.comment-link {margin-left:.6em;}

2013-09-27

 

Neoliberalismo ou como ajudar os multimilionários

Estas imagens da revista Visão (17 a 25 de Set 2013) oferecem-nos informação interessante ainda que não nova, relacionada com a crise atual em Portugal e no mundo. Também aí se informava que em Dezembro de 2009   244 mil milhões de dólares da dívida portuguesa estava na posse de bancos europeus, especialmente alemães e franceses. A intervenção da "Troica" permitiu entretanto que a banca e fundos privados, particularmente estrangeiros, transferissem esta dívida para o BCE e até para o Fundo Nacional de Pensões português, pondo a salvo a alta finança privada, receosa da incapacidade de pagamento da dívida pelo Estado português. Agora um eventual perdão da dívida (que muitos e avisados economistas nacionais e estrangeiros consideram inevitável) faria recair parte da "despesa" não sobre a banca privada que já levou os juros agiotas mas sobre o contribuinte e até sobre o dinheiro das pensões nacionais.--------------------------------------------------------- ---------------------------------Este 1º quadro mostra que a política de austeridade e de empobrecimento da maioria dos portugueses não serviu para diminuir a dívida pública pois ela cresceu e muito mas serve as grandes fortunas ligadas ao capital financeiro e às grandes empresas que ele controla. É por isso que a "tróica" afirma que a sua política está a ser um êxito. E assim é para os interesses dos agiotas que não para a esmagadora maioria dos portugueses. Esta constatação por parte da "tróica" e do governo de Passos Coelho, postergado a seus pés, parece absurda mas não é. O que se passa é que os seus interesses, os da alta finança, são opostos aos dos trabalhadores e aos das classes médias e por conseguinte o que para nós é mau é por aqueles avaliado, justamente, como bom. O atual governo ainda que eleito por nós é, de facto o governo dos "mercados" a quem procura mostrar-se diligente na ultrapassagem das suas metas, no "castigo" a dar aos "vassalos" portugueses.
Os  quadros ilustram também como Portugal divergiu da Europa no crescimento da economia. (Fontes indicadas pela Visão: Banco Mundial, BIS, Bloomberg,...). [ Um clique amplia as imagens.]
 
 
A 1ª imagem sobre a "alavancagem" do banco inglês Barclay´s diz-nos como, na ausência de regulação por parte do Estado, o banco por cada libra ou euro do seu dinheiro (capital social e outros bens seus, mais os depósitos dos clientes ) emprestava (e ganhava o respetivo juro) 61,3 vezes mais dinheiro do que aquele que de uma forma ou de outra possuía ou podia dispor. Dinheiro que na realidade não existia e ultrapassava muito o que a própria legislação bancária (posta ao serviço do sistema financeiro) permite . Alavancagem da alavancagem!
A 2ª imagem ilustra como entre 1980 e 2007, 0,1% dos norte-americanos mais ricos multiplicaram por 7 as suas imensas fortunas aumentando brutalmente o fosso entre os multimilionários e os mais pobres e as classes médias. Qual o segredo? A política de desregulamentação do sistemas financeiro (os bancos, fundos, etc.) posta em prática por Reagan e Thatcher de acordo com o neoliberalismo. Esta política fez regressar a sociedade norte-americana a uma desigualdade nunca vista desde os anos 30 do século passado. Orientações que vieram contrariar as políticas de Franklin D. Roosevelt e outros presidentes que se lhe seguiram e que criaram a classe média norte-americana. Para isso criou nomeadamente escalões de impostos (IRS) para os muito elevados rendimentos que chegaram a 70% e até a 90% na presidência de Eisenhower (in Paul Krugman "A Consciência de um Liberal pág. 256 Ed. Presença).
As políticas neoliberais e de rédea solta ao sistema financeiro nos EUA como em Portugal e muito especialmente com o atual governo, conduz à concentração da riqueza numa restritíssima minoria à custa do empobrecimento das classes médias e dos trabalhadores.

2013-09-26

 

Podridões. Nem a propósito



"Quando em Julho foi para o Governo ... teve de deixar as funções que desempenhava, há vários anos, em 30 organismos, [Disseram 30!, 30!! organismos? ] onde se destacavam três grupos bancários, [concorrentes, mas amigos certamente...] mas também outras sociedades, fundações, comissões, para além do escritório de advocacia PLMJ, onde era consultor, conforme comunicou a semana passada ao Tribunal Constitucional (TC)."

Na declaração de rendimentos entregue ao TC, a 18 de Setembro, o ... ex-presidente da Fundação Luso-Americana indicou que, a 23 de Julho deste ano (quando entrou para o Governo), deixara de estar ligado a 17 sociedades onde exercia cargos sociais não-executivos. [Então agora, no governo, mantém 30-17=13 outros empregos outras funções. Hummm... Serão funções "faz de conta", como a de ministro?]  
[Entre as abandonadas funções:] "... três fundações, Millennium/BCP, Mário Soares e Oliveira Martins, assim como a atividade de docente em duas faculdades, Universidade Católica Portuguesa e Lusófona, e as comissões de revisão do Procedimento Administrativo e da Luta Contra a Sida e o Banco Alimentar Contra a Fome." [Assim aos... 73 anos.]
 
"Em 2008, por exemplo, ... sentou-se [ bem observado: sentou-se. De longe em longe, digo eu.] em órgãos sociais não-executivos da CGD, do BCP e do BPI, cargos que acumulava com a presidência do Conselho Superior da SLN ..., a holding que controlava o BPN, e a vice-presidência do conselho consultivo do BPP." [Link]
 
Este personagem mistério (já adivinharam quem é, aposto) é um político e cidadão da máxima respeitabilidade. Um "Senador"! É militante histórico do  PSD, foi seu presidente em 1985 e presidente da Mesa do Congresso de 2008 a 2010.
E agora foi convidado ("não havia necessedade") para MNE e aceitou ("não havia necessedade!")
Não foi por dinheiro que o Sr. caiu nesta tentação de ser ministro outra vez. O Correio dos Escândalos  da Manhã diz ter o Sr. declarado ao TC, ao tomar posse, como manda a lei, que entre ordenados, pensões e rendimentos de uns dinheiritos que tem no banco, auferiu um pouco mais de 80 mil euros por mês.
 
