.comment-link {margin-left:.6em;}

2006-09-30

 

Mais muros

Havia o de Berlim. Há o da Coreia e o do apartheid em Israel. Agora querem erguer outro.

Uma corrida contra o tempo no Congresso dos EUA para tentar aprovar um muro. A urgência tem a ver com o encerramento do Congresso hoje, Sábado. A reabertura será já com outra composição, depois das eleições de 7 de Outubro, que renova toda a Câmara de Representantes e 1/3 do Senado. E então o lóby dos "muros" e o da contrução civil pode não ser suficientemente forte.

É um muro com 1.100 quilómetros ao longo da fronteira com o México. Este protesta e por lá já lhe chamam o muro... da vergonha. Que "propicia un clima de tensión en las comunidades fronterizas". "Estas medidas lastiman la relación bilateral y son contrarias al espíritu de cooperación que debe prevalecer para garantizar la seguridad en la frontera común". [El País]

 

Imprensa de referência (2)


The New York Times today.

No NYT de hoje, a foto central mostra-nos um senhor (professor) exibindo uma palmatória, com jeitos de quem se prepara para lhe dar uso.

O título da notícia -- In Many Public Schools, the Paddle Is No Relic (Em muitas escolas públicas a palmatória não é uma relíquia) -- exprime uma subtil decepção. Muitos já consideravam os castigos corporais um arcaísmo, uma negação mórbida do carácter humanista e libertador da pedagogia.

Em Everman, no Texas, há quem entenda a coisa diferentemente. O professor da foto, Anthony Price, ostenta desafiadoramente o instrumento de agressão, afirmando (de acordo com a legenda): “It’s had a huge effect” (Isto teve um efeito enorme).

É desconcertante o rumo que as técnicas de aprendizagem retomam naquele Estado. Terá George W. Bush sido educado daquela maneira?

Se foi, compreendo melhor o desconchavo permanente das suas políticas.

É que a educação deixa sempre marcas indeléveis.

 

Imprensa de referência (1)


Capa do DN de hoje.

Deveríamos estar conformados com as “novas” tendências no grafismo das primeiras páginas dos jornais. Afinal, por terem de vender, justificam o recurso a material sem conteúdo informativo, ou de carácter duvidoso. A capa do DN de hoje, recorda-nos essa submissão dissimulada a uma certa ideia de mercado dos media.

Reparem que, com a outra nova tendência de “ilustrar” as manchetes com “bonecos” que aparentemente não se lhe referem, a imagem de Nelly Furtado, com o braço esquerdo esticado para os “Negócios da Marinha...”, e o direito para a foto que ilustra a notícia sobre os incitamentos ao suicídio na Net, imiscui-se, de facto, na mancha de conjunto, despertando leituras alucinantes.

A manchete principal, acerca das finanças públicas carecia certamente de um contraste atraente e sedutor.
Nelly, num "hulla-upa" imaginário, entre o top e os jeans, diz que está cada vez mais sexi.

Era mesmo esta a informação que nos faltava...

2006-09-29

 

As leis (anti-) terroristas

O Governo tem na forja a aprovação de uma lei que permite às polícias torturar os presos suspeitos de terrorismo. As torturas habituais da PIDE. Tortura do sono, a da estátua, a submersão em água ou em excrementos, choques eléctricos, e outras torturas. Sexuais, simulação de morte dos filhos, enfim o que a imaginação e a rica experiência da Inquisição, dos nazis, da CIA, do KGB e outra boa gente possa aconselhar.

Trata-se de terroristas globais como aqueles de Nova York, Madrid ou Londres. Melhor dito, de suspeitos de terrorismo. Mas como descobrir os terroristas? Primeiro há que prendê-los. Mas como se as polícias não sabem quem são? Ora para colmatar essa dificuldade que reduziria a nada ou quase nada a tortura e as prisões e os tribunais especiais a lei prevê dar amplos poderes às polícias para prenderem quem lhes pareça suspeito. Por exemplo, vai um tipo por aí, muito rente às paredes, com barba crescida, de óculos escuros, no Outono ou no Inverno, com um andar estranho, a comunicar com o telemóvel muito baixinho que não se percebe nada. Que lhe parece? A polícia para nossa segurança passa a ter o direito de o prender. Prisão secreta, claro. Senão vinham para aí os jornais, as televisões, os advogados, as famílias, os tipos dos direitos humanos e ia tudo por água abaixo. E o Islão e o Bin Laden a rirem-se. Tortura até ele confessar e deitar cá para fora os planos que tem escondidos. Pode morrer inadvertidamente? É um risco. Paciência. Guerra é guerra. Não digo que se faça como na Argentina dos coronéis que se metiam os comunistas num avião e atiravam-se ao mar. Enterrem-se às escondidas. É excessivo, é brutal, é fascista? Chamem-lhe o que quiserem mas evita-se a morte de milhares de inocentes, os nossos filhos, nós próprios, em atentados sabe-se lá onde. No Metro, no Colombo, no estádio das Antas ou do Benfica, à saída da missa dos Jerónimos. Ou o envenamento da água da rede pública. Uma bomba nuclear sobre Lisboa.

Eu, aliás, estou totalmente de acordo com o combate aos terroristas e com estas novas leis. Não são simpáticas mas são necessárias. Temos de prescindir de um bocadinho das nossas liberdades para defendermos a nossa segurança. A coisa é esta: liberdade total ou um mínimo de segurança.

Bem, estar de acordo estava, até há bocado quando o meu vizinho Antunes, que tem a mania de levantar problemas, se virou para mim e disse: olhe lá e se esse tal tipo do telemóvel e óculos escuros for você ou o seu filho?

Fiquei estupefacto.

- Mas eu não sou terrorista?
- E as polícias num ambiente de paranóia anti-terrorista sabem?
- Deveriam saber, não?
- E se um seu vizinho, sócio da empresa, um filho da puta qualquer o denuncia?
- Realmente... é um problema.
- E além disso acha que é assim que se evitava que aqueles tipos bem parecidos embarcassem nos aviões e os depenhassem nas Torres Gémeas?
- Sei lá?
- Então se não sabe pense. Para que quer a cabeça?



Não estou a falar do Governo de Sócrates. Estou a falar do Governo do "nosso" presidente W. Bush que conseguiu aprovar no Congresso dos EU, ontem, leis que permitem isto que acabei de descrever.

A legislação deu origem a um grande confronto no Congresso e ao contrário do passado os democratas, incluindo os líderes que se preparam para as presidenciais de 2008, mostraram-se bastante contundentes, o que revela que a opinião pública norte-americana, está bastante mais sensível à defesa dos direitos, liberdades e garantias que distinguem a América da Arábia Saudita, do Irão, do Paquistão, dos talibans, do Hamas ou do Hezebolah.



" Democratic opponents of the legislation said their political position was driven by a substantive determination that the bill, which creates rules for interrogating and trying terrorism suspects, is fundamentally flawed and a dangerous departure from founding American principles. (NYT)
“The only reason to worry about the politics of it is if you don’t understand it and don’t have the guts to stand up and defend your vote,” said Senator
Christopher J. Dodd, Democrat of Connecticut, who is considering a presidential race.


...It was a stark change from four years ago, when Mr. Bush cornered Democrats into another defining pre-election vote on security issues — that one to give the president the authority to launch an attack against Iraq. At the time, many Democrats felt they had little choice politically but to side with Mr. Bush, and a majority of Senate Democrats backed him.

... “After four years, the price we are paying is clear for saying to a president and an administration that we would trust you,” said Senator John Kerry, Democrat of Massachusetts, whose own vote on the war haunted his 2004 presidential campaign.

...“I fear,” said Senator Hillary Rodham Clinton, Democrat of New York, who is up for re-election this year and who is a possible presidential candidate in 2008, “that there are those who place a strategy for winning elections ahead of a smart strategy for winning the war on terror.” ...


 

A OPA da PT

Finalmente a AdC deu parecer e não se opõe a que a OPA prossiga. Muita água vai correr ainda neste jogo negocial e, sobretudo, os accionistas portugueses da PT têm talvez a palavra definitiva.

Sobre os remédios que o Eng. Paulo de Azevedo considera "muito amargos", nada de especial. A separação de redes não espantou: o espanto seria a sua não prescrição.

E, em abono da verdade, diga-se, até foi receitado um rico fortificante: a junção da TMN e Optimus.

Qualquer que seja a versão definitiva, vão operar-se mudanças significativas. A interrogação fica como ontem vários jornalitas e comentadores se interrogavam, porquê só agora a AdC toma esta posição?

A nossa esperança (que pode falhar - o mercado às vezes tem dessas) é que desta operação resultem alguns benefícios para o consumidor em preços de tarifas e qualidade de serviços.

 

Agentes da CIA, do FBI

do Departamento da Defesa e do Departamento de Estado dirigem, em 26 do corrente mês, uma carta ao Senado dos EUA insurgindo-se contra o uso de tortura e a violação dos direitos humanos. [fonte]

".....

Now, 230 years later, we find our own President claiming the right to put people in detention centers without legal recourse and to employ interrogation methods that, by any reasonable legal standard, are categorized as torture.

