Quando fui à consulta tentei marcar tudo para o mesmo dia. Consegui (tratava-se de entrar num hospital particular com que o meu seguro tem acordo). Esse dia foi hoje e a sina era a de quase passar o dia no Hospital com um ligeiro intervalo ao almoço, desde que estivesse lá às 7 horas e 30 minutos. E lá estava.

Acontece que, afinal, com uma melhor organização ou melhor com um melhor conhecimento e iniciativa de quem organiza tudo isto, a situação pode correr tudo muito mais rápido e sem atropelar ninguém. Felizmente para mim isso aconteceu e juro que não meti nenhuma cunha. Houve uma funcionária que olhou para o rol dos exames e me pergunta não quer que lhe organize melhor isto e passa cá só a manhã? É evidente que concordei plenamente e assim aconteceu.

Julgo que não foi pelos meus olhos verdes, aconteceu porque é possível. E agora pergunto: porque não foi possível desde início?

E mais não será que esta funcionária, com esta iniciativa e este conhecimento merece ser melhor remunerada que a anterior que fez isto automáticamente sem incorporar aquele mínimo de iniciativa?

Certamente, os sindicatos não aprovararão esta minha dúvida, que passa a certeza. Merece mesmo.

 

POR TEU LIVRE PENSAMENTO...

... é o título do livro que conta as histórias de 25 ex-presos políticos portugueses.

Os textos são de Rui Daniel Galiza e as fotografias de João Pina (filho de Herculana de Carvalho e de Joaquim Pina Moura). O livro é da Assírio e Alvim e teve o seu lançamento no Centro Português de Fotografia, no antigo edifício da Cadeia da Relação, no Porto, Sábado 21 de Abril.

Além dos autores apresentaram o livro Pedro Baptista e o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, para uma sala cheia com muitas figuras públicas da política, dos meios académicos, dos media, de jovens amigos dos autores e de alguns dos ex-presos políticos biografados neste excelente e emocionante livro.
Dos ex-presos políticos estiveram presentes, nomeadamente, Carlos Brito, Isabel do Carmo, Manuel Serra, Aida Magro, Saldanha Sanches, Nuno Teotónio Pereira e, naturalmente, a avó materna do João Pina, Albertina Diogo, que passou 6 anos na prisão de Caxias apesar de só condenada a 3 e que assistiu da janela gradeada da sua cela à célebre fuga do seu marido, Guilherme da Costa Carvalho (18 anos de prisão) com mais 7 presos, no carro que tinha pertencido ao ditador e estava ao serviço da prisão.

Na belíssima fotografia de João Pina, o espaço aberto e o voo livre das gaivotas contrasta dramaticamente com as vidas encarceradas por detrás das grossas paredes do forte de Peniche. Era o tempo da ditadura e do ditador. Não o dos concursos de "Grandes Portugueses" onde alguns tentam apagar a memória. [Ver também aqui] e [aqui]


2007-04-22

 

Primeiras impressões

As minhas desculpas pelo estilo desta mensagem, hoje passei 13 horas numa mesa de voto e estou um pouco cansado. Qualquer que seja o resultado final da eleição presidencial francesa o resultado de hoje é histórico por duas razões: em primeiro lugar pelo nível de participação (86%), em segundo lugar pela descida histórica de Le Pen que com 11% fica muito abaixo do que lhe atribuíam as sondagens.

Objectivamente a esquerda parte para a segunda volta numa posição de inferioridade, os Verdes e o PCF tiveram resultados catastróficos, a reserva de votos da esquerda é bastante pequena. Veremos se nos próximos 15 dias será possivel inverter esta situação.

Pessoalmente vigiei uma mesa de voto num bairro popular onde Ségolène teve 32% contra 25% de Sarkozy, fiquei com a impressão que as pessoas querem que a política permita mudar a vida de todos os dias, só espero que não se desiludam.
 

Previsão. Após o fecho das urnas


Participação histórica. Estima-se em 87 a percentagem de eleitores que acorreram às urnas.

2007-04-21

 

Rabih Abou Khalil

Para o fim de semana deixo-vos uma sugestão de escuta de um excelente disco. Songs for Sad Women é uma obra do músico Libanês Rabih Abou Khalil, virtuoso do alaúde, um instrumento oriental antepassado dos Luths europeus. Este disco mistura o som tão característico do alaúde com o som mágico do duduk, um parente do oboé originário da Arménia, aqui interpretado pelo virtuoso Gevorg Dabaghyan. O baixo é assegurado por um instrumento medieval europeu chamado "serpent" (uma espécia de trompa de madeira).

Abou Khalil vai dar um concerto gratuito em Paris no festival do Parque Floral (em Junho) e dois concertos em Lisboa e no Porto em Julho no quadro do "fado project".


 

A partir de ontem...

... não há limbo - decretou Bento XVI.

Não sei se sabem o que era ... o limbo. Deixem-me explicar.

O limbo era aquele lugar onde as criancinhas não baptizadas faziam estágio, antes de poderem ser chamadas a S. Pedro. Não tinham culpa nenhuma, mas caramba, há que ter pedigree. Não se pode aparecer de qualquer maneira junto de gente importante.Como posso apresentar-me junto de alguém importante sem gravata?! Não estou a brincar. Era. Foi. Ontem ainda era assim. Hoje não há limbo. Acabou. Por vontade de Sua Santidade, Bento XVI, o limbo ontem foi à vida. Acho bem, jamais limbo.

Agora preparo-me e vou num abaixo - assinado. Se já não há limbo porque há inferno?