Ele devia saber que ao querer sem "necessedade" ser ministro outra vez, para mais de um governo de desqualificados, iria ter o seu passado escrutinado e postas a descoberto as suas "podridões". A imagem que do Sr. foi criada não rima com os factos. Ai os factos... são teimosos! "Les faits sont têtus" dizem os gauleses.
 
Diz que não mentiu ao Parlamento. Admite (vá lá, admite, porque podia muito bem não admitir) "admite "incorreção factual", mas sem intenção de ocultar ações da SLN ". É aceitável. Você está na esplanada do café, na conversa e distraído, a olhar para as miúdas que passam, agora com o verão umas descaradonas, e perguntam-lhe de rompante olha lá tiveste ações da SLN? Não, não tive nada. Não me distraiam. Só que o caso não foi bem assim. A AR tinha uma comissão a investigar o caso do BPN, a maior fraude dos 2 últimos séculos e pede, em 2008, ao Sr., respeitabilíssimo senador, se possuíra ações da SLN dona do BPN, e o Sr. que tinha tido dessas comprometedoras ações até 2007, respondeu por carta que não senhor, era o que faltava. Escreveu, deve ter revisto a prosa, e disse que não, nunca tinha possuído ações da SLN. Ora ele teve ações até 2007 (parece que foi um negócio esconso como o de Cavaco. O agora presidiário, ao que parece desaparecido, Oliveira e Costa, patrão do banco ter-lhas-á vendido a 1 euro e recomprado a 2 e tal euros algum tempo depois). É, nestas circunstâncias, uma  "incorreção factual, mas sem intenção de ocultar ações da SLN "? Mentiu, com dolo, em 2008 e mentiu agora com estas explicações naifs. "Não havia necessedade".
 
O Sr. teve a estultícia de responder aos jornalistas que o interrogavam sobre o caso, após tomar posse, em 2013, como MNE, que «Isso denota uma certa podridão dos hábitos políticos". A resposta estava certíssima se a si se referisse mas não, estava a criticar injustamente o jornalista que ao cumprir o seu dever punha a descoberto a sua "podridão".
_____________________________
 
Inf complementar, só para aqui ficar registada. Está acessível no link acima que aponta para o Público. "Não havia necessedade"? O problema é que passado algum tempo os jornais mandam as notícias para o "lixo" e pronto, lá se vai o link.
 
"... Na informação enviada ao TC, o ministro não faz menção à ligação à FLAD, que liderou entre 1988 e 2010, por já lá não estar quando foi para o Governo.
Rui Machete reportou também que até Julho esteve ligado, sem funções executivas, mas em lugares de relevância em termos da governação, a várias empresas como a EDP Renováveis (presidente da mesa da assembleia geral), a Lusenerg (presidente do CA) e uma sua subsidiária, a Generg (presidente da mesa da assembleia geral e presidente da comissão de fixação de remunerações). O governante esteve ligado ainda ao Taguspark, onde presidiu ao conselho fiscal, e para onde entrou em 1992, e à Saer (Sociedade de Avaliação de Empresas e Risco).
A sua actividade profissional na década passada ficou marcada pela presença em várias instituições da esfera financeira, como a Companhia Portuguesa de Rating, a Sociedade Gestora de Fundos de Pensões ou as seguradoras do grupo BCP (Seguros e Pensões Gere, Ocidental Vida e Não-Vida, BCP Fortis, Médis, BCP AGEAS Seguros). No caso da banca, Rui Machete exerceu cargos sociais na CGD (público), no BCP e no BPI. Num determinado período, o social-democrata acumulou mesmo funções em cinco bancos. Entre Abril de 2005 e Julho deste ano, presidiu à mesa da assembleia geral do BPI, em 2008, esteve à frente do conselho fiscal do BCPI e foi administrador do romeno Banca Millennium (grupo BCP). Nesse ano, na CGD Machete detinha a vice-presidência da assembleia geral. Mas no início de 2009 [dados que não constam do reporte ao TC por já lá não exercer funções] o ministro ocupava cargos em mais dois grupos bancários, a SLN (BPN) e o BPP, ambos alvo de intervenções estatais, após se terem detectado graves ilicitudes.
Inquirido sobre se é aceitável uma individualidade "desempenhar funções em simultâneo em órgãos sociais não executivos - mesa da assembleia geral, conselho fiscal, conselho de administração, administrador - em cinco instituições financeiras concorrentes", o Banco de Portugal respondeu: "Dos órgãos de administração e fiscalização de uma instituição de crédito apenas podem fazer parte pessoas cuja idoneidade e disponibilidade dêem garantia de uma gestão sã e prudente". E remeteu para o quadro legal que possibilita ao BdP opor-se "a que os membros dos órgãos de administração e do conselho geral e de supervisão [...] exerçam funções de administração noutras sociedades, se entender existir risco grave de conflito de interesses ou, tratando-se de pessoas a quem caiba a gestão corrente da instituição, por não se verificar disponibilidade suficiente para o exercício do cargo". A avaliação "é efectuada no momento inicial de registo para o exercício do cargo, bem como em momento posterior, sempre que ocorram factos supervenientes." O PÚBLICO tentou, em vão, obter um comentário do gabinete do ministro. 