We ask that the Senate lead the way in upholding the principles set forth in the Declaration of Independence and affirmed in the Geneva Conventions regarding the rights of individuals and the obligations of governing authorities towards those in their power. We believe it is important to combat the hatred and vitriol espoused by Islamic extremists, but not at the expense of being viewed as a nation who justifies or excuses torture and incarceration without recourse to a judicial procedure.

The US has been in the forefront of the human rights campaign throughout the 20th century, led by Theodore Roosevelt and Woodrow Wilson. The end of World War II and the horrors of the Holocaust inspired the United States to take the lead in making the case that human rights were universal, not parochial. Until recently the policy of our country was that all people, not just citizens of the United States, were entitled to these protections. It is important that the world understand that we remain committed to these principles. In fighting our enemies we must wage this battle in harmony with the traditional values of our society that were enshrined in the opening clause of the Declaration of Independence, "We hold these truths to be self-evident...."

Respectfully yours


 

Não está a par do TLEBS?




O quê!? não sabe qual é o valor anafórico do conector nem o que é uma catáfora? Então não está a acompanhar a TLEBS? Assim, como pode fazer boa figura aqui no Puxa Palavra? Vá já ao Ciberdúvidas ou então vá directamente ao Min aqui ou aqui Lembrei-me de o avisar porque vi o assunto tratado hoje no DN.


 

O novo Presidente do STJ

Noronha do Nascimento foi eleito Presidente do Sindicat, Supremo Tribunal de Justiça. O retrato que dele faz boa parte dos media [DN] não entusiasma.
E nos blogs - pelo menos aqui - não fica melhor no retrato: "compromete-se, entre outros nobres desígnios, a melhorar o estatuto remuneratório dos juízes conselheiros, a exigir a adopção de um sistema médico alternativo aos serviços sociais do Ministério da Justiça para os juízes conselheiros, a impor a redução do número de processos e recursos distribuídos aos juízes conselheiros e a alargar o número de assessores dos juízes conselheiros."
Se é como dizem o seu programa para a Justiça está centrado na consigna: mais dinheiro e menos horas.
Vamos dar-lhe o benefício da dúvida

2006-09-28

 

O Cardeal despenaliza o aborto?

O Cardeal Patriarca, D. José Policarpo, disse ontem num encontro com os jornalistas que "não cabe à Igreja Católica fazer campanha activa contra o aborto pois este "não é um assunto religioso". E esclareceu que a Igreja não vai fazer do tema uma questão eclesiástica.
Nunca estive tão de acordo com o Patriarca. Mas tenho a certeza de que a parte fundamentalista do clero, quando chegar a hora do referendo, não deixará de se lançar na sua jihad habitual .

 

Lugares comuns

Aconselho-vos a leitura do divertido artigo do António Figueira sobre um livro da série SAS dedicado a Portugal. Como o António fala da acumulação de lugares comuns franceses sobre Portugal decidi deixar-vos algumas das minhas experiências por terras de França.

O mais habitual dos lugares comuns está ligado à actividade profissional: os portugueses trabalham todos nas obras e as portuguesas são todas porteiras. Várias vezes me perguntaram se trabalhava nas obras, à mãe dos meus filhos perguntaram se era "a porteira da creche", por sinal a pergunta veio de uma portuguesa que não imaginava que uma conterrânea pudesse ter os filhos numa creche cooperativa. Este lugar comum também funciona ao contrário, no ínicio da minha tese um colega dizia-me espantado com o facto de um português ser investigador: "mas tu vives em França desde criança, não é?".

Outro lugar comum tem a ver com o físico: caricaturando um pouco, somos todos pequenos, morenos com bigodee os pelos a sair da camisa aberta, as portuguesas também têm fama de ter muitos pelos nas pernas.

No que respeita à lingua, falamos todos uma espécie de espanhol com muitos "ch", e temos apelidos enormes recheados de particulas "y" e "de".
 

Notícias avulsas de França

Sarkozy no Senegal: no passado fim de semana Nicolas Sarkozy foi ao Senegal negociar com o governo local medidas de combate à emigração. Em troca de 2.5 milhões de euros obteve a colaboração do governo local para combater a emigração ilegal. Entre outras medidas Sarkozy anunciou facilidades para acolher em França estudantes e técnicos qualificados senegaleses (médicos, engenheiros, empresários, etc). Na minha modesta opinião este tipo de imigração selectiva é interessante para a França que importa a baixo custo mão de obra qualificada de que carece, mas é extremamente prejudicial para o Senegal que perde o que os franceses ganham.

Jospin abandona: Após cerca de um mês de suspense Lionel Jospin decidiu não ser candidato à investidura do PS para as presidenciais de 2007. Do meu ponto de vista fez bem, não tinha muitas hipóteses e é muitos dos eleitores de esquerda não esquecem a desastrosa campanha de 2002. O caminho está livre para Ségolène Royal a quem as sondagens dão 52% na segunda volta. Tenho pena que a candidatura de esquerda que mais hipóteses tem de ganhar seja protagonizada por uma personagem com ideias claramente conservadoras em aspectos tão importantes como a educação.

Probo Koala impedido de sair da Estónia: o petroleiro que descarregou resíduos tóxicos em Abidjan provocando a morte de 9 pessoas e vários milhares de feridos foi finalmente confiscado pelas autoridades da Estónia; ao que tudo indica o que restava ainda da carga foi despejado no mar Báltico. Dois dirigentes franceses da empresa Trafigura que era proprietária da carga estão presos na Costa do Marfim. Vale a pena lerem as explicações da empresa, foram descarregar os resíduos a Abidjan pois em Roterdão era muito caro e segundo eles em Abidjan havia todas as condições de segurança.

2006-09-27

 

Os verdadeiros problemas económicos do País

Helena Garrido, dn.editorial com base nos resultados do fórum ontem publicados e a que já nos referimos no poste antes, vem alertar para uma questão, a mais importante de todas, em meu entender, neste país em termos da economia.
Imagine-se que o governo "endireitava" as finanças públicas, será que tudo marcharia depois no bom caminho? Não, porque o sector privado é também um grande problema da não competitividade e o seu desempenho em nada corresponde ao discurso de gestores e alguns empresários que ouvimos no espaço público. Vale a pena ler.

 

Competitividade em Portugal baixa

Foi ontem publicado pelo Forum Económico Mundial o relatório anual sobre a competitividade entre países. Este índice global (um agregado de muitos indicadores, uns de natureza quantitativa, outros qualitativos) é, pelo menos, um dos mais usados na medida de desempenho da competitividade relativa.

Portugal no relatório de 2005 foi classificado em 31º lugar. No relatório ontem divulgado (2006) baixa para 34º. Não pontuou menos, mas outros países melhoraram e tomaram a dianteira.

Nesta classificação, também se ficou a saber que, afinal, em muitos domínios, relativos ao sector privado, a situação consegue ser mais fraca que no sector público. Por exemplo, fala-se muito em custos de contexto elevados e na má qualidade das instituições públicas, mas afinal a situação é bem mais negativa no funcionamento das empresas portuguesas e na definição de estratégias. Citando o DN "na componente de sofisticação dos negócios, que mede factores como o processo produtivo, a estratégia de marketing, a capacidade de delegação de competências e presença de cadeias de valor acrescentado, Portugal não consegue melhor que a 43ª posição".

Do mau desempenho do sector público todos ouvimos falar, conhecemos uns mais outros menos, inclusive não há empresário ou gestor que se preze que não diga mal publicamente e tem razão.

Agora, não será que está a fazer "exorcismo" com o mal público, para esquecer o que vai lá por casa?

 

"O que é a "falência" da Segurança Social?"

Ler os outros. Sobre a segurança social. Ou sobre a pouco inocente campanha apocalíptica do terrorismo apocalíptico.


2006-09-26

 

Yuppies do Beato

Os nossos Yuppies do Beato comprometidos com [um certo] Portugal têm concitado a atenção dos analistas. Será que se sentem efectivamente órfãos (ou "viúvos"?) do poder?
Recomendo dois olhares sobre este "Compromisso Portugal" A ascese do Beato de Nuno Brederode Santos, no DN e A direita que não diz o seu nome de Vital Moreira , no Público e que em breve estará, espero eu, na Aba da Causa.

 

Votem na boa

A campanha eleitoral para as presidenciais no Brasil aquece. E de que maneira!?

Lula continua em alta apesar do orgia "mensalona" em que o PT e os seus próximos têm andado mergulhados.

Contudo como no bolso das camadas médias e populares tem caído ums migalhas do bom andamento da economia os respectivos eleitores fingem acreditar que Lula não sabia de nada.

Enquanto uns pedem votos para o "mensalão" outros ou, melhor dizendo, outra: Camila Kiss, com uns bonitos 28 anos, modelo e atriz, do Partido da Frente Liberal e da Coligação Compromisso com S.Paulo (com a cidade, não com o Santo ) pede com bom humor que votem com prazer, votem na boa. E ela espera que entendam a mensagem no sentido literal. [link]

 

O "curral" do dr. Jardim

O dr. Jardim criou o seu próprio "curral" e agora anda aflito para sair dele.

A perturbação e um grande desnorte atormentam-no. E, assim, barafusta, ameaça tudo e todos, diz que nunca vai cumprir a nova lei das Finanças regionais, naquela sua linguagem de elevada "educação e civilidade" que todos conhecemos.

