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2009-09-30

 

Deve & Haver (4)



As coisas nem sempre parecem o que são. Cavaco Silva acabou por prestar um bom serviço à República, suscitando a questão da segurança dos sistemas informáticos do Estado. Foi desajeitado em relação à inventona plantada no PÚBLICO, mas suscitou uma onda de reflexões que acabou por pôr em relevo algumas fragilidades efectivamente existentes.

Lendo, por exemplo, esta notícia, poder-se-ia perguntar: há alguém a dormir na forma?

Há males que vêm por bem...

 

Deve & Haver (3)



Filipa Sotto Mayor, Braço de Ferro
Cortesia do Rasgo

Nesta história que se conhece à superfície como a das "escutas", bem podemos ir com vagar, porque, pelo jeito das comunicações de ontem (PR e Governo), ainda a missa vai no adro.



A questão de fundo é, obviamente, a das relações institucionais: sendo o PR de uma família política e o Governo de outra, com o que isso deveria acarretar de diferenças de perspectiva acerca da vida económica, social e cultural, apoio a modelos de crescimento/desenvolvimento, costumes e relações internacionais. Ora apesar de as diferenças não serem extraordinárias, quer um quer outro, deveriam actuar com cuidado, sem precipitações, e apenas recorrer à publicidade dos diferendos em casos graves, devidamente ponderados e objecto de consulta prévia ao outro órgão de soberania.


A cooperação estratégica foi a designação, um tanto exagerada, com que ambos, PR e 1º Ministro, baptizaram o entendimento que parecia existir na primeira fase da legislatura. Os partidos à esquerda do PS seguiam o conúbio preocupados por tamanha sintonia e, ao mesmo tempo, divertidos com os ademanes a que Cavaco Silva e José Sócrates se entregavam, episódios que mereceram, até, uma célebre rábula dos Gato Fedorento, em que Cavaco e Sócrates, com extrema amabilidade, sopravam chicorações um ao outro.


O que se está a passar, pouco tem a ver com as plantações de falsas notícias, autênticas suspeitas de espionagem, ou novelas quejandas.


A explicação poderá ser mais simples.


Quer o 1º Ministro José Sócrates, quer o Presidente Cavaco Silva, perceberam que a ocultação das suas reais divergências, além de gerar burburinhos de irritação no seio das respectivas famílias políticas, não contribuia para alargar a base de apoio eleitoral futura, nem elevar o nível de popularidade de ambos.


O Estatuto da R.A. dos Açores, foi, pelo lado do Governo, o sinal forçado desse fim de lua-de-mel.


O que vai seguir-se, será, muito provavelmente, o aproveitamento, de um lado e do outro, das travessuras e dos excessos dos zelotas, com repescagem pós-eleitoral de exemplos de pressões e condicionamentos de várias proveniências.


O Presidente, ontem à noite, esteve mal.
A resposta do Governo, manteve-se ao mesmo nível.


Se ambos ficarem a remexer na nebulosa inventona, é difícil que algo venha a esclacer-se. Aquilo que aparentemente mais nos deveria interessar, agora, era saber como é que os actores políticos interpretam os resultados das eleições de domingo passado e como tencionam assumir as suas responsabilidades perante quem os elegeu.


Torcer por Cavaco ou por Sócrates é ir a um jogo em que os dados estão viciados e em que só um sector do PS e uma parte do PSD estão verdadeiramente interessados.


Voltemos à política!


 

Conversa de marquise


Como está a vizinha? Olhe deixe contar-lhe. A noite passada pressenti-me escutada, sim, pela claraboia.

E o que fez a vizinha? Nada, então acha que ia investigar? Não, pressenti-me... Não acha que é suficiente? Pressenti-me, ponto. Olhe, se fosse investigar ainda chegava à conclusão de que não havia nada. E lá se ia o gostinho do pressentir-me. Ainda estou em boa forma.

Assim, fiquei feliz, sem paranóia nenhuma e com uma boa sensação da utilidade da clarabóia.

Mas não tem medo?

Oh, vizinha com uma idade destas de sessenta e muitos, pior seria não ter esses pressentimentos. Olhe experimente. É moda e os jornais já começam a falar disso.

2009-09-29

 

Tergiversação. E mau perder

Perante o pasmo do país, mas sem surpresa para quem o conhece, Cavaco Silva confirmou, por omissão, que a campanha das escutas era uma inventona. Tendo-se refugiado no comentário a aspectos marginais  entreteve-se a acusar o PS do ónus da crise. É grave e deixa antever falta de cooperação institucional entre a PR e o Governo, tanto mais indispensável quanto é grave a crise que opaís atravessa e difícil se antevê a necessária concertação partidária na AR.

Cavaco Silva não se "apercebeu" de que o Público, em grandes manchetes, tinha alarmado o país com a acusação brutal de que, segundo fontes de Belém, o PR estava muito preocupado com a suspeita de escutas e vigilância por parte do Governo. Foram estas acusações infundadas, postas ao serviço da campanha do PSD, em 18 e 19 de Agosto, por aquele jornal, que o Presidente se recusou a desmentir antes das eleições, como era seu dever, para favorecer a campanha de Manuela Ferreira Leite.
Receio que tenhamos em Belém mais uma fonte de perturbação da grave crise que o país atravessa do que um estadista à altura dos desafios que Portugal enfrenta.

 

Três Cenários para a Comunicação do PR hoje à noite



Cenário 1: Fui ludibriado. Com a governamentalização dos serviços de informação, convenceram-me de que o 1º Ministro, depois dos meus vetos sucessivos, quis tirar desforço. Passou a requisitar os agentes que trabalhavam para mim, fazendo-lhes perguntas inconvenientes acerca da minha dieta alimentar. Vim recentemente a concluir que tudo isso era mentira. De facto o 1º Ministro não necessita desse tipo de informações. Se fosse o caso, eu próprio lho diria. Assunto encerrado. Indigito-o e não se fala mais nisso.

Cenário 2: O Governo cercou-me, isolou-me, retirou-me poderes e desafiou-me subrepticiamente, umas vezes, abertamente, outras. Não devo entrar em pormenores, pois um verdadeiro estadista não faz conversa dos segredos de Estado. Por isso, perdi a confiança nele. Vou consultar os partidos e indigitar um outro dirigente do PS. A Constituição da República não me obriga a mais. Talvez Teixeira dos Santos ou Vieira da Silva. Se me apresentarem José Sócrates como Ministro de Estado e das Obras Públicas, não dou posse ao Governo.

Cenário 3: Era previsível que o PS, no melhor dos casos, não passasse da maioria relativa. O meu papel, na construção de uma solução governativa sólida e estável para governar, viria (virá) a ser decisivo. Sabendo de tal com bastante antecedência, sectores influentes das elites políticas apostaram numa conspiração para enfraquecer a minha posição institucional e política. Vou agir com a ponderação que o cargo exige, convocar o Conselho de Estado e, depois, logo volto ao contacto com os portugueses. O programa segue dentro de momentos.

PS
Quanto às escutas ou à espionagem, esqueçam. Fui mal compreendido. A essência da segurança do estado é pormos espiões (quero dizer agentes de segurança) por todo o lado. De outro modo não estaríamos seguros. É certo que isso tem inconvenientes. Quem vela pela nossa segurança fica a saber demasiado sobre nós.
Pronto.
Tem de ser assim mesmo.
Paciência.