Etiquetas: , , , ,


2013-09-20

 

Como nós ajudamos a Alemanha

Com a sua política de austeridade imposta a Portugal e aos outros países do Sul, Merkel já conseguiu poupar 141 mil milhoes de euros nos juros da sua própria dívida. Receosos do estado calamitoso da economia  e de eventual incumprimento os capitais fogem do Sul e "refugiam-se" a juros que tendem para zero e por vezes chegam a valores negativos na Alemanha.  Quem o diz é Jorgo Chatzimarkakis, eurodeputado alemão. Dinheiro que pertence aos países do Sul. Jorgo discorda assim dos "caniches de Merkel" que nos governam e que acham que os portugueses devem ser castigados por mandriões , gastarem acima das suas possibilidades e estar muito agradecidos aos países do Norte e especialmente à Germânia.
Entretanto, nos telejornais tenho ouvi a Srª Merkel em campanha eleitoral dizer que o desemprego na Alemanha tem vindo a cair tendo passado dos 5 milhões em 2006 para 3 milhões agora [é o mais baixo de sempre, desde que é calculado] e que nos últimos 4 anos a situação da Segurança Social tem melhorado com a inscrição de 1,5 milhões de novos trabalhadores sendo o número de empregos o mais elevado da história da Alemanha.
Como se vê a política de austeridade imposta pela Alemanha têm consequências diferentes na Alemanha e nos países como Portugal, Espanha ou Grécia. Lá a poupança em juros chega a 141 mil milhões, em Portugal os juros anuais já ultrapassa o orçamento do Serviço Nacionalde Saúde.
A chanceler enfatizou também que "na Zona Euro somos solidários. Há razões para dizermos que somos solidários, mas só na condição de que esses países ponham em ordem aquilo que neste momento não está em ordem."
Contra estas mostruosidades ditas pela Srª alemã pouco podemos fazer mas que os "caniches portugueses da Srª Merkel" que nos governam no-las queiram impingir como "a realidade" inelutável é que não devemos tolerar e cabe-nos correr com eles o mais depressa possível.
________________
Nota:
Com novos dados reformulei o post.


2013-09-19

 

Boaventura Sousa Santos faz as contas




 

Boaventura Sousa Santos escreve ao Governo supostamente de Portugal


Etiquetas: ,


 

Boaventura Sousa Santos dá explicações ao governo dos mercados


Etiquetas: , ,


2013-09-17

 

"Extorquir recursos ao país para engordar a banca"

Um artigo de Mário Vieira de Carvalho no Público de ontem, sobre a política do Governo para o ensino superior que vale a pena ler.

[Para ler? Um clique nas imagens amplia-as]




 

"Servos da gleba - servos da dívida"

 Extratos do artigo "Servos da Dívida" de Paulo Morais, no CM de hoje. [texto completo aqui
A imagem é a Tentação de Stº António (1946) do surrealista Salvador Dali. Pareceu-me que ficava bem aqui :)
Paulo Morais:
"A intervenção externa, a que estamos condenados desde 2011, já teve por primeiro objetivo garantir que o estado português disporia de recursos para pagar os juros usurários... 
...
Os sucessivos empréstimos da troika não vieram resgatar o estado português, mas sim os bancos a quem este devia dinheiro.
Com o resgate da banca veio o sequestro do estado português. A maior das despesas públicas é agora o pagamento de serviço da dívida, que orça em cerca de oito mil milhões de euros anuais. Mais do que à educação, à saúde ou à segurança social, os impostos dos portugueses destinam-se ao pagamento de dívidas mal contratualizadas ao longo dos anos. Gastar mais em juros do que em qualquer área social é irracional.
...
Cidadãos e empresas ficam assim sujeitos ao empobrecimento e reduzidos à condição de servidores do orçamento de estado. Até as verbas da segurança social são, de forma perversa, desviadas para títulos de dívida pública. Ao obrigar os pensionistas à condição de credores do estado, o governo inviabiliza qualquer renegociação de dívida. Pois doravante a redução de juros ou o alargamento da maturidade dos empréstimos virá prejudicar fortemente as reformas e pensões.
Voltamos ao sistema feudal. Assim como na Idade Média rural os portugueses eram servos da gleba, hoje, em época de predomínio financeiro, estamos condenados à condição de meros servos da dívida.

 

A propósito da chegada da Tróika ... e dos apelos do Presidente

Eu encararia bem os apelos do Presidente se ... se esses apelos se traduzissem numa proposta geral de resolução da dívida.

Agora lançar uma "dica"  sem qualquer valor (direi mesmo, uma dica algo bacoca) de apelo ao bom senso da Tróika e/ou de entendimento entre as forças políticas portuguesas é só para não ficar calado. Não tem peso. Melhor seria que enchesse a boca de bolo rei, lembrando outros tempos mais carnavalescos.

Seria interessante por exemplo Cavaco Silva explanar uma teoria de como resolver o problema da dívida, defendendo o alongamento do seu pagamento no tempo e uma taxa de juro baixa. Penso que foi Daniel Bes sa que este fim de semana no Expresso ponha como hipótese transformar a dívida num prazo a 100 anos a uma taxa de juro a 1% e até avançava com outra hipótese de 50 anos e uma taxa de juro de 2%. Dizia ele mesmo esta segunda hipótese dava para respirar.

De facto, penso que Cavaco sabe que caminhamos para qualquer coisa que não é nada do que está a ser feito. Cavaco sabe que as políticas do Governo não levam a Nada e mais cedo ou mais tarde vai ter de haver mudança de agulha. O problema é que quanto mais tarde pior, maiores serão os sacrifícios a suportar pela população. Este governo está consciente do empobrecimento a que está a conduzir o país.

Não é preciso ser grande perito em finanças para ver que este caminho assenta num concepção ideológica, Aquela de que vivemos acima das nossas possibilidades. Será que pensões abaixo de 1000 euros equivale a viver acima das sua possibilidades?! Afinal, olhar para a realidade basta para ver o buraco em que nos está a levar este governo.

 A dívida, o principal cancro da nossa economia, continua aumentar e bem e o défice só com alguma cosmética e sacríficios da população é que se mantém ao nível inicial e nunca nos limites acordados com a Tróika.

Prolongar o pagamento da dívida a uma taxa de juro baixa, tipo 1%, é uma hipótese de saída a negociar. 

Iria mais longe, contudo. Sou por uma auditoria à dívida para também a expurgar daquelas componentes que entroncam em situações de prisão, caso BPN. Também admito que algumas componentes da dívida de curto prazo, tipo empréstimos a bancos possam  ter um juro mais elevado. Se me permitem havia que identificar a dívida, digamos estrutural e sobre esta negociar condições do tipo das referidas.