E porque já não há mesmo céu para uma série de gente. Diz o povo: quem não tem dinheiro não tem vícios. Mas quem tem pode tê-los à vontade. E assim quem tem dinheiro compra o céu. Já assim o era no tempo das bulas. Quem tinha dinheiro comprava à igreja o direito de poder comer carne na Páscoa. Quem não tinha, não tinha. Se comesse carne, pecava. E a porta do inferno escancarada. Nada a fazer.

Agora é a mesma quem tem dinheiro compra o bilhete para o céu, quem não tem, não tem. Brazeiro com ele.

Sugestão: inferno queima. é Pesado. Vamos rogar junto de Bento para acabar com o inferno, pois quem acaba com o limbo dá mais um jeitinho e lá chega ao inferno.
Vamos ao negócio. Vamos meter nisto o prof. César das Neves-especialista neste mercado. Façamos umas rifas. Arranjamos umas massas, a Católica deve ser um excelente mercado e compramos a entrada colectiva dos que não têm lugar lá no céu, por falta de dinheiro e Bento XVI, um dia destes, acaba com o inferno. Bom projecto talvez a UE ainda nos financie este estudo. Adjudiquemos a um centro de investigação universitário.

Estabelece-se, assim, a concorrência, porque se acabam com os entraves à entrada e mais resorts aparecerão lá no céu.


2007-04-20

 

Até que enfim!! Há humor na Madeira

Podar o jardim é a promessa do 'presidente' do PND: Por achar que a Democracia na Região é uma farsa, a candidatura resolveu montar uma farsa a sério
 

2002-2007

Faz amanhã 5 anos que, como muitos eleitores franceses de esquerda, me enganei. Em 2002, desiludido com as promessas não cumpridas do governo Jospin, nomeadamente no que diz respeito aos "sans papiers" (indocumentados), votei Taubira (Radical de Gauche). O meu raciocínio da época era passar uma mensagem a Jospin na primeira volta e depois votar nele na segunda volta. Saiu tudo errado, na segunda volta lá fui votar Chirac...

Entre os meus amigos próximos que votam à esquerda quase todos dispersaram os votos pelos pequenos candidatos de esquerda, com a excepção notável da Alexandra Menezes que dois dias antes das eleições teve o cuidado de ler com atenção as margens de erro das sondagens e votou Jospin devido à enorme margem de erro das intenções de voto de Le Pen (cerca de 5% na época).

Desta vez a situação, apesar de diferente (o candidato centrista está muito acima do que estava em 2002), tem alguns pontos comuns. Tudo me leva a crer que Le Pen está sub avaliado nas sondagens. Os inquéritos de opinião que não perguntam em quem se vai votar mostram que as ideias de Le Pen seduzem mais de 20% do eleitorado Francês. O risco de voltarmos a ter Le Pen na segunda volta é elevado.

Ségolène Royal tem tentado nestes últimos dias seduzir a esquerda, pessoalmente não tenho grandes esperanças que uma vez eleita aplique um programa social muito diferente do que tem sido feito por Chirac. Provavelmente veremos algumas diferenças na investigação, no ensino e, espero, nas questões de imigração. Por todas estas razões desta vez voto Royal logo na primeira volta.
 

Sexo

O DN explica tudo. Fazemos sexo mais vezes que os espanhóis. Ora toma!
Mas... menos que os gregos. Ora po.. gaita! E que o drama é geral. Elas desculpam-se com as dores de cabeça.
 

Bagdad



Anteontem 5 carros armadilhados, 178 mortos, 243 feridos. Começou há dois meses a chegada de mais 5 brigadas americanas (a completar até Junho próximo) para impor a segurança em Bagdad. Foi a alternativa que a Administração Bush adoptou contra as propostas políticas do Relatório Baker-Hamilton . Para já os resultados são estes. NYT

2007-04-19

 

O Gato Ricardo Araújo Pereira...

... foi vetado pela Juventude Comunista Portuguesa. Não o deixam "ler a mensagem aos jovens" no Rossio, na manif do próximo 25 de Abril.
Já sabia que aquela gente do PNR não gostava do Gato Fedorento. Agora fico a saber que a JCP também não.
Resta ao Gato uma consolação. Todos os outros gostam dele. Ou quase todos.
 

A Justiça que há

Rui Canas, antigo funcionário da Direcção-Geral dos Impostos, foi condenado, esta semana a 10 anos de prisão, pelos crimes de corrupção.
Em 2003, em entrevista ao Correio da Manhã, Rui Canas afirmou: "80 por cento dos funcionários de Finanças que conheci até 2002 continuam a fazer corrupção." Disse então que só durante o período do cavaquismo ganhou mais de 2 milhões de euros.
Este megaprocesso de fraude na máquina fiscal começou por envolver 106 arguidos... mas só 16 chegaram agora à barra do tribunal . As investigações foram iniciadas em 2000 por Maria José Morgado mas em 2002, no Governo do PSD/CDS, a magistrada foi afastada e o processo arrastou-se 7 anos por aí. Comentou-se, que este processo envolvia "gente influente". [Aqui]

 

Desemprego...

Para ilustrar o meu post sobre as estatisticas do desemprego deixo-vos um artigo do Libération. Boa leitura.
 

Máquinas de voto

No próximo domingo vou votar usando uma máquina, não por escolha própria mas por imposição da câmara municipal de Boulogne-Billancourt que decidiu adoptar este modo de voto contra a opinião de todos os partidos da oposição.