 

Cavaco Silva e o seu dia de reflexão

O Presidente Cavaco Silva precisou do dia de ontem para uma profunda reflexão.Não temos dúvida que a tarefa de hoje é árdua.

Eventualmente também da noite de Domingo, pois segundo alguns meios de comunicação entrou em meditação de tal modo profunda, que se esqueceu de felicitar o PS na pessoa de José Sócrates, o que é um desempenho de nível mais baixo que MFL. Afinal a discípula neste aspecto superou o mestre. Cumpriu a praxe.

Mas que nos dirá o Presidente que, como é costume, se intitula de todos os portugueses? Acho que não é, nem ele nem nenhum dos anteriores. Ser PR de Portugal não é o mesmo que ser presidente de todos os portugueses. Então porque é o Presidente e não os outros "primeiros" todos?

Mas enfim... Por aqui não se vai muito longe. Mas que é um disparate é.

Mas o que nos vai dizer Cavaco Silva às 20 horas?

A margem de manobra é reduzida e o melhor que podia dizer é que terminava o mandato ou talvez amenizando que não é candidato no próximo round.

Qualquer um destes caminhos não lhe ficaria mal.

Agora depois do que veio a público e de culpar o seu assessor de confiança, o que lhe resta? Vir insinuar que o governo o escutava? Não encaixa.

 

Não é fascista quem quer


Com um olho n' Os Prós e os Contras da RTP e outro nas notícias dos canais especializados saltou do monitor da TV, há minutos, o Alberto João como uma assombração.

Bravejava  que ERA O QUE FALTAAAAVA que agora um partido COOOMUNIIISTA, o PCP ou o Bloco, que comunista é, pudessem fazeeeer coligaçõõõões de GOVEEERNO.

Uma coisa é certa. Não é fascista quem quer.  É necessário que haja condições. É preciso poder. E ele não pode. Mas esta figura grotesca é, por vezes, o que mais se aproxima do paradigma.

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2009-09-28

 

Deve & Haver (2)



A parte mais aborrecida para a direcção do PS, vai ser, exactamente, a do momento em que rejeitar a hipótese de alianças à esquerda. Voltará a ouvir-se, tal como Raimundo Narciso pré-anuncia no seu poste - Radicalismo, Arrogância e Cegueira, - que os partidos da esquerda radical (BE e PCP), se preparam para fazer exigências tais que qualquer entendimento será inviabilizado.

Além do mais, soletrando com dificuldade a palavra "negociação", quando se trata da esquerda, outro ouvido muito mais atento prestam a Francisco van Zeller (que veio hoje explicar o que o PS deve fazer em matéria de alianças), Mira Amaral, Leonor Beleza e Proença de Carvalho.

Qualquer aproximação, por ténue que fosse, do PS com os partidos à sua esquerda, levaria o patrão dos patrões e os políticos da "ponte Champalimaud", a uma severa reprimenda, temida e indesejada no Largo do Rato.

Às lágrimas de crocodilo e às penas com que lamentam a inviabilidade de um qualquer acordo à esquerda, sucedem-se os cantos celestiais com a "inevitabilidade" dos entendimentos ao "centro".

A inclinação do PS para um qualquer entendimento à esquerda é um filme que já se viu algumas vezes e que começou sempre, como está a recomeçar agora, por um falso casting.

Há, todavia, no poste (já referido) do meu amigo Raimundo Narciso, um outro elemento enternecedor que geralmente os socialistas evitam: o da crítica do capitalismo. Entre o "colapso" e a "revolução", os socialistas do PS costumavam (até à eclosão da última crise) adoptar as teses privatizadoras, cavalgando, a seu modo, a onda neo-liberal.

A lista das privatizações foi guardada à pressa, mas, felizmente, há registo do plano que chegaram a propor.

Agora, entalados pelas desgraças sociais para as quais deram uma contribuição inegável, não conseguem vislumbrar, entre o maximalismo nacionalisador e o minimalismo neoliberal, um sistema de regulação de inspiração socialista.

Transpirando erudição político-económica, interrogam: "E de que socialismo?"

Bom. Poderia ser mesmo daquele que, pela designação do próprio partido, continuam a arvorar na bandeira e nos boletins de voto.

Para começar, já não seria mau...

Ou estarão a pensar mudar de nome?


 

Resultados eleitorais de leitura difícil (3)

Por haver coincidências fortes entre a forma como leio os resultados da votação de ontem e as dificuldades que deles advêm para a governação do País, aqui deixo link para Dois sabores.

De qualquer modo, a vida não pára e estão aí as autárquicas, de que se conhece antecipadamente o partido vencedor.

Esse resultado antecipado nada fica a dever a MFL. Apenas Lisboa, a que não marcou presença na noite eleitoral, lhe pertencerá.

Se António Costa sair vencedor, MFL não tem a mínima chance de continuar em líder e politicamente pode ir a Belém entregar as chaves em definitivo.

 

Deve & Haver (1)

Olhando os resultados eleitorais de ontem pelo prisma das grandes deslocações, destacam-se, em 1º lugar, a daqueles que, tendo viabilizado a maioria absoluta anterior, deixaram de confiar no PS. O entusiasmo e a crença na direcção de um PS que se anunciava como uma espécie de nova esquerda (a esquerda moderada, contra o Código Laboral de Bagão Félix, contra as injustiças fiscais, contra a desprotecção social dos mais carenciados e contra a guerra do Iraque) esboroou-se. Os que deixaram de confiar o seu voto ao PS, perceberam melhor, ao longo da legislatura, a sua verdadeira agenda e o significado daquele tique linguístico do 1º Ministro: "Manter o rumo".
O Primeiro de JaneiroCorreio da ManhãJornal de Notícias
Manter o rumo é, entre outras coisas, levantar as bandeiras de esquerda na oposição e fazer uma política de direita no governo; prometer não aumentar os impostos e depois aumentá-los todos.

A 2ª grande delocação foi a do PSD. Invertendo a lógica que parecia elevar-se dos resultados das eleições para o Parlamento Europeu, o PSD não conseguiu convencer o seu povo de que o "voto útil" da direita deveria ser depositado na área laranja. São inumeráveis e inenarráveis as fragilidades de que deu mostras, principalmente ao hastear um discurso público de pureza, verdade e honestidade, a par de uma prática cheia de episódios nebulosos, ligações perigosas, e elogios comprometedores. Poder-se-ia, aliás, fazer do estudo desta campanha eleitoral, um manual de más práticas, a evitar a todo o custo.

O CDS, o BE, a CDU e a abstenção, em proporções variáveis, nutriram-se destas duas maiores deslocações.

Se admitirmos, para já, que todas as forças políticas em presença, mantêm as prioridades programáticas que anunciaram na campanha, vai ser muito estimulante assistir aos debates e negociações doravante imprescindíveis ao "normal funcionamento das instituições".

Os resultados eleitorais de ontem à noite não trouxeram novidades quanto à orientação geral das forças políticas representadas no parlamento, mas alteraram completamente o simplismo despótico que o PS usou até aqui.

Quanto mais não fosse, por isso, teria valido a pena votar ontem.


 

Resultados eleitorais de leitura dificil (2)

Finalmente o PS ganhou, com dificuldade, o que até aos inícios da pré-campanha (finais de Agosto/princípios de Setembro) parecia estar perdido e pode assim formar governo.