Etiquetas: , , ,


 

O General Wesley Clark revela plano para a Síria em... 2007

 
Pentágono, 2003, umas semanas após o 11 de Setembro. “O plano é atacar e derrubar os governos de sete países em 5 anos.  1º o Iraque, 2º a Síria, 3º o Líbano, depois  a Líbia, a Somália, o Sudão e o Irão.”
A revelação é de Wesley Clark, general  norte-americano na reserva, comandante supremo da NATO de 1997 a 2000, não agora, como quem adivinha o número da sorte, depois de andar a roda. Não, isto é revelado num discurso em  3 de Outubro de 2007 no Commonwealth Club of California, em S. Francisco. [Há outros vídeos disponíveis no Youtube, legendados em espanhol, francês, alemão, etc, incluindo alguns com o discurso integral.]

Surpreendente e premonitório.

Diz o general Wesley Clark: pouco depois do 11 de Setembro fui ao Pentágono para falar com o Secretário de Estado da Defesa, Rumsfeld e quando descia do gabinete um general com quem trabalhei chamou-me:  está com certeza a par dos planos para o Iraque – não estava -  puxou de um relatório secreto e disse-me vamos atacar o Iraque. E sabe as razões? Perguntei-lhe. Não. Aqui em baixo não sabemos nada.  Mas têm informações que ligam Sadam ao 11 de Setembro? Interroguei. Não. Nenhumas.

Seis semanas depois, noutra ida ao Pentágono, Clark interrogou o colega: então mantêm-se o plano de ataque ao Iraque?  Sabe!?, É muito pior - e referiu um papel Top Secret, do Secretário de Estado da Defesa - vamos no Médio Oriente atacar e derrubar os governos de 7 países em 5 anos.  E enumerou-os. (Acima referidos)
Andei umas semanas sem conseguir encaixar isto afirma W.Clark.  E lembrei-me então de uma reunião nos anos 90 em que Paul Wolfowitz [ o ideólogo ultra-conservador autor da política externa de W. Bush, e da invasão do Iraque] me afirmara: temos 5 ou 10 anos para tratar de todos estes regimes “devotados” à ex-União Soviética, Síria, Iraque, Irão...

Wesley Clark afirma, no discurso, que um grupo, tomou conta do país, fez um “golpe de estado político” e referia-se ao pessoal de W.Bush, ao seu “vice-presidente, Dick Cheney, o Secretário de Estado da Defesa, Donald Rumsfelf, ao vice Secretário de Estado  da Defesa Wolfowitz e mais meia dúzia” . Concluía é o petróleo e o gás. Os interesses do império. E indignava-se com W.Bush: “Fez tudo o contrário do que prometera na campanha eleitoral. O país foi informado deste plano?  Houve debate público?”

Notas: Ataque ao Iraque 2004, ao Líbano, 2006 (Israel), à Líbia 2011 (EUA, FRança e RU) quanto à Síria os planos estão ou estavam para 2013.
Vídeo de 3minutos, legendado em Português: http://youtu.be/sCDRWEpz5d8.
O discurso  do general Wesley Clark tem perto de uma hora. 

Etiquetas: , , ,


2013-09-15

 

As rendas escandalosas que o governo oferece à EDP com o nosso dinheiro

Portugal deu um salto enorme na produção de energias renováveis. Em 2013 produz 23 vezes mais do que em 2003. De 494 GWH ( 1% da produção nacional de energia elétrica) em 2003 passou a produzir, dez anos depois, 11.500 GWH (cerca de 23%).
Foi uma aposta bem sucedida de Sócrates, desde 1995, primeiro como ministro do Ambiente, no Governo de Guterres, e depois até 2011 com os seus governos.

Mas “não há bela sem senão” e o senão é brutal. São as rendas exorbitantes, injustas e até ilegais na opinião do secretário de estado da Energia, que a "EDP demitiu" em 2012.

Este importante sucesso ambiental do país não acrescentou benifício à população, a não ser nos aspetos ambientais, mas serviu para os governos oferecerem à EDP, à  Portucel (energia da biomaça) e aos bancos, seus acionistas e seus financiadores centenas de milhões em cada ano. Sem custos para os governos pois quem paga tudo são os consumidores de electricidade.

Rendas? Sim e brutais.

No fim de 2012 somava 4 mil milhões o "défice tarifário" do Estado resultado dessas rendas. É um valor enorme que estamos e continuaremos a pagar.

A produção de energia elétrica de origem eólica sai, por enquanto, mais cara do que a de origem fóssil (petróleo, gás ou carvão) e portanto para que haja quem a produza o Estado terá de pagar, logicamente, um subsídio, por cada watt.hora produzido. Acontece assim por todo o lado. Mas é no montante que está o busílis e é a marca distintiva do regime que temos, dominado pela banca e as muito grandes empresas como a EDP ou a Portucel (produção de energia elétrica renovável por biomassa).

Enquanto o preço médio de venda de eletricidade (PVP) no mercado regulado foi de 51,80 € / MWh, a EDP recebe do Estado uma renda leonina de – pasme-se - 101,8 € por cada MWH de origem eólica.
E como em 2012 produziu 11.500.000 MWH o Estado entregou à EDP 1.103,9 milhões de euros. que vai buscar onde lhe parece mais fácil, às pensões, aos salários, ao emprego, à saúde, ao ensino.

Os governo fazem isso com alegre bonomia porque pagar... pagam com o nosso dinheiro e assim transferem a riqueza dos menos ricos para os mais ricos no país mais desigual da União Europeia.
Olhem só para Eduardo Catroga como foi recompensado com um salário de 40.000 € por mês num emprego sem atividade no Conselho Geral da EDP. Mas não está só, outros ex-ministros lá estão, como Celeste Cardona ou Jorge Braga de Macedo e muita outra gente muito respeitável mas que são de facto os empregados de luxo da casta financeira que por detrás dos nossos votos governa, na verdade, Portugal.

Os verdadeiros “donos de Portugal”.

A EDP recebe 101,8 € por MWH em Portugal. Mas em Espanha onde o seu poder de influência é menor contenta-se com 88 € e nos EUA basta-lhe 35,82 € e ainda ganha o que deve ganhar, obviamente.

