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2011-02-28

 

Frases pouco abonatórias sobre as forças armadas

Dos relatórios e telegramas da WIKILEAKS ressaltam coisas várias como por exemplo:

"Há uma cultura nas forças armadas em que, quase sempre, a melhor decisão que se pode tomar é não tomar decisões, dizem os americanos"

"A necessidade de consenso na estrutura militar inviabiliza muitas vezes os planos do governo"

Duas frases que dizem muito sobre a imagem externa das nossa FA pelo menos nos EUA.

Duvido que muitos mais países não pensem isto de nós.
 

Ainda o WIKILEAKS...

Também revela que sucessivos embaixadores americanos em Lisboa acusavam RUI Machete o Presidente da FLAD - Fundação Luso-Americana de má gestão e aproveitamento do cargo para fins pessoais e nesse sentido insistiam para que ele saisse.

Demorou muito a sua saída para os americanos.

Finalmente aconteceu.

Machete despediu-se com uma festa onde este presente Cavaco Silva, relata o Expresso.

2011-02-27

 

Paulo Portas gosta de brinquedos muito caros e inúteis

Soubemos pelo WIKILEAKS que o ex- embaixador americano em Portugal, Thomas Stephenson considerava que muitos políticos portugueses gostavam de brinquedos muito caros e inúteis.

Por outro lado arrasou completamente o Ministério Português da Defesa, onde afirma que há mais generais por habitante que na maioria dos países.

Mas afinal onde está o porquê do título deste poste?

Exactamente porque o embaixador refere os submarinos como um desses brinquedos, dos mais caros mesmo e foi, como todos sabemos, o Dr. Paulo Portas quem decidiu a compra.

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2011-02-25

 

A vez de Kadafi

Há umas horas atrás os media anunciavam que o leste da Líbia já se libertara, que a revolta alastrava a Trípoli e que o egocêntrico déspota local estava cada vez mais acossado no seu fojo. Neste momento as informações dão conta de que Kadafi prepara a reconquista das cidades perdidas. Em resumo, a situação é instável, a informação é insuficiente e não é certa a queda do regime a todo o momento, como ainda há pouco se anunciava.
Kadafi criou uma administração para o país organizando as tribus e os clans que o compôem, de forma sui generis mas a Líbia não pode escapar à influência da modernidade e as novas gerações não podiam deixar de se rebelar contra o despotismo, falta de liberdade, a corrupção e o choque das diferenças entre a miséria e a ostentação.
A Líbia é muito diferente, na estrutura da sociedade, da Tunísia ou do Egipto, mas não é por acaso que a revolta que acossa o clã Kadafi surge na mesma altura, na sequência e a exemplo da revolta que rompeu em Tunes, varreu Mubarak do Egipto, incendeia o Iemen e Bahrain e alastrará a outros países da região.
Em cada um destes países, com uma história diferente, coabitam populações em estádios muito diferentes quanto à cultura, à percepção do mundo actual, e consequentemente quanto ao usufruto dos bens materiais e culturais, quanto ao bem-estar. No Egipto ou na Líbia a modernidade e com ela o desejo de liberdade, de uma outra vida e um outro futuro atingem a juventude urbana mais educada que coabita com camadas da população que têm as aspirações e as concepções do mundo e da vida de há vários séculos atrás. A distância entre ricos e pobres acentua-se até ao insuportável e a revolta e a revolução tornam-se inevitáveis.  Assim tem sucedido noutras sociedades e sucede neste mundo árabe, muito diversificado mas em muitos aspectos uno, na língua, na religião, no atraso tecnológico, nas roturas sociais. Veremos durante quanto tempo os potentados do petróleo, a Arábia Saudita, o Kuwait, os emirados do Golfo, conseguirão escapar à revolta lançando alguns petrodólares à população.
Donde menos se esperava surgiu o fogo da revolta e a espectacular mudança. Que profundidade atingirão estas inesperadas mudanças no nosso vizinho sul é impossível, de momento, avaliar.

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2011-02-24

 

UMA PIADA INTERESSANTE


 

Porque razão Portugal convence pouco os mercados?

Apesar dos esforços do governo português como terá sido a situação de 2010 em que os valores do défice público vão acabar por situar-se abaixo dos 7,3% (6,9%), há algo de que os mercados desconfiam.