As máquinas de voto, homologadas pelo Ministério do Interior, são fabricadas por uma empresa holandesa que mantém secreto o código fonte do programa utilizado argumentando que se trata de um "segredo industrial". Desta forma não há nenhuma possibilidade de verificar que a máquina não é programada para falsificar os resultados. A garantia que nos dão é a homologação do Ministério do Interior (do qual um dos candidatos foi o patrão até à duas semanas atrás) e um controlo técnico da Veritas ele também algo opaco de um ponto de vista técnico. Uma polémica sobre estas máquinas tem agitado o debate em França um abaixo assinado conta actualmente cerca de 70.000 assinaturas. A quem pode dispor de 6 minutos aconselho que vejam um vídeo que explica como se pode falsificar uma eleição usando as máquinas homologadas em França.

Face a tudo isto decidi propor-me a um dos candidatos para participar na fiscalização do acto eleitoral, se me chamarem para participar não deixarei de vos deixar a minha opinião.

2007-04-18

 

Quanto custa uma tese de doutoramento?

Não em Portugal é claro. Aqui não tem preço. Haverá quem considere que pôr preço seria quase "um crime". Seguindo o método desta Doutora francesa, certamente custaria os olhos da cara. Ninguém se atreveria a pôr um preço ao seu doutoramento.

A Doutora francesa faz uma estimativa muito simples. Estimou os meios envolvidos: a começar pelos recursos humanos, encargos sociais incluídos, com a atribuição de um salário à si própria de 1 160€/mês e do seu orientador relativo ao tempo que dispendeu com ela. Esta componente somou 157 500€ (80% do total 185 500 euros).

A outra coomponente (despesas de energia, consumíveis, custo de certas fomações e deslocações, etc) corresponde aos restantes 20%. Artigo do Le Monde de 17.04.07, recebido através de um amigo

 

Baptista Bastos e os Gatos Fedorentos

Baptista Bastos merece ser lido aqui PÁTRIA MESTIÇA.

Vem bem a propósito este seu artigo, de um certo momento que se está a viver. Ainda há pouco vinha de carro e ouvi que terão sido presos uns quantos extremistas de direita, em Lisboa e Porto, "os defensores da raça pura", apanhados em flagrante com armas.

Mas não deveremos ficar por este artigo apenas. Baptista Bastos tem obra e muitas vezes na sua obra incomoda os "princípios sacrossantos" deste país.

 

Maria José Morgado e o combate à corrupção

Ontem na tomada de posse, Maria José Morgado prometeu combate duro ao crime de colarinho branco em Lisboa, com destaque à "corrupção na gestão urbanística da cidade de Lisboa".

A sua equipa tem muito que fazer, pois, por todo o lado, se ouve contar uma "história". Mas atenção, as histórias não são apenas de agora: o que parece estar a acontecer é que "a coisa" transbordou de tal ordem que agora tende a atingir as "alturas administrativas".

Mas Maria José Morgado vai ter um problema com a prestação de contas. Como vai contabilizar os quilómetros? É que, como se ouviu, houve a criação de uma nova medida de eficácia com Maria José Morgado: os Kms percorridos no processo apito dourado: 32 910. Certamente, agora vai introduzir o pedómetro e o caso fica resolvido.

 

"Os políticos são todos iguais." São?

Não me parece bem dizer

"os políticos são todos iguais".

Se os carpinteiros, os médicos, os soldados, as meninas de alterne, os aviadores e até os engenheiros ;) não são todos iguais por que razão o haviam de ser os políticos?

Só mesmo uma tradição de séculos de absolutismo e meio século de ditadura "apartidária" pode explicar esta vulgar tendência.

Há diferenças. E dou exemplos.

Na Madeira o Jardim, um democrata outrora muito próximo do salazarismo, acha que não deve seguir as leis da República aprovadas por este Governo, em 2005, e lá os políticos podem continuar a receber as célebres pensões vitalícias que os deputados adquiriam ao fim de 12 anos de parlamento qualquer que fosse a sua idade. Na Madeira continua a auferir-se salários e reformas por inteiro (como o faz Jardim) e mesmo misturar funções oficiais e privadas e receber os respectivos vencimentos que a lei da República aqui proibe (lei das incompatibilidades).

Já os políticos no poder nos Açores decidiram seguir as leis do continente.

Outro exemplo (este dado por Vital Moreira no seu artigo do Público, ontem). O Governo de Guterres, trabalhou para pôr termo à rebaldaria das universidades privadas do tempo de Cavaco Silva. Marcal Grilo aprontou estudos e legislação para o efeito. Em 2000 o Governo de Guterres fez aprovar na AR a Lei de ordenamento do Ensino Superior. O Governo de Guterres caiu quando se iniciava a implementação da lei. "A primeira coisa que Durão Barroso fez foi revogar a lei e substituí-la por outra inócua a Lei do Desenvolvimento e Qualidade do Ensino Superior". (Onde estava então Marques Mendes?)

Portanto, queria eu dizer, nem todos os políticos são iguais.

 

Afinal...

desculpem lá. No post aqui em baixo está tudo errado. Acabo de ler no jornal que logo a seguir à tragédia de Virginia Tech, e não fossem para aí uns tipos como eu, porem-se a pensar coisas erradas, o director executivo da Gun Owners of América, proprietários de armas, Larry Pratt, declarou à Reuters

"É irresponsavelmente perigoso dizer aos cidadãos que não podem ter armas nas escolas."