E até já apela a Sócrates - insinuando estar disposto a renunciar ao cargo de Presidente do GR. Bastará Sócrates não aprovar a nova proposta de lei do Ministro Teixeira dos Santos. Aqui faltou-lhe um "termo" também caracterizador da sua elevada educação. Esqueceu-se de chamar "famigerado" ao Ministro. A idade já não vai dando.

Demissão, uma saída airosa do "curral"?

À laia de Bush sobre a prisão de Ben Ladden porque não oferecer antes um punhadão de dólares a Barroso para que a Madeira regresse ao objectivo1? É fácil e, como diz a publicidade dá milhões. Comece por oferecer a Zona Franca da Madeira aos Açores (um acto de grande generosidade) e, assim, lá vão os 21% do PIB (aquela coisa que uns senhores inventaram para moer o juízo ao dr. Jardim).

2006-09-25

 

Invasão do Iraque negociada com Teerão

Paulo Casaca, eurodeputado do PS, afirma ao DN de hoje que os EUA negociaram com o Irão a invasão ao Iraque, afirmando mesmo que este é "o principal problema da guerra do Iraque" e que o saque de Bagdad foi da responsabildade de milícias formadas no essencial por iraquianos integrantes do exército iraniano que foram atrás da invasão, ocupando todos os postos e liquidando os oponentes, alegando que quem se opunha era do Saddam.

 

Dimitri Chostakovitch

Dimitri Chostakovitch nasceu há cem anos, em São Petersburgo.
"Dimitri Chostakovitch é hoje considerado como o Beethoven do século XX" [Link]
O grande compositor russo começou por ser considerado "herói do povo" mas depois os burocratas grandes zeladores ideológicos do regime condenaram a sua obra e passou a vítima do estalinismo até à morte do ditador em 1953.
O CCB tem entre 24 e 30 de Setembro programação dedicada ao grande compositor.[Link]

 

O dr. Jardim é um pândego...

Estão de certeza a pensar a que dr. Jardim me refiro...

Lá pelas hostes do Governo Regional da Madeira anda um desnorte completo.

Começa a faltar o dinheirinho para alimentar uns tantos grandes vícios que, durante os anos todos da governação do dr. Jardim foram germinando, transformando-se em verdadeiros sorvedouros de dinheiros públicos.

Jardim anda atormentado. Até consta que não dorme, certamente pensando que "os viciados" que formou vão agora bater-lhe à porta.

E agora? Ou irradica o vício ou então, pior, (mas o poder é tudo!) onde fica a porta?... Vai deixar de poder continuar a pagar chorudos vencimentos a tantos jogadores de tantos clubes.Vai ter de pensar no "desengorduramento" da Administração Pública Regional que criou. Mas o próprio admitir, ao fim de tantos anos, os disparates que fez, é duro, sobretudo face ao exterior.

Mas ele é um pândego. Ainda está na "luta pela desinformação" e agora criou um instrumento de arremesso todo poderoso. Veio trazer à civilização ocidental um novo conceito de PIB, certamente para constar nos manuais. Até consta lá por Nova York que o Bush não desdenharia o devido apoio, não fossem os seus serviços técnicos e os da ONU lá sedeados.

Então vamos ao conceito de PIB do dr. Jardim (na explicação do problema da nova lei das finanças regionais para a população da região):

É uma coisa que uns certos senhores inventaram para nos lixar a cabeça.

Esqueceu-se o dr. Jardim que queria uma Madeira rica (legítimo). Obteve-a graças à Zona Franca e a UE agora vai caçar-lhe cerca de 60% a 70% dos Fundos Comunitários a partir de 2007 porque sai do objectivo 1 porque o PIBr per capita ultrapassou 85% da média comunitária.
Era previsível. Então porque barafusta o dr. Jardim? Quer agora deitar o PIB fora?

2006-09-23

 

Pior?, ...seria muito difícil!


"Obrigado por terem feito de mim uma lenda!"

A estratégia da Administração Bush na luta contra o terrorismo foi completamente minada por cada decisão táctica que tomou. O Pakistão queixa-se de ter sido objecto de chantagem (Musharaf declarou publicamente que foi "aliado" à força, sob ameaça) e continua a fazer acordos com os Talibã na linha de fronteira; o Iraque, à beira da guerra civil, aparece banalizado nos telejornais; e Bin Laden tornou-se um “guerrilheiro” das mil-e-uma-noites, há cinco anos a monte, suscitando enorme "atenção" dos media, animando a "actualidade" com irrelevantes mentidos e desmentidos acerca da sua morte.

Em vez de isolar os terroristas, Bush ofereceu-lhes campos de treino “real” de fácil acesso, uma destilaria global para o ódio e... a lenda de Bin Laden.

Pior?, ...seria muito difícil.

 

Mudança atrás de mudança


Pois, pois...

O Congresso do PS, que esteve agendado para Évora e do qual se foi falando ao longo de semanas, vai realizar-se, afinal, em Santarém. Ninguém quer disputar o cargo de Secretário Geral a José Sócrates. Seria aborrecido porque, sendo Primeiro Ministro, todo o esquema em que o Chefe do Governo concentra o cargo de Chefe do Partido, ruiria, desestabilizando os encaixes vários que sustêm o status quo.

Mas nem tudo são más notícias.

Se o Congresso mudou de cidade, mesmo ainda antes de se efectivar, imaginem o rol de mudanças que se preparam...

 

Uma Verdade Inconveniente


Um pouco mais!


Um filme excepcional. Mesmo que Al Gore se esteja a atravessar no caminho de Hillary Clinton; mesmo que não esteja a ser inteiramente sincero; mesmo que não consiga fazer muito mais do que isto, o filme de Davis Guggenheim -- An inconvenient truth, no original -- vai um pouco além do objecto de que parece ocupar-se. Até aqui, tem sido o modo de vida dos mais pobres a pagar o estilo de vida dos mais ricos. No futuro não é “líquido” que assim continue a ser...

A classificação imposta (para “Maiores de 16”) faz pensar que a mudança de mentalidades não acompanha o “aquecimento global”.

 

Senhor Presidente ... não complique

Não pondere... não fale.... não complique o que já é complicado.

Dizem alguns jornais que V. Excia está a ponderar falar na tomada de posse do indigitado procurador. Não fale, até porque apenas formalmente a nomeação é sua. Todos sabemos que colocou alguns pozinhos no cozinhado, mas o grosso da matéria foi adquirida por outras paragens e por outros protagonistas. Deixar prosseguir ... Não vale a pena marcar ou tentar marcar a agenda.

Tem muitos outros domínios para protagonismo. Deixe esta área erguer-se por si própria, bem precisa do ponto tão baixo em que se afundou. Deixe o novo procurador explicar-se no Parlamento por sua conta e risco. Não desequilibre até porque o próprio Ministério Público que queria um dos seus neste posto já anda na intriga.


 

Os crimes legais

No Expresso de hoje, "caixa" de primeira página, vem escrito que a EPUL - Empresa pública de urbanização de Lisboa, detida a 100% pela respectiva Câmara, tem 15 directores vitalícios que custam ao erário público 1,2 milhões de contos/ano. 6 deles ganham mais que o presidente da empresa e um deles, o director do planeamento, é o quadro mais caro de todo o universo da CML auferindo a módica quantia de 10 700 euros/mês.

Esta proeza, cometida por Sequeira Braga, presidente da dita empresa, no tempo de Santana Lopes, trata-se à face da lei vigente de um acto (consentido) legal.

Registe-se que Santana Lopes não soube desta decisão e quando soube não gostou. Tentou desfazer a meada, não conseguiu legalmente acabando por demitir Sequeira Braga em 2004.

Registe-se também que esta situação, segundo o Expresso, cria um grande mal estar na empresa.

Mas quem é este gestor?

Não sei se integrará o Compromisso Portugal, mas que já exerceu cargos importantes neste país já, tendo sido até Secretário de Estado.

Era interessante perceber-se duas coisas.

Tendo este facto decorrido algum tempo atrás, porque só agora vem a público? Terá sido o aparecimento do SOL a empolgar o Expresso?

Porque razão a notícia não é mais completa, ou seja, a questão posta pelo jornal, de incompetência ou nepotismo de Sequeira Braga, não teve desenvolvimento para os leitores.?

E já, agora, junto uma terceira, por que não procurem mais? Talvez prosseguindo esta démarche, por certos institutos e empresas públicas, encontrem mais casos. E não será que depois a Segurança social se ressente de tudo isto quando chega a altura das reformas?

São muitos os buracos legais... que muitos e sucessivos governos nem sonham.

 

Canaletto - Veneza, o Grande Canal


2006-09-22

 

Na saúde deste país...

Ando há dias a ouvir que o Senhor Ministro da Saúde, por quem aliás tenho grande consideração e simpatia pessoal e como Ministro, tenciona alargar a vários domínios as taxas moderadoras.

Se a taxa moderadora, em termos conceptuais, tem por objectivo moderar o acesso das pessoas à saúde, ou seja, de uma forma prática fazer com que as pessoas não se apresentem aos serviços de saúde por dá cá aquela palha ou até sem palha nenhuma, como já assisti por mais que uma vez, gostaria de saber como se justifica pagar taxa moderadora quando alguém se apresenta a uma intervenção cirúrgica. Haverá algo aqui a moderar? Então senhor ministro, para falarmos a mesma linguagem, se isso está na forja como se diz, seja claro e ajuste o conceito. O poder é seu.


