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2007-07-31

 

Força de expressão (6)

Em jeito de homenagem a Ingmar Bergman, este segmento de "O ovo da serpente" (1977), para lembrar que os holocaustos começam sempre muito antes de eclodirem... e continuam, apesar de o seu horror nos deixar a impressão de que nunca mais se poderão repetir.
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Scorsese on L'eclisse (1962)

Este pequeno filme faz parte de um DVD que tive a sorte de receber pelos anos.

Chama-se "a minha viagem a itália" de Martin Scorsese.

Quem, melhor que um concorrente para opinar acerca de uma obra de Antonioni.


 

Bergman e Antonioni: dois Génios do cinema



Liv Ullman a musa de Ingmar Bergman



Monica Vitti (Giuliana, no Deserto Vermelho de Antonioni).


O cinema de Bergman e Antonioni fica aí para continuarmos a surpreender-nos com a singularidade estética da sua obra e a capacidade humana para tão inacreditáveis extremos.

 

Num bairro periférico de Bagdad

uma criança que aparenta ter 8 a 10 anos está sentada no meio de lixo, encostada ao que resta de uma parede que terá sido de um prédio. Rosto esquálido, os olhos esbugalhados, descalça, cobre-a uns farrapos. Quase inanimada. Mesmo assim ainda lhe restam forças para segurar outra criança, um rapaz de 5 ou 6 anos esquelético como ela e morto. Diz que é seu irmão. O repórter investigou e ficou a saber, mais ou menos, que o pai era professor na universidade. Um dia foi raptado e descobriram mais tarde o cadáver numa lixeira. A mãe era médica e ficou a sustentar os 5 filhos, 3 rapazes e 2 meninas. Entre os 3 e os 12 anos. Alguns meses depois a mãe foi morta com uma das meninas num daqueles atentados suicidas quando procurava alimentos num mercado do bairro. As outras 4 crianças ficaram a cargo de familiares e vizinhos. Mas hoje, Maliki, só sabe deste irmão mais novo. Os outros estavam com os tios maternos mas dizem que eles fugiram, talvez para a Síria. Têm comido restos que encontram e alguma coisa que lhes dão. Mas agora o mais novo morreu. Há pouco. Ainda está quente e o mais velho parece ter desistido. Já não tem força nem lágrimas para continuar.
Conto isto porque me impressionou mais que as notícias do Comité de Coordenação das ONG no Iraque que correm por televisões e jornais:

- "Há 8 milhões de iraquianos a necessitar de ajuda humanitária de emergência".
- "43% dos iraquianos sofrem de "pobreza absoluta"".
- "40% dos quadros , médicos, engenheiros, professores, saíram do país".
- "4 milhões de iraquianos estão deslocados internamente ou nos países vizinhos."

São números. Diz-me pouco. E além disso aquilo era uma ditadura horrorosa. Enfim é a guerra e como se sabe as guerras acontecem. Não há culpados. Não há nada a fazer para as prevenir. Ou haverá?

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Anotação em 2007-08-01: a avaliar por alguns comentários o sentido do post ou não resultou inequívoco ou então é dificuldade de interpretação de alguns comentadores. Decido-me pela primeira explicação. Proponho então dizer o mesmo de forma diferente daquela que é uma conclusão ostensivamente cínica, insensível à tragédia humana, e que tentava interpretar o sentimento frio e distante de tanta boa gente.

Outro final para o post:

São números e os números dificilmente nos sobressaltam para a condenação dos promotores de guerras. E não serve a falsa desculpa de que se pretendia combater uma ditadura horrorosa.
A frieza destes números, não esqueçam, revelam a realidade de milhares e milhões de tragédias como a da reportagem.


 

Continua a fúria das privatizações


Este governo também quer privatizar tudo.

Pina Moura teve tanta dificuldade em fazer o gosto ao dedo estalinista e a nacionalizar o autódromo.

Agora querem vendê-lo aos privados.

E agora como iremos produzir corridas de carros ? É desta que não encontramos o nosso nicho como dizia Michael Porter naquele estudo que custou milhões e disse o mesmo que eu diria.

2007-07-30

 

Picasso - Women Running On the Beach



Elas é que têm razão... Com este tempo !

 

Resíduo

De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco.

Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).

Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.

Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
― vazio ― de cigarros, ficou um pouco.

Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?

Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.
De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...
De tudo ficou um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver... de aspirina.
De tudo ficou um pouco.

E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.

Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço, o cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte escarlate
e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão. Às vezes um rato.


 

Felgueiras - Fez-se alguma justiça


Alguns dos que agrediram Francisco Assis foram condenados a multas.

Soube a pouco, principalmente por não ter sido correctamente investigado de quem partiu a instigação.

O que me chateia é que ao sentenciar apenas multas estão a deixar que esta escória se fique a rir. O dinheiro vai aparecer do mesmo sitio de que apareceu para o ex marido de Fátima Felgueiras.

E são estes os que arrogam a independência como uma virtude face aos políticos tradicionais.
O que irá na cabeça de quem vota em políticos que saem de um partido por razões ligadas a corrupção e se candidatam como independentes ? Não vêm que a merda é a mesma ?
 

o pequeno líder: O Nosso Grande Líder !"

Fotografia de Gregório Cunha/Lusa
Chão da Lagoa:

- "Onde está esse sacana?" "é tão pequenino que ninguém o vê".
- "Vem ali atrás." - "Respondem a Jardim, com Mendes perdido entre os militantes".
Marques Mendes lá seguiu atrás de Jardim na via sacra das sessentas tasquinhas dizendo:

"Uma falha no meu currículo político, na minha vida, [em 2005 Jardim não o deixou lá ir] uma festa estraordinária"

"O nosso grande líder merece uma homenagem de todo o PSD nacional" . (Público 2007-07-30, pág, 6)

Comentários para quê?


 

João Carvalho Pina no Afeganistão


Fotógrafo da Visão com vários prémios no currículo está entre as tropas portuguesas no Afeganistão e podemos ver fotografias, vídeo e reportagem escrita (2 páginas) aqui

"Porque nem tudo neste país são histórias tristes, tive a oportunidade de ir a um casamento afegão. Aqui em Cabul, existem diversos wedding halls: edifícios grandes exclusivamente concebidos para a celebração de casamentos.
Neste caso, e durante cinco horas, os homens e as mulheres estiveram sempre separados em salas diferentes. Tive acesso apenas ao lado masculino do casamento, onde havia uma banda de música ao vivo e se serviu o tradicional arroz afegão.
No final, o noivo, que estava numa sala privada, apareceu para cumprimentar os convidados e dançar um pouco para celebrar aquele que é um dos dias mais importantes da sua vida. Ao ver-me a fotografar, veio falar-me num inglês perfeito. Disse-me que vivia na Suécia, para onde voltará em breve. Abul Hadi de 23 anos, irá regressar a Estocolmo com a sua esposa - que nenhum dos homens naquela sala teve oportunidade de conhecer."

[Na foto soldado ensina português a crianças afegãs]

(O Jovem Ali e especialmente a sua mulher com um simples voo de algumas horas viajam no tempo de um século lá atrás para o século XXI. Isto digo eu, simplificando, aqui no meu blog .)