O Bloco da Esquerda é, sem dúvida, o vencedor destacado à esquerda, conquistando círculos eleitorais novos, muitos deputados e muita votação. No entanto, permito-me dizer ficou aquém das expectativas

E, para satisfazer todos os gostos, a CDU também ganhou um deputado.

Agora, a questão, no seu conjunto, é bem outra.

No seu conjunto, a esquerda teve um resultado péssimo, porque não reuniu as condições mínimas para se poder equacionar cenários de governação: PS+Bloco não dá, e menos PS+CDU. Seriam sempre difíceis as negociações, mas a três tornam-se impossíveis.

Já não bastavam as diferenças programáticas e pessoais a dois!!.

Que saída?

O País e a crise precisam de um esforço sobre-humano de entendimento sob que forma fôr.

Que se alargue o projecto de modernidade do País, que se estabeleçam condições de criação de emprego sustentável e de crescimento, onde a solidariedade e o compromisso social estejam sempre presentes.

Um projecto de crescimento implica uma aposta na ciência e tecnologia, no investimento público modernizador e no desafio energético na base de um programa articulado e ainda uma aposta num novo tipo de regulação económica, desde o estatuto à nomeação dos reguladores.




 

Resultados eleitorais de leitura dificil (1)

Estes resultados estão viciados pela distribuição do nº de deputados indevidamente atribuídos a certos círculos eleitorais. A situação da Madeira é típica onde há um deputado a mais do que seria correcto, mas não é caso único e, desta vez, justiça se faça, o erro não pode ser atribuído a Alberto João Jardim. Ele não pode ser culpado que a CNE e o MAI atribuam mais votantes que população residente à Madeira.

Pondo de lado este erro de base crasso, que efectivamente distorce os resultados finais dos partidos mas sobre o que nada há a fazer, penso no entanto que a direita no seu conjunto é a beneficiária desta situação anómala não corrigida no devido tempo.

Os resultados da eleição de ontem são de facto complexos em termos de governação futura do País.

Podemos dizer que apenas os dois partidos de direita tiveram resultados claros em termos operacionais: o PSD pela derrota (não faz governo) e o CDS por uma vitória significativa com a conquista do 3º lugar torna-se em certos casos mais importante no Parlamento que o próprio PSD.

Esta situação pode a prazo "revolucionar" a matriz da direita até agora dominante porque indicia que estão mudanças profundas em curso que poderão levar a uma recomposição da direita, onde o CDS venha a dispôr de um peso político de outra dimensão.

Sobre os restantes partidos darei a minha leitura num outro comentário.

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Radicalismo, arrogância e... cegueira

Com os votos contados e os resultados conhecidos a intervenção de Louçã quanto a eventual política de alianças à esquerda só tem uma leitura ou é ele o primeiro-ministro (ou quem diz o quê e como) ou então tudo fará para inviabilizar um Governo de legislatura do PS. Até que surja uma alternativa... do PSD,  claro.
Além de que uma concertação política à esquerda que mais não fosse por razões aritméticas decorrentes do nº de deputados, implica acordos com Jerónimo de Sousa.
Em matéria de política de alianças a clarividência do BE pede meças à do PCP. Ou Louçã (o economista ou o esquerdista?) acredita que a grande crise mundial que atravessamos é o colapso do capitalismo? Ou não percebeu que a grande crise não tem Sujeito que a faça parir uma revolução? E que revolução?

2009-09-27

 

A mensagem do PR


« .....
Em todo este processo, todos temos de assumir as nossas responsabilidades.

«Pela minha parte, mantive escrupulosamente e com o maior rigor o compromisso de total isenção e imparcialidade em face dos diversos partidos.
Ao Presidente da República não compete interferir na vida político-partidária ou condicionar a livre escolha dos eleitores.
«Do primeiro ao último dia do meu mandato serei sempre Presidente de todos os Portugueses.
... »

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O treinador, o árbitro e o Sporting

Começo pelo último. O Sporting não existe. Não se vê. Do Sporting aparece lá de vez em quando um antigo grande jogador (que só o era também de vez em quando) não se sabe bem a fazer o quê.

O treinador Paulo Bento é o grande dono no bom e no pior. Quase sempre no pior. Não sei se o Sporting não deveria mudar de registo e passar a chamar-se Paulo Bento Club de Portugal.

Ontem quem perdeu o jogo não foi o Sporting. Foi Paulo Bento. Aquela equipa de base não entra na cabeça de ninguém: Polga e Grimi? Polga há muito que se arrasta e Grimi que nunca mostrou saber jogar e ainda por cima após uma paragem longa sem ritmo!. É evidente que Hulk fez dos dois "gato-sapato" e sobrou-lhe tempo.

Mas Paulo Bento como Secretário Geral ou Presidente de Partido garante lugar sempre a uns quantos.

Daí que Duarte Gomes fez bem em mandar Polga descansar já que Bento estava a esquecer -se do seu grande disparate de o incluir na equipa. Duarte Gomes fez justiça a Tonel que demonstrou ter lugar ao lado de Carriço.

Paulo Bento depois cometeu aqueles exageros finais, infringindo tudo o que as leis e a civilidade mandam e deve ser castigado, até porque já não é a primeira vez. Tem de repensar a sua vidinha, se quiser continuar a pisar os campos de futebol. Que tal ir frequentar um curso de boas maneiras?!

Duarte Gomes foi "empurrado" para este jogo. Sabe-se lá porquê.

Que se tratou de uma provocação ao Sporting, parece não haver dúvidas. Mas como o Sporting não tem direcção que fale e actue é porque gosta de ser gozado.

Na realidade estava à espera de pior. Duarte Gomes só pecou por não ter expulsado na primeira parte Raul Meireles a quem não mostrou o 2º amarelo e fiquei na dúvida se a falta que deu o golo do Porto terá sido mesmo falta. Assim justificaria a expulsão de Veloso.

Sem a prepotência de Paulo Bento que protege certos jogadores e embirra com outros, certamente o resultado poderia ser um empate, até porque o Jesualdo Ferreira ainda precisa de arrumar melhor as coisas.

Parabéns ao Benfica e ao Braga.

 

Bem observado

‘O PSD parece um Conselho de Ministros dos anos 80.’


(António Costa, no comício de encerramento da campanha do PS)

2009-09-26

 

Belenzada dos pequeninos

Claro que o PSD ao ver a conspirata das "escutas" exposta à execração pública perdeu a serenidade e passou a acusar Cavaco Silva de assim, ao demitir Fernando Lima, estar a ajudar... o PS!

O problema é que não é possível fingir que nada aconteceu e veremos como será gerida esta belenzada dos pequeninos.
 

«A deontologia e as suas "fontes"»

O Director do Diário de Notícias, João Marcelino, ((2009-09-26) argumenta, explica-se e acusa. É o "caso das escutas" ao PR que fontes da presidência da República atribuiam (ou atribuem) ao Governo.
_____
“A obrigação de guardar sigilo é sempre uma relação “daquele” jornalista com a “fonte”. Essa obrigação não se estende a terceiros, mesmo que igualmente jornalistas”
_____
«Durante uma semana, como prometi aos leitores do Diário de Notícias, não me pronunciei sobre nenhuma das questões laterais à polémica das escutas. Não quis, apesar dos inúmeros reptos, contribuir para desfocar a questão de fundo com discussões sobre o umbigo da corporação jornalística.
Hoje, tendo a notícia central feito o seu caminho e sido adoptada por todas as pessoas que não são fanatizadas pela argumentação partidária, creio que chegou o tempo para participar de forma construtiva numa reflexão que os jornalistas devem fazer a propósito deste caso. E vou fazê-lo sem responder aos insultos de que tanto eu como a Direcção do DN e os jornalistas que assinaram a notícia fomos alvo só porque entendemos dever lealdade aos leitores e não à protecção de um ou outro elemento da classe.


