2019-10-25
Chomsky:10 estratégias de manipulação de massas
O texto foi retirado daqui: A Mente é Maravilhosa
Noam Chomsky é um dos intelectuais mais
respeitados do mundo. Este pensador americano foi considerado o mais importante
da era contemporânea pelo The New York Times. Uma de suas principais
contribuições é ter proposto e analisado as estratégias de manipulação de massa
que existem no mundo hoje.
Noam Chomsky ficou conhecido como
lingüista, mas também é filósofo e cientista político. Ao mesmo tempo, ele se
tornou um dos principais ativistas das causas libertárias. Seus escritos
circularam pelo mundo e não param de surpreender os leitores.
Chomsky elaborou um texto didático no
qual ele sintetiza as estratégias de manipulação maciça. Suas reflexões sobre
isso são profundas e complexas. No entanto, para fins didáticos, ele resumiu
tudo em princípios simples e acessíveis a todos.
1. A distração das estratégias de
manipulação maciça
Segundo Chomsky, a mais recorrente das
estratégias de manipulação massiva é a distração. Consiste basicamente em
direcionar a atenção do público para tópicos irrelevantes ou banais. Desta
forma, eles mantêm as mentes das pessoas ocupadas.
Para distrair as pessoas, abarrotam-lhes
de informações. Muita importância é dada, por exemplo, a eventos esportivos.
Também ao show, às curiosidades, etc. Isso faz com que as pessoas percam de
vista quais são seus reais problemas.
2. Problema-reação-solução
Às vezes o poder, deliberadamente, deixa
de assistir ou assiste de forma deficiente certas realidades. Eles fazem dessa
visão dos cidadãos um problema que exige uma solução externa. E propõem a
solução eles mesmos.
Essa é uma das estratégias de
manipulação em massa para tomar decisões que são impopulares. Por exemplo,
quando eles querem privatizar uma empresa pública, intencionalmente diminuem
sua produtividade. No final, isso justifica a venda.
3. Gradualidade
Esta é outra das estratégias de
manipulação maciça para introduzir medidas que normalmente as pessoas não
aceitariam. Consiste em aplicá-las pouco a pouco, de forma que sejam
praticamente imperceptíveis.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com a
redução dos direitos trabalhistas. Em diferentes sociedades têm implementado
medidas, ou formas de trabalho, que acabam fazendo com que o trabalhador não
tenha garantia de segurança social normal.
4. Adiar
Esta estratégia consiste em fazer com
que os cidadãos pensem que estão tomando uma medida que temporariamente é
prejudicial, mas que no futuro pode trazer grandes benefícios para toda a
sociedade e, claro, para os indivíduos.
O objetivo é que as pessoas se acostumem
com a medida e não a rejeitem, pensando no suposto bem que trará amanhã. No
momento, o efeito da “normalização” já operou e as pessoas não protestam porque
os benefícios prometidos não chegam.
5. Infantilizar o público
Muitas das mensagens televisivas,
especialmente publicidade, tendem a falar ao público como se fossem crianças.
Eles usam gestos, palavras e atitudes que são conciliadoras e impregnadas com
uma certa aura de ingenuidade.
O objetivo é superar as resistências das
pessoas. É uma das estratégias de manipulação massiva que busca neutralizar o
senso crítico das pessoas. Os políticos também empregam essas táticas, às vezes
se mostrando como figuras paternas.
6. Apelar para as emoções
As mensagens que são projetadas a partir
do poder não têm como objetivo a mente reflexiva das pessoas. O que eles
procuram principalmente é gerar emoções e atingir o inconsciente dos
indivíduos. Por isso, muitas dessas mensagens são cheias de emoção.
O objetivo disso é criar uma espécie de
“curto-circuito” com a área mais racional das pessoas. Com emoções, o conteúdo
geral da mensagem é capturado, não seus elementos específicos. Desta forma, a
capacidade crítica é neutralizada.
7. Criar públicos ignorantes
Manter as pessoas na ignorância é um dos
propósitos do poder. Ignorância significa não dar às pessoas as ferramentas
para que possam analisar a realidade por si mesmas. Diga-lhe os dados
anedóticos, mas não deixe que ele conheça as estruturas internas dos fatos.
Manter-se na ignorância também não dar
ênfase à educação. Promover uma ampla lacuna entre a qualidade da educação
privada e a educação pública. Adormecer a curiosidade de conhecimento e dá
pouco valor aos produtos de inteligência.
8. Promover públicos complacentes
A maioria das modas e tendências não são
criadas espontaneamente. Quase sempre são induzidas e promovidas de um centro
de poder que exerce sua influência para criar ondas massivas de gostos,
interesses ou opiniões.
A mídia geralmente promove certas modas
e tendências, a maioria delas em torno de estilos de vida tolos, supérfluos ou
mesmo ridículos. Eles convencem as pessoas de que se comportar assim é “o que
está na moda”.
9. Reforço da auto-censura
Outra estratégia de manipulação em massa
é fazer as pessoas acreditarem que elas, e somente elas, são as culpadas de
seus problemas. Qualquer coisa negativa que aconteça a eles, depende apenas
delas mesmas. Desta forma, fazem-lhes acreditar que o ambiente é perfeito
e que, se ocorrer uma falha, é responsabilidade do indivíduo.
Portanto, as pessoas acabam tentando se
encaixar em seu ambiente e se sentindo culpadas por não conseguir. Elas
deslocam a indignação que o sistema poderia causar, para uma culpa permanente
por si mesmos.
10. Conhecimento profundo do ser humano
Durante as últimas décadas, a ciência
conseguiu coletar uma quantidade impressionante de conhecimento sobre a
biologia e a psicologia dos seres humanos. No entanto, todo esse patrimônio não
está disponível para a maioria das pessoas.
Apenas uma quantidade mínima de
informações está disponível ao público. Enquanto isso, as elites têm todo esse
conhecimento e usam-no conforme sua conveniência. Mais uma vez, fica claro que
a ignorância facilita a ação do poder sobre a sociedade.
Todas essas estratégias de manipulação
em massa visam manter o mundo como ele é mais poderoso. Bloqueie a capacidade
crítica e a autonomia da maioria das pessoas. No entanto, depende também de nos
deixarmos ser passivamente manipulados, ou oferecer resistência tanto quanto
possível.