Se o João assinasse Pina Moura ficava logo a saber que era o filho do Joaquim. Mas percebo. Quer construir a sua própria vida sem ser à sombra do nome de papai.
______________________
Correcção, em 2007-08-01.
Afinal João Carvalho Pina não tem "Moura" no nome, ao contrário do que eu julgava. Pensei que omitisse o último apelido ao se apresentar como profissional o que não seria inédito.
Também não é fotógrafo da Visão mas freelancer. Trabalhou para a Visão na reportagem do post e esteve, para o efeito, três semanas com as tropas portuguesas. Durante Agosto continuará a sua actividade de fotógrafo com as tropas norte-americanas.
O Post ficou parecido com certos livros de memórias que exigem mais espaço para a errata que para o texto original.

 

O choque de civilizações e a honra do macho(1)

Revolta qualquer boa consciência a "escravatura" a que ordem política e social escudada na religião impõe à mulher nos países muçulmanos mais fundamentalistas.
O marido, um jovem com vinte e tal anos, mata a mulher "adúltera" apanhada em flagrante delito com o amante, pelo menos ele assim disse no tribunal, num bosque na periferia da capital. E que decidiu o tribunal? Absolveu o macho que goza do direito de lavar em sangue a sua "honra" atingida.
Adivinharam o país?
Não adivinharam? Portugal. Lisboa, Cidade Universitária, anos sessenta. Um soldado então recentemente regressado da guerra colonial em Angola.
(Caso que ocupou largamente a imprensa da época, sem nenhum frémito de horror.)

 

O choque de civilizações e a segurança em risco (2)

Lições do post anterior sobre a "honra" do macho:

1) A "nossa" religião nada deve à deles. Há apenas uma décalage no tempo. Até ao século XIV/XV eles eram a civilização e nós a barbárie cristã. Depois acelerámos. Andámos a par por todo o século XVI e XVII. A seguir com o que aprendemos nomeadamente deles e do que nos transmitiam da Grécia antiga, do Oriente, da Índia, fizémos várias revoluções. No domínio da economia, da tecnologia, religiosas, políticas. Tivemos a Renascensa, a revolução globalizadora dos descobrimentos, a "revolução" protestante que deixou a cristandade do Sul da Europa com os papas no retrógrado catolicismo, a revolução industrial, a revolução francesa, a revolução americana, a revolução russa.

Eles, de acordo com a sharia, cortam a mão que rouba (pouco)? Apedrejam até à morte as mulheres que infringem o código de honra que os homens lhes impõem? E nós com a nossa religião católica? Empalávamos os condenados, ou trucidávamo-los e desmembrávamo-los no tronco e na roda, queimavamos vivos judeus, comerciantes, infiéis, ateus, bruxas, homossexuais e todos os que a Santa Inquisição nestas categorias quisesse incluir. Só demos alma à mulher séculos depois de ela ser monopólio dos homens.
Aos muçulmanos fundamentalistas, jihadistas, taliban pedimos messas. Noutro local da história. Nos continentes dos séculos passados.
Até no Portugal de Salazar e do cardeal Cerejeira matávamos as nossas queridas mulheres se elas não nos "honrassem" enquanto fornicávamos as mulheres dos outros. Foi ontem. Há 40 anos.

2) A mistura e coexistência no tempo de mentalidades que vão do século XI ao século XXI, em países onde largas camadas da população estão dominadas e embrutecidas pela religião que as torna presas fáceis de diferentes poderes, económicos, políticos ou religiosos, tornou-se um perigo para a humanidade porque alguns desses países dominam não apenas a pólvora e os "trons" do século XIV mas as armas químicas, biológicas e nucleares e os mísseis que as transportam.

O perigo não está só nas ditaduras fundamentalistas muçulmanas. Também está, ainda que de forma apenas larvar e mais ou menos controlada, na mais vanguardista democracia do mundo, os EUA, onde os Republicanos para eleger Bush tiveram de pactuar e dividir poder (desde a Casa Branca, ao Congresso, e ao Supremo Tribunal de Justiça) com os evangélicos criacionistas, uma réplica engravatada e "pós-moderna" dos taliban.

3) Devemos então, porque se trata de desfasamentos no tempo, substimar o perigo das armas nucleares do Paquistão (berço dos taliban que crescem, infiltram forças armadas e serviços secretos e dominam regiões inteiras como o Waziristão fronteiriço do Afeganistão) e das que se preparam no Irão?

Acho que se deve intervir. Mas com inteligência. Favorecendo as forças democráticas ou democratizantes internas, com apoios e sanções para os fins em vista. Eventualmente, in extremis, com intervenção militar. Não à Iraque (que aliás nada teve a ver com o terrorismo). Mostrando intenções sérias, ajudando a resolver o conflito Israel - Palestina, garantindo o reconhecimento e a segurança do primeiro e a independência e o apoio económico ao segundo. Intervir mas com a ONU, com o direito internacional, com a Europa e os EUA, mas não sob a direcção de Al Capone e a bandeira da rapina.

Mas será isso possível? Estará o Homem tão avançado assim nas nossas queridas democracias? O Direito e a Moral dos Estados não é, como tem historicamente sido, o interesse de Estado (isto é o interesse de quem o contrala e usufrui) ?

É urgente dar mais força e protagonismo à Europa. Mas sem os EUA nada se fará nos tempos mais próximos. Vamos a ver se os Democráticos, se ganharem em 2009, desbloqueiam a situação e guiam a América e o mundo por melhores trilhos.


 

Ecologia urbana

San Francisco, Califórnia tem vários pontos comuns com Lisboa, ruas íngremes, clima temperado (um pouco mais fresco), a Golden Gate Bridge, os eléctricos e o "Cable Car" que usa a mesma tecnologia que os nossos elevadores da Bica, da Glória e do Lavre.

Os eléctricos apareceram nas cidades no ínicio de século XX, na Europa, Londres, Paris e muitas outras cidades tiveram redes importantes de eléctricos de superfície. Nos anos 60 e 70 a democratização do automóvel quase matou os eléctricos, nessa época tudo o que dificultasse a circulação automóvel era visto como um travão ao progresso. Muitas cidades (Paris, Londres, Coimbra) suprimiram a rede de eléctricos, outras, como Lisboa, reduziram-na drasticamente. San Francisco é, nesse aspecto, uma excepção a rede de eléctricos mantem-se funcional e foi completada com um sistema mais moderno parcialmente subterrâneo.

A poluição e a saturação do trânsito têm feito renascer os eléctricos urbanos, é o caso de Paris onde em Dezembro de 2006 o eléctrico voltou à cidade numa versão mais moderna. Algumas cidades francesas têm mesmo apostado em soluções tecnológicas inovantes: em Nancy com um eléctrico com um sistema de guia óptica e em Bordeaux com um sistema sem catenária (com um carril de transporte de electricidade enterrado).

Parece-me que, com poucas excepções, os municípios demonstraram desde os anos 60 muito pouca capacidade de reflexão a longo prazo.


 

Viver com o salário minimo

Esta semana um canal de televisão americano organizou um debate com os 7 candidatos do Partido Democrático à nomeação para a candidatura oficial à eleição presidencial de 2008. A novidade neste debate foi o YouTube. Durante vários qualquer pessoa podia colocar uma questão no YouTube, um grupo de jornalistas políticos seleccionou as perguntas a que os candidatos responderam.