1 Uma notícia é uma notícia. A obrigação primeira de um jornal é cumprir o dever de divulgar todos os factos relevantes que cheguem ao seu conhecimento. Chama-se a isto o dever de informação. Não podia, pois, o DN deixar de divulgar um facto relevantíssimo: era Fernando Lima, o principal assessor de comunicação de Cavaco Silva, quem alegando agir em nome do PR, abordara o jornal Público para que este publicasse a história das alegadas escutas/espionagem sobre Belém que o PR estaria (ou ainda estará, não se sabe) convencido existirem por parte de alguém do gabinete do primeiro-ministro.
O DN publicou a história quando dela teve conhecimento e logo que conseguiu comprovar a autenticidade do e-mail. Não esperou um minuto. Fez exactamente o mesmo uns meses antes com a divulgação de outro documento relevante: a carta rogatória da justiça inglesa sobre o caso Freeport, com referências explícitas ao primeiro-ministro, José Sócrates. Então como agora, no momento em que conhecemos a história, e confirmámos a sua autenticidade, levámo-la aos leitores. Factos são factos. E o DN foi o único jornal a avançar com a notícia do documento nesse dia (todos os outros fizeram-no 24 horas depois), o que muito agradou na altura ao PSD e desagradou ao PS.
Relembro esse outro caso ... (O texto completo
aqui no DN  ou [aqui]). 

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2009-09-25

 

A democracia desprezada


É o artigo de opinião de Fernanda Câncio, hoje no DN.
«Factos: a 18 de Agosto, o Público lançou em manchete uma "notícia" sobre a "suspeita" de que a Presidência estaria ser vigiada/escutada pelo Governo. A "notícia", toda baseada nas afirmações de uma fonte anónima "da Casa Civil", nada apresentava como evidência das "vigilâncias" e não continha sequer contraditório - nomeadamente o dos "acusados", PS e Governo - prosseguindo no dia seguinte com a descrição de como um adjunto do PM teria, na viagem presidencial à Madeira em 2008, "espiado" o pessoal da presidência sentando-se em mesas "para onde não tinha sido convidado" e crimes da mesma estirpe.

«As duas "notícias" do Público foram reproduzidas em todos os media sem desconstrução (no peculiar mecanismo de câmara de eco do sistema mediático), sob o silêncio esmagador da Presidência. A 9 deste mês, durante a entrevista "íntima" que deu à SIC, Louçã acusou Fernando Lima, assessor de Cavaco para a comunicação, de ser a fonte das "notícias". A SIC ignorou, no noticiário, a existência de tais declarações e todos os media, à excepção do DN, que pegou no assunto dois dias depois, fizeram o mesmo. A 13 de Setembro, porém, surgia a primeira coluna do Provedor do Leitor do Público sobre o assunto. Nesta, Joaquim Vieira afirmava ter investigado o caso e concluía não só pela inexistência de contraditório e consubstanciação nas "notícias" como revelava que estas tinham surgido a partir de uma única fonte em Belém, através de um contacto mais de um ano antes; que a única investigação efectuada no caso, pelo correspondente na Madeira Tolentino de Nóbrega e que infirmava a tese das vigilâncias, tinha sido ignorada; que apesar de a "denúncia" ter mais de um ano, o único "espião" citado, o tal adjunto do PM, não tinha sido ouvido pelo jornal. Vieira anunciava voltar ao assunto na semana seguinte, mas o que dizia era já muitíssimo grave: "Salvo melhor prova, tudo não passa de um indício, sim, mas de paranóia, oriunda do Palácio de Belém. Só que tal manifestação é em si já notícia, porque revela a intenção deliberada de alguém próximo do PR de minar a relação institucional (ou a "cooperação estratégica") com o governo."

«Apesar da gravidade inusitada destas acusações, voltou a reinar nos media o silêncio sobre a matéria. Até sexta-feira passada, quando o DN publicou a evidência daquilo que Vieira denunciara, com o nome da fonte: Fernando Lima. Só perante essa prova inquestionável se espalhou a coragem para dizer o óbvio: que é inaceitável um jornal fazer o que o Público fez e que ainda o é mais que o Presidente da República o tenha permitido. Como se existisse um temor reverencial por tudo o que emana ou parece emanar da Presidência, um temor que impede de dizer o que está a nu. E um temor não menos brutal de ser suspeito de "defender" o Governo. Ora isto não é asfixia, é anóxia, e não é pequena ou média, é enorme e nada tem de democrática. Que haja quem, perante isto, tenha a suprema desvergonha de querer virar o bico ao prego e acusar as vítimas e os que denunciaram a tramóia é apenas, infelizmente, expectável. Sabemos o que sucedeu, sabemos quem despreza a democracia. Saibamos desprezá-los na exacta medida do seu desprezo por nós.»

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Uma opinião negra sobre o Público

Francamente espero que com a saída do seu actual director, José Manuel Fernandes, o Público tenha um futuro bem diferente daquele que Leonel Moura retrata hoje no Jornal de Negócios.

Agora que o Público sobretudo desde a guerra do Iraque começou a ser destruído como afirma Leonel Moura é um facto . Relevo um parágrafo do seu texto. Como se destrói um jornal

"O "Público" foi destruído porque deixou de ser um jornal sério, bem feito e independente, para se tornar na principal arma da agenda política e partidária de alguma direita e muito ódio pessoal à mistura. A mais recente peripécia da notícia encomendada desde Belém é tão-só o corolário de práticas que infelizmente se tornaram rotineiras neste jornal. Neste caso com um ricochete perverso. De tanto querer atacar Sócrates, o "Público" acabou por atingir Cavaco Silva".

 

Antologia dos inefáveis (2)


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Reparem: Luis Figo toma o almoço com o 1º Ministro em exercício; deseja-lhe boa sorte; diz não estar disponível, para já, para qualquer pasta na área do desporto e... apela ao voto dos portugueses de acordo com a opção de cada um.

O título da notícia: Figo em Lisboa para apoiar José Sócrates, deixa subentender outra coisa.

Quem terá fabricado esta?

O Diário Económico, por exemplo, enfatiza também o apoio de Figo a Sócrates. O título da notícia, tudo ponderado, deveria ter sido: Figo apoia Sócrates mas não apela ao voto no PS.

Mas isso já seria complicado demais para os padrões de jornalismo que o PS tanto preza...

 

Le G-vingt ou le G-vain?

Em francês tem mesmo piada o título, que não é meu.

Estou apenas a copiar a ideia de Jacques Attali, um economista francês de renome e que, brevemente ,estará em Portugal para discutir a crise financeira e as saídas para ela.

Antes da conferência do G20 de Pittsburgh que hoje termina, Attali que é muito crítico do desempenho desta "instituição" informal num seu artigo publicado no Le Monde dizia que: "como em Londres (reunião anterior do G20) serão tomadas decisões, que não serão aplicadas, sobre os fundos próprios dos bancos e sobre a regulação financeira. E, como em Londres, nada será decidido quanto às ameaças de amanhã: a fragilidade dos bancos, o retorno das actividades especulativas, a ausência de controlo dos actores financeiros não bancários como os fundos de investimento e as companhias de seguro".