Em primeiro lugar, este valor final decorre de alguma "engenharia financeira", o fundo de pensões "adquirido." Em segundo lugar, o desempenho de 2010 em termos de redução da despesa pública foi um desastre. Foram as receitas normais e extraordinárias que sustentam o défice final.

Ora, estas duas situações são pouco sustentáveis, ou seja, são pouco sãs na recuperação da economia.

Por outro lado, o esperado não crescimento da economia portuguesa para 2011, apesar das graves medidas tomadas, também não ajudam em nada.

E daí cada vez mais Portugal a descolar de Espanha, apesar da situação espanhola ser mais grave, mas apresenta melhores indicadores estruturais. Espanha foi apanhada muito pela crise do imobiliário, mas os seus problemas de fundo são menos graves. Portugal tem uma dívida externa muito superior que Espanha e a recuperação desta dívida é muito mais complicada.

E assim , os mercados financeiros entendem que a economia portuguesa é de maior risco.

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2011-02-21

 

Nada nesta terra se faz bem

De facto, Portugal é um País onde campeia a irresponsabilidade em grande.

Isto vem a propósito das anomalias surgidas nas escolas acabadas de requalificar da responsabilidade da Parque Escolar. Sete escolas em vinte têm problemas. Segundo a comunicação social de hoje ou é a ventilação ou o parqueamento ou os tectos que caem ou os estores colocados por fora ou o excesso de consumo de energia ou as canalizações, algo acusa anomalias.

O sector da construção é conhecido pela pouca qualidade. Mas parece ser grave a situação.

E isto aconteceria com este ou outro governo. Não é pois um problema de governo, mas societário.

É um problema da nossa sociedade que é grave, mas toda esta santa gente, ou seja ,os construtores sabem que nada lhes acontecerá.

Há de certeza um artigozinho no código por onde eles se safam e há sempre um advogado de renome para os defender.

Assim é este país.

2011-02-20

 

Contra o medo ... e apesar do medo

Realizou-se o cordão humano no aterro do Funchal.

Alguns venceram o medo e apareceram, entre eles, um vereador da Câmara do Funchal, eleito pelo PSD. Atitude louvável, sem dúvida.

Outros, muitos não apareceram porque reina o medo . Receiam ser apontados a dedo e não querem ainda desagradar.

Não acredito que até dentro do Governo Regional seja tudo pacífico. Admito que haja pessoas de bom senso e que não se deixaram capturar totalmente pelo Secretário regional. do respectivo pelouro.

Até o Presidente do governo se tivesse tempo para pensar não embarcava nessa proposta pelas razões mais diversas.

O aterro para cais de acostagem de cruzeiros não tem lógica. Não há necessidade de enterrar ali 40 milhões de euros(é o que se diz). Já alguém reflectiu que os cruzeiros não são assim tão importantes no turismo. E os estudos de impacte ambiental sobre a funcionalidade do porto?

Dizem os estudos internacionais que os cruzeiros só têm interesse económico nos portos de início e de destino. do cruzeiro. Nos de passagem, o impacto económico é muito reduzido, porque hoje um navio de cruzeiro é uma cidade flutuante. Antes não era assim. Depois ao contrário do que apregoa Santos Costa há soluções baratas para dali retirar o aterro. Porque não fazer hortas comunitárias nas ribeiras fora do Funchal, utilizando todo aquele entulho? Seria caro levar por barco? Perguntem a quem sabe. Aos bombeiros por exemplo.

Trocar o novo hospital pelo aterro é de facto uma opção indigna e põe em causa ou pelo menos levanta dúvidas sobre a viabilidade de projectos que à Madeira poderiam ajudar a pô-la no Mapa, por exemplo em termos da saúde, "casando-a "com o turismo. Esses sim mereceriam bem os 40 milhões.

