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2009-09-10

 

De súbito... já se sabia (3)



A certa altura do recente debate Sócrates-Louçã, foram suscitadas dúvidas acerca de duas adjudicações: a concessão do Terminal de Contentores de Alcântara, e a construção do troço de Auto-estrada Oliveira de Azemeis-Coimbra. Sócrates, na ocorrência, saltou sobre a 1ª (a de Alcântara) e fixou-se na 2ª. Hoje, ficou a saber-se que o 1º Ministro tinha razão quanto ao 2º exemplo dado pelo líder do BE. O concurso respectivo fora anulado. Francisco Louçã estava enganado, tal como o Raimundo Narciso sublinha em poste anterior.

O que me surpreende (apesar de tudo) não é a necessária denúncia da ligeireza com que Louçã utilizou uma informação falsa no debate, nem o triunfalismo bacoco com que tentou iludir a sua falta grave, assinalando o "recuo do governo" como uma vitória do BE. É mau, retira-lhe credibilidade, mas já tínhamos reparado que há pessoal, no BE, capaz de, às vezes, fabular em vez de informar.

O que me deixa estarrecido é a prontidão com que os mais zelosos militantes do PS vêm estraçalhar a 2ª concessão deixando a 1ª no mais esquizofrénico dos olvidos.

Em vez de admitirem que Louçã errou na segunda e acertou na primeira, fazem equivaler a responsabilidade político-administrativa de um ajuste directo que o Tribunal de Contas considerou mau negócio, na óptica do Estado, a uma efabulação de Louçã.

A mentira de Louçã parece servir para ocultar a verdade de Louçã.

Em lugar de dizerem: "Empate - uma a um. Louçã disse uma verdade e uma mentira", dissimulam a sua conivência com um exemplo de má governação, atirando-se à concessão que nunca existiu como se a 1ª (a dos Contentores de Alcântara) pudesse ir na enxurrada.

Edificante.

Comments:
Louçã disse uma verdade que toda a gente já sabia para insinuar indícios de corrupção governamental, tentando reforçar com uma mentira, que "demonstraria" o máximo dessa corrupção. Aliás, várias vezes tem feito isso. Descredibizado é pouco. Desonesto sim. Há tanta forma séria de atacar e bem este governo.
 
Caro anónimo,

a sua é também uma perspectiva interessante. Quanto ao "deve" e "haver" daquilo a que chama "desonestidade", tenho as minhas dúvidas. Entre a privatização da GALP, a nacionalização do BPN, e as adjudicações directas, os silêncios cúmplices não me parecem mais honestos que as acusações infundadas ou precipitadas.
 
Esta é uma análise futebolistica da questão. O Rui Santos não diria melhor.
Nem mesmo na questão do Porto me parece que o Louçã tenha razão, não me parece...o que faz salivar a maior parte dos media é a associação do nome do J.Coelho. J.Coelho? É culpado...é mais um favorecimento descarado,etc...mas se formos a ver bem e verificar o que se faz por esse mundo fora em termos de concessão e tendo em conta a rapida secundarização de Lisboa face a outros portos peninsulares (e aeroportos, já agora)talvez se faça alguma luz quanto a esta decisão. De referir que a Mota-Engil já ganhou outra concessão no Peru.
Não quero aqui tomar partido só aprofundar a questão, coisa que os media não querem fazer porque a associação "Sócrates+Coelho" favorece a politica de verdade.

De resto a descredibilização do Louçã é que deve ser realçada pois não se pode fazer politica com base em rumores, sem programa e apostar tudo na suposta falta de virtude dos outros.É essa a aposta de FLeite e do BE que é favorecida pelo ambiente geral dos media, uma politica de fait-divers e acusações infundadas. Um nojo.
 
Manuel Correia, desde quando é que privatizar a Galp ou nacionalizar o BPN ou adjudicar directamente é desonesto?
A lei permite-o.
Pode não concordar, mas isso não faz
com que sejam desonestas.
Agora mentir e usar argumentos fraudulentos sim...estou a começar a ver uns tiquezinhos totalitarios na sua argumentação...Se for contra o Socrates vale tudo e invoca-se a liberdade de expressão, se for ao contrario aligeira-se a questão.
Afinal você não acrescenta nada áquilo que critica (o jornalismo actual, vide seu ultimo post),assemelha-se.
 