As notícias que aparecem hoje na comunicação social vêm dar plena razão a Attali, pois se até as "remunerações excessivas" aos gestores da banca, os ditos bónus, foram desagendadas!

 

Antologia dos inefáveis (1)



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Cavaco Silva na entrega dos Prémios Gazeta 2008.

Se o 1º Ministro pode passar, de Animal Feroz, a Português Suave,
porque é que o Presidente da República não haveria de poder passar, de Cara de Pau, a Cara de Pau com Piada?

 

D. José Policarpo com algum humor

D. José Policarpo considerou, ao falar para a comunicação social, que o anúncio público de Belém da vinda do Papa em 2010 no 13 de Maio constituiu um alívio para a Igreja portuguesa porque esta estava obrigada ao sigilo, pelo menos até à data das eleições legislativas.

No entanto, foi dizendo que era "mais simpático" que tal novidade tivesse sido anunciada em data combinada entre a Igreja e o Presidente Cavaco Silva.

Não sabemos as intenções de Cavaco Silva nesta antecipação. Certamente dar algum relevo a Belém (no meio do nevoeiro existente) da aceitação do convite pelo Papa.

Mas não será que, em termos de diplomacia política, teria feito melhor trabalho, se tivesse repartido com a Igreja portuguesa esta declaração?

Teria pelo menos evitado o humor simpático de D. José Policarpo

2009-09-24

 

Desabafos e manifestos (8)



No meio da algaraviada que para aí vai acerca do que veio a tornar-se no assunto dominante da campanha eleitoral, há, apesar dos silêncios e das meias-palavras, duas ou três coisas que se dizem com uma desfaçatez tão espantosa que vale a pena coleccioná-las:

1) A divulgação de um email arrancado ilegalmente ao PÚBLICO, pelo DN, é de um jornalismo mais virtuoso que o da plantação a que o PÚBLICO se prestou. Se, nem eu, nem o leitor, formos do PS ou do PSD, como é que olhamos para a coisa? Como um ínvio lance de Belém, a que falta acrescentar algo para compreender a totalidade. Porém, para efeitos propagandísticos, logo se apressaram os animados prosélitos do costume a emitir juízos de valor e a lavrar processos de intenção. O apressamento eleitoralista impede-os de reconhecer que falta saber algo mais para podermos compreender o todo.

2) Os responsáveis pelos serviços de informação, instados por não sei quem, declararam isto e aquilo. Bom. Aqui, o leitor descontraído, não poderá deixar de sorrir. Desde quando, as "secretas", hierarquicamente dependentes e cujo negócio é gerir o fluxo de informação e contra-informação, poderiam contribuir, deste modo, para o debate democrático? Um "sim" ou um "não", vindo dessas paragens, é para ser tomado pelo seu valor facial? Parece que há quem julgue que sim...

3) O vilão Cavaco e o anjo Sócrates, (ou vice-versa) tomam-se de razões. "Impeachement", clamam uns, tentando ofuscar a constitucionalidade portuguesa com sonoridades anglo-saxónicas. "Opróbrio", soltam outros, indignados com as escapadelas de Fernando Lima na sombra de Cavaco. Esta gritaria de gentes despeitadas parece querer apagar a memória de que há, houve e, provavelmente, ainda haverá mais plantações quer dum lado, quer do outro. Sócrates teve um péssimo desempenho com a comunicação social; Cavaco nunca soube lidar com ela. Porquê, então, esta crispação contra Cavaco em palonço contraste com a inocentação de Sócrates?

Será Sócrates melhor do que Cavaco na longa lista de atropelos, condicionamentos e pressões sobre a comunicação social?

Sem paixão, sem sectarismo, sem os imperativos da agit-prop, estaríamos todos à espera da informação que falta.

Assim, há quem prefira as jogadas de antecipação.

Depois de dia 27, logo se vê...

 

Que água tão pura e cristalina

Um amigo meu acaba de me enviar esta preciosidade que não resisto a partilhar com outros amigos, porque adiciona algum néctar a estes últimos dias de grande rebuliço nas entranhas do Público.

Clicar e ler. É um bom trio: http://aeiou.visao.pt/autarquicas-lobo-xavier-pacheco-pereira-e-jose-manuel-fernandes-juntos-em-iniciativa-do-psd=f530336



 

O que se espera da Cimeira do G-20 de Pittsburgh?

Pela terceira vez depois do início da crise financeira mundial, o G-20 vai reunir-se hoje e amanhã ao nível dos chefes de Estado em Pittsburgh (EUA).

É dificil antecipar resultados. Já não é difícil saber os temas que vão estar sobre a mesa.

Certamente três grandes questões serão objecto de debate: a estratégia comum para a saída da crise; a reforma das instituições internacionais; o papel dos países emergentes nestas instituições, até onde irá o seu reforço de poder?

No coração dos debates estará a regulação financeira como um dos meios para a saída da crise, designadamente nos aspectos das normas contabilísticas e das remunerações dos gestores e ainda como instrumento de evitar a próxima crise.

A União Europeia que insistirá na regulação financeira procura apresentar-se na Cimeira com algum trabalho de casa e então leva "um plano" de alerta, um esboço de um sistema europeu de alerta para a detecção de riscos futuros no sistema financeiro.

Este plano prevê dois novos mecanismos supranacionais a arrancar em 2010: um comité europeu de risco sistémico e uma rede de supervisores nacionais e de três autoridades de supervisão para: banca, mercado de capitais e seguros e fundos de pensões.

Quanto a esta ideia/plano comunitário, tenho dúvidas primeiro da sua aprovação e segundo da sua exequibilidade concertada entre os países membros, dadas as diferenças substanciais de leitura e aplicação do conceito de regulação entre países membros, designadamente Alemanha/França/ Reino Unido/Espanha, etc..

2009-09-23

 

Afinal quem pediu a suspensão da nota do JUIZ Rui Teixeira?

Divulgou-se e muito nos meios de comunicação social que os elementos indicados pelo PS para o CSM tinham pedido a suspensão da nota do Juiz Rui Teixeira.

O Diário Económico de hoje vem desmentir esta notícia ao escrever: Juiz nomeado por Cavaco pediu suspensão da nota de Rui Teixeira

Não me vou imiscuir em assuntos que não domino, ou seja, se Laborinho Lúcio tem ou não argumentos válidos para isso. Mas, de certeza, não terá agido para fazer um jeitinho ao PS.

"Jeitinhos" andavam a fazer aqueles que semearam de forma não sustentada esta falsa notícia, tanto mais em período eleitoral.

 

Desabafos e manifestos (7)





A campanha eleitoral acabou. Vai ficar tudo suspenso das explicações que Cavaco Silva tem (ou não) para dar. Já que falou tão lestamente a propósito do Estatuto dos Açores e da perda de poderes presidenciais que o novo articulado acarretava, mais facilmente falaria, agora, acerca do que muitos supõem ser uma urdidura montada pelo Governo do PS.
Há, no entanto, uma questão central de poder a que um putativo estadista não pode deixar de responder: como é que, na óptica dos grandes interesses em concubinato com o Estado, melhor se estabiliza este ambiente de conflitualidade que promete prolongar-se nos tempos mais próximos?