 

O triunfo da vulgaridade?

"É um dos grandes mistérios da Humanidade. Por que razão há tantos seres sensatos e com os impostos em dia que se dedicam a escrever romances." - É Mário Santos, na crítica literária do Mil Folhas, do Público. A vítima é José António Saraiva e a obra é as herdeiras de adriano gentil.
"Mas o único que verdadeiramente triunfa neste romance é o lugar comum, o cliché a vulgaridade." "Pude chegar a pensar, com as melhores intenções que ia ler uma espécie de comédia pois o 'assunto', imediatamente perceptível, parecia inclinar-se para o género e convocar até motivos clássicos do burlesco. Puro e benevolente engano. A narração leva-se a sério..."
Mário Santos oferece-nos uma amostra da veia literária do autor. E faz-me lembrar alguns "pensamentos" de JAS dos editoriais que escrevia como director do Expresso.
Falava de banalidades e concluía com outras como se estivesse em profunda reflexão filosófica.

MS diz que uma plena compreensão do livro não exige mais preparação que a de "um finalista bem sucedido do primeiro ciclo do básico".

Bem visível nas montras, três frases de Marcelo e anúncio em revistas de coração - a avaliar por esta crítica, eventualmente falível - será um sucesso de vendas. Margarida Rebelo Pinto que se cuide.

 

CompromissoPortugal?

Técnicos competentes. Esforçados. Empreendedores. Mas, por favor, vá lá alguém dizer-lhes que Portugal não é só o capital.
 

Apito desdourado

Aqui há tempo um ilustre jornalista desabafava a respeito dessa gente do apito dourado que "O simples facto de... não se demitirem depois do que as escutas revelaram mostra em toda a plenitude o seu carácter".
Então gente que vivia (e vive) impunemente da burla ia agora demitir-se! Estão aí todos orgulhosos a rirem-se do pessoal, convencidos de que têm a Justiça sob controlo e de que são mais espertos do que nós. E têm quem os aplauda.
 

Pinto Monteiro, o novo Procurador Geral marca alguns pontos ...

Pinto Monteiro diz-se disponível para ir ao Parlamento, após a sua tomada de posse, a 9 de Outubro, para prestar esclarecimentos. É um passinho, melhor que nada.

Se antes da posse, não fosse o diabo tecê-las. (Estou a falar do diabo, diabo, e não do "diabo" celebrado pelo presidente da Venezuela há poucos dias na Assembleia geral da ONU, onde o Primeiro Ministro José Sócrates também falou, não de diabos nem de "diabinhos", que também os há, mas das parcerias UE-África que elogiou).

Este passinho importante, que abrirá um precedente se se concretizar, deve ser aproveitado como ponto de arranque para a situação ser analisada a fundo. De facto, se estes cargos da máxima importância continuam a ser exercidos sem prestar contas a alguém, perde o desmpenho do cargo e o país.

Espero dos partidos com representação parlamentar que agendem esta disponibilidade do procurador indigitado e que o Senhor procurador não vá à AR apenas dar uns esclarecimentos, mas dizer de sua justiça o que pensa do cargo que vai exercer e nos dê umas linhas enquadradoras de como pensa exercer as suas funções. Um discurso com conteúdo.

Certamente que nos encontros havidos com o primeiro Ministro e o Presidente estes temas terão sido objecto de troca de ideias, pelo que há matéria para um bom esclarecimento sobre o papel no terreno do Procurador.

Ficam as expectativas.


2006-09-21

 

Excesso de honestidade

Ou então falta de arte para o ofício. É o problema de Ferenc Gyurcsany, primeiro-ministro da Hungria, em risco de ser derrubado por manifestações de rua.

Porquê? Porque declarou ter mentido durante a campanha eleitoral ao ocultar um plano de austeridade "doloroso mas necessário".

É injusto. E prova que os húngaros estão atrasados em matéria eleitoral. Nós vamos mais adiantados. Sócrates nunca faria um disparate desses. E todos sabemos muito bem que apesar de ter dito o contrário (como lhe competia) ele sabia muito bem que ia aumentar os impostos. E Sócrates não só continua aí em sossego como em alta.

Já nos EUA, que vão muito mais adiantados que nós, há regras um pouco diferentes. Os candidatos (ou os eleitos) podem livremente mentir sobre questões políticas mas não, nunca! sobre a sua vida íntima. Que um presidente mande invadir o Iraque com base em mentiras, vá que não vá, agora que negue que andou "enrabichado" com uma secretária nos corredores da Sala Oval isso é que não! Isso é caso para impeachment.


 

Polémicas sobre a justiça

Por terras de França estamos muito longe do pacto nacional sobre a justiça. Com as eleições presidenciais e legislativas que se aproximam o candidato de direita e actual ministro do interior Nicolas Sarkozy distingue-se mais uma vez por declarações polémicas. Desta vez o alvo foram os juízes de Créteil, acusados pelo ministro de não recorrerem mais vezes à prisão.

É mais que evidente que Sarkozy segue uma estratégia pré-eleitoral estando actualmente em fase de caça aos eleitores de extrema-direita (este episódio surge após um recrudescimento das expulsões de estrangeiros): o ataque aos juízes e a reivindicação de uma justiça mais repressiva é um dos temas preferidos de Le Pen.

Estas declarações deram origem a protestos da generalidade dos magistrados, seja da hierarquia judicial seja das organizações sindicais. Politicamente o primeiro ministro tenta acalmar a situação e a esquerda protesta veementemente. Pessoalmente penso que é cada vez mais necessário combater este tipo de estratégia eleitoral populista reafirmando os princípios de um estado de direito entre os quais a separação dos poderes e a presunçãode inocência.
 

Novo Blog

O meu amigo António Figueira lançou-se na blogesfera com mais quatro colaboradores (Rui Tavares, Joana Amaral Dias, Ivan Nunes e Nuno Ramos de Almeida) num interessante projecto de blog que dá pelo nome de cinco dias. Aconselho-vos vivamente a leitura.
 

O novo procurador Pinto Monteiro

António José Teixeira, no seu dn.editorial, de hoje, é muito oportuno, no tema que aborda: o processo de escolha do Procurador.

Este Homem (ou o próximo, os passados já não interessam) acede e ocupa um cargo da máxima importância, sem se saber minimamente nada acerca dele: nem o que pensa sobre a justiça, nem o que fez, nem se tem objectivos. É uma caixa negra.

Será que se chega a estes cargos por inspiração divina? Será que no exercício deles também vigora o dogma da infalibilidade? Um dogma em crise, mas insiste-se ...

Sobre a escolha de Pinto Monteiro certamente muito mais que meio mundo, neste país, já aderiu à dita, dadas as forças que intervieram na sua escolha.

Não está a causa a pessoa, entenda-se, mas a instituição, o processo completamente obscuro.

Pelo que à falta de melhor, inclino-me para a tese de António José Teixeira. Pelo menos vá a AR e aí diga o que pensa da justiça e seu funcionamento.

Mas é uma área, onde se deve mexer, para bem da democracia.

 

Humor Negro?

Para os amantes da bola, hoje, podem "deliciar-se" com a notícia que vem em vários jornais. "Liga investiga Apito Dourado"
 

A Educação na Suécia

Num livro bastante discutido em França, "le modèle suédois", saído em 2003, da autoria do jornalista independente Magnus Falkehed, que há bem mais de um dezena de anos faz a cobertura da actualidade franesa para os grandes jornais da Suécia, encontrei um capítulo que se intitula "educação nacional: no país do professor gestor".
O jornalista descreve a reforma de 1991 da educação na Suécia comparando Suécia e França . Refira-se que o então Ministro da Educação era o actual Primeiro Ministro cessante Goran Persson.

Tópicos sobre a reforma de 1991, objectivos e resultados:

Objectivos

O poder central abandonou u o sistema de fixar regras, trocando por um outro centrado na fixação de objectivos e é na base de objectivos que escolas e professores são avaliados .

Resultados da reforma

Os resultados desta mudança traduzem-se em que a Suécia está hoje no top, entre o 3 e 0 1 lugar, consoante os parâmetros de avaliação a nível mundial.

2006-09-20

 

Um certo retrato da Função Pública

Aqui na BDAP do MF :







Na legenda, de cima para baixo, lê-se (mal) doutoramento, mestrado, licenciatura, bacharelato, cursos tecnológicos profissionais, 12º ano e por aí abaixo até "menos de 4 anos mde escolaridade".


 

Confusões matemáticas

Depois de ler os vários artigos sobre educação fiquei com vontade de vos contar um episódio a que assisti ontem à noite. Para vos situar no contexto: ontem participei, na qualidade de candidato a representante dos pais ao Conselho de Administração da escola da minha filha, numa reunião com o director e o sub-director do estabelecimento. Esta reunião serviu, entre outras coisas, para fazer o balanço do ano lectivo 2005/2006. Não vos vou aqui maçar com dados locais mas uma das afirmações do director deixou-me a imagem da falta de cultura matemática que reina na sociedade em geral.