Uma das perguntas era "Durante o vosso mandato estão prontos a viver com o salário mínimo?" a resposta de quase todos foi "Sim, claro". O único candidato que se distinguiu foi Barack Obama que disse a todos os outros: "para nenhum de nós é um problema viver uns anos com o salário mínimo pois todos os que aqui estão têm fortuna pessoal. A questão interessante é saber se uma pessoa pode viver com o salário mínimo como único recurso financeiro, e a resposta é não...".
 

Hoje há conquilhas...



Afinal parece que também ainda há por lá generais com bom senso. E resolveram deixar alguns avisos à navegação.

2007-07-29

 

A saúde do regime democrático depende do estado dos partidos

Luís Filipe Meneses levantou a velha questão da manipulação dos votos dos militantes pelos concorrentes que dominem o aparelho. Os media relatam que no PSD a falta de trasparência e capacidade de "chapeladas" se mantém desde do tempo de Sá Carneiro que então terá advertido contra tal situação. O mesmo se passará noutros partidos. Lembro-me de ouvir, já lá vão uns 10 anos, a explicação para a surpreendente protecção que uma importante figura do PS dispensava a um medíocre quadro distrital do aparelho pela sua importância na manipulação das fichas nas vésperas de eleições internas. Era o dono das fichas!
A par destas práticas e da aversão a métodos de transparência garantida há a sacrossanta fraude (crime) do financiamento dos partidos pela corrupção envolvendo os grandes negócios do poder central, os negócios médios das autarquias, o futebol, tudo aquilo que todos, em privado dizem saber e em sede judicial garantem rotundamente ignorar.
Os partidos são um dos principais pilares do Estado e do governo da nação. Se este pilar está podre (ainda que menos de década para década, estou em crer) mesmo que não envolva directamente a maioria dos agentes da política e creio que não envolverá, que esperar da saúde do regime democrático, da abstenção eleitoral e das expectativas dos cidadãos para com a política e os seus protagonistas?

 

O Chão da Lagoa no currículo de Marques Mendes



Marques Mendes precisa dos votos da Madeira para ganhar nas directas em 28 de Setembro. Jardim tem no bolso cerca de 10.000 votos, 1/3 da totalidade dos militantes do PSD com a quota paga (33.500) num total (virtual) de 144.500 militantes. E assim MM está por tudo. Até a ser comparsa no mundo grotesco de Jardim .
O despautério de Jardim a que Marques Mendes se associou:

Alberto João Jardim na festa do Chão da Lagoa

acusou José Sócrates de "pôr em causa a coesão nacional" e apelou ao Presidente da República para vetar "leis fascistas".
"Nunca o separatismo teve um aliado tão grande" referindo-se a Sócrates que o ameaçou de fazer cumprir a lei.
"Espero que o Presidente da República e os partidos saibam levantar a inconstitucionalidade das leis fascistas... numa alusão à lei da IVG.
"Portugal vive um Estado policial e de mentira".
Agradeceu ainda a "solidariedade e lealdade" de Marques Mendes.

Marques Mendes:

acusou o governo "de tudo fazer para acabar com a autonomia regional"
elogiou a obra de Alberto João Jardim na Madeira, afirmando que "merece uma homenagem de todo o PSD nacional"
elogiou a festa do Chão da Lagoa: "uma falha no meu currículo político, na minha vida, uma festa extraordinária".

Tudo isto é inaceitável, obsceno e confrangedor.


 

AVATARES

Já adquiriu um avatar? Um duplo. Com ele adquire uma segunda pele. Uma Second Life. E na SL você pode ser o que quiser. Fazer o que entender. Até ganhar (ou perder) dinheiro. Troca euros por Linden dollars e já está. Não está a perceber? Talvez aqui expliquem melhor.
 

Revolução na Justiça mas na... Second Life

O sistema judiciário não consegue responder nem em tempo nem com custas que não sejam proibitivos para a maioria da população, ao aumento da conflitualidade (desemprego, marginalização, corrupção, ricos mais ricos, pobres mais pobres...).

O Ministro da Justiça, Alberto Costa, para responder a situação tão dramática faz reformas mas a situação está longe de sanada. Por isso, para aliviar tribunais, lançou mão de meios revolucionários, da última palavra tecnológica. E apresentou (2007-07-27) na sala do Senado da Universidade de Aveiro, o projecto e-Justice Centre - Centro de Mediação e Arbitragem no mundo virtual tridimensional Second Life.

Uma parceria Ministério da Justiça - Universidade de Aveiro - Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.

Talvez isto sirva como consultório de aconselhamento jurídico. Oxalá me engane mas duvido da capacidade para resolver litígios na Real Life.

Notícia aqui. Ou nas fontes: UA ou MJ.


 

60 anos de ENIAC


Faz hoje 60 anos que foi colocado em funcionamento aquele que é considerado o primeiro computador electrónico programável.

Mesmo se esta classificação é discutível, parece inegável que este computador foi um marco importante na história da computação.

Foi construído inicialmente para calcular tabelas de tiro de artilharia, tendo também participado no cálculo da bomba de hidrogénio.

Trabalhou até 1955 o que é admirável numa fase de enorme evolução tecnológica.

Era constituído por 17400 válvulas, 7200 diodos, 1500 relais, 70000 resistências e 10000 condensadores. Tudo isto soldado à mão (aproximadamente 5 milhões de soldaduras).

Deu origem a famosas disputas em tribunal que terminaram com a colocação no domínio público da propriedade intelectual do computador digital electrónico.

Ver mais em :

 

Marc Chagall em 1980

O Grande Desfile, 1979-80. Pierre Matisse Gallery, New York.


 

Ai flores, ai flores do verde pino

Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi à jurado!
Ai Deus, e u é?

Vós me preguntades polo vosso amigo,
e eu ben vos digo que é sano e vivo:
Ai Deus, e u é

Vós me preguntades polo vosso amado,
e eu ben vos digo que é vivo e sano:
Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é sano e vivo
e seerá vosco ante o prazo saido:
Ai Deus, e u é?
E eu ben vos digo que é vivo e sano
e seerá vosco ante o prazo passado:
Ai Deus, e u é?

_____________

El-Rei D. Denis, Cancioneiro da Vaticana, 101 e Cancioneiro da Biblioteca Nacional, 568.

In Poesia Medieval, I. Cantigas de Amigo, Ordenação, prefácio e notas de Hernâni Cidade (textos Literários 1959)

 

livros que vale a pena ler (7)

LES CLÉS DE L’HISTOIRE CONTEMPORAINE – Histoire du monde de la Revolution française à nos jours en 212 épisodes – Max Gallo – Le Livre de Poche , França, 2006, 952 págs., € 9,50 (editado primeira vez em Robert Laffont, 1989, com o título « Les Clés de L’Histoire Contemporaine », depois revisto, refundido e aumentado, editado em 2001 e 2005, pela Fayard, com o título “Histoire du monde de la révolution française à nos jours”) – Autor de uma vastíssima obra e de uma trajectória política complexa, Max Gallo, que recentemente foi eleito para Academia francesa, oferece-nos neste livro um relato em 212 episódios do acontecimento mais relevante, em cada ano, da história mundial, seja do domínio político, militar, técnico ou outro, entre 1979 e 1999. A Revolução francesa, Trafalgar, Austerlitz, a Guerra da Secessão, o “krach” de 1929, a Batalha de Stalingrado, são, entre muitíssimos outros, algumas das escolhas do autor para ilustrar a evolução da história contemporânea no período acima referido.