Com a continuidade do PS ou com o regresso do PSD?


Basta estar mediamente atento para registar, entre discursos herméticos e movimentações de empresários, que a direita está dividida a este respeito.
E é isso que uma parte da direita política não perdoa a Cavaco Silva. Este seu novo tabu pode vir favorecer a continuidade de uma governação formalmente socialista, excepcionalmente compreensiva em relação ao patronato (mais trabalho e menos emprego), à Banca e ao sector energético, mas prejudicando os militantes do PSD que continuam, assim, afastados dos centros de distribuição de "novas oportunidades".


Na hora que passa, apesar da agitação de uma parte do PSD e do CDS, há um sector vasto do empresariado que aprendeu com a experiência dos últimos anos. O PS (e a sua esquerda espantosamente moderada), contribui mais para a estabilidade quando está no poder. Na oposição, toma-se de brios históricos, luta contra o Código de Trabalho, defende o SNS, bate-se pelos direitos das pessoas...


Uma chatice!


Entre o regresso revanchista e sôfrego de um PSD desnorteado, e a continuidade de um PS com provas dadas nos últimos quatro anos, os corações balançam. É uma espécie de neoromantismo da direita (moderada e democrática) que sente os seus lucros acima de todas as ideias.
É por isso que Luis Filipe Menezes enche os pulmões e grita, de Gaia para Lisboa, queixando-se que o Presidente deu uma ajudinha desnecessária ao PS, despedindo Fernando Lima em silêncio e sem justa causa.


É a esta questão que o Professor Cavaco Silva responderá (indirectamente, é claro), quando, antes de sábado ou durante o período de reflexão, se dirigir ao país.


Tem muita prática de se fazer rogado.


Nem vai ser necessário ouvi-lo. Bastará ler-lhe nos lábios aquele jeito que tem para os adiamentos promissores.


 

As escutas lusas no país vizinho

Un escándalo debilita a la candidata conservadora lusa.


Com este título El País não esteve com meias medidas. Mas se a candidata conservadora Manuela Ferreira Leite está debilitada não me parece que seja pelo comportamento de Belém, que de facto se saiu mal na foto de família.

Ferreira Leite está debilitada pelas ausência de propostas políticas, claras, diferenciadoras e fundamentadas e pelas gafes e contradições que continua a cometer ou a cair com muita frequência.

Ainda, ontem, em Braga, Ferreira Leite afirmou que a crise económica é um mito.

Não quero crer que MFL quisesse dizer isso. Ela sabe tão bem como todos nós que a crise não é um mito. Aliás, como técnica das Finanças, ex-Ministra das Finanças e Administradora do Santander sabe bem tudo isso. Por conseguinte, nunca poderia ter dito que: "ele (entenda-se José Sócrates) atribui tudo a uma figura mítica que se chama crise". Nunca.

Mas disse-o apenas numa postura decompleto ataque a José Sócrates, para o culpar de tudo. Para contradizer uma realidade, a de que antes da crise o país estava a recuperar economicamente, em vários domínios estava a progredir e até a marcar pontos no contexto global. Ou será que estamos mal em tudo, nem as energias renováveis se safam!

José Sócrates e o seu governo tem muito por onde atacar, mesmo numa perspectiva de direita como a de MFL. Podia fazê-lo. Mas não, perde-se cegamente cometendo as gafes tãoprimárias como esta.


 

Manuel Alegre, a campanha e um governo de esquerda

Manuel Alegre participou na campanha eleitoral do PS em Coimbra, distrito/Cidade porque que sente muita afeição. Participou ao lado de José Sócrates e da Ministra da Saúde, aliás candidata por Coimbra, na defesa das suas ideias.

Dessa sua participação e de outros temas mais como a "intentona" de Belém fala hoje na entrevista dada ao DN: "Às vezes governa-se melhor sem uma maioria absoluta"...

 

Desabafos e manifestos (6)


Os dirigentes do PS devem estar convencidos de que fazer pressão sobre Cavaco Silva, na recta final da campanha, os pode favorecer eleitoralmente. Daí esta vozearia com que pretendem compelir o PR a vir a público "dar explicações". Não me parece inteligente. Por um lado, porque a história é difícil de perceber (o que conhecemos tem a ver com um jornal que apoiou entusiasticamente a guerra do Iraque, conversas entre jornalistas e assessores da Casa Civil do Presidente, diz-se-diz-se, falação).

Por outro lado, porque Cavaco Silva, a conselho de Pacheco Pereira, sempre poderia vir contar uma história de serviços de informação governamentalizados e de tentativas várias, umas conhecidas, outras ocultas, de lhe diminuirem os poderes, de o isolarem e lhe quererem tolher os movimentos, condicionando-o.

Nesse caso, se lhe desse para dizer isso (bastaria isso!) numa conferência de imprensa entre 5ª e 6ª feira, as coisas poderiam mudar.

Porém, ao contrário do que o meu colega de blogue, Raimundo Narciso, simplificadamente sustenta, este silêncio de Cavaco é, em muito, semelhante, ao mutismo de há quatro anos.

Das duas, uma: ou fala, e faz baixar a votação do PS, ou não fala, e faz baixar a votação do PSD.

José Pacheco Pereira e Manuela Ferreira Leite já perceberam isso.

O PS e alguns dos meus colegas de blogue, ainda não.

 

«Confundir Manuel Germano com género humano»!


O meu colega de blog Manuel Correia - cuja galhardia na defesa das suas ideias daqui saúdo - reprovou, aqui abaixo, no seu post Desabafos e Manifestos (5), a suposta incoerência do PS que em Fevereiro de 2005, na campanha para as eleições legislativas, não se incomodou com a posição de Cavaco Silva e agora no BelémGate todo se eriça, quando - argumenta Manuel Correia -  afinal  Cavaco «agiu de modo semelhante », na «forma oblíqua de tratar com a imprensa; o envolvimento do mesmo jornal PÚBLICO dirigido pelo mesmo José Manuel Fernandes; o mesmo distanciamento majestático; o mesmo Fernando Lima a explicar nos bastidores aquilo que ao candidato presidencial não convinha dizer em público.»

Explica o meu amigo Manuel Correia que à "má moeda" de 2005, em que Cavaco se recusou a declarar apoio a Santana Lopes na campanha para as eleições legislativas favorecendo (por omissão) José Sócrates, o PS aos costumes disse nada e que agora Cavaco com os mesmos tiques, como não lhe convém, ai ai ai, ai ai ai,  que vem a baixo o Carmo e a Trindade.

Então pode-se lá comparar a intervenção legítima de um Sr. Silva, cidadão de Boliqueime, de dizer ou não dizer em 2005 quem apoia ou não apoia,  com uma conspiração (até ao momento sustentada em factos não desmentidos) do Presidente da República contra o Governo, para favorecer às escondidas a candidata do seu partido. É comparar desavenças entre irmãos de partido e cidadãos comuns, coisa feia mas legítima e banal com uma conspiração do Chefe do Estado contra o Chefe do Governo. Uma conspiração que ainda que risível e mal enjorcada ameaça destruir uma campanha eleitoral, ameaça "asfixiar a democracia" e faz em fanicos o prestígio da figura do Presidente da República!
Claro que o PS deita foguetes e o PSD aparamenta-se de defunto porque a conspiração trapalhona acabou exposta ao escárnio do Zé Povinho. O PR só de Cavaco Silva se poderá queixar.