Para mostrar a qualidade dos alunos que saem desta escola após o que corresponde ao nono ano de escolaridade português o director afirmou que: 78% dos alunos saídos desta escola têm notas superiores à média da classe do décimo ano em que se integram. Esta afirmação é totalmente vazia de conteúdo: seria interessante saber qual a percentagem de alunos que se situam acima da mediana da classe, mas a comparação com a média é totalmente inútil. Para ilustrar o que digo basta saber que é fácil construir uma distribuição de notas de uma turma para a qual 78% (ou uma outra percentagem qualquer) dos alunos têm uma nota superior à média.

Fiquei sem perceber se a confusão é propositada (em geral a média de uma classe é inferior à mediana devido à presença de alunos muito fracos), ou se é apenas mais um sintoma da falta de cultura matemática.
 

Quantos são os funcionários públicos?

O Secretário de Estado da Administração Pública, João Figueiredo, divulgou o número de funcionários públicos (Jornal de Negócios) registados na base de dados mandada fazer por Guterres, que sobreviveu em letargia nos anos e governos seguintes e que Sócrates, fazendo juz ao seu estilo, deu ordem para ser feita. Colocou o prazo de Março deste ano mas... vá lá chegou agora. Para Portugal e atendendo aos antecedentes não está mal.

Base de dados Adm Pública19992006Variação %Variação
Funcionários públicos 708.159737.7744,18%29.615
Administração central566.548 568.3840,32%1.836
Madeira e Açores33.08438.918 17,63%5.834
Autarquias locais 116.066 130.65012,57% 14.584

O esforço para a redução do número de funcionários não chegou às autarquias locais e menos ainda às Regiões Autónomas.

Segundo informação de António Peres Metelo à TSF, hoje, (cito de memória) a proporção de funcionários públicos em relação à população activa em Portugal anda pela média da UE e fica-se por cerca dos 13%. A diferença, que atrapalha a gestão das finanças públicas entre nós, é que em relação ao PIB nós gastamos com os vencimentos dos funcionáorios públicos cerca de 14% enquanto a UE fica-se pelos 11 e a Espanha pelos 10%.

Como se vê não há um problema de excesso, em abstracto, do número de funcionários públicos em Portugal. O problema há muito identificado mas nunca resolvido é o do seu sub-aproveitamento e consequente má resposta da Administração Pública. Há razões múltiplas. Má estrutura e organização dos serviços que deveriam ser paulatina e permanentemente reformados para responder a objectivos bem concretos. Negligência na formação profissional dos funcionários. Ausência de avaliação do desempenho. Incapacidade de alguns responderem aos desafios das novas tecnologias.


 

O Novo PGR

Terminada esta telenovela (embora os seus verdadeiros interpretes, Primeiro Ministro e Presidente da República tenham desempenhado de forma soft o seu papel) que animou, à falta de abordagens sérias de questões sobre a vida e vivência do país, o número cada vez mais sem graça das "rentrées" políticas deste país, vale a pena ficar na expectativa de melhores dias e esquecer Souto Moura.

Não sei avaliar este desenlace: estamos num país peculiar, onde as pessoas são, quase sempre avaliadas, na base de regras algo estranhas, muito pouco pelo seu real valor. Acreditando no DN de hoje, este juiz - conselheiro terá chamado "autista" à política do governo para a justiça, no rubro da contestação dos juizes e magistrados, embora tendo condenado a ideia de greve.

Significará esta escolha alguma "abertura" evolutiva por parte do governo e do conselheiro?

Aguardar pelo tempo ...


 

A educação no PUXA

Ontem a educação animou o PUXA. E ainda bem porque é um tema, como diriam (permitam-me este laivo de corporativismo) os economistas, "estruturante".

Era bom que continuasse, sobretudo focando algumas experiências estrangeiras tipo Suécia que mudou há cerca de 15 anos toda a estrutura de ensino, conteúdos, dependências, funções, inspecção, avaliações de professores e de alunos, condições salariais, condições pedagógicas, etc e parece que com algum sucesso. pelo menos a Suécia posiciona-se nas primeiras filas do Ranking mundial. Veremos se o novo governo não vai estragar esta reforma e sobretudo a sua dinâmica, embora tudo leve a crer que não irá por aí. Irá mais deter-se na política fiscal.

E nesta dinâmica no PUXA não posso deixar de relevar o grande contributo do Raimundo com quatro intervenções, bem alinhados e de conteúdo, o comentário do João Tunes com um alcance bem para além dos professores, abrangendo toda a área da AP e com o qual estou de acordo. Não posso ainda deixar de referir o Manuel Correia com as suas achegas importantíssimas quanto ao que se está a desenhar e a concretizar no Ministério.

Fiquei apenas sem perceber as bases que, na sua opinião, devem enformar as carreiras.


2006-09-19

 

A Educação vista dos "Prós e Contras"(4)

A parte mais animada do espectáculo ficou para o fim. O estatuto da carreira docente (ECD). Com Antonio Avelãs em nome da FENPROF.
"Fomos atacados, acusados de coisas incríveis, estamos ofendidos, atacaram a nossa dignidade e a nossa carreira. O ECD é um ataque fortíssimo aos professores e às escolas. Os professores estão desmobilizados, estão desmotivados".
Com o fantasma de Paulo Sucena esvoaçando pela sala, chispando ameaças (na peça mostrada ali): "a nossa plataforma mínima são 15 mil professores na rua", "são com respostas desta natureza que nós podemos levar o ministério da Educação a eventualmente dizer: não posso estar aqui a legislar contra os professores do meu país."
Neste cenário tétrico a ministra perdeu a calma e mal conseguiu dizer coisa com coisa. Mas António Avelãs foi claro e explicou bem o que o atormentava e naturalmente a muitos professores.
Até aqui a esmagadora maioria dos professores portugueses tinha espectativa e até o proveito de chegar ao topo da carreira. Uma situação ímpar no país e no estrangeiro. Era como se todos os oficiais do Exército pudessem chegar a generais. Com o novo ECD há, como noutras classes profissionais, um quadro que só deixa chegar aos lugares de topo um terço dos professores mediante avaliação que deixa de ser feita, como até aqui, quase em família. E, é claro, assim a espectativa remuneratória sofre.
É prefeitamente compreensível, do ponto de vista da classe ( mas não de todos os professores) que isso não agrade. Mas não é uma situação defensável. E o país não se comove particularmente.
Ficar-lhes-ia melhor se fossem sinceros e dissessem o que lhes dói. São sindicalistas ninguém leva a mal. Agora que atirem areia para os olhos do Zé contribuinte dizendo que o que está em causa é a escola, que assim é um "terramoto" no ensino, estraga-lhes a reputação.
São os sindicalistas mais exacerbados, com a sua estridência, os grandes responsáveis pela má imagem dos professores na opinião pública.
Os professores, como os magistrados ou os médicos, são uma classe profissional muito forte e os seus fortes sindicatos julgavam-se donos do ensino. Julgam-se capazes de vergar a "doida" da ministra ("doida" por não se aperceber do poder deles) que teria como único objectivo atacar professores e arruinar a Educação.
Além da remuneração começa a escapar das mãos dos sindicatos a "tutela" pouco apropriada das políticas pedagógicas e curriculares.
Apesar de todo este desajustado comportamento "sindical" (seria melhor chamar-lhe ordem?) os professores (os bons e dedicados professores e serão a maioria) continuarão na estima e até no coração dos portugueses. São eles afinal que nos ensinaram e ensinarão dedicadamente os nossos filhos e netos.

 

A Educação vista dos "Prós e Contras"(3)

A ministra da Educação: o objectivo é, finalmente, passar das promessas aos actos e dar mais autonomia às escolas.
O plano é avaliar com as escolas se têm condições e meios para o assim chamado contrato de autonomia e desenvolvimento. Celebrado este, ao fim de um ano é feita a avaliação dos resultados. Já teve lugar com êxito a experiência piloto com 24 escolas e agrupamentos de escolas. "O plano é ampliar a experiência a mais 100 escolas até ao fim do ano e a 300 ou 400 no ano seguinte até chegar a todas em quatro anos.
 

A Educação vista dos "Prós e Contras"(2)

António Avelãs da FENPROF: "lutamos pela nossa dignidade e pela nossa carreira posta em causa. A desmobilização dos professores é muito grande, sofremos ameaças, somos acusados de coisas incríveis, os professores estão objectivamente desmotivados, ofendidos e preocupados."
Em Junho e Julho os professores mobilizaram-se empenhadamente para dar resposta atempada ao desafio de 9 milhões de euros para melhorar a Matemática (2º e 3º ciclo ) e apresentaram mil projectos em que diagnosticaram as dificuldades da sua escola e propuseram soluções. Foram aprovados mais de novecentos.
A desmobilização e a desmotivação dos professores não deve ser tanta como Avelãs diz.
O professor Mateus que veio de Seia e criticou os pontos de Matemática (creio que com alguma razão) aproveitou o ensejo para dizer que aquilo ali no Prós e Contras era um beija-mão à ministra e não passava de uma reunião dela com um grupo de amigos.
Concluí que seria um dos desmotivados, ofendidos e preocupados.