De facto, a universidade Virginia Tech proibira o uso de armas no campus e isso revelou-se trágico. Porque... porque se cada um dos estudantes mortos ou feridos tivesse a tiracolo duas espingardas de grosso calibre como as do seu colega Cho Seung-Hui talvez o tivessem morto primeiro.

Mesmo na primária é aconselhável - calculo - levar uma armazita na mochila, com o telemóvel. No estado da Virgínia com mais de 12 anos não se pode comprar um carro blindado mas é possível compar uma pistola.


 

Viva a grande NRA!

O serial killer era afinal um estudante "normal" que parece que deixou um papel com vagas apreciações negativas sobre o meio que o rodeava. Nada que não suceda a míudo connosco.
A grande diferença, para além de uma hipotética esquizofrenia diagnosticada por um médico em Portugal para satisfazer jornalista, é que o rapaz, talvez sem namorada, poude ir ali à "papelaria" da esquina e, quando ia para comprar uns apetrechos escolares, lembrou-se... alto lá, e se eu comprasse aquelas duas potentes espingardas de potente calibre?
Sem essa facilidade teria comprado o material escolar e quem sabe, curado a tal esquizofrenia e arranjado uma namorada. E desabafado, como nós por vezes: "a minha vontade era fuzilar esta cambada toda".
Tragédia. Vidas humanas. "11.000 mortes a tiro por ano, nos EUA". Traumas.

Certo. Certo. Mas, mas... que representa isso ao pé dos interesses da pobre National Rifle Association (NRA)? O mais poderoso loby norte-americano, que financia campanhas presidenciais e derrota políticos? Até Mitte Romney, "o ex-governador do Massachusets que se tinha batido por um controlo estrito da venda de armas" agora, forte candidato a candidato do Partido Republicano à presidência dos EUA, se "foi inscrever na NRA!" (Jorge Almeida Fernandes, Público de hoje)

 

Vamos lá a ver se conseguimos "ganhar na secretaria"

Uns senhores da Congregação da Purifificação, vendo a anemia do seu negócio, pôs em campo um grupo de "meninas de concerto" a exigir à concorrência prova de virgindade.

A Congregação tem muita força e as "meninas de concerto" impressionam.


2007-04-17

 

O massacre de Virgínia Tech

Carnificina? Massacre? Não há palavras suficientemente fortes para descrever a tragédia das 33 pessoas mortas, além dos feridos, na maioria jovens, alunos da prestigiada universidade Virginia Tech.
Poderia dizer que me surpreende a alma humana ( mas na realidade não surpreende) ao sentir que aquela monstruosidade, por se passar tão longe de nós nos faz apenas parar um momento e seguir em frente. Se fosse aqui no meu bairro ou mesmo num bairro mais afastado mas em Lisboa, por exemplo, não pararíamos apenas um momento. Um dia inteiro não chegaria para nos acalmar e saber se alguma das vítimas era nosso familiar, ou amigo, ou amigo de um amigo. Por isso só com algum esforço podemos avaliar, e só tenuamente, a grandeza da tragédia para as famílias enlutadas, a população daquela universidade ou mesmo daquela cidade.
O caso passou-se muito longe e por isso posso, com tranquilidade, tirar lições. De moral. Ou políticas.

Primeira - O acesso indiscriminado, nos EUA, às armas de fogo, pistolas, carabinas ou metralhadoras, nalguns Estados, como o do Texas, até a jovens com mais de 14 anos de idade, e que a Constituição dos EUA consagra como um direito de cidadania, não é antes um criminoso negócio que deixa à loucura dos milhares (ou milhões?) de doidos à solta para já não falar nos criminosos que não sejam doidos, a possibilidade de matanças como esta? É que não é primeira nem a décima nem a última vez que isto acontece numa escola. Para não falar em coisas como Oklahoma.


Segunda - Isto deve estar, como é natural, julgo eu, a impressionar muito a América. E a fazê-la pensar. Mas isto é apenas uma gota de água comparada com o oceano do Iraque alagado não por um criminoso ou um louco mas por um governo. O seu. O de W. Bush. Número de mortos a caminho do milhão. Deslocados internos 1,9 milhões, fugidos para o estrangeiro 2,2 milhões de pessoas.
E como sabemos isto incomoda pouco a América. Porque o Iraque fica longe. E os iraquianos não são americanos e para muitos apologistas da guerra, nem talvez verdadeiramente pessoas.


 

Manifestação de estatísticos

A notícia merece ser comentada pois uma manifestação destas é rara. Hoje os técnicos do INSEE (Instituto Nacional de Estatística e Estudos Económicos) organizam uma manifestação em Paris para que a estatística mensal do desemprego não seja publicada entre as duas voltas das eleições.

Nos últimos meses surgiu uma polémica com acusações de manipulação das estatísticas, primeiro por parte das centrais sindicais, depois com participação dos partidos da oposição. Recentemente o Eurostat corrigiu os dados oficiais franceses do desemprego, o que vem dar razão aos sindicatos.

A técnica mais criticada é a que consiste em eliminar um certo número de pessoas das listas da ANPE (Agência Nacional Para o Emprego) retirando assim essas pessoas da população activa.
 

O Gato e a Sátira

Devo (devemos?) a José Pacheco Pereira (JPP) alguns dos maiores desafios em matéria de reflexão acerca de assuntos aparentemente consensuais. Simula ele um pensamento em voz alta, em que tudo parece logicamente irrepreensível, exceptuando, é claro, os termos que põe em destaque, e os outros, que omite.
Um dos últimos exemplos desse exercício de estrita e conveniente selecção de termos, transfigurado em reflexão universalizante, pode ser lido no jornal PÚBLICO de 14 de Abril p.p. e no blogue de JPP, o Abrupto, a propósito da pugna Partido Nacional Renovador (PNR)/ Gato Fedorento (GF). Intitula-se “Castigando os costumes”.