Duas palavras acerca dos comentários das 10:55 e das 11:08.

Não falei de “corrupção” nem de “Jorge Coelho”, nem topo porque é que uma “desonestidade” ou “má fé” deve ser mais pesada num que noutro. Porque é que me dispensei de fazê-lo? Porque estou persuadido de que o Tribunal de Contas daria parecer igualmente desfavorável se, em vez de se tratar da Mota Engil, se tratasse de outra empresa qualquer. Não estou a ver o actual Presidente do Tribunal de contas a discriminar as empresas de dentro e de fora do centrão.
Mas a avaliação do T. de Contas também nos fornece um elemento útil para reflectir sobre a simplificação de que tudo é bom desde que não contrarie especificamente a ordem jurídica. Se a lei definisse e explicasse realmente tudo, então bastaria escolher os deputados pela cor dos olhos.
Esperemos que a piada fácil do “vale tudo” contra Sócrates não se transforme na anedota política do “vale tudo” para defender Sócrates…
 
Quando digo que é legal, quero com isso dizer que é do espaço da escolha politica fazer como achar melhor tendo em conta o interesse publico.É isso a democracia.vale tambem para o T.Contas que é mais uma instância de controle que temos mas que nunca poderá ser o valor absoluto pelo qual julgamos uma acção politica, porque por vezes essa acção tem um valor muito mais alargado do que a unidimensionalidade e especificidade desse orgão abarca.
Em muitos casos até, o T.Contas critica e actua mais por desfasamento entre os sistemas de avaliação implementados no Estado e os do proprio T.Contas.

Entenda-se no entanto que não quero minimizar as recomendações e criticas deste orgão, mas sim por em perspectiva a sua propria dimensão.

Do que se trata é que a forma como a nossa imprensa não informa nem investiga tudo fica pela analise coincindental de fait divers.
Um pasto para populistas demagogos e asserções de verdade salazarentas.
 
Acho, pelo contrário, que há muitos jornalistas que investigam. Vão até onde podem, convidam os visados a pronunciarem-se (muitas vezes sem êxito) e depois levam no coco (processos-crime e outros mimos estimulantes) para aprenderem a não se armarem em chicos-espertos.
A “análise coincendental de fait divers” deve querer dizer Diplomas de domingo, arranjinhos da Cova da Beira, Casas tipo maison, Freeport, etc.
É entre esses actores, que rasgam as vestes ao serem quastionados publicamente, que o salazarismo ainda passeia prazenteiramente. Não entre os jornalistas que se esfalfam para informar o melhor que podem.
 
Exacto, você é um vivo exemplo do que quero dizer. Mire os seus posts e (re)veja a profundidade dos temas.
São só fait divers, disse e não disse, o que se escondeu, etc...um verdadeiro manual de superficialidades e pequenos(?) ódios.
Convoquei-o para um mergulho sobre os contractos dos portos (vá investigue...) mas preferiu continuar a boiar na habitual "coitadice" da vitimização.
Não sabe mais nem quer saber, a superficialidade e uma data de fait-divers chega para fazer meia duzia de posts ou caixas.E prontos.
 
Caro anónimo das 9:36,

"faits divers" e "pequenos ódios"? Pois. Talvez...
Desculpe, terão, então, de ficar para si as matérias de profundidade e os grandes ódios.
Não queria sobrecarregá-lo tanto, mas,... lá terá de ser.
Quanto à concessão à Lisponte dos chamados Contentores de Alcântara, continuo a pensar que foi um péssimo negócio para o Estado. Legal, bem engendrado, mas péssimo. Ah! e mais uma coisa: além do governo, António Costa também vai apanhar com eles em cima. Quando fizerem a avaliação da medida, só estou a prever uma entidade francamente beneficiada: A Lisponte, que subcontratará (vai uma aposta?) a Mota Engil.
Cumprimentos
 
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