(Selecção e texto de J.M.Correia Pinto)


2007-07-28

 

A voz da américa também tem coisas boas

Há muitos anos que não ouvia falar na "Voice of America" a célebre rádio da guerra fria que até tinha um emissor em Portugal. Ontem um amigo ofereceu-me um disco que deu muito que falar no ano passado, trata-se de uma gravação feita pela "Voice of America" e nunca transmitida de um concerto de Thelonious Monk e John Coltrane. As bobines originais foram encontradas por um investigador na biblioteca do congresso, a Blue Note tratou de editar um CD... extraordinário.


 

Pequeno comentário

Caros amigos, tenho andado longe do blog, por razões profissionais e associativas. Hoje estou no aeroporto de Newark à espera de um voo para São Francisco que já está 3 horas atrasado. Aproveite para por a leitura em dia, acreditem que nem sequer sabia o resultado das eleições em Lisboa.

Ao ler o blog e ver o texto do Raimundo sobre ser de esquerda lembrei-me de que um dia destes vi o Michael Moore na televisão a falar do seu último filme "Sicko" (que ainda não vi). O entrevistador perguntou-lhe como é que ele, sendo de esquerda, atacava a senadora Hillary Clinton no filme. Ao que Moore respondeu que por ser de esquerda é que tinha que dizer que a coragem que Hillary demonstrou há alguns anos quando lutava por uma protecção universal de saúde perdeu-a desde que os maiores beneficiários da situação actual (laboratórios farmacêuticos e companhias de seguros) passaram a contribuir para a sua campanha presidencial.

Deixo-vos também a história de um homem que perdeu dois dedos num acidente e a quem o hospital pediu para escolher o dedo queria reimplantar pois não tinha dinheiro para salvar os dois.

2007-07-27

 

"É uma espécie de jogo democrático"

Marques Mendes, derrotado em Lisboa, pôs o cargo a votos e convoca directas para Setembro. Meneses, com mais jeito para o populismo e efeitos carnavalescos desafia-o. Num deserto de ideias a demagogia e passes de mágica dão mais votos, o Zé Povinho concluiu que Meneses tinha mais possibilidades de ganhar a Sócrates em 2009 do que Mendes e que, em consequência, o baronato do PSD o favorecesse. Surpreendentemente os cavaquistas apoiam Mendes e, mas agora sem surpresa, o "aparelho" instalado também porque já se sabe, rotação de timoneiro acarreta rotação de clientela...!

Ora vem hoje, no Público, o guru José Miguel Júdice revelar-nos a sua leitura dos astros: Cavaco decide apoiar MM porque quer a derrota do PSD nas legislativas de 2009 para manter Sócrates no Governo (de preferência sem maioria absoluta) e assim garantir... uma segunda vitória sua nas presidenciais que poderia ser problemática com um PS na oposição e uma eventual aliança das esquerdas num candidato único.

Mas afinal onde estão os interesses do país nessa conversa toda - pergunta, a fazer de ingénuo, o Sr. Antunes que ao meu lado bebia meio distraído um café fumegante de uma chávena estilosa mas com marca de café gravada na porcelana.
"Oh cumpadre atão na se tá mesmo a ver que é uma espécie de jogo democrático!" responde-lhe do outro lado um do Sul. Mas não sulista.


 

A vida

P. Picasso, La vida, 1903
É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo "Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!

Florbela Espanca

 

Marc Chagall em 1929



O GALO - 1929.

Poético e sonhador. O galo faz o papel de namorado, tem a companhia de mais dois pares de tranquilos e distantes amantes.
O grande Marc Chagall. Judeu, russo, surrealista também e principalmente o pintor-poeta-sonhador. O inconfundível Chagall (1887, Vitebsk (Bielorússia)-1985 Saint-Paul de Vence, França).

"Picasso significa o triunfo da inteligência, Chagall a glória do coração." Resume Franz Meyer, o biógrafo deste último. Dele diz André Breton: "Com Chagall, e apenas com ele, é que a metáfora consegue a sua entrada triunfal na pintura."


2007-07-26

 

O que faz falta para isto ser de esquerda

Concordo com a maioria das medidas deste Governo como o Simplex, a racionalização dos serviços na Saúde, na Educação ou na Justiça indispensáveis para o equilíbrio orçamental. Concordo com quase (quase) tudo.
Mas...
Mas e é aqui que bate o ponto. Um Governo que pretenda ser de esquerda (a mim bastava-me que fosse tão de esquerda como o de Zapatero) não pode equilibrar as finanças do Estado atingindo apenas as classes trabalhadoras e as classes médias. Claro que tenho presente o corte de certas regalias ofensivas do bom nome da República como as pensões vitalícias do Banco de Portugal, de deputados e outros agentes da classe política, de acumulação de reformas e ordenados do Estado, etc. Mas isso é apenas simbólico. É apenas para o pessoal político.
Falta uma política que distribua proporcionalmente aos rendimentos (e de forma progressiva) os custos da redução do défice e das reformas do Estado. Uma política que aperte mais o cinto a quem mais barriga tem.
Falta é uma política que não aliene a REN, as Águas de Portugal, e outros sectores que são por natureza monopolistas, cujos lucros podem dar alguma sustentabilidade às polítcas sociais do Estado ou que no Estado servirão melhor os utentes. É necessário não sacrificar os interesses de longo prazo às urgências impostas pelo défice das contas públicas.

Não se exige que "os ricos paguem a crise" mas apenas que não fiquem de fora. A rir-se, como estão!

Que não sejam apenas os despossuídos a pagá-la enquanto os afortunados enriquecem ainda mais, como tem vindo a acontecer e se percebe pelos seus rasgados aplausos ao Governo.
Não é chocante que nos últimos 5 anos as remunerações na economia tenham subido 15% e nos conselhos de administração das grandes empresas 300%. Não é chocante que se alargue o fosso entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres da população portuguesas e que esse abismo seja em Portugal quase o dobro da média da UE? Não se alegue que é o sector privado e tal. O Governo é para governar o país e não apenas para governar a Administração Pública.
Ora mudar o rumo nas políticas de redistribuição da riqueza (sem negar quão fundamental é o aumento da produção da riqueza, do desenvolvimento, etc., etc.) não exige nenhuma revolução nem métodos revolucionários, exige apenas uma mais firme e sólida preocupação social. Não é necessário inventar nada. Basta ir ao norte da Europa passando pela Espanha e adaptar a Portugal as medidas sociais (e não apenas as tecnocráticas ou de bom governo) que levam a maior justiça social.

 

O Presidente da República (das bananas) com medo de Jardim?

