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2009-09-08

 

O líder e os zelotas (6)



No PÚBLICO de hoje (pág. 37 da edição em papel) Vital Moreira assina a sua crónica, intitulada, desta vez, "Asfixia mediática". Acho curioso que a intromissão da Administração da Média Capital na Redacção da TVI, não lhe tenha merecido nenhum reparo, a não ser, é claro, na parte em que se congratula com a extinção do Jornal Nacional de 6ª.

Os zelotas estão quase todos a cair numa espécie de paranoia que os incapacita de transpor o limiar da propaganda. Acham, pelo visto e pelo que omitem, que os exemplos de mau jornalismo justificam os abusos contra a liberdade de expressão.

É o regresso ao instrumentalismo em matéria de valores.

Em vez do debate e da derrota pública, pedagógica e democrática do mau jornalismo, contentam-se com um processo sumário, duvidoso, administrativo e punitivo, enquanto se abstêm de criticar exemplos similares que favorecem as suas causas ou usam, mesmo, métodos da linha agit-prop, que condenam nos adversários.

A seu tempo, veremos o que os tribunais farão das queixas-crime apresentadas por José Sócrates, António Costa e outros.

Para já, assistimos a este frenesim eleitoralista que nem sequer se importa de apoiar implicitamente uma Administração oportunista, só para afastar o caso Freeport da agenda mediática.

A indicação que se desprende desta contra-campanha dos zelotas é preciosa. No futuro os grupos empresariais com um pé nos media, avaliarão, a par do sacrossanto critério das audiências, o grau de simpatia editorial pelo 1º Ministro em exercício.

Assistiremos, pois, a um equilíbrio entre a audiometria e o situacionismo.

É arriscado, mas pode compensar.

Comments:
Sr. Correia. Afinal defende a Moura Guedes ou não? Que tipo de jornalismo o sr. defende?

Paulo Santos
 
Mas.. isto afinal era uma questão de defesa de moura guedes ... ou de jornalismo...???!!!... sr anónimo???!
 
Defendo que a liberdade de expressão é um princípio sagrado, mas não concordo com difamações, insultos, julgamentos e condenações na TV ou jornais, isto não é liberdade de expressão.

A propósito porque é que só escreve, pelo menos nos últimos tempos eleitorais, contra o PS?

Sá há zelotas no PS?
Olhe que há muitas formas de ser zelota!

Ainda me convence a votar PS!

Duarte
 
Caro Paulo Santos,

se fizer uma psquisa aqui neste blogue, verá o tipo de jornalismo que tenho defendido, pelo menos desde que o PUXAPALAVRA existe. Defendo a liberdade de qualquer jornalista mesmo que discorde do seu jornalismo, mesmo que tenha de usar o direito de resposta para o denunciar; mesmo que o tenha de levar a tribunal.
A liberdade de expressão está num plano mais elevado do que as concordâncias e as discordâncias. Nunca contribuiria para tornar um tema tabu, mesmo que ficasse desfavorecido.
Obrigado pelo seu comentário
 
Caro Duarte,

Quanto ao seu 1º parágrafo, discordo. É quando as coisas não correm bem que percebem melhor as fronteiras da liberdade.

Quanto ao seu 2º parágrafo, acho que está errado. Temos ambos a liberdade de dizer uma coisa e o seu contrário, mas se contabilizar os meus postes, verá que está a faltar à verdade.

De acordo quanto ao seu 3º parágrafo. Há zelotas por todo o lado. A ocasião faz o zelota, mas o sectarismo e proselitismo ajudam muito.

Quanto ao votar PS: porque não? Se o faz em consciência...

Obrigado mpelos seus comentários.
 
No futuro os grupos empresariais com um pé nos media, avaliarão, a par do sacrossanto critério das audiências, o grau de simpatia editorial pelo 1º Ministro em exercício.

- O quê?!! Fuck them!
 