Oh Manel Oh Manuel Saiba Vª Exª Senhor Dr. Manuel Correia que ou eu não estou a ver bem ou tu V.Exª estás a «confundir Manuel Germano com género humano
_________
Nota: o "Oh Manel", trato familiar, entre amigos, mas que, tratando-se de uma relação que o "grande público" pode ignorar, corrigi-o para a forma correcta de tratamento, depois de verificar na caixa de comentários o que o atingido,  muito avisadamente, observou. 
Nota 2: Corrigi mal. Agora sim, está como deve ser :))

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2009-09-22

 

A "política de verdade" de Manuela Ferreira Leite

Um exemplo prático da política de verdade tão apregoada pelo PSD e a sua líder pode ser analisada por este post do valor ds ideias de Carlos Santos PSD apanhado a mentir sobre dados económicos: Política de Quê???
 

Pacheco Pereira na chantagem política

Pacheco Pereira, contrariando a sua líder, vem dizer que afinal a intervenção de Cavaco Silva ao demitir Fernando Lima veio influenciar negativamente a campanha eleitoral com prejuízos para o PSD.

Ferreira Leite, pelo contrário, não comenta Cavaco Silva e diz que nada a demove a abandonar a sua "política de verdade", entrando em contradição a toda a hora. Basta ouvi-la falar para ver como se sai mal. Ao insinuar, por exemplo, que o director do Público estaria sob escuta, o que logo se provou ser uma completa mentira.

Cavaco Silva lá sabe porque demitiu o seu assessor de longa data e de uma forma como já aqui escrevi pouco elegante. Mas Cavaco lá sabe também porque não fala. Temos atingido alguns dos contornos e pensamos que Cavaco estará com dificuldades de se desenvencilhar deste incómodo .A Presidência fabricou umas escutas a Belém para beneficiar o PSD e o baralho de cartas desmoronou-se e as escutas ficaram desfeitas.

Pacheco desesperadamente tenta atribuir um ataque do PS a Cavaco, quando a esquerda se revela toda muito cuidadosa. Tem-se limitado apenas a assinalar as contradições de todo este processo.

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Desabafos e manifestos (5)


Cortesia de Karikamania

O Professor Cavaco Silva, Presidente da República, contra o qual o PS investe agora, explorando um aparente sucesso (a demissão de Fernando Lima), agiu de modo semelhante na véspera das legislativas anteriores, tal como, no momento próprio, aqui assinalei.

A mesma forma oblíqua de tratar com a imprensa; o envolvimento do mesmo jornal PÚBLICO dirigido pelo mesmo José Manuel Fernandes; o mesmo distanciamento majestático; o mesmo Fernando Lima a explicar nos bastidores aquilo que ao candidato presidencial não convinha dizer em público.

Nessa altura, do lado do PS, os amantes do rigor, da clareza e da frontalidade, devem ter achado que a maioria absoluta valia mais do que a demarcação relativamente ao enviezamento das mensagens que davam a entender que, de Cavaco a Freitas do Amaral, a "boa direita" apoiava José Sócrates e apostava numa maioria robusta para o PS.

Essa ambiguidade ficou a pairar até hoje.

Os resultados eleitorais mostraram que o PS não saiu desfavorecido, e que o PSD, pelo contrário, sim, ficou num frangalho.

Agora Cavaco usa precisamente o mesmo método. Mexe na Casa Civil mas diz que só falará depois das eleições.

Porém, para o PS, aquilo com que pôde alegremente conviver e pactuar há quatro anos (ambiguidades, enviezamentos e silêncios profundos e majestáticos), não lhe dá jeito agora.

Põe, em Coimbra, Manuel Alegre a condescender com a "esquerda possível" (o que não pode deixar de recordar o "socialismo possível" do modelo soviético...) e manda António Vitorino avançar com a exigência de explicações públicas sobre o sucedido.

A menos de uma semana do sufrágio é apertado. Não é?

Cavaco Silva já não apoia o PS. É certo. Mas mantém a pesporrência majestática de há quatro anos.

Com qual dos Cavacos é que o PS quererá ficar?

 

Interessantes coincidências ou talvez não...

A propósito das tensões entre Belém e São Bento leia este poste do Blogue Câmara de Comuns: Coincidências?
 

Manuela Ferreira Leite devia pedir desculpa ao País

Manuela Ferreira Leite arvorou-se em apóstolo único da "política de verdade". Ao ter ido a reboque e explorado, em termos de campanha eleitoral, o caso das escutas fabricado em Belém, ao ter alinhado nas mirabolantes ideias de José Manuel Fernandes, como aquela do SIS ter capturado documentação no interior do Público, tudo no sentido de demonstrar a sua "tese" de que o País vivia um clima de medo e "asfixia democrática" da responsabilidade do governo, quando tudo se desmorona, se tivesse o mínimo de honestidade política, deveria pedir desculpa ao País.

É muito grave que, desfeito todo este golpe, a líder do maior partido da oposição ao governo nada diga, tanto mais que não é líquido, conhecidas as ligações existentes entre Fernando Lima e o assessor de imprensa de Ferreira Leite e ao fim e ao cabo entre os dois e JMF, que certa entourage de Ferreira Leite não estivesse a par do que se estava a passar e a aconselhasse a explorar esse caminho.

Esta triangulação, PSD/Público/Belém, tornou-se deveras temerária.


 

Desmontado o golpe de Belém?

Demitir Fernando Lima é um acto no mínimo deselegante por parte de Cavaco Silva. Um acto de puro nervosismo político, na tentativa de lavar daí as suas mãos.

Nos dias de hoje haveria outras formas recomendadas. Uma mais elegante seria o próprio pôr o cargo à disposição. Muitos anos de trabalho em conjunto com pontapé nas costa é duro, mesmo tendo havido um entendimento pessoal. Tudo isto assemelha-se mais a um acto de desespero.

Mas, o mais grave a crer nas afirmações de Maria João Avilez, ontem, julgo que na SIC, houve pelo menos mais uma fonte de Belém a dar informações ao Público. Será por acaso essa outra fonte o substituto de Fernando Lima? É de admitir tudo em cenário de golpe.

Será que as demissões em Belém são para continuar? E até onde?

Os líderes e os partidos políticos estão a reagir de forma moderada a toda esta encenação. Apenas Louçã e Jerónimo de Sousa foram um pouco mais longe e bem na reacção à demissão de Fernando Lima, pondo em relevo as contradições do Presidente no percurso deste golpe e reafirmando que está tudo por clarificar. O PS foi mais prudente e a direita considera tudo clarificado.

Partidos e líderes façam o jogo político que consideram mais conveniente.

Um cidadão como eu entende que Belém tentou condicionar a liberdade de voto das próximas eleições.

Afinal, a Presidência alinha com Ferreira Leite. O melhor seria suspender por seis meses a democracia e pôr em S. Bento um governo do agrado de Belém.