Fernanda Câncio dá-nos conta no DN do ponto a que se chegou, nas mais altas instâncias da República Portuguesa (das Bananas), face à decisão de Alberto João Jardim de, do alto da sua pesporrência e impunidade, alardear que não aplicará a lei sobre o aborto . Eu preferia dizer: ao ponto a que se chegou face, não à decisão, mas ao próprio Alberto João Jardim.
Constitucionalistas e outros juristas condenam a atitude do "dono" da Madeira: Joaquim Gomes Canotilho, Vital Moreira, José Miguel Júdice, Marcelo Rebelo de Sousa. O primeiro ministro também.
Chocante é a posição do PR Cavaco Silva que "assobiando para o lado", demitindo-se das suas funções, remete para os tribunais decisão sobre a atitude a tomar. Porque não gosta desta lei? Isso seria ainda mais chocante. Ou também tem medo de Jardim?
Mais chocante, mas menos relevante, dado o estado a que chegou, é a posição de Marques Mendes que foi em socorro de quem desrespeita a lei e que além do mais o trata com soberano desprezo quando lhe convém.

 

“Make Some Noise”


"O enorme lago subterrâneo cuja descoberta no Darfur foi anunciada na semana passada por investigadores de Boston, como solução possível para o sangrento conflito na região, poderá afinal não ser, nem novidade, nem tão grande, nem de água doce.

A existência do tal lago já era conhecida desde o século XIX, sendo certo que foi cartografado por geólogos alemães nos anos 90."

Entretanto, enquanto a água do lago não chega “Make Some Noise”, faz barulho, protesta, contra os que promovem e os que toleram o genocídio no Darfur. Não são brancos? Não são europeus nem americanos? São homens e mulheres. Como nós.

"U2, R.E.M., Greenday y otros 24 artistas de renombre mundial ponen voz a las canciones de John Lennon en el doble disco “Make Some Noise” (“Haz Ruido”), gracias a la generosidad de Yoko Ono.
“Make Some Noise” surge como respuesta a la grave crisis de derechos humanos que se sufre en Darfur (Sudán). “John hubiera estado orgulloso de este disco” (Yoko Ono).
Compra tu disco y únete a sus voces de protesta! "


 

Auto-retrato


Espáduas brancas palpitantes:
asas no exilio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.

Natália Correia
Poesia Completa, Publicações Dom Quixote, 1999.


 

Dopping


Não sou um especialista em ética desportiva.
Fui desportista de competição de um desporto amador (porque não se ganhava dinheiro) entre os meus 14 e 27 anos. Durante a minha carreira participei em provas nacionais em internacionais. A nível nacional consegui muito bons resultados (mais de uma dezena de títulos) e a nível internacional não passei da competição de clubes não fazendo parte da selecção nacional porque trabalhava e estudava desde os 18 anos.
Treinava entre 7 e 10 vezes por semana em sessões de hora e meia a duas horas.

A intensidade da vivência competitiva era enorme. Durante o dia todo só pensava em treinar e ganhar. Com tal ocupação de tempo, sempre que tinha de escolher entre actividades a 1ª prioridade era sempre para a prática desportiva (embora tenha optado por não fazer parte da selecção porque na altura tinha mesmo de trabalhar).

O sucesso era inebriante. Sempre que ganhava sentia-me o maior do mundo. Sempre que ficava
em 2º ou depois sentia-me deprimido e treinava ainda mais para conseguir vencer.

O treino e a competição não eram em si agradáveis. Ao atingir os limites sofre-se muito fisicamente.

Nunca se colocou a questão de tomar qualquer substância passível de me fazer aumentar o rendimento.

Visto à distância de 15 anos penso que na altura seria capaz de o fazer. Se isso me permitisse participar e ganhar uns Jogos Olímpicos faria-o sem quaisquer dúvidas, mesmo sabendo que poderia ter problemas graves de saúde. Faria-o porque "todos sabem" que a generalidade dos atletas de top o fazem, embora todos nos enganemos a pensar que não. E por isso nunca seria possível ganhar sem me comportar da mesma forma.

Agora, com 42 anos (e problemas de saúde derivados da prática desportiva), não o faria e acredito que a competição deve ser vivida sem substâncias adicionais.

Quero com esta conversa tentar explicar que, se eu, praticante amador sem quaisquer pressões externas era capaz de o fazer, imagino o que pensa uma pessoa que sofre uma imensa pressão, que passa uma enorme fatia do seu tempo de vida entre os 13 e os 35 anos em cima de uma bicicleta e que a sua subsistência e de uma enorme máquina montada à sua volta depende dos resultados que conseguem obter.

Não seria melhor atacar as razões em vez da prática do consumo ?

2007-07-25

 

We Do What We're Told - Peter Gabriel

Contra o cinzentismo.
Contra o pensamento único.
Pela liberdade de expressão !.




We do what we’re told
we do what we’re told
we do what we’re told
told to do

we do what we’re told
we do what we’re told
we do what we’re told
told to do

one doubt
one voice
one war
one truth
one dream

2007-07-24

 

Let's look at a trailer

Michael Moore's SiCKO

Este é o trailer do novo filme de Michael Moore acerca do sistema de saúde Norte Americano.


 

AUTO-RETRATO


Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno:

Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura,
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:

Devoto incensador de mil deidades,
(Digo de moças mil) num só momento
Inimigo de hipócritas, e frades:

Eis Bocage, em quem luz algum talento:
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia, em que se achou cagando ao vento.

 

Vive le Québec libre


Faz hoje 40 anos que Charles de Gaule foi em visita de estado ao Canadá e se saiu com esta a meio do seu discurso.

Foi uma enorme confusão diplomática. Mas o Québec continua a não ser independente.

Não deixa no entanto de ser um episódio com piada.
 

Assim se vê a coragem da Ministra


Quando tem de decidir remete-se à cobardia do arquivamento. Ainda por cima arquiva dizendo que Charrua tinha razão, porque «a aplicação de uma sanção disciplinar poderia configurar uma limitação do direito de opinião e de crítica política, naturalmente inaceitável».

Não toma qualquer medida quanto à atitude de Margarida Moreira, mostrando-nos como funcionam estes cargos de confiança política. O PS deixa a questão resvalar para a "confortável" luta política "governo vs oposição"

Fica assim mais uma vez provado que a coragem do Ministério é só contra aqueles que menos se conseguem defender : Os professores mais novos ou que não são efectivos, porque os outros têm os sindicatos a fazer acordos.

Uma tristeza !
 

Plano tecnológico para as escolas


Assim à primeira vez que se ouve parece uma boa ideia.
Aplaudo a opção política de consumir parte importante dos fundos comunitários num projecto que pode vir a ser estruturante.

Mas como já estou habituado a que a equipa actual do ministério da educação muito prometa resolvi ler e pensar um pouco mais.

A opinião que actualmente tenho é de que algumas medidas são inegavelmente positivas e outras devem ser implementadas com cuidado sob pena de gerar situações de difícil gestão.