O roubo "legal" é tal que até essa escandalosa Troica que nos visita a miudo achou o negócio demasiadamente escandaloso após o ter comparado com o que se passa pelo resto da Europa. Mas afinal, com este governo e com a troica, a situação agravou-se já que o preço das energias renováveis foi subindo de 97 € / MWh em 2010 até 109,9 € / MWh em 2012 e continua a crescer em 2013.

O então secretário de Estado Henrique Gomes tratou do assunto, como lhe competia. Achou as rendas “ilegítimas” e até “ilegais” (ver abaixo, no vídeo, as suas declarações a José Gomes Ferreira, na SIC). Entregou o relatório e as suas propostas para moralizar a situação ao seu ministro Álvaro Santos Pereira, entretanto também afastado, que o enviou (declarações do ministro na televisão)  em mão, ao 1º ministro e que uma hora depois estava na posse do presidente da EDP.

O secretário de Estado foi demitido a grande velocidade por “vontade própria e razões pessoais” e o ministro (então ainda ministro) da Economia, informou pela TV, indignado mas conformado, que o presidente da EDP festejara com champanhe a demissão do seu secretário de estado que se metera, legítima mas ingenuamente, como se pode concluir, nos negócios da EDP e dos bancos, convencido que eram assunto do seu ministério.

“Mas… foi a EDP como empresa ou foram principalmente os bancos seus acionistas e que ganham também como credores a influir no governo?”. Perguntava José Gomes Ferreira (ver vídeo) a Henrique Gomes e este concordou que “as pressões passavam principalmente por aí”.

A crise… mas qual crise? Interrogará a EDP – aqui (na EDP) a “crise é esta: “... os lucros líquidos foram em milhões de euros os seguintes:

           2007:    907,2                2008:   1.091,5          2009:   1.023,8           
      2010:  1.078,9                2011:   1.332             2012:   1.182.         

Em seis anos, a EDP, e os seus acionistas receberam 6.615,4 milhões € de lucros líquidos enquanto a maioria dos portugueses empobrecia. Como consequência destes lucros excessivos, os dividendos distribuídos aos accionista dispararam. Segundo dados do próprio "site" da EDP, no período 2007-2012, o valor do dividendo por ação subiu todos os anos e passou de 0,125 € a 0,185 € entre 2007 e 2012. Enquanto os salários e as pensões diminuiam nestes 5 anos, os lucros (dividendos) dos acionistas da EDP subiram 48%. Mas o custo da eletricidade esse tem aumentado sempre. No mesmo período de 5 anos o preço da eletricidade em Portugal aumentou 23,9%,

“E como reconheceu o ex-secretário de Estado no discurso que escreveu, mas que não leu, para as famílias "em 2010, a fatura de eletricidade já era superior às despesas com a educação (2,2%), estando a aproximar-se do valor médio das despesas com a saúde que, entre 2000 e 2010, tem apresentado um valor estável entre 5% e 6%".

Segundo o inquérito aos orçamentos familiares realizado pelo INE em 2010-2011, as despesas com a eletricidade e gás já representavam 5,8% do orçamento das famílias.
____________________

A natureza do Governo fica aqui bem ilustrada. A “resolução” da crise, por este governo, arruinará as classes trabalhadoras e classes médias mas salvará “os donos de Portugal”. É absolutamente indispensável uma grande mobilização da sociedade civil, no trabalho e na rua, para que Portugal não volte, no plano social e quiçá político, ao Portugal do tempo da ditadura agora pela mão desta democracia falsificada. As eleições e o voto se não forem associados à mobilização da sociedade, das classes médias e dos trabalhadores irão pouco além de álibi para anestesiar o cidadão e não chegam para contrariar aqueles poderes fácticos.
  _____________________

Notas:
1. Henrique Gomes, ex-secretário de Estado da Energia do governo PSD/CDS, num discurso escrito que elaborou para ser lido numa conferencia organizada pelo ISEG (acima referido) escreveu o seguinte: " As rendas excessivas e a atual garantia de potência impactam fortemente na sustentabilidade futura do sector elétrico, estando a desviar da economia e das famílias recursos num valor global de cerca de 3.500 milhões € até 2020. Em termos anuais, as rendas representam cerca de 370 milhões € " (pág. 18). Com os juros aqueles 3.500 poderão atingir cerca de 5.300 milhões € como refere também.

2. Para os que não andaram pela Física informo que 1 MWH é a energia produzida por uma fonte de energia com a potência de 1 milhão de watts durante 1 hora)

3. Fontes consultadas: entrevistas a Henrique Gomes, a Álvaro Santos Pereira , audição na comissão de economia da AR nos vídeos a seguir identificados e em especial estudo do economista Eugénio Rosa em http://resistir.info/e_rosa/rendas_excessivas_edp.html Jornal de Negócios
Os Vídeos referidos estão aqui
http://youtu.be/jqAnktfokXw
http://youtu.be/oW5KxDR_mKA   
http://youtu.be/iD5E1kBtaCg
http://youtu.be/oW5KxDR_mKA

Etiquetas: , , , , ,


2013-09-12

 

A Síria: 110 mil mortos e 4 milhões de deslocados


Diana Soller e Tiago Moreira de Sá (Universidade de Miami e IPRI-UNL e UNL-IPRI),  cientistas, suponho,  referem, num artigo de opinião, no Público de 10 de Setembro de 2013, quatro guerras promovidas pelos EUA, em dez anos, no Médio Oriente.  Afirmam que  
"... em nossa opinião estas decisões não são inteiramente baseadas em interesses estratégicos, mas radicam numa longa tradição liberal, presente nos EUA pelo menos desde o início do sec. XX, que prescreve que as democracias punam e corrijam grosseiras injustiças perpetradas por autocracias."
E esta seria a razão por que Obama ameaçou primeiro invadir a Síria, depois apenas bombardear e agora talvez se fique pelo desmantelar do armamento químico de Damasco, alternativa apresentada pela Rússia com a concordância da Síria e do seu aliado, o Irão.
Diana Soller e Tiago Moreira de Sá radicam este irreprimível impulso dos EUA (e outras potências democráticas) para castigar os regimes autocráticos que ofendem os direitos humanos  ou desrespeitam o direito internacional, em Imannuel Kant, o grande filósofo prussiano do séc. XVIII e oferecem-nos uma viagem pela história dos EUA e dos presidentes norte-americanos que lhes parece corroborar a sua tese