Para não nos maçarmos com descrições enfadonhas e (im)parciais, ficam aqui somente 4 notas de leitura:


1. JPP não sugere alternativas de debate político-ideológico para o tipo de “oposição” que o GF entendeu contrapor à propaganda intolerante, xenófoba e virtualmente racista que o “outdoor” do PNR configura. Parece de bem com o status quo que viabiliza um (PNR) e manda retirar o outro (GF).


2. Chamando justamente a atenção para o efeito de contraste com que uma oposição ilumina o objecto oposto, JPP desvaloriza a circunstância de não se poder criticar nem debater o quer que seja sem conhecer (iluminar, contrastar) o que rejeitamos, sob pena de ignorarmos o que estamos a fazer. Nestes termos, não é possível recusar uma atitude política em relação à imigração sem apontar para ela com clareza, coisa que o grupo GF fez com uma firmeza bem-humorada.


3. Com uma subtileza semelhante à de Marcello Rebelo de Sousa quando, a propósito da Campanha do Referendo de Fevereiro passado foi atingido por um spot do GF, JPP deixa, finalmente, um recado criterioso: se o GF critica uns mas não os “outros”, então é porque segue uma orientação política específica, coisa que (como uma ameaça à sobrevivência comercial do GF) se tornará cada vez mais evidente. E é aqui que se revela o conteúdo moralizador da crítica de JPP. Nesse âmbito da ética (do que deve ou deveria ser) alterando os termos do que o GF deveria fazer e não faz, é que repousa uma vontade indisfarçada de submeter ao castigo da sátira não aquilo que aos olhos dos GF surge coberto com o ridículo da intolerância proto-racista, mas o que, aos olhos de JPP, se afigura inconveniente ou desequilibrado.


4. Ainda bem que a agenda humorística do GF não se afeiçoa ao “equilibrado” uso da sátira que JPP preconiza. É que assim, pelo menos, têm piada, e talvez recordem (ou alertem?) para o facto de que os exercícios de humor não substituem nem dispensam a seriedade da afirmação cívica e da acção política. Esperar de uns o que só os outros devem e podem fazer é estranho. Ou seria estranho se, como no caso vertente, não se destinasse a relativizar um programa de intolerância face ao qual, o silêncio, a indiferença e uma putativa equidistância, têm contribuído para avolumar, encorajando atitudes estúpidas e desumanas, em tempos de desemprego, vacas magras e desnorte das direitas mais civilizadas.


 

Joseph Stiglitz avalia 50 anos de UE

No El País (só para assinantes) ou aqui.

Stiglitz (prémio Nobel da Economia) sublinha a superioridade da UE na paz, na justiça social, nos direitos humanos, na prosperidade, no multilateralismo, na ajuda aos países do terceiro mundo.


"...
Los europeos no deben desalentarse por las comparaciones entre el PIB de Europa y, digamos, el de Estados Unidos. No cabe duda de que Europa se enfrenta a grandes retos en la tarea de perfeccionar su unión económica, incluida la necesidad de reducir el desempleo y de impulsar el dinamismo de la economia. Pero por más que se haya incrementado el PIB de Estados Unidos, la mayoría de los estadounidenses está peor en este momento que hace cinco años. Una economía que, año tras año, da lugar a que la mayor parte de sus ciudadanos estén peor no es un éxito."

2007-04-16

 

Há terrorismo e terrorismo

O anti-castrista Luis Posada Carriles, 79 anos, a contas com a justiça dos EUA, foi preso. Mentiu aos serviços de emigração... "Ao que isto chegou!" bem podia desabafar assim este ex-destacado agente da CIA com um currríulo de fazer inveja: participação na invasão de Cuba (Baia dos Porcos) em 1962. Atentado terrorista contra um avião cubano com a morte de 73 passageiros em 1976, atentados terroristas em zonas turísticas em Havana em 1977, várias tentativas (falhadas) de assassinato de Fidel Castro.
Mas, depois do terrorismo que atingiu as Twin Towers, derrubar aviões com passageiros tornou-se particularmente impopular na América. Por isso, além de já velho, foi descartado e corrido dos EUA.
Duas conclusões:
1) sabotar aviões com passageiros se forem americanos (estou a lembrar-me daquele avião da PANAM derrubado em Lockerbie às ordens de Kadafi em 1988) é mau. Mas quando eram cubanos era bom.
2) Esta notícia publicada no El País aqui (ver também aqui) nunca seria publicada assim, sem resguardar as conveniências relativamente aos EUA, na imprensa de referência portuguesa. O que é típico da independência altaneira de Espanha e da tradicional genoflexão do Portugal respeitador.

 

Isto é que era engenharia!



Machu Picchu, é uma cidade pré-colombiana, construída no séc. XIV, no topo de uma montanha, a 2.057 metros de altitude, no Peru. O local é, provavelmente, o símbolo mais típico do Império Inca. É património mundial da UNESCO e um local histórico dos mais visitado do Peru.


 

Central Nuclear Flutuante

Ontem "nasceu" na Rússia a primeira central nuclear flutuante do mundo que entrará em funcionamento em 2010. A central flutuante, que utilizará urânio pouco enriquecido (5%), contará com dois reactores, com uma potência de 70 megawatts, e gerará o mesmo volume de energia que uma central atómica terrestre.