  1. Cartão electrónico - Já existe na escola dos meus filhos. Cada menino tem um cartão. Os acessos são controlados com torniquetes onde se passa o cartão. Existe um quiosque para consultas e os pagamentos são por débito ao saldo. Acho um sistema útil e que funciona bem. Aplaudo a generalização. Existem melhorias a introduzir no sistema, nomeadamente : expandir para controlar acessos de professores e funcionários. Possibilidade de carregamento no multibanco (actualmente os meninos têm de o carregar na escola em numerário), ligação a sistema de gestão administrativa e pedagógico (pautas, faltas).
  2. Uma impressora por sala de aula - Quem está numa sala deve ter possibilidade de impressão, mas nem sempre tem lógica existir uma por cada sala de aula. É caro e desnecessário. Existem escolas que têm zonas comuns muito perto de várias salas. É um recurso que deveria ser partilhado.
  3. Um videoprojector por cada sala de aula - É um meio com grandes possibilidades pedagógicas. Se bem que não seja necessário em todas as aulas, o manuseamento destes aparelhos é problemático podendo as lâmpadas danificar-se facilmente com a sua movimentação. Concordo que cada sala deve ter um devidamente colocado no tecto das salas. Terá de se resolver no entanto os problemas de luminosidade de grande parte das salas de aula do parque escolar.
  4. Um computador por cada sala de aula - Um computador é algo que se desactualiza em 2 a 3 anos. Não é sempre necessária a sua utilização em sala. Fica pouco protegido e ocupa espaço numa sala mesmo quando dele não se precisa. Apostaria mais na compra de computadores portáteis e o seu levantamento (pelos professores e alunos) nos centros de recursos da escola (tal como já existe em várias escolas). É mais racional e facilita a gestão do parque.
  5. Portais das escolas - Excelente medida sobre a qual escrevo há longo tempo. O software de infraestrutura deveria ser desde já definido como sendo livre. Deverá ser levada em conta a propriedade intelectual dos materiais nela contidos.
  6. Quadro interactivo - Não conheço nem sei o que em concreto se consegue fazer. Assim de repente parece-me uma boa ferramenta.
  7. Escola simplex - A quantidade de vezes que tem de se preencher papeis com a mesma informação e as deslocações com esperas dos encarregados de educação são actualmente importantes. Um sistema que permita resolver a burocracia a partir de casa aproveitando a informação comum quando a resolver problemas diferentes vai de certeza reduzir algumas das faltas dos encarregados de educação aos seus empregos para tarefas que não o mereciam.
Suspeito que o software a incluir será o windows e o Microsoft Office. Discordo em absoluto porque existem alternativas livres (e gratuitas) de grande qualidade (ex : open office ) e além disso deve fazer parte da cultura informática dos cidadãos perceber que um processador de texto não é algo chamado word ou que um browser para aceder à internet não é sinónimo de "internet explorer". Mas nesta não acredito que hajam quaisquer cedências. São conhecidos os favores deste governo à Microsoft (porque estes investem umas massas em Portugal, muito menos do que Portugal no entanto lhes paga).

Faltou referência a redes sem fios nas escolas. Não faz sentido existir banda larga sem que nas escolas seja possível aceder à internet em qualquer local e por parte de qualquer pessoa da comunidade escolar (professores, alunos e auxiliares).

Não percebi também a organização que (se) será montada para apoiar as escolas na manutenção (correctiva e evolutiva) do enorme parque informático que será criado. Se para a informática a política for a mesma das reparações (em que se repara quando está totalmente estragado) prevejo um enorme despesismo de recursos.

Termino dizendo que não basta gastar os 400 milhões uma vez. Para que daqui a 4 anos não estejamos em presença de um enorme elefante branco desactualizado terão de ser inscritas no orçamento do estado verbas que permitam a sua evolução anual.

2007-07-23

 

Marques Mendes já tem competidor

Luís Filipe Menezes declarou, hoje em Lisboa, ser candidato a presidente do PSD, desafiando Marques Mendes nas directas marcadas para 28 de Setembro.
Esta é uma data histórica (informação aos mais novos que ignorem a história da segunda revolução portuguesa do século XX) que levou à derrota o general Spínola, então Presidente da República (nomeado pelo Movimento das Forças Armadas) e chefe das forças que se opunham à revolução em curso.
O próximo 28 de Setembro não será tão relevante para Potugal.

 

Bireli Lagrene - I've Got Rhythm (live) with Didier Lockwood

Isto é puro exibicionismo.
Mas do bom ! ;-)

Vale a pena consumir os 4 min.


2007-07-22

 

Força de expressão (5)

Outra das ideias expostas [na presente revisão do Código de Trabalho] com que eu não concordo é a diminuição do subsídio de férias, que passaria a ser calculado apenas sobre o salário-base. Quanto à diminuição da retribuição das horas extraordinárias, parece mais uma prenda aos patrões do que algo fundamental para a produtividade ou o emprego. E confrange-me o princípio, que me parece pouco salutar e pouco ético, de pôr as pessoas a trabalhar por longos períodos de tempo com intervalos de meia hora. Acho que é de mais. O trabalho tem um valor ético e tem limites éticos.

Desengane-se quem supôs que a autoria destes comentários é de Manuel Carvalho da Silva, Francisco Louçã ou Jerónimo de Sousa. Sei que as expressões sublinhadas a vermelho podem equivocar, mas, de facto, trata-se ainda de apreciações de Bagão Félix na anteriormente citada entrevista ao DN.

Ah!, este “socialismo” do PS ainda vai fazer de Bagão num obreirista radical!



 

Força de expressão (4)

Cavaco Silva teve uma saída presidencial ao jeito de piada barata. Perante o incumprimento da nova lei do aborto na Madeira, aconselhou as interessadas a recorrerem à ...justiça. O chefe do Estado recordou que “quando a legislação não é aplicada, os cidadãos podem recorrer a instâncias próprias, ao sistema de justiça.”

Conhecendo, sua excelência, a natureza imparável do relógio biológico e o carácter lesmo-caracólico da máquina da justiça, só poderia estar a ironizar. Ora como está praticamente arredado de qualquer registo conotativo, só se pode tratar de um monumental, imponente e arquipatético disparate.

Com democratas destes, bem pode o parlamento legislar à vontade...


 

Força de expressão (3)

Bagão Félix vem recordar, na entrevista que deu hoje ao DN [aqui], que o PS o ultrapassou pela direita. Pode parecer estranho, mas leiam:

Na altura da minha revisão [do Código do Trabalho] , o PS votou contra e o actual ministro, que era deputado, disse: «Um dia que sejamos governo vamos repor tudo aquilo que o sr. tirou aos trabalhadores». Estou bastante curioso para saber o que se vai passar."

Dr. Bagão Félix, - já somos dois.

Tal como aconteceu a Veiga Simão, a Sousa Franco e a Freitas do Amaral, Bagão Félix não mudou praticamente nada. Foi mesmo o PS. Parece que há alguns socialistas, que continuam a intitular-se assim, apesar de não perceberem (perceberão ?) que o socialismo que o Dr. Soares pôs na gaveta foi deitado para o lixo com a última limpeza neo-liberal.


 

E ainda de comunicação social

Vale o tempo de leitura este texto de fino humor de Nuno Brederode Santos GLÓRIA AOS VENCIDOS
 

Hoje é dia de PSD e CDS na comunicação

E os títulos poderiam ser do género: Marques Mendes cada vez mais só na corrida às directas; Mendes assegura assim todos os lugares no pódio; Mendes não deixou de assegurar o primeiro e o último lugares e, ... por aí fora.