Os autores  acham que “as intervenções punitivas e humanitárias que aumentaram exponencialmente nos últimos vinte anos, tem resultado quase sempre em fracassos e estão contra estas ” guerras punitivas” porque o que vem a seguir, é sempre pior “
Nisto estamos de acordo.
Salvo o devido respeito pela opinião dos articulistas acho que a história dos EUA e de todos os impérios desmente esta sua tese “kantiana” que tomo por manifesta vontade de dar, ainda que ténue, uma auréola de respeitabilidade e humanismo aos agressores imperialistas que se regem estritamente pelos seus interesses: dinheiro e poder. E não recuam ante a morte de mil ou de um milhão dos “súbditos”, das autocracias que decidem castigar e que afinal são delas vítmas inocentes.

Relativamente ao irreprimível apelo ao castigo dos “maus” por parte dos donos dos impérios imaginado pelos autores citados quero lembrar que então os EUA não castigaram Pinochet, antes o instigaram e apoiaram a derrubar o governo legítimo de Allende que o tirano assassinou e de caminho  mais uns 20.000 dos seus adversários políticos.
Também não suscitaram a ira dos EUA as brutais ditaduras da Argentina e do Brasil que nos anos 60 e 70 do século XX massacraram os adversários políticos chegando a atirá-los ao mar a partir de aviões. Ou a roubar os filhos bebés ou crianças a prisioneiros políticos para serem adotados e educados por adeptos seus. Os autores, que tomo por pessoas de boa fé, esqueceram-se do golpe militar organizado por Washington, executado pela CIA e encabeçado pelo coronel  Castilho Armas (http://es.wikipedia.org/wiki/Jacobo_%C3%81rbenz ) que derrubou, na Guatemala ,o presidente Jacobo Arbenz (1951-54) democraticamente eleito e que queria para a Guatemala as riquezas do seu país entretanto apropriadas por empresas norte-americana. Esqueceram-se  que os EUA apoiaram no  Haiti a ditadura terrorista e paranóica de Duvalier o Papa Doc.  Um regime que até chegou a colocar nus, na mesma cela, homens e mulheres, prisioneiros políticos, para diversão dos algozes.
Não se lembraram também do governo nacionalista de Mossadegh, (1951-53) eleito democraticamente na Pérsia (o Irão), http://pt.wikipedia.org/wiki/Mohammed_Mossadegh   que não quis ceder à URSS a exploração de campos de petróleo, o que os EUA consideraram apropriado  mas não perdoaram que fizesse o mesmo às companhias de petróleo norte-americanas. Foi imediatamente “castigado”. A Casa Branca em associação com a Grã Bretanha pressionou o Xá  Reza Pahlavi e este substitui-o de imediato pelo general Zahedi. Seria fastidioso prosseguir pelos infindáveis casos que tornam risível a tese “kantiana” de governantes imperiais justiceiros e humanistas.
Recordo só que o que se atribuía ao presidente F.D. Roosevelt (presidente dos EUA: 1933 – 45), um democrata, que quando questionado o seu apego à democracia e liberdade lhe perguntaram como era possível então os EUA apoiarem o brutal ditador da Guatemala  onde, na verdade, quem mandava era a companhia norte-americana United Fruit, ele teria respondido, "bem... sabe... realmente ele é um ditador horrível mas que posso eu fazer? Ele é “o nosso ditador”. 
Não é certamente o filosófico e irreprimível impulso Kantiano para o primado da justiça e da lei que leva os Estados Unidos a recusarem-se a assinar os estatutos do Tribunal Penal Internacional assinados, até 2012, por 120 países. Ou leva os EUA
. a  fornecer armas químicas a Saddam Hussein quando este era um “democrata” amigo para as lançar sobre as tropas do Irão que estavam a levar a melhor aos exércitos iraquianos na guerra de 1980 a 88, armas que depois Saddam usou também, entre 1986 e 89, no genocídio dos curdos iraquianos;
. ou a apoiar e a armar, com a Arábia Saudita e o Paquistão, a então amiga Al Qaeda e Bin Laden e os então “amigos” talibans a lutar no Afeganistão contra o regime apoiado pelos soviéticos que entretanto atribuíra às mulheres os mesmos direitos que aos homens,  direito ao trabalho, à educação, à intervenção política, a proibir a burka,  e a poderem andar na rua sem a “trela” de um homem;
. ou a instigar, armar e municiar, de braço dado com a democratíssima Arábia Saudita e outros “democracias” sunitas do golfo a rebelião contra o regime sírio onde, no melting pot das organizações terroristas, está a Al Qaeda,  que no terreno puseram desde logo em cheque os legítimos objectivos dos rebeldes democratas da “primavera árabe” que, se a rebelião triunfar, o mais provável é serem fuzilados.
Ora os presidentes norte-americanos fazem estas coisas não por presidirem ao “reino do mal” mas porque têm de defender quem garantiu e subsidiou a sua eleição: os interesses das grandes empresas multinacionais, do complexo industrial-militar (denunciado pelo presidente Eisenhower nos anos 50 do sec.XX).
Sem negar a minha concordância com várias das opiniões expendidas no artigo “Obama, a Síria e os vícios das sociedades liberais” não posso deixar de considerar uma ingenuidade ou estultícia  a tese de que as guerras ditas de punição resultam, pelo menos em parte, de impulsos democrático/justicialistas, decorrentes  de impulsos filosóficos e kantianos. 