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Coligação à vista

Alexandre Soares dos Santos, presidente do Conselho de administração da Jerónimo Martins (Pingo Doce, Feira Nova, etc,etc.) é um dos maiores ou talvez o maior "merceeiro"  do país e como tal um dos homens mais ricos, para orgulho da Pátria.
Merceeiro foi termo usado por Ferreira Fernandes, hoje, no DN, sem nada de pejorativo para os grandes patrões de hipermercados, homens que sabem da poda (esta expressão, é minha, camponês de origem, que sou) e que têem a arte de contratar licenciados a 450 euros por mês, para as caixas dos seus hipermercados.
Soares dos Santos tem todo o direito de acompanhar Pedro Passos Coelho, chamar mentiroso ao 1º M, como fazem certos políticos em linguagem rasca, mostrar-se adepto do PSD como qualquer cidadão, mas o que me surpreendeu foi misturar na sua diatribe contra o 1º M a sua condição de grande empresário (ou "merceeiro") contrapondo-a ao exercício da governação. Não é habitual. Parece-me até caso único. Surpreendente. Porque em geral os grandes senhores do dinheiro, gente que emprega e explora milhares de pessoas, querem estar de bem com Deus e com o Diabo, consoante um ou outro ocupa S. Bento. Mas, talvez seguro que para o seu negócio é melhor ter Passos Coelho no lugar de Sócrates, ele arrisque infringir a regra dos senhores da "massa". Compreendo. (Ver "Biebronca" no I que descobri no CC)

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Onde estavam os pobres do Egipto na revolução?

"Nos bairros miseráveis do Cairo não há Facebook, nem empregos, nem escolas, e as pessoas mal souberam que se preparava a queda do regime. Nos cafés de Berek el Khiem ou Al Azhar e El Gamalia ninguém se lembrou de ir manifestar-se para a Praça Tahrir. Chegaram atrasados à revolução e ela agora também pouco poderá fazer por eles. Por Paulo Moura, no Cairo"

Paulo Moura foi ao bairro Berek el Khiem, do tamanho de uma cidade, nas margens do Cairo.
Eis alguns extratos da excelente reportagem que dá a conhecer um dos lados da sociedade egípcia, um lado com 40 milhões de pessoas, indispensáveis para imaginarmos o futuro da "revolução" a qual não será apenas decidida pelos jovens instruidos e abnegados que estiveram na primeira linha da Praça Tahrir

“Pelas ruas de terra, cheias de buracos e atapetadas com dejectos, passam carroças puxadas por burros, passeiam ovelhas e cabras. Há pó e lixo por todo o lado, bancas onde se vendem pacotes de bolachas muito velhos, lojas sem nada e talhos com carne de camelo visivelmente podre, coberta de moscas, a 45 libras (6 euros) o quilo. As vielas cheiram mal e estão cheias de crianças.”

 “Jamil é um jovem da geração Facebook, tem 19 anos, … veste um blusão roto, está descalço e tem os pés sujos, não sabe ler e vive num bairro onde no único cibercafé existente os computadores não têm ligação à Internet.”
São muito antigos, têm jogos.

“Sabem o que se passou na Praça Tahrir? "Não", diz Jamil. "Problemas, não é?" Riem todos. São alegres e cultivam um certo estilo de rufias, nos cabelos e barbas. Só um deles alguma vez trabalhou: Samir. Andou a esgaravatar no lixo, procurando coisas para vender. Chegou a fazer 30 (4 €) libras por dia. É um negócio bem montado no bairro, com um circuito definido e gente nas várias fases da operação. Se há uma especialidade em Berek el Khiem, é esta. Sabem de lixo como ninguém.”

Que fazem aqueles egípcios, aqueles egípcios do grupo dos 40 milhões de pobríssimos, dos que travam uma luta diária e desesperada para sobreviverem? Querem Liberdade, prezam a democracia? Estão contentes com a queda de Mubarak?
Querem comer, querem sobreviver, depois disso, depois de terem um almoço e um jantar, bem… então mesmo analfabetos, rotos e sem saberem bem em que mundo estão, podem discutir essas coisas da “política”.
Em que se ocupam? De tudo o que lhes dê um retorno que garanta comer. O bom e o mau. Salvar ou matar.

"…Salama, que tem 9 filhos, dois deles já casados e também com filhos. Vivem todos no mesmo apartamento, de 50 metros quadrados, arrendado por 300 libras (40 euros) mensais. Dezassete pessoas no total. "Deve ser bom. Estou contente", diz ele da revolução. Só soube agora, quando a televisão estatal falou finalmente do assunto. "Caras novas, é sempre bom."
“Mohamed el Saedy vive com a mãe e uma irmã num velho apartamento de duas divisões. É solteiro, tem 42 anos, e a única vez que realmente trabalhou foi há sete, como empregado de um café.