Para além da notícia, simpático seria que os especialistas nos elucidem sobre esta tecnologia.

Segundo a informação veiculada, vários países estão interessados nesta tecnologia russa com a China em primeiro lugar.

 

"Próximo" Tratado Europeu?

Ainda nem projecto de tratado europeu existe e já se está a tentar fazer passar a não realização de referendo.

Conhecemos a pouca inclinação de Cavaco Silva sobre referendos. Para ele, entre referendo e assobiar para o lado, opta pelo assobio.

Para o governo, a situação complica-se porque estamos perante uma expecativa adquirida e contrariá-la é uma tarefa complicada.

Vamos por partes.

Não está na ordem do dia nenhuma "comissão/grupo de trabalho" para a elaboração de um projecto de tratado europeu. Pretende-se um projecto simples, claro, curto quanto a princípios e operacional em termos de funcionamento da megaestrutura que é a União.

Uma vez de pé, o projecto deveria submetido durante uns meses a uma discussão alargada, através de várias formas, onde a sociedade civil fosse chamada a ter uma elevada participação.

Aqui surgem questões diferentes: Como ter em conta os contributos decorrentes desse debate alargado? Como fazer o projecto de tratado reflectir a dinâmica do debate?

Com o novo projecto de tratado, volta tudo à estaca zero, ou seja, todos os países têm novamente de o aprovar?

Porque não lançar, então, um referendo em todos os países no mesmo dia? Ou em alternativa, porque não, após o grande debate, o projecto ser votado nas Assembleias de Deputados de todos os países?

Fundamental, fundamental é o debate com elevada participação.


2007-04-14

 

Que grande "furo"!!

Isto vai aqui uma guerra, só porque não descobriram o meu "furo" socratiano!!. Tudo estaria calmo se tivessem tido este "furo".

O problema é não se ter uma mulher a dias, como deve ser. Se a tivessem, eram só "furos" jornalísticos.

Afinal, após umas tantas peripécias, soube que José Sócrates aos 7 anos e meio já andava a estudar "filosofia". A mulher a dias era quem lhe explicava a metereologia do sol e da chuva pelo "sentir" das cabrinhas, que o marido pastor lhe ensinava. E isto entusiasmava o menino Zézinho que já olhava para o céu aos 7 anos e meio e dizia a todo o mundo: hoje vai chover, hoje é um dia ventoso e por aí fora ... foi entrando na filosofia da vida.

Daqui resultaram logo dois problemas muito graves quando chega a primeiro ministro e, que eu não lhe perdoo: primeiro, uma grande curiosidade desde a tenra idade e segundo não faz constar isso do seu CV. Inadmissível, mesmo muito perigoso!! Estas características não se ajustam a um PM. E assim se explica que tendo o Homem estado matriculado 3 anos em Direito, na Lusíada, não tenha posto isso no CV.


 

Quando os canudos uivam (5)


Os detractores de José Sócrates preparam-se agora para, mercê de uma lateral mas insistente “produção de provas”, cozer o actual Primeiro-Ministro em lume brando. Os partidos da oposição, compreensivelmente, relativizaram o que parecem ser hesitações e atabalhoamentos de um jovem na sua relação com as instituições certificadoras do saber encartado. Marques Mendes foi a excepção imediatamente execrada pelo amplo consenso patriótico pré presidência europeia, que inclui numerosas vozes de dentro do seu próprio partido.

Sabe-se muito mais do que isso, é certo, mas a relevância política do que se sabe é escassa.

Obtemperam alguns que a fulanização das lideranças nos trouxe para este terreno movediço em que são os traços de carácter e as características da personalidade que se tornam mais relevantes para efeitos de mediatização e, consequentemente, para a avaliação dos actores políticos.

Se os líderes são eleitos antes dos congressos, aos quais chegam, depois, com bandas e fanfarras, no culminar de uma campanha fulgurante, a política das ideias cede o lugar à consagração carismática da idolatração, e o debate de ideias é abandonado em favor de uma encenação eufórica.

Ora é esse o terreno onde estamos. Não há carisma sem culto das qualidades do líder. Quando aquelas são menorizadas, este é afectado também.

Não se percebeu ainda muito bem se o efeito de massacre que a táctica da cozedura em lume brando acarreta, será ou não nociva para a carreira política de José Sócrates. Raimundo Narciso e o anónimo Luís Narana travam-se de razões [
aqui perto], acerca do significado dos índices de popularidade, dos graus de conhecimento do que está em questão e do “efeito Felgueiras”.

De um modo ou de outro, o resultado poderá, em breve, trazer-nos ensinamentos actualizados acerca do que nos separa ou aproxima da “porca da política” chamejante na segunda metade do século XIX.

André Freire, comentando ontém no Expresso da Meia Noite (SIC Notícias) o balanço apressado que o Primeiro Ministro fez dos dois anos de governação, (pretexto que encontrou para a conveniente entrevista), chamou a atenção para o maior desinvestimento de sempre no orçamento do Ministério da Ciência e Ensino Superior. Compreende-se mal um tal corte. A qualificação dos portugueses e o reforço da base tecnológica pareciam, anteriormente, constituir um dos trunfos brandidos por José Sócrates.
Nem o 1º Ministro achou apropriado falar disso, nem ocorreu aos jornalistas perguntarem-lhe.