Tudo isto porque Marques Mendes e o seu grupo, tendo a maioria no Conselho Nacional, se opuseram à proposta de Luis Filipe Menezes de todos os militantes que pagassem a quota até ao dia do votação poderem participar.

Interessante assinalar que Ferreira Leite vota com a oposição a Mendes.

Sobre o CDS, a situação é também interessante. Paulo Portas reconheceu no Conselho que o desastre do resultado das eleições em que Telmo Correia saiu completamente "esmagado" se deveu a um erro estratégico pela aposta numa campanha de âmbito nacional.

No entanto, não tira as conclusões lógicas que era a da sua demissão e numa ilusão de magia lança o produto da sua profunda reflexão pós eleitoral: um processo ao Estado pelas fugas ao segredo de justiça. Que bela forma de tapar o sol com a peneira!

 

A árbitra brasileira que se despiu ...

A árbitra de futebol despiu-se para a playboy e foi despromovida, certamente para ter mais tempo para essa tarefa. Os apreciadores da playboy agradecerão.

Só é pena que nenhuma revista do mundo venha ao nosso reino adquirir "os direitos de despido" à grande maioria dos nossos árbitros e dirigentes, com a devida pena de despromoção uns e de despedidos outros, para que "os apitos dourados" se resolvam mais facilmente e a verdade do futebol portuga venha mais rapidamente ao de cima. Quem tem força que meta a cunha.


2007-07-20

 

O [débil] Estado da Nação

Programa de apoio ao crescimento da natalidade
O Primeiro-Ministro anunciou, no debate sobre o Estado da Nação, um programa de apoio às famílias e à natalidade destinado «a criar condições para que possamos recuperar o ritmo dos nascimentos». Deste programa destacou duas medidas: «uma nova prestação de abono de família, que será paga às futuras mães a partir do terceiro mês de gravidez» e durante seis meses, abrangendo «mais de 90 mil famílias», um terço das quais com 130 euros mensais; para as famílias numerosas, a duplicação do abono de família dos segundos filhos e a triplicação para os terceiros filhos e seguintes nos 2ºs e 3ºs anos de vida das crianças - período onde o acréscimo de despesas é mais relevante e onde o actual abono de família é substancialmente mais baixo». A isto junta-se o desenvolvimento do PARES, que financia ou vai financiar novas creches para cerca de 15 mil crianças.

 

Falta de produtividade: na procriação

São 500 mil os portugueses afectados pela infertilidade e, segundo outra fonte, serão 40 mil os abortos espontâneos e indesejados resultantes de problemas ligados à infertilidade em Portugal. A concentração de espermatozóides no esperma tem vindo a diminuir a tal ponto devido a causas civilizacionais insuficientemente identificadas, que leva a considerar hoje valores normais o que há 30 ou 40 anos era tido por infertilidade.
Filomena Gonçalves em artigo de opinião do Público de 2007-07-19 chamava a atenção, dos poderes públicos para a calamidade que é a crescente infertilidade que atinge os Portugueses: são poucas as instituições de saúde - diz -que dispensam os serviços adequados e as listas de espera excessivas, as seguradoras não reconhecenm a infertilidade como doença e os cuidados de saúde no sector privado muito caros.
Hoje na prestação de contas mensais à Assembleia da República o primeiro-ministro anunciou medidas que revelam mais atenção a este problema grave que se soma à falta de uma rede pública e barata de creches e jardins de infância e à falta de condições económicas da maioria da população para aceder aos serviços privados como causa do preocupantemente baixo índice de natalidade dos Portugueses.

 

Força de expressão (2)

Ao enfraquecimento da direita partidária, de que as eleições para a Câmara Municipal de Lisboa são a expressão mais recente, tem correspondido, no plano social, uma ininterrupta deterioração dos direitos dos trabalhadores e das suas organizações. Perante o desnorte e fragilização do PSD e do CDS, os movimentos sociais da direita, aproveitam a ocasião, posicionam-se, e sobem a parada!

Segundo a TSF [ver aqui] a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), a Confederação da Agricultura Portuguesa (CAP), a Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) e a Confederação do Turismo Português, assinaram um comunicado conjunto, reivindicando a par de muitas outras razões para despedimento, as de carácter político e ideológico.

Vejam lá. Que surpresa!

As elites patronais tinham ideais reservados acerca do funcionamento da democracia no plano social. Andaram a disfarçar este tempo todo e agora, em finais de Julho, soltam a franga.

Espero que não tenha sido por acharem que, em maré de ofensiva geral contra os direitos dos trabalhadores, este maximalismo poderia dar cobertura e tornar mais aceitáveis as medidas que têm sido tomadas por um partido (o PS) que na oposição combateu o Código do Trabalho de Bagão Félix, e agora, no Governo, piorou o código, de tal modo que o próprio Bagão se escandaliza, envergonhado com tanto exagero anti-cristão.

José Sócrates e Vieira da Silva sempre se poderão indignar e afirmar publicamente que os patrões estão a exagerar.

Nem tanto ao mar.



 

A excessiva legislação inútil

Tem sido anunciada que este governo prepara legislação que vai obrigar a declaração em negócios superiores a 15 000€.

O objectivo é o combate ao terrorismo e branqueamento de dinheiro. São objectivos muito acertados apenas atacados com canhões da idade média enferrujados.

Esta legislação nada resolve e só cria mais burocracia. Até parece que, por um lado, temos instituições e bem a simplicar e, por outro lado, outras instituições a complexificar sem efeitos positivos sobre a solução para os problemas que se dizem atacar.

 

As relações institucionais com as RA's

Muito frequentemente a AR não cumpre o que está legislado: a consulta às AL's dos Açores e Madeira em certos processos legislativos.

Nunca percebi o porquê, mas só encontro justificação na ignorância, embora ache estranho, havendo tanto jurista e tanta experiência na AR.

E daí os imbróglios que tem havido só por aspectos formais. A lei sobre a IVG é um desses casos. No processo legislativo desta lei, as Al's regionais deveriam ter sido consultadas, embora o seu parecer não tenha carácter vinculativo.

Sobre o que tem sido a prática na Madeira da Lei de 1984 sobre o IVG é interessante ler-se Na Madeira, os abortos são decididos por padre católico


 

Clã / Problemas De Expressão

Só pra dizer que te Amo,
Nem sempre encontro o melhor termo,
Nem sempre escolho o melhor modo.

Devia ser como no cinema,
A lingua inglesa fica sempre bem
E nunca atraicoa ninguém.

O teu mundo esta tao perto do meu
E o que digo esta tao longe,
Como o mar esta do céu.

Só pra dizer que te Amo
Nao sei porque este embaraco
Que mais parece que só te estimo.

E até nos momentos em que digo que nao quero
E o que sinto por ti sao coisas confusas
E até parece que estou a mentir,
As palavras custam a sair,
Nao digo o que estou a sentir,
Digo o contrario do que estou a sentir.

O teu mundo esta tao perto do meu
E o que digo esta tao longe,
Como o mar esta do céu.

E é tao dificil dizer amor,
É bem melhor dize-lo a cantar.
Por isso esta noite, fiz esta cancao,
Para resolver o meu problema de expressao,
Pra ficar mais perto, bem mais de perto.
Ficar mais perto, bem mais de perto.