Etiquetas: , ,


2013-09-08

 

Síria: gasodutos, petróleo, geoestratégia

 Não tem sido fácil acabar com as dúvidas sobre quem lançou o ataque com armas químicas em Ghouta, nos arredores de Damasco e cometeu o massacre de 1.400 vítimas inocentes incluindo muitas crianças.
Se as armas químicas foram usadas pelo governo Sírio invade-se ou bombardeia-se a Síria mas se foram da autoria dos insurretos? Bombardeia-se ou invade-se os EUA, Israel, a Arábia Saudita e outros países sunitas do Golfo? Pois são estes países que armam e pagam os vários grupos terroristas que são as tropas no terreno dos insurretos, AlQaeda, talibãns e outros jihadistas.
Na guerra terrorista que assola a Síria já morreram cerca de 100.000 pessoas e chegam a um milhão os deslocados. O anunciado ataque por parte dos EUA poderá levar à destruição do país que é um dos raros países árabes com um regime republicano laico ainda que autoritário e violento, longe dos padrões ocidentais, é certo, mas ainda muito mais longe dos padrões de regimes fundamentalistas como o da Arábia Saudita, um reino da família Saud e principal aliado dos EUA na região.
Aos olhos dos líderes de alguns países democráticos, uma intervenção militar mesmo que o responsável não tenha sido o governo de Damasco e mesmo que provoque 100 ou 1000 vezes mais vítimas inocentes é uma oportunidade excelente para os seus interesses coloniais/imperialistas, desde que suficientemente salvaguardada a sua imagem de paladinos dos direitos humanos aos olhos dos eleitores, tarefa entregue aos media.
Para se saber ao certo se tinha havido ataque com gás sarin, se as fotos correspondiam àquele crime e se tinha sido Bashar al-Assad o autor daquele intolerável massacre fizeram-se inspeções, esperou-se pelo seu resultado? Não. Fizeram-se votações. A votação na Câmara dos Comuns, levou os parlamentares (alguns, não todos seguramente) a ponderar com o máximo cuidado como é que o seu voto seria visto pelos bancos e as empresas que habitualmente financiam a sua campanha eleitoral. Ponderaram também como iriam reagir os seus eleitores habituais, escaldados com o Iraque, o Afeganistão, o Egipto e a Líbia. Tudo bem ponderado a maioria decidiu que:
1. não se sabe ao certo se houve ataque com armas químicas;
2. no caso afirmativo não se sabe se foram utilizadas pelo governo da Síria ou pelos terroristas do Hezebolah, seu aliado, ou se pela Al Qaeda ou outro grupo terrorista no terreno, organizados e pagos pela democratíssima Arábia Saudita, por Israel e pelos países livres, ao lado daqueles democratas sírios que se rebelaram em prol da liberdade, que representam, se tanto, 10% dos sírios e que, se triunfarem, serão presos ou mortos pelos fundamentalistas islâmicos, sunitas, xiitas ou alauitas, da Al Qaeda, dos talibans, da Irmandade Muçulmana ou do Hezbolah,.
3. assim, tudo bem "averiguado" e ponderados os interesses geoestratégicos dos EUA, os interesses do Pentágono, das empresas de armamento e das empresas com interesses no projeto do gasoduto (na imagem Qatar-Turquey Pipeline) que a Síria não deixa passar pelo seu território, que faça lá a América a guerra sozinha. Matem 1 ou 2 milhões de sírios, arrasem ou acabem com o país, façam o que entenderem, mas que Obama acolitado por Hollande, não os comprometam a eles, deputados da Câmara dos Comuns.
Interrogada por sondagem a opinião pública, 60% dos norte- americanos acham que não houve gás, ou a ter havido não se sabe quem o usou e que o Bashar al-Assad e o Obama se lixem e não os metam noutro sarilho como o do Iraque ou do Afeganistão porque os lucros são para as grandes companhias e quem paga as despesas são eles.
Já no parlamento português, um deputado do PS, cujo nome não fixei, e que não tendo sido desmentido pelo Largo do Rato certamente veicula a opinião do seu partido, descobriu que houve armas químicas e que elas foram usadas por Damasco o que o revoltou superlativamente dado o seu apego aos direitos humanos, e o levou a exigir, ao lado dos mais fracos dos poderosos, de Obama, do conservador David Cameron e do socialista François Holland, o bombardeamento da Síria e o derrube do ogre alauita.
Para aqueles deputados, membros do governo ou simples quadros aparelhados políticos das jotas ou dos partidos do “arco do poder”, ciosos da sua carreira política e que se decidiram a mercadejar “princípios” na bolsa de interesses da Casa Branca, do Pentágono, de Berlim, do Goldman Sasch, do Bundesbank, do BES ou de outros quaisquer poderes que garantam uma carreira política... para esses políticos, a sua consciência, a sua sensibilidade aos valores da liberdade, dos direitos humanos, da democracia é tal que perceberam logo que as armas químicas tinham sido arremessadas pelo governo de Damasco que assim oferecia, estupidamente e à borla aos “cruzados” o pretexto que  eles exigiam para invadirem o seu país.
__________________________
Notas:

1 . Israel realizou novo ataque aéreo à Síria (2013-09-05) contra supostos mísseis que seguiriam para o Hezbollah libanês.
2. A correspondente na Síria, da agência norte-americana Associated Press,  Dave Gavlak, diz que o morticínio do bairro Ghouta resultou de deficiente manipulação de armas químicas fornecidas pela Arábia Saudita a grupo rebelde em Damasco impreparado tecnicamente, segundo entrevistas no local incluindo ao pai de um dos jovens rebeldes morto. Ver também aqui.

3. Loureiro dos Santos: "Agora, presumo que os países estejam preparados para mostrar provas credíveis de que o regime de Assad foi o culpado, não é concebível que lancem um ataque sem provas de quem foi o autor», afirmou o militar.
Loureiro dos Santos frisou que ninguém fala num «terceiro actor» do conflito, os jihadistas – ligados à Al Qaeda e ao grupo Estado Islâmico do Iraque, seu afiliado – que se tiverem acesso a armas de destruição maciça (ADM) «não hesitarão em usá-las».