De facto, a trapalhada em torno do canudo e da UnI, acentuando a fulanização da política, não ajuda nada no debate acerca dos rumos que o Governo diz manter.

A política portuguesa continua a ter, como dizia Camilo, bastante da tourada à espanhola.



2007-04-13

 

Sócrates segundo São Vasco

... Pulido Valente. No Público de hoje.



" José Sócrates faz parte daquela geração que já “nasceu para a política”. A política (no PSD ou, depois, sob o patrocínio de Guterres) foi desde o princípio a sua única e autêntica carreira. O resto, a educação formal entrou por hábito, talvez por prudência e manifestamente pela necessidade de um estatuto “respeitável”, que apolítica ainda hoje não dispensa. É hipócrita dizer, como se disse e ele próprio disse, que Portugal aceitaria sem reagir um primeiro-ministro com o secundário ou até com o título obscuro de “engenheiro técnico”. Não aceitaria."...

(Mais? Então aqui)


 

Bill Kovach. Um nome a reter.

"Bill Kovach, um dos mais conhecidos e respeitados jornalistas dos Estados Unidos, esteve em Portugal, de 25 a 29 de Março de 2007, a convite do Clube de Jornalistas. Durante a sua estada, Kovach participou num programa do Clube de Jornalistas, a transmitir oportunamente, e em conferências nas universidades do Minho e de Coimbra."

Pois eu vi o programa há dias (creio que na RTP2). Espero que um resumo ou alguma das conferências que deu, surja (ou esteja) por aí em linha porque com aquele Grande Senhor do jornalismo há muito a aprender e muito para nos ajudar (apesar de tudo) a amar a América.

 

Novos analistas na imprensa

O meu vizinho, o Sr. Antunes, respondia-me, enquanto deixava - mal na minha opinião - arrefecer o café:
- Vai ver que ainda contratam para a secção de opinião do DN a Carolina Salgado. E para a do Público a Margarida Rebelo Pinto.
- Hum, resmunguei eu. Ainda é cedo. Lá mais para o verão... quem sabe.
 

Aqui vai um abraço para o "Bicho Carpinteiro" José Medeiros

Li ontem no Bicho Carpinteiro que José Medeiros Ferreira viu dispensada a sua colaboração no DN após a remodelação do DN. De facto para alguma coisa havia de servir a troca de directores do DN, de António José Teixeira por João Marcelino de reputada capacidade empresarial que veio do Correio da Manhã. Percebeu-se logo que o que estava na calha era uma deriva tablóide com vista a mais leitores de títulos e mais receita. Espero que Joaquim Oliveira e a Controlinvest se enganem.
O DN e os seus leitores perdem um analista de respeito. Análises profundas, singulares, de leitura agradável. Nem sempre concordava com as suas análises mas isso era mais uma razão para o ler.
Também o Público, na mesma senda, dispensou Victor Dias e Mário Mesquita que era uma das minhas leituras de Domingo.

P.S.: (leia-se post scriptum) Acabo de ler agora (18h e 35 m), aqui, que Ruben de Carvalho também foi dispensado pelo mãos largas do DN.

Aqui fica a solidariedade bloguística para todos. E para os que hão-de vir.

2º P.S.: 2007 -04-14 Sábado. Não foi preciso esperar muito, Joana Amaral Dias, outro "Bicho Carpinteiro" também foi dispensada pelo DN. Era uma das suas atracções e por coincidência (ou talvez não) também de esquerda.


 

É a capa do descarado InimigoPúblico


 

Cada um faz a política que pode

Resta agora saber se Sócrates sobe ou desce na próxima sondagem. A guerra, tão bem urdida e alimentada, que o PCP desencadeou contra Sá Carneiro por causa duma suposta dívida só serviu afinal para dar mais votos ao então 1ºM.
O Zé pode não ter muitas letras mas não é completamente parvo.

 

A ENTREVISTA

Sócrates esteve bastante bem. Há quem simpatize com o seu estilo agressivo e há quem não simpatize. Isso é o menos. Porque quanto à matéria de facto conseguiu ser razoavelmente convincente.
A dificuldade da sua defesa era gigantesca. Os investigadores, durante mais de um ano com o fogo rasteiro dos blogs e depois na imprensa de referência em derrapagem tablóide, liderada pelo Público (por coincidência depois da derrota da OPA da Sonae à PT) não conseguiram encontrar um facto, um único! que pudesse comprometer Sócrates. E isso deixava o homem, perante o olhar do país a entrar-lhe pela RTP dentro, sem defesa possível.

De que tinha Sócrates de se defender? De ter sido aluno da UI há uns anos atrás (quando Marques Mendes era professor lá) e esta estar agora a desfazer-se? De ter a UI preenchido uma pauta em Agosto? Posto uma assinatura num Domindo? De o professor de Inglês Técnico ser o reitor? E o professor de quatro cadeiras poder ser um seu amigalhaço mesmo sem ninguém o saber? Sócrates tinha que se defender de uma infinidade de pequenas coisas estranhas a que é manifestamente alheio mas que laboriosamente coleccionadas e convenientemente interpretadas permitiram criar uma nuvem de insinuações com que se pretendia atingir o seu carácter.

A situação foi agravada por alguns erros do 1ºM. Ter andado por aí de telefone na mão para os jornais mais do que aconselhava a chã prudência. Ter atrasado as explicações permitindo que isso constiuisse mais uma prova de tudo o que o acusavam.