“... Nas últimas legislativas, ajudou um independente e um outro do PND, o partido do poder. "Ajudar" significa comprar votos no bairro. "Eles davam-me o dinheiro, e eu levava as pessoas a votar, mediante uma pequena gorjeta", explica Mohamed em frente ao prato de feijões cozidos que é a sua refeição do dia.
"Quando acabou a votação, Mohamed tinha outra tarefa: ficar na mesa de voto, antes da contagem e depois de a polícia fechar as portas para não deixar entrar mais ninguém, a preencher boletins com uma cruz no PND. "Fiquei lá dentro duas horas, com uma resma de boletins em branco à minha frente. Ainda preenchi umas largas centenas. Recebi 50 libras [59 euros]."

“Quando, a 2 de Fevereiro, a Praça Tahrir foi atacada por grupos armados supostamente pró-Mubarak, foi Mohamed el Saedy quem recrutou o contingente do seu bairro. "Uns tipos do partido, que eu conheço, vieram pedir-me. Disseram que era para uma manifestação. Se tivessem explicado que era para a violência, eu não teria colaborado. Sou contra isso", diz, sentado num sofá imundo, por baixo de um quadro com uma frase do Corão, outro com cavalos numa planície e outro com um xeque de barbas. "Paguei 30 libras [35 euros] a cada um dos rapazes. As pessoas aqui fazem qualquer coisa por dinheiro."

Quando, aqui na mesa do café, traçamos o futuro da revolução no mundo árabe teremos que contar com toda a realidade, (interna e internacional) incluinda esta que Paulo Moura relata. E temos de ter presente que uma coisa é fazer cair um ditador e outra é fazer uma revolução. A primeira pode exigir 18 dias de heroísmo, a segunda pode exigir 18 anos de perseverança, de inteligência e daquele quotidiano heroico que não aparece nas televisões.

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Financiar-se acima de 7% é irresponsável

... é o que diz Wolfgang Munchau da Eurointelligence Advisers em Bruxelas e cofundador na Alemanha do "Financial Times Deustschland".

É o que algumas pessoas também pensam, em Portugal, mas não dizem ainda de viva voz.

De facto, não é possível a um país continuar a endividar-se a estas taxas. Seria o caminho da bancarrota.

Wolfgang aconselha que Portugal não faça mais leilões e que se financie através de colocações sindicadas.

Com isto não se resolve a situação de Portugal porque não pode eternizar-se, mas adia, até ver se ao nível da União Europeia se tomam as medidas adequadas à defesa do Euro. As posições de Merkel são de uma grande miopia, porque estão a contribuir para que o espaço europeu perca relevância no Mundo.

Caso contrário restarão poucas dúvidas que o recurso ao FEFF e ao FMI não há-de tardar muito.

Já se ouve Durão Barroso a dizer que Portugal tem a porta aberta na União. É só bater.

Não será um indício de que a porta já se encontra entreaberta?!

Começo a ter dúvidas de que atrasar algo que vai suceder não acarrete situações mais dramáticas.

Até ao acordo em Março é de aguardar. Se o acordo der em desacordo nada haverá a fazer.


2011-02-19

 

Rui Pereira, reuniu todas as condições para se demitir ou ser demitido

Ele até aceita que é responsável por toda "a trapalhada" que aconteceu no acto eleitoral, eleitores que não puderam votar, contagem incorrecta, etc.

Mas, obviamente, não se demite alegando "que não está sozinho no governo".

Será que com esta frase quer significar que todo o governo é responsável?

Será que este última decisão do Tribunal Constitucional a exigir a recontagem de votos ,ainda não é suficiente para um pedido de demissão?

Registe-se que é a primeira vez que tal acontece em Portugal no pós 25 de Abril.

Não é mesmo muito grave em termos de credibilidade externa?

Já não bastavam as dificuldades económicas?!

Será que que aqui também houve mãozinha da situação Internacional?!