Carlos Tê


 

Estado da Nação



Hoje vamos assistir a mais um debate do estado da nação.

Aposto que o governo vai dizer que as cosias estão muito bem e que está a cumprir o que prometeu. Suspeito que irão focar-se muito na economia, nas exportações e no défice.

À esquerda vão falar nos ataques aos funcionários públicos, no desemprego e nas desigualdades.

A direita tem aqui uma tarefa espinhosa. É que este é um dos melhores governos de direita desde o 25 de Abril. Mas hão-de conseguir encontrar qualquer coisa que correu menos bem para dizer mal.

Ou seja : Quem está nos cornos do boi diz que foi uma excelente pega. Quem lá queria estar fala no que conseguiu ver de mal.

Não me estou a queixar. A democracia é isto e até é melhor do que aqueles países onde se pegam à tareia durante a sessão.

Mas que por vezes não tenho pachorra também é verdade.
 

Motas - Concentração Internacional de Faro


Este ano não posso ir :-( .
É assim uma espécie de festa do avante para mottards. Este ano até partilham os "toca a rufar".
Mas com interesses específicos.
Tem música, concertos, passeios, concursos, comida e..."gajas". Muitas "gajas".
Para quem gostar também lá há uns "gajos".
E para lá chegar vai-se aos magotes pelas estradas nacionais.

Aconselho vivamente a quem nunca lá foi. É um fim de semana muito bem passado. Mesmo quem quiser fazê-lo em família (eh eh eh).

2007-07-19

 

Manuel Monteiro filósofo

Li algures. Pensei: este Manuel Monteiro - que sempre cumprimento afectuosamente quando o encontro - por vezes diz coisas com que concordo e decidi recortar e colar aqui. Mas deitei fora o jornal... Agora encontro a rfeflexão do líder do PND ali no Câmara Corporativa e não pensei duas vezes, trouxe-a para aqui com a devida vénia ao Miguel Abrantes:

“Temos que ter a coragem de perceber que estamos gastos, e de ter a clarividência de reflectir sobre se faz sentido continuarmos na primeira linha do debate de intervenção política. O país está cansado de Marcelos Rebelos de Sousa, de Paulos Portas, de Monteiros e de Marques Mendes e nós não temos consciência disso, em vez de andarmos entretidos com as nossas palmas e com as notícias que saem nos jornais”.
Manuel Monteiro, líder do PND, em declarações ao Público (de 2007-07-17).


 

Álcool


Guilhotinas, pelouros e castelos
Resvalam longemente em procissão;
Volteiam-me crepúsculos amarelos,
Mordidos, doentios de roxidão.

Batem asas de auréola aos meus ouvidos,
Grifam-me sons de cor e de perfumes,
Ferem-me os olhos turbilhões de gumes,
Descem-me a alma, sangram-me os sentidos.

Respiro-me no ar que ao longe vem,
Da luz que me ilumina participo;
Quero reunir-me, e todo me dissipo ---
Luto, estrebucho... Em vão! Silvo pra além...

Corro em volta de mim sem me encontrar...
Tudo oscila e se abate como espuma...
Um disco de oiro surge a voltear...
Fecho os meus olhos com pavor da bruma...

Que droga foi a que me inoculei?
Ópio de inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?

Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
É só de mim que ando delirante ---
Manhã tão forte que me anoiteceu.

Mário de Sá-Carneiro
 

À atenção de José Sócrates

Corre aí pela net uma denúncia a que me associo aqui. Antes fazia-se uma manif agora há a arma (?) da net. Arma de curto alcance, idêntico ao da manif caída em desuso. Veremos.
Agora quem não tiver um saldo médio mensal de 1000 € na CGD ou crédito de vencimento ou aplicações financeiras associadas à respectiva conta (fazendo fé no email que recebi) tem de pagar comissão.
Mas na CGD têm de abrir conta (e são muitos) os pensionistas da reforma mínima ou abaixo de qualquer digna sobrevivência e terão de ver diminuida sua reforma de miséria de mais uma comissão!
Afinal se não for assim onde arranjar dinheiro para vencimentos milionários de administradores e pensões como a que paga Mira Amaral no valor de 18 mil euros mensais?

_________________
(A dupla António de Sousa/Mira Amaral recebeu [de indemnização da CGD] 1,6 milhões de euros em Setembro de 2004. A equipa sucessora, liderada por Vítor Martins (cinco membros), foi indemnizada com 2,6 milhões de euros.)

 

O livro de Zita Seabra na revista VISÃO



A Visão dedica 3 páginas a comentar e retificar a obra de Zita Seabra. Eu também fui interrogado pela revista e aproveitei para tentar "retirar" o meu nome onde equivocadamente fora colocado. ver aqui.

 

The Ramones - I wanna be sedated


20-20-20-4 hours to go
i wanna be sedated
nothing to do, nowhere to go, oh
i wanna be sedated

just get me to the airport, put me on a plane
hurry,hurry,hurry before i go insane
i can't control my fingers, i can't control my brain
oh no, oh no, oh no

20-20-20-4 hours to go
i wanna be sedated
nothing to do, nowhere to go,oh
i wanna be sedated

just put me in a wheelchair, puy me on a plane
hurry hurry hurry before i go insane
i can't control my fingers, i can't control my brain
oh no oh no oh no

20-20-20-4 hours to go
i wanna be sedated
nothing to do, nowhere to go, oh
i wanna be sedated

just put me in a wheelchair, get me to the show
hurry hurry hurry before i cant let go
i can't control my fingers, i can't control my toes
oh no oh no oh no

ba-ba-baba, baba -ba-baba i wanna be sedated
ba-ba-baba, baba-ba-baba i wanna be sedated
ba-ba-baba, baba-ba-baba i wanna be sedated
ba-ba-baba, baba-ba-baba i wanna be sedated


 

Abriu a caça à multa em Lisboa

Entraram esta semana em vigor as multas por ultrapassagem dos limites de velocidade em Lisboa. Nalguns casos, como o do trajecto do Campo Pequeno até ao fim do Campo Grande, o limite de 50Km/h é irrealista e escusado. Às horas de ponta o limite é supérfluo porque ele é imposto pelo trânsito a limites até inferiores a 50/kmh mas em horas de pouco trânsito este limite é um convite à infracção e uma forma de extorquir a multa. Nada pior para fazer cumprir normas do que normas inadequadas. Os 80 ou, se quiserem 70, era uma solução realista e séria tal como sucede com os 80Km/h na 2ª circular.

 

"Privatizar Monopólios"

Com este título chamava a Vital Moreira (no Causa Nossa ) a atenção para a boa decisão do Governo de não privatizar a REN, a rede nacional de transporte de electricidade e gás, um sector dos mais estratégicos do país. E da Defesa Nacional. A mesma posição em defesa da importância de manter o Estado com o controlo da empresa (mais de 50% do seu capital) já fora feita pelo ex-presidente do regulador do sector energético Jorge Vasconcelos. Mas pouco tempo passou para o Governo, através do Ministro das Finanças, dar o dito pelo não dito e anunciar para breve nova privatização da REN.
É claro que há a desculpa de haver um regulador "soi dizant" indepedente para pôr na ordem o monopólio privado. Mas sabemos como é precária, especialmente em Portugal, esta "providência cautelar".

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