 

A Educação vista dos "Prós e Contras"(1)

"Uma coisa é necessário que se diga: trabalho na direcção de escolas há 10 anos, já trabalhei com 7 ministros. Pela primeira vez uma equipa ministerial veio ao terreno e reuniu com o conselho executivo (CE) da escola - José Augusto Aráujo, presidente do Conselho executivo da Escola Secundária das Taipas, concelho de Guimarães - Não apenas com o meu CE mas com os CE de todas as escolas do país.
Mas acha que este é o bom caminho? pergunta Fátima Torres Campos a Armandina Soares, presidente do CE do Agrupamento de Escolas de Vialonga.
- "Esta mudança é muito importante. Porque não ouvimos apenas a ministra. Foi-nos dado espaço para concordar, discordar e dar opiniões. Anteriormente isto passava principalmente pelos sindicatos.
A ministra: "o que é novo é a projectada criação do conselho coordenador dos conselhos executivos das escolas. Será um novo interlocutor do ministério, para a definição da política educativa, ao lado dos sindicatos para as questões laborais, ao lado das associações de pais na sua esfera de competência."
O ex-Secretário de Estado do governo do PSD-CDS prof universitário José Manuel Canavarro sublinhou que não havia nada de novo e isto era uma política de continuidade. Maria de Lurdes Rodrigues confirmou: "Não há nenhuma nova reforma do ensino. Estão ainda em marcha e por avaliar as reformas anteriores. Há a resolução de problemas na continuidade de legislação que vem de 1998. A diferença é que até agora legislou-se, programou-se, prometeu-se, mas não se fez. A diferença é essa. Não estamos a inovar, estamos a fazer.

 

Prós e Contras



Uma mão leva a outra.



Gostei do post do João Abel Freitas -- “Os prós e contras de ontem” -- exactamente por ter assumido o carácter fragmentário que as nossas opiniões e reflexões assumem perante o tempo que flui e os sentidos que nos podem escapar. No comentário que fiz ao seu post, disse que subscrevia muito do que escreveu a este respeito (praticamente tudo) e adiantei o que me pareceu quanto à última parte do debate -- a da discussão atabalhoada acerca das propostas do Governo em matéria de Estatuto da Carreira Docente -- apontando, igualmente, o consenso favorável aos princípios enunciados pela Ministra, que marcou o programa, sendo certo que, aqui e ali, originou alguns exageros voluntaristas, já que Fátima Campos Ferreira formulou pessimamente algumas das suas perguntas.

Assim, resta-me acrescentar uma anotação acerca da moderadora do programa.

Fátima Campos Ferreira teve o mérito de animar um programa de grande audiência centrado num debate sobre temas de reputado interesse. Ganhou grande simpatia por ter emprestado, de início, uma moderação ágil, proporcionada (algo tímida, por vezes) e respeitadora dos espaços de liberdade dos debatentes. Lamentavelmente, está a perder as características de partida. Responde pelos convidados, corta abruptamente a palavra a quem não pôde completar raciocínios, opina desconchavadamente e escorrega para o humor trôpego. Estou a lembrar-me daquela piada seca sobre a indumentária da Ministra "vestida de Pai Natal"…

A questão é a de saber se Fátima Campos Ferreira será capaz de retomar o estilo que lhe conferiu notoriedade e escapar à prosápia e à presunção que se avolumam ameaçadoramente…

Espero que consiga, para bem do Programa e da nossa pachorra.




 

Os prós e contras de ontem

Ou melhor vou opinar apenas sobre "meio" prós e contras, pois não vi a parte da discussão das carreiras e o que terá vindo depois.

Pelo demasiado tempo de antena, prós e contras é um programa de e para "resistentes" que precisam de uma prévia preparação física.

Demasiado longo e com uma moderadora interventiva de mais e nem sempre bem preparada sobre os assuntos que leva a debate. Esta minha opinião é do programa em geral e não da parte de ontem em especial.

Ontem estava curioso para ver como a Ministra da Educação se saia do confronto, após o seu último desastre na AR mas também de TV.

Na parte que vi não se saiu mal e até direi que, pela intervenção dos representantes dos conselhos directivos presentes e pela representante da associação de matemática se saiu bem, pois pela boca de terceiros soube-se que educação está a fazer caminho e da boca da ministra saiu a sua determinação de ir em frente. Achei positivo saber que a ministra tem saído da 5 de Outubro para trabalhar no terreno e não (só) para inaugurações.

Pela informação obtida não dei por perdido o meu tempo. Mas não resisti até ao fim. Não pelo sono mas por um livrinho que me esperava.

Fiquei com uma dúvida sobre a reacção dos sindicatos em todo este processo. Não estarão os sindicatos a sentir-se "ameaçados" porque, de facto, parece estar a surgir um novo parceiro nas escolas que são os conselhos directivos?! Ninguém gosta de perder o monopólio.

 

O "Partido da Ética"

O partido do Presidente Lula da Silva - o PT- era tido antes de aceder ao poder como "o partido da ética".

Uma vez no poder deitou a ética para "trás das costas" e enfronhou-se em escândalos sucwssivos como o "mensalão", o escândalo das "sangessugas" ligado às ambulâncias e outros mais.

Daqui a duas semanas, estão aí eleições e Lula da Silva, apesar dos escândalos em que o seu partido se encontra envolvido (ainda nestes dias foi detido um membro do PT na posse de 1,7 milhões de reais para a compra- diz-se de um escândalo que envolvesse candidatos da oposição - o que levou à demissão de um assessor do Presidente), está á frente nas sondagens prevendo-se que vença à primeira volta.

2006-09-18

 

Isabel do Carmo. Israel e a Palestina

Isabel do Carmo em polémica, hoje, no Público, sobre Israel e a Palestina. Extractos:

"... 2. Relativamente a raças, racismo e racistas, considero, de acordo com as posições teóricas de geneticistas e epidemiologistas actuais, que não há raças humanas, há grupos étnicos que podem ter características, aliás superficiais comuns e comunidades com características culturais também comuns. A espécie humana, sobreviveu graças a cruzamentos sucessivos ...

"3...Anti-sionista é ser crítico da formação de uma pátria judaica constituída sobre território de outros povos. Anti-semita é ser contra os semitas...

"Repito o que escrevi: “Raça judia só houve para os nazis, não há narizes, nem crânios típicos dos judeus, são análises grosseiras superficiais”...
... Ora a minha admiração pela capacidade de resistência judaica e pelos fenómenos intelectuais da sua cultura e o meu respeito pela memória inapagável dos horrores da Inquisição e do Holocausto não me obrigam, não me poderão obrigar, a aceitar o sionismo ou a desculpar que as vítimas se transformem em vitimadores...

"6. 0 sionismo, tal como foi sonhado pelo seu fundador, Herzl, no século XIX (Theodor Herzl, L’État des Juifs, 1989) não tinha a ver com o que é hoje. Como comunidade a instalar chegaram a ser postas as hipóteses da Argentina e de Moçambique.

"7. Quando digo que o “Estado de Israel é uma situação de facto”, frase que AM. critica, significa isso mesmo - está e não penso que acabar com ele seja a solução. Mas penso que a Palestina também tem que ser um facto..

"8. Finalmente, será que temos que escolher entre a cólera e a peste, teremos que ficar encurralados entre o imperialismo EUA/Israel e o regime teocrático do Irão? Será que ao criticarmos o Imperialismo militar e político e a globalização económica temos que cair nos braços de fundamentalismos medievais e do terrorismo? Recuso essa escolha. Há outro mundo, o que não faz títulos de jornais, outros islamismos, outros israelitas. E necessariamente outros projectos..."

[texto completo aqui]

 

Os professores e a Educação

O boletim de execução orçamental de Agosto, apresentado pelo Ministério das Finanças revela que as remunerações certas e permanentes no Estado diminuíram 1,3% face ao período homólogo do ano anterior.
Será este o olhar de medusa que Sucena vê na ministra?
O ministério que mais contribuiu para a poupança do Estado foi o da Educação com 2,4% (75,9 M€) principalmente com a diminuição dos gastos com os professores. Trabalho e Solidariedade gastou menos 1,1%, Saúde menos 1 e a Justiça menos 0,8. O peso do Ministério da Educação no total das despesas com salários no subsector Estado atinge os 58,7% e a diminuição dos gastos salariais na Educação deve-se "à diminuição do número de professores dos ensinos básico e secundário contratados para o ano lectivo 2005/2006".


Assim o Estado, Teixeira dos Santos e Maria de Lurdes Rodrigues "riem-se" com o seu êxito mas alguns milhares de profesores "choram" sem saber que fazer à vida, incluindo aquelas centenas (ou chegará aos milhares?) de professores do ensino superior desempregados - uma classe pária - que tinham um vínculo precário e não têm (inconstitucionalmente) nem direito a subsídio de desemprego.

Nota para os aficcionados: hoje às 22h 30m, na RTP, há Prós e Contras a ministra da Educação, com ela presente.


 

Faz hoje 25 anos...

... que a pena de morte foi abolida em França. Na minha opinião este é um dos pontos altos da presidência de Mitterrand que noutros aspectos desiludiu muitos dos que confiaram nele. A abolição foi assumida durante a campanha eleitoral de 1981 contra a opinião da maioria dos franceses (em 1981 cerca de 2/3 dos franceses eram contra a abolição). Foi Robert Badinter, advogado, militante contra a pena de morte de longa data, na altura ministro da justiça, que apresentou ao parlamento a lei de abolição.