4. Síria:   [Fonte: The World Factbook - CIA]
Área: 185.000 Km2 (quase duas vezes Portugal).
População: 22.457.336 (2013). Árabes 90.3%, Kurdos, Armenios e outros 9.7%.
Regime: República, regime autoritário, laico, liberdade para a as diferentes religiões.
Parlamento: 250 deputados eleitos por 4 anos.
Partidos legalizados: 6, partidos kurdos não legalizados 16.
Voto aos 18 anos para homens e mulheres.
Idade média da população: 22,7 anos (Portugal 40,7) Mortalidade infantil por 1000 nascimentos: 14,63 (Portugal 4,54, EUA 5,9)
Religião: Sunitas 74%, outros islamitas incluindo alauitas, druzos: 16%, Cristãos vários: 10%, Judeus: pequenas comunidades em Damasco, Al Qamishli, e Aleppo.
PIB per capita: 5.100 dólares, em 2011 (Portugal 23.800 dólares, em 2012)
Serviço militar obrigatório para os homens 18 meses a partir dos 18 anos. As mulheres podem prestar serviço militar voluntário 

Etiquetas: , , , , ,


2013-09-06

 

Energia eólica. Culpado. José Sócrates


Energia eólica em Portugal: Depois de Sócrates nada foi como antes.
É o título do Jornal de Negócios, aqui.
 
Em 2013 Portugal produz 23 vezes mais energia eólica do que em 2003.
" Desde 2005 o vento ganhou um ritmo galopante na matriz elétrica portuguesa. A produção de energia eólica em Portugal tem crescido na última década a um ritmo que nenhuma outra fonte de eletricidade conseguiu."
 
Mas, para disparar em 2005, o trabalho vinha de trás. Dos governos de Barroso e Santana (2003-05)?
 
Não. O impulso nasceu no governo de Guterres com o ministro do ambiente José Sócrates.
 
2003 – Energia eólica        494 GWh   =   1% da produção elétrica nacional.
2013 – Energia eólica   11.500 GWh,  > 22% da energia elétrica consumida em Portugal.
_________________

Peço desculpa aos leitores mais alérgicos por ter escrito duas vezes o tal nome.

2013-09-04

 

Até os carteiristas já se reformam tarde

A "organização" dos carteiristas anda pelas ruas da amargura. Há dias uma carteirista de 83 anos lá pelos lados de Espinho é apanhada em flagrante.

Hoje informam-nos que há 4 carteiristas muito idosos a laborar em Lisboa e que são muito habilidosos. Sugiro um curso dado por estes habilidosos a novos potenciais.

Parece que o Ministério das Finanças ainda não conseguiu pôr esta gente a pagar o devido imposto e ainda não chegaram aos subsídios.

Podiam criar um regime especial, tipo assalta 5 e declara um a uma taxa simbólica, por exemplo declarar a carteira apnhada vazia. Os magnatas que tinham posto dinheiro no estrangeiro beneficiaram de uma taxa simbólica para o repatriamento.

Ora estes nossos concidadãos carteiristas nem isso fizeram. Tiveram sempre o seu pecúlio cá no burgo e ainda o aumentaram quando a carteira era de um turista estrangeiro. Então por um regime fiscal especial e que avance institucionalmente a corporação dos carteirista. A sede pode ser no Terreiro do Paço.

 

Ainda as armas quimicas na Síria

Loureiro dos Santos, nas alegações finais de hoje do DN, face a uma pergunta de Lumena Raposo "Mas o uso de armas químicas já não parece estar em causa mas sim quem as utilizou: o regime ou os rebeldes?" responde:

"Isto é ainda mais difícil de demonstrar. Em termos estratégicos não faz qualquer sentido que tenha sido o regime de Bachar al-Assad que está a ganhar a guerra, não ganharia nada com isso. Foi um ataque que só interessa aos rebeldes, apoiados pela Arábia Saudita, e a Turquia, aos jihadistas. E os EUA vão actuar como se fossem a força aérea deles (jihadistas)! Não faz sentido".

Sublinho o regime de Bachar-al-Assad está a ganhar a guerra.

Não será exactamente por esta razão que este ataque está a ser perpretado? Não terá sido o uso das armas da responsabilidade dos rebeldes, tudo combinado com a Cia & companhia para culpar o regime sírio exactamente porque está em vantagem e não interessa?

Tudo é possível. E quem tem no cadrasto a espionagem de Dilma e do presidente do México, é capaz de tudo.

Mas uma coisa é certa. O regime sírio não é estúpido. Tem de certeza bons assessores, russos e chineses, e não iria fazer uma asneira básica destas.

Esperava mais de OBAMA. Mas já entendi, afinal, a cor não é suficiente. gera alguma simpatia. Mas o que lhe falta são os princípios políticos de democrata.

Etiquetas: , ,


2013-09-03

 

Olha, a Secretaria de Estado do Tesouro foi para o BPI !!


Tendo em conta a conveniente equidade na distribuição de poderes no governo  Portugal os Sr Pedro Passos Coelho e o Sr. Paulo Portas através da sua ministra das Finanças achou justo concessionar a Secretaria de Estado do Tesouro ao BPI.
A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque que "os pés descalços e barrigas ao léu" desta terra de Deus teimam, de acordo com a sua falta de educação e inveja, em tratar por  ministra Swap, teve em conta também a preparação técnica da nova titular a Srª Dona Maria Isabel Cabral de Abreu Castelo Branco que antes desta nomeação exercia as funções de directora financeira daquele patriótico banco.
Esta é a 8ª remodelação no governo que não obstante se mantém firme no seu posto graças à indefectível protecção (sabe-se lá porquê!!) do Sr. Presidente da República Américo Tomaz Cavaco Silva.
Esta Srª Dona Maria Isabel Cabral de Abreu Castelo Branco veio substituir o Sr. Joaquim Pais Jorge, demitido por indecente e má figura swap. Demitido por pressão da ralé, segundo opinião de alguns "amigos" do Facebook.
"À saída da cerimónia a ministra das Finanças destacou a importância da pasta que vai ser agora assumida pelo BPI por Isabel Castelo Branco." 
 
Esperam-se a todo o momento as reacções de outros bancos a esta adjudicação, sem consurso, da Secretaria de Estado do Tesouro ao BPI, em especial do banco que tradicionalmente maior quota-parte tem, por direito próprio, no governo de Portugal.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?