Com um ar prazenteiro mais elaborado que o habitual mas a que não faltou, aqui e ali, o estilo Pit Bull, o nosso Primeiro conseguiu desfazer a borrascosa nuvem e saiu de cabeça erguida da 5 de Outubro.
Safou-se desta? Não sei. Marques Mendes disse logo a seguir que não. Que teria a matilha à perna e que se ainda não se descobriu nada pode muito bem vir a descobrir-se muita coisa. e Para já e por princípio revelou falhas de carácter.
Que Sócrates se cuide. MM não deixará de fazer o trabalho de casa. Não pode abrir o flanco a investidas de Luís Filipe Menezes.

2007-04-12

 

A missão, afinal, possível

Só ouvi a entrevista de José Sócrates, às tantas da noite, na RTPN.

E ao contrário do que dizia no meu poste abaixo "missão (quase) impossível", José Sócrates, não tendo sido brilhante, foi convincente. O que não significa que todos os domínios tenham ficado esclarecidos. O principal domínio para mim não esclarecido foi o do porquê de tão tarde vir esta explicação. A explicação de Sócrates do inquérito à UnI, não me convenceu. Um problema menor que poderia ter sido "resolvido no ovo" foi deixado arrastar-se e de forma prejudicial. E aqui houve uma má avaliação de Sócrates. Ele nunca pensou na dimensão que o problema iria atingir .

O País andou, assim, tempo demais a desviar-se de questões sérias andando à volta do currículo académico do PM, sem necessidade, para até se vir a saber que o homem fez 55 cadeiras para ter uma licenciatura, um número exorbitante, face às 40 que tive eu e muita gente de fazer.

Por outro outro, a entrevista não correu bem aos jornalistas que estiveram pouco acutilantes e nalguns aspectos, sobretudo da segunda parte, a sua preparação não se mostrou ser a melhor.

Agora desastre completo foi a intervenção de Marques Mendes. Talvez a reacção demasiado a quente deu disparate e estas disputas sobre questões menores nem sempre são as mais indicadas para a luta política.

 

Quando os canudos uivam (4)



Aceitemos José Sócrates como ele é. Brilhante. Perdoemos-lhe a pressa com que quis resolver as questões universitárias e a irritação interpolada pelo distanciamento com que encara os media e os jornalistas mais arredios. Descontemos-lhe o mal que fez à direita, retirando-lhe as bandeiras quase todas, e à esquerda, de onde empunha apenas uma, onde pintou o dístico “Nova Esquerda”. Recordemos que, apesar disso tudo, ou, talvez, por causa disso tudo, obteve a primeira maioria absoluta para o PS, dois anos atrás, enchendo de esperança muitas gentes, que já seráo hoje em menor número, mas enfim, as coisas são o que são, e não se pode governar bem, para sempre, sem tocar nos interesses de uns tantos. Queixam-se os trabalhadores da Administração Pública, que a reforma do estado, no que lhes diz respeito, poderia ser mais eficaz se não fosse feita contra eles. Opiniões. Sócrates e o seu governo decidiram assim.

Da Administração da Caixa Geral de Depósitos, Armando Vara segue isto tudo com um sorriso de entendido distanciamento.

Sócrates não lhe pediu ainda nenhum sacrifício de monta.

A chamada “Nova Esquerda” tem outras inclinações.

 

Quando os canudos uivam (3)



Todavia, José Sócrates, continua firme e determinado no rumo da sua governação. O jornalismo político tem destas coisas. Quis saber da lei da mobilidade mas José Alberto Carvalho e Maria Flor Pedroso ou não conhecem a lei ou deixaram-se encantar. As perguntas difíceis não surgiram. O Primeiro Ministro deve ter combinado com eles um modelo de pseudo-entrevista semelhante ao que Maria Flor Pedroso, dominicalmente, entretem com Marcello Rebelo de Sousa.

O que acontece ao agente do Estado (excedentário) que não é recolocado ao fim de dois anos?

Sabem?

A grande questão que inexplicavelmente não é colocada ao executivo de Sócrates é simples. Reforma do Estado, Redução do Défice, Saneamento das Contas Públicas?, - certamente!

Mas porquê à custa dos suspeitos do costume?

Enigmas da “Nova Esquerda”...

 

Quando os canudos uivam (2)


De todas as histórias que Sócrates confirmou, a mais cândida é a da confiança que a UnI nele depositou, aceitando o putativo conselho científico (ou seria o pedagógico?) elaborar o programa de equivalências sem exigir os certificados de habilitações dos estabelecimentos de ensino que lhe conferiram os graus anteriores. Não é legal, não é lógico, não é sustentável mas, com aquele mesmo ar com que assegurou, durante a campanha eleitoral, que não aumentaria os impostos, José Sócrates fez-nos saber que, na opinião dele, sim, essa confiança fazia sentido.

Talvez faça.

Quem não ficou satisfeito com as explicações que o Secretário Geral do PS, finalmente, aceitou dar, poderá sempre ser olhado como um daqueles invejosos que gostaria de ter sido semelhantemente tratado nas escolas por onde andou. Um mesmo prof para 4 disciplinas (vantagem para o aluno, se o prof for bom); uma cadeira dada pelo próprio reitor (nada mau para a autoestima do aluno) e, por fim, a compreensão que consistiu em fazer fé na palavra de José Sócrates.

É isso.

Meio país, atónito, insiste em querer saber mais, enquanto a outra metade, com mais siso e sageza, continua a confiar “totalmente” na honestidade e boa fé do Primeiro Ministro.

Na minha metade, é quase sempre assim. Somos todos uns grandes invejosos.


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