Passados 25 anos cerca de 42% dos franceses ainda defendem o restabelecimento da pena capital; este é um dos assuntos onde a clivagem esquerda/direita é mais visível na sociedade francesa com 89% dos eleitores de extrema-direita (FN, MNR), 60% da direita (UMP), 30% dos socialistas e 29% dos comunistas favoráveis à pena de morte (ver o artigo do Nouvel Obs).


Para terminar deixo-vos uma citação do discurso de Badinter de 17 de Setembro de 1981 no parlamento quando do ínicio dos debates:

"Demain, grâce à vous, la justice française ne sera plus une justice qui tue. Demain, grâce à vous, il n'y aura plus pour notre honte commune, des exécutions furtives, à l'aube, sous le dais noir, dans les prisons françaises. Demain, les pages sanglantes de notre justice seront tournées. A cet instant, j'ai le sentiment d'assumer, au sens ancien, au sens noble, le plus noble qui soit, le mot de ministère c'est le service, j'ai le sentiment de l'assumer. Demain, c'est l'abolition.
Législateurs français, de tout mon coeur, je vous remercie."

 

O que parece bem resolvido (2)


«Bon... les valeurs républicaines, vous savez...»

Em vésperas de Campanha Eleitoral para a Presidência da República, os franceses parecem mais preocupados com o “emprego” do que com a “cultura” e, do mesmo passo, menos angustiados com a “investigação científica” do que com as “desigualdades sociais”. A SOFRES elencou as primeiras quinze questões que os inquiridos para uma sondagem conjunta da Pèlerin/France-Inter, em Julho passado, gostariam de ver abordadas na campanha que se aproxima.


O quadro de resultados está disponível aqui.


Não deixa de ser curioso que, mais de dois séculos transcorridos sobre a Revolução Moderna, que consagrou um projecto de carácter civilizacional assente no tríptico Liberdade, Igualdade e Fraternidade, os franceses ainda se preocupem tanto com as “desigualdades sociais”.

Parece ter havido algo que não ficou lá muito bem resolvido…


 

A direita vence na Suécia

A coligação de centro-direita, dirigida pelo líder conservador Fredrik Reinfeldt conseguiu por uma pequena margem de votos (1,8%) vencer com 48% o bloco da esquerda, dirigido pelo 1º ministro social-democrata, Goeran Persson, que atingiu os 46,2%, quando se encontravam contados 95 % dos votos entrados nas urnas. Este já reconheceu a derrota.
Nos últimos 74 anos a esquerda social-democrata governou a Suécia durante 65 anos contra 9 pela direita. Eis um dos segredos da prosperidade e da paz social.

 

A gestão das escolas



É minha opinião (ainda que possa vir a mudar) de que a eleição dos conselhos executivos nas escolas Portuguesas é contra producente e geradora de enormes distorções no exercício do poder.

Actualmente baseio-me na observação que tenho realizado "in loco", em conversas com o Pedro Ferreira acerca da realidade Francesa e da minha própria vivencia no trabalho que realizo em empresas e para a função pública.

O que penso actualmente é:
Gostaria de consolidar um pouco a minha opinião.

Numa primeira fase irei tentar perceber o que se passa nos outros países da CE, em seguida tentarei ler algo sobre o exercício do poder eleito ou nomeado.

Alguém tem sugestões ?
 

O que parece bem resolvido (1)




Para quem não vive afogado pelas certezas auto-congratulatórias, e lhe sobra, ainda, um espaço mental para duvidar ou uma curiosidade suficiente por diferentes perspectivas, aconselho uma espreitadela aos resultados da sondagem feita pela NOVADIR, disponíveis na página da Marktest.

Porque é que será que os médicos são mais a favor e os enfermeiros e farmacêuticos mais contra o encerramento das maternidades?

2006-09-17

 

A "excepção" de Sernancelhe





Carnaval das Escolas de Sernancelhe (os miudos até já estão habituados...)

O fecho das escolas (tal como o das maternidades e outros serviços públicos) estribado na contabilização estrita da capitação imediata da despesa, promete dar que falar.

“Maria João Espírito Santo, mãe de uma aluna do Granjal, explicou à Lusa que não há condições de transporte para Sernancelhe, a cerca de cinco quilómetros, nem na escola de acolhimento, e que, por isso, os sete alunos da localidade ficarão sem aulas até o problema se resolver.”

Os apoiantes incondicionais das políticas do ME, aboletados nos seus confortos citadinos e, sobretudo, ideológicos, sobrevivem bem com o mal dos outros. Enquanto louvam os “progressos” que conseguem divisar nas escolas dos seus filhos, minimizam o despautério de uma política que vira as costas ao interior, depois de os seus arautos terem prometido exactamente o contrário.

Vimos as meninas e os meninos de pratos e talheres nas mãos, a encaminharem-se para escolas sem refeitório, preparados para comer na mesma “carteira” onde estudam e assistem às aulas.

Sei que é lá para Sernancelhe... Sabem onde é? Sim. No distrito de Viseu. Aquela terra que

atrai pelas suas pequenas casas caiadas de branco numa moldura granítica e pela igreja de fachada romana, também com estátuas de granito.

Não se incomodem. Não se inquietem. Continuem a fingir que tudo está a melhorar e que Sernancelhe é apenas uma excepção. Fecharam “apenas” 17 das 21 escolas que existiam.

A Beira Interior está a tornar-se cada vez mais “atraente”. Os miúdos têm de nascer longe, e comerem nas escolas sem refeitórios, levando os pratitos na mochila. Que importa? Em certas escolas, noutros lugares, as coisas até têm melhorado...

Apoiemos, pois, o Ministério das Escolas que têm melhorado!

 

Ainda o acordo da Justiça

Finalmente acho que consegui compreender a questão do pacto.
Ela é explicada no parágrafo final da crónica de Filipe Luís na visão desta semana.
Como não está online passo a transcrever:

"Ao contrário do que disse (José Sócrates), este acordo não lhe foi útil por lhe dar a possibilidade de cumprir o programa do Governo. Com maioria parlamentar o programa seria sempre cumprido. Foi-lhe útil por lhe ter dado uma imagem dialogante, de que começava a precisar."

Conclui-se assim que o acordo foi uma operação de marketing.
Nesse caso a não inclusão dos outros partidos foi falta dos criativos da agência de imagem ou uma estratégia pensada para não dar qualquer importância aos pequenos.

 

Finalmente, chegou o SOL

Aqui na minha Zona ... a Graça, ou melhor, Santa Engrácia, ... deve ter havido uma mudança de hora, pois este SOL despontou tardio, aí pelo meio dia.

Dou o benefício da dúvida. Mas francamente estava à espera de bastante melhor. E não era difícil. O quadro da concorrência, o Expresso, (até desapareceu, oportunamente, o "Independente"- é de pensar, que coincidência!) só se safa pela mudança de formato, pois no conteúdo o plano inclinado continua.

De tanto tempo e de tanta conversa publicitária esperava um SOL radioso. Afinal, uma primeira página muito DN em grafismo, um design do mais banal e um conteúdo enfim ... diga-se ligeiramente acima do Expresso, o que também, pelo que disse antes, não é grande a mais valia. Agora à semana...aguarde-se.

Irei comprar o SOL mais uns dias, a ver se no Outono desponta melhor, pois esta amostra não vem acrescentar nada ao panorama. Não se percebeu o modelo.

O SOL não será um produto mais de um desentendimento e de vaidade ferida que um projecto "sério" e diferente?

2006-09-16

 

Pirataria - Excesso de linguagem




Não admito que quem copia software, música ou filmes seja apelidado de pirata.

É um excesso de linguagem inaceitável. Sei que é assim no mundo inteiro, mas a sua utilização generalizada não faz dela legitima.


A cópia de bens intangíveis protegidos por copywright é ilegal e a sua prática é um crime. Até melhor solução aceito-o.

Ao usar esta linguagem está-se a tentar transmitir a mensagem de que a cópia ilegal é éticamente comparável às acções dos piratas que roubam violentamente, matam e raptam.

Este termo não é aceitável sequer para quem copia para vender e ganhar dinheiro e no entanto...

...a grande maioria das cópias é claramente motivada pela vontade de utilizar ou partilhar bens culturais, seja ela movida pela ganância de não querer pagar ou porque de outra forma a eles não se poderia ter acesso. Desta forma parece-me óbvio que tais práticas estão MUITO distantes do que a palavra pirata quer dizer.

É assim como quando uma mulher encorna o marido e se diz imediatamente que ela é uma puta...mas em pior.

 

Política (6)



«Tu aí! Porquê um pacto com Kerenski?»

João Tunes, meu querido amigo e blogo-companheiro, lançou-me um “novo” repto no seu Água-Lisa(6). Sugestivamente, chamou ao seu estimulante postEm busca do Kerenski perdido”, o que, na tunesiana idiossincrasia, tanto pode alvitrar um “em busca do tempo perdido” com proustinianas reverberações, como “em busca do elo perdido”, para recordar o filme de Régis Wargnier, “Man to Man” -- “O elo perdido”, na adaptação portuguesa do título -- que mereceu, pelo menos, um post aqui no PUXAPALAVRA e que João Tunes comentou e desenvolveu no seu Água Lisa de então.