Já ninguem compra este tipo de argumentação,é pouco genuíno e totalmente infundado.
Essa dos grupos empresariais então tem um piadão...basta ver o diario Sonae, a SIC, a TVI (mesmo apos o afastamento do MRSousa)o Sol, etc...
Já agora diga-me onde posso encontrar um post seu acerca do que se passa há décadas na Madeira.
Antecipadamente grato.
 
Caro Anónimo das 10:58.

Escrevi há pouco, creio que já em Setembro um post em que falava da Madeira. Mas recordo-me de ter escrito outros, se bem que tenhamos no PUXA bloggers que conhecem a Madeira melhor do que eu.

Quanto ao resto, em fim de mandato todos os governantes têm as suas dificuldades. Não fizeram tudo bem. Nalguns casos fizeram quase tudo mal. As campanhas eleitorais tornam-se inconvenientes. Aborrecidas. Compreendo o seu ponto de vista mas não concordo.

É tempo de prestação de contas, não de lamúrias em relação ao desamor de alguns órgãos de comunicação social.

Reparei que não incluiu a RTP no seu rol. Foi por algum motivo especial?

Cumprimentos
 
Só por uma razão, a RTP é mais equilibrada e tem mais preocupação em informar do que em manipular embora não cumpra quanto a mim o minimo exigido a uma estação de serviço público. Por mim o Jornal da 2 deveria ser o padrão, substituindo o actual formato do Telejornal da RTP1.Alias o melhor noticiario da estação é o Euronews feito lá fora, claro e conciso com diversas perspectivas europeias e menos superficial.O No Comments por vezes é mais relevante que a quantidade de informação e as reportagens bimbo-lamechas que compôem a informação(?) de qualquer canal .
A RTPN sofre do mesmo mal das congeneres (SICN e TVI24), o infotainment, sendo que os comentadores residentes pertencem e têm quase todos a mesma perspectiva conservadora e futebolistica da politica. Foi penoso ver ontem apos o debate Socrates-Louçã, os comentadores a negarem o evidente defendendo antes os interesses das suas convicções politicas.Toda a gente sabe que eles estão ali em representação de partidos e tendencias politicas por isso é mais um logro que uma televisão publica não devia ter, apresenta-los como politologos ou atribuir-lhes uma suposta imparcialidade. No fundo a Comunicação Social portuguesa vive numa falta de transparência e num eterno jogo viciado, tudo se esconde, as opções politico editoriais dos diversos orgãos, os comentadores aparecem sob a capa da imparcialidade e havendo pouca diversidade analitica, grande parte das redacções sofre do trabalho precário, estando totalmente nas mãos das chefias e do seu posicionamento politico,etc..,etc...somando a isto tudo um corporativismo e uma arrogância sem limites.
E não é desamor...é mais um afastamento, pouca media portuguesa consumo e a que consumo é na internet, agora posso ser manipulado mas é de borla.

Cumprimentos
 
Caro anónim@ das 13:22,

Obrigado pela sua resposta e reflexões. Revejo-me em boa parte delas. É justamente por se tratar de matéria tão complicada e sensível que acho importante não transigirmos relativamente a certos valores, mesmo quando os jornalistas atingidos não merecem o nosso apreço ou a nossa simpatia; mesmo que tenham, eles próprios, participado em actos que envergonhem a classe; mesmo que sejam adeptos da tabloidização. Na hora da suspeita sobre qualquer atentado à liberdade de expressão (alegado, suposto ou indiciário), transigir é fazer descer o grau de exigência ao nível dos piores.
Era este, creio, o meu ponto de partida.
Obrigado pela contribuição.
 
Desde que isso não retire igual liberdade a quem é atacado de se defender. A liberdade de expressão não pode funcionar só para um dos lados.
Trata-se de uma mudança de paradigma, o 4º poder pode e deve ser censurado ao mesmo nível dos outros por quem acha que por ele é atacado. Já estragaram demasiadas vidas e reputações para que assim não seja.
 
Inteiramente de acordo.
 
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