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A inevitável perda de credibilidade de Cavaco Silva


A única explicação plausível para a origem da conspiração das  “escutas” alegadamente feitas pelo Governo ao Presidente da República é a de que ela está em Cavaco Silva.
O sacrifício - hoje consumado para controlo de danos - do seu dedicado acessor de imprensa, Fernando Lima, procura mostrar o contrário mas... demasiado tarde.
Não vejo, infelizmente, outro entendimento possível dos factos tendo em conta as nunca desmentidas informações trazidas a público pelo Provedor do Público, Joaquim Vieira e pelo DN (que teve o mérito de lhe dar o realce merecido). Particularmente tendo em conta o comportamento e afirmações públicas do PR que a si próprio atribuiu o papel de figurante nesta peça de boulevard ao insinuar que as “escutas” existiam com aquele pueril aviso de que «depois das eleições se ia informar melhor sobre as questões de segurança» como se tal ignorância e passividade fosse compatível com a sua magistratura e não deixasse a descoberto a tentativa de dar suporte à fantasiosa campanha do PSD e de Manuela Ferreira Leite da “asfixia democrática”.

Se novos e improváveis factos não desmentirem tudo o que se sabe, não reconhecer que o PR se envolveu numa inaceitável e trapalhona conspiração que compromete irremediavelmente a sua credibilidade, é uma ofensa à razão. Mas admitir as inevitáveis consequências da realidade – o envolvimento directo e encoberto (ver a propósito Correia Pinto no Politeia) do PR nisto – levaria a um cenário de renúncia do Chefe do Estado ou pelo menos da sua inaceitável humilhação. Por isso, António Vitorino, no seu programa das segundas feiras - há duas horas atrás - acuado por Judite de Sousa: “mas diga lá, diga, diga, então não foi o Presidente que deu ordens a Fernando Lima, diga lá o Presidente não sabia tudo? por isso Vitorino achou que devia dizer que o presidente não estava a par da conspiração que tolda ameaçadora o palácio. Pelo menos por ora, o PS deixa aberta uma janelinha por onde Cavaco Silva possa sair do "esconso da casa de banho" em que se meteu.
Se a bomba atómica não aterra em Belém, como é provável, tendo em conta o país de brandos costumes que somos, também me parece que Cavaco Silva ficou de tal modo desmascarado que dificilmente recuperará a boa imagem de que gozava perante o "bom povo" e o cargo exige. Santana Lopes pode agora rir-se da "má moeda" com que Cavaco o mimoseou quando chegou a 1ºM e que agora é moeda corrente em Belém.
[Fiz pequenas correcções de estilo. Se estilo possa haver... em 2009-09-22]

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2009-09-21

 

É Pena que José Manuel Fernandes já tenha substituto

... Porque face aos acontecimentos de hoje, teria um substituto da casa à altura.
 

O nervosismo entrou em Belém

O nervosismo nunca é bom conselheiro. E, pelo menos, já fez uma vítima. Fernando Lima afastado de assessor do PR com o fim de minorar os estragos demolidores que o conhecimento público da conspiração anti -governo estava a desencadear.

Mas Cavaco Silva com esta sua decisão, em minha opinião, afundou-se ainda mais. De pessoa equidistante dos partidos, como tentava passar a imagem, a sua credibilidade como pessoa e como Presidente desfez-se como um baralho de cartas.

Esta demissão não desmente que, a partir da Presidência da República, se tramou uma conspiração contra o Governo de José Sócrates, agravada ainda por ser despoletada com fins eleitorais, exactamente na tentativa de beneficiar o PSD e a candidata Ferreira Leite.

Cavaco Silva dificilmente pode demonstrar que um seu assessor de longa data e da confiança pessoal máxima tenha agido, tenha encomendado este acto ao Público sem a sua anuência. Este acto do Presidente não resolve . Apenas uma assunção pública dos erros é a resposta adequada.

2009-09-20

 

Sob escrutínio


Sugeriram-me que se colocasse por baixo de cada foto o qualificativo adequado: o Bom, o Mau e o Vilão.
Contrariado aceitei. Mas deixo ao leitor a arrumação.

O João Abel já aqui em baixo comentou e reproduziu extractos da 2ª parte do trabalho de Joaquim Vieira (Público de 2009-09-20) Provedor do leitor do Público.
Joaquim Vieira fez a sua obrigação e por isso dar-lhe os parabéns poderia talvez parecer excessivo mas não é. Na realidade quantos hoje por esse país fora cumprem o seu dever quando sabem que se não o cumprirem nada lhes acontece e se o cumprirem poderão sofrer ódios e represálias? Por isso parabéns a Joaquim Vieira. O texto completo do seu trabalho (1ª e 2ª parte - Público de 13 e 20 de Set 2009) encontra-se aqui [Link].
Como sabemos a natureza humana (a ciência tem vindo a revelar isso) caracteriza-se por inquinar a razão com a emoção. Ou talvez melhor dito, não há razão nem emoção como categorias independentes mas antes como aspectos de um mesmo processo mental onde uma ou outra podem surgir como dominantes. Por isso o mais frequente é que quem abomina Sócrates por causa dos professores ou outra qualquer falível razão ache que ele está mais que envolvido no caso Freeport e que Cavaco está virgem nesta conspiração das escutas. E vice-versa. Mas atenção, se disse que o mais frequente é ser assim, isso pressupõe que com um apelo à prevalência da razão alguns conseguem uma confortável aproximação ao entendimento objectivo da realidade. Que é, sem a menor dúvida, o caso dos postadores deste blog. Agora não sei se prevaleceu a razão ou a emoção :)

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Desabafos e manifestos (4)



O caso da espionagem a órgãos de soberania e o da demissão de Domingos Lopes do PCP, têm em comum a circunstância de serem processos que se desenvolveram ou arrastaram durante certo tempo e só agora, à beira das eleições legislativas, terem sido, parcialmente, revelados.

Há quem se apresse, na tentativa de desmontá-los ou, com a estranha ambição de os tornar transparentes aos olhos dos que aguardam uma declaração, a acrescentar um elemento mais, para que a parte já vinda a lume faça algum sentido e possa ser razoavelmente interpretada, a última palavra dita, o assunto encerrado.

Mas não é assim tão fácil.

Bem vistas as coisas, a demissão de mais um ex-dirigente do PCP ou a denúncia de uma manifestação da extrema curiosidade dos titulares de um órgão de soberania relativamente a outro, não trazem nada de substancialmente novo. Imagino que qualquer militante, de qualquer partido, poderá sempre, antes ou depois das eleições, apontar velhas razões para sair do seu partido, expondo-se a acusações de grande facilidade inquisitorial. Perguntar a alguém porque não saiu mais cedo de um dado partido, esconde mal a tentação totalitária guiada por uma intrusividade extasiante (ou stasi-ante). A coerência, assim exigida, levaria a que não ficasse pedra sobre pedra no actual panorama partidário. Os miitantes pactuam, compreendem, perdoam, desvalorizam as atoardas e as traições dos seus líderes. Quando não aguentam ou não querem mais, saem.

Quanto às relações políticas entre Cavaco Silva e José Sócrates, era de esperar que, com o desgaste da acção governativa e com o braço de ferro, um tanto ou quanto tonto, a propósito da nova Lei da Autonomia dos Açores, as coisas azedassem. Não adianta tentar dividir o mundo entre virgens ofendidas e vilões corruptores. A separação dos poderes é uma história de vigilância recíproca, inquirição permanente e recolha de informação sistemática.

Percebia-se, de há muito, que após um apoio quase explícito de Cavaco a Sócrates, a família laranja reuniria as suas forças para tentar substituir o PS no poder. As queixas postas em banho-maria há cerca de um ano, deram agora os seus frutos confusos, obscuros e ambíguos.

Quando se afiam punhais na sombra e se prepara novo assalto, vale tudo.

Nas vésperas de eleições é que é uma chatice.

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