Poderia eu, ainda, especular sobre a figura histórica de Kerenski, mas não acho apropriado, por ter sido Mário Soares quem assegurou publicamente, nos idos de 75, que não seria o lusitano émulo de tal senhor, e também porque não quero cometer a injustiça nem a deselegância de comparar qualquer deles a José Sócrates.

O que me sobra então?

Duas perguntas ingénuas que João Tunes sacou do seu bornal ideológico faiscante e contundente:

- Desde quando o marxismo-leninismo é compatível com negociações e contribuições para pactos celebrados entre partidos burgueses?

- Em que medida a revolução é compatível com as regras e limites da democracia representativa?

À primeira pergunta, respondo: desde sempre.

À segunda, parece-me adequado reconhecer que, se é a medida o que se busca, deve-se entender que é na “medida mais ampla” que se encontra a compatibilidade.

Por fim, atrevo-me a desconfiar do ajustamento das perguntas, tendo em consideração as respostas sérias que já tinha ensaiado nos meus postsPolítica (1)”, "Política (2)" e “Política (3)”.

Será que excluir o PCP do Arco Parlamentar, por via das suas supostas fixações M-L, “revolucionária” e outras, torna o Pacto da Justiça mais democrático?

Ou estaremos a predispor-nos a fazer do PCP o “elo perdido” de um fresco histórico em que os anjos e os demónios seleccionam das suas histórias de família o que mais lhes apraz, tendo deixado, em absoluto, de se reconhecerem como mulheres e homens, cidadãs e cidadãos?

Anoto, para “memória futura”, que aparte o “elo perdido” (PCP), os restantes “pigmeus” (BE e CDS) não mereceram qualquer objecção doutrinária. Ora. q
uando falei do Arco Constitucional, não estava a particularizar. Incluí, até, sectores do próprio PS...

Em todo o caso, bom fim-de-semana e aquele abraço!


 

Política (5)


«Maomé, afinal, não era boa rês»

Sua Santidade estendeu-se ao comprido. A citação [ver aqui e tb aqui] que ofereceu acerca do belicismo de Maomé, pecou, sobretudo, por assimetria. Sua Santidade poderia ter encontrado montes de citações do mesmo teor em intenção da cristandade, mas preferiu dar o seu infalível contributo para que, na Rua Árabe, se convençam cabalmente de que o Ocidente quer, de facto, uma guerra religiosa.

Valha-lhe Deus!

2006-09-15

 

Abordagem Livre

Não sei mesmo se a Fernanda Câncio não deverá "pagar" um "fee" ao PUXA, pela dupla promoção do seu artigo "a esquerda benzida".

Dois elementos do PUXA a se entusiasmarem pelo seu artigo é mesmo de muito peso. Uma coincidência a comemorar?

O centralismo democrático já não é ..., lá pelas bandas do Raimundo, o que era. É uma crise profunda!!. Só resta m curso de aperfeiçoamento. Recorrer aos fundos para 2007/2013, porque não? Há que inovar. Mas surge um grande problema de professores. Estão a esquivar-se a estas matérias esquisitas e a Ministra também não anda muito sensível à introdução de novos cursos. E ainda quer impôr a avaliação. Também não abundam os alunos a cursos novos. Mas autarquias não faltam na sua defesa. Lá diz o ditado tudo o que vier à rede é peixe.

Mas não fique a Fernanda Câncio muito "convencida". Acho oportuno (espero que nenhum colega de Blog me imite) referir agora que a sua colega de bancada, (não é da bancada central do Sr. Fernando Correia, pessoa que também aprecio), entenda-se é da página Contra os canhões, a Ana Sá Lopes, também faz um excelente artigo Um pacto para o aborto oportuno nesta rentrée. Leiam porque vale a pena olhar para a postura da direita que temos.


 

Portugal, o Estado "laico"...

A prática da laicidade no Estado português, pelos nossos mais altos dignatários, vem hoje objectivamente documentada na página "Contra os canhões" do DN. O artigo da jornalista Fernanda Câncio A esquerda benzida é uma boa amostra do entendimento que se faz da questão.

Lido o artigo será que vale a pena mais palavras?
 

Tarde ...muito tarde mesmo

O INAC - Instituto Nacional de Aviação Civil só agora decidiu retirar à Air Luxor o certificado de operador aéreo.

Uma decisão tardia que não se compreende nem se desculpa.

A Air Luxor tinha deixado de voar para a Madeira há uns bons meses sem ter cumprido as formalidades dessa desistência e o INAC ... nada disse.

Foi necessário a Air Luxor incomodar muitos passageiros, a Guiné-Bissau e S. Tomé e Príncipe cancelar as licenças de voo, para que a entidade nacional que superintende na Aviação civil acordasse.

No mínimo, não se percebe. Sou levado a pensar que não foi mais um deixa andar. Muita coisa "estranha" sobre a Air Luxor é dita há muito tempo. De certeza, tudo isso não passou desconhecido do INAC.

 

Melhor escola mas...viver na ausência dos pais

"As quase cem escolas do ensino básico da cidade de Lisboa vão este ano lectivo oferecer aos pais e aos alunos mais tempo de acompanhamento e quatro matérias de enriquecimento curricular: Inglês, Ginástica, Música e Introdução à Cidadania." (PúblicoLocal, pág 50)
Duas reflexões:
- a primeira é que se vão dando passos positivos em áreas educativas da maior relevância deixadas quase sempre a descoberto pela escola. Por outro lado dão-se passos na resolução do grave problema que é as crianças sem acompanhamento se tornarem presa fácil da droga e outros descaminhos;
- a segunda é o crescente desacompanhamento, em especial afectivo, dos filhos pelos pais desde os seus poucos meses de idade com consequências psicológicas e sociais dramáticas que explicam muitos dos traumas e do inexplicável comportamento humano nas sociedade modernas.

 

Portugal dos Apitos Dourados

Manuel Carvalho, director adjunto do Público no editorial de hoje:

"... Este acaba, aliás por ser o pior reflexo do Apito Dourado: a sensação de que debaixo do Portugal formal, sério e democrático continua a existir impunemente um outro Portugal sórdido, velhaco e corrupto."
"... o que disseram entre si, o modo como actuaram fará com que não possamops deixar de olhar para muitos destes árbitros e dirigentes como pessoas com as quais não nos queremos cruzar na rua ou na vida. O simples facto de não perceberem isto e de, em conformidade, não se demitirem depois do que as escutas revelaram mostra em toda a plenitude o seu carácter"
(O negrito é do Puxa Palavra.)


 

"A esquerda benzida"

"... E, em perfeito inverso da "escandalosa" postura de Zapatero, viu--se, esta semana, na inauguração de uma escola pública que teve direito a bênção de um padre (!), o primeiro-ministro português persignar-se . Quer releve de convicção quer de uma noção voluntarista de gentileza, o gesto ignora a distinção entre a esfera privada da vida de um chefe de Governo e a encenação pública da sua presença oficial, relegando a separação entre Igreja e Estado para as questões irrelevantes. É pena: cumprir assim a "tradição" é "limitar-se" a falhar a modernidade."
(Bem metida esta de Fernanda Câncio, hoje, aqui no DN)

 

Ai... tal está a moenga...

Isto é uma vez sem exemplo. E espero que não tenham esquecido a camisinha.
(Texto da casa. Imagem de Jumento com o aval de Água Lisa)


 

Muerte de Antoñito el Camborio

Voces de muerte sonaron
cerca del Guadalquivir.
Voces antiguas que cercan
voz de clavel varonil.
Les clavó sobre las botas
mordiscos de jabalí.
En la lucha daba saltos
jabonados de delfín.
Bañó con sangre enemiga
su corbata carmesí,
pero eran cuatro puñales
y tuvo que sucumbir.
Cuando las estrellas clavan
rejones al agua gris,
cuando los erales sueñan
verónicas de alhelí,
voces de muerte sonaron
cerca del Guadalquivir.

*

Antonio Torres Heredia,
Camborio de dura crin,
moreno de verde luna,
voz de clavel varonil:
¿Quién te ha quitado la vida
cerca del Guadalquivir?
Mis cuatro primos Heredias
hijos de Benamejí.
Lo que en otros no envidiaban,
ya lo envidiaban en mí.
Zapatos color corinto,
medallones de marfil,
y este cutis amasado
con aceituna y jazmín.
¡Ay Antoñito el Camborio
digno de una Emperatriz!
Acuérdate de la Virgen
porque te vas a morir.
¡Ay Federico García,
llama a la Guardia Civil!
Ya mi talle se ha quebrado
como caña de maíz.

*

Tres golpes de sangre tuvo
y se murió de perfil.
Viva moneda que nunca
se volverá a repetir.
Un ángel marchoso pone
su cabeza en un cojín.
Otros de rubor cansado,
encendieron un candil.
Y cuando los cuatro primos
llegan a Benamejí,
voces de muerte cesaron
cerca del Guadalquivir.

Romancero Gitano (1924-1927)

Federico Garcia Lorca (1998-1936)

This page is powered by Blogger. Isn't yours?