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2011-02-18

 

Povos que tanto menosprezávamos

As chamas da revolta ateiam por todo o mundo árabe e reacendem no Irão que sendo muçulmano, xiita, não é árabe mas sofre dos mesmos males. Desemprego, grandes desigualdades sociais, falta de perspectivas de futuro digno,  falta de liberdade, ausência de democracia, repressão brutal.
Subi lá acima ao alto do Puxa Palavra e saudei de longe os povos do Magreb e Médio Oriente e muito especialmente os jovens - os Deolinda de lá - pela sua coragem e determinação pela grande lição que dão ao mundo.
Saudo-os com aquela certeza de que eles é que saberão descobrir o caminho que consolide as vitórias já conseguidas e as outras que têm de conquistar.
Tunísia, Egipto, Iemen, Bahrein, Líbia, Síria, Jordânia, Irão e os outros, sem esquecer a Arábia, propriedade da família Saud, de nome completo Arábia Saudita.

Li algures que alguém, daqui do rectângulo, vai à Tunísia ensinar o nosso 25 de Abril, a nossa revolução. Seria bom que trouxessem de lá alguns ensinamentos.
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Corre pela web que Mubarak teria por bancos da Suiça, Reino-Unido, França e por esse mundo de Deus afora um aforro de 50 mil milhões de euros.

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A difícil gestão da democracia

Paul Krugman, no jornal I de hoje, analisa os prementes problemas da realidade norte-americana e dá o sugestivo título à sua análise: Comer o futuro: a resposta republicana ao défice americano.
Vale a pena ler, diria que vale sempre a pena ler PK mesmo aos que estão distantes das suas concepções sobre a Economia e a sociedade.
Que problemas trata? De um problema essencial, do funcionamento da democracia em geral, por detrás da análise dos problemas da conjuntura política dos EUA.
Como dar a melhor solução (melhor para as grandes massas da população, não para os hiper-privilegiados) aos problemas económicos de um país no médio e longo prazo.
Cito:
...
"Os líderes republicanos proclamam aos sete ventos que as eleições intercalares lhes concederam um mandato para fazer cortes profundos nos gastos governamentais.
...
"O importante é perceber que, embora muitos eleitores afirmem querer uma redução dos gastos, quando se insiste um pouco percebe-se que tudo o que querem é cortar os gastos feitos com os outros.

"É esta a principal lição a retirar da última sondagem do Pew Research Center, em que se pergunta aos americanos se preferem gastos mais ou menos elevados numa série de áreas. Acontece que querem mais, e não menos, na maior parte das coisas, incluindo a educação e a saúde..."
...
"Ora o que andamos a ouvir desde Ronald Reagan é que o dinheiro que tanto lhes custa a ganhar está a ir pelo cano a baixo, que só serve para pagar hordas de burocratas inúteis ... Como podemos estar à espera que os eleitores compreendam a questão fiscal quando os políticos descrevem insistentemente a realidade de forma distorcida?"
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A direita mais radical do Partido Republicano, a do Tea Party, investe milhões e milhões na desinformação e na propaganda de medidas que lhes darão um retorno multiplicado mas que apresentam ao eleitor como da maior vantagem para os que, na verdade, querem espoliar. E frequentemente podem parecer boas a quem não tenha a informação e formação suficiente para entender o alcance de medidas em geral complexas.
Barak Obama ou, em geral, quem queira vencer a direita e defender os interesses dos menos favorecidos tem, com frequência, de executar as políticas que lhes dêem satisfação imediata mas lhes comprometem o futuro.

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2011-02-17

 

"Finanças invade Ministério da defesa"

Mais correcto seria Ministério da Defesa e da Administração Interna.

Na realidade segundo reza a história, os salários tiveram um corte a partir de Janeiro, mas na tropa e na polícia alguém está a ser aumentado indevidamente, pois aqui a massa salarial aumentou.

Há quem diga que disparou. Arranjaram umas formas de promover muita gente ainda nos finais de 2010, o que fez disparar agora a massa salarial.

A ser assim dificilmente os indicadores de correcção das contas irão ser cumpridos.

Há quem diga que para estas saídas há sempre muita imaginação.

Certamente quem inventou esta artimanha também saiu beneficiado com algum.

 

A propósito do cartão de eleitor

Depois de tanta confusão com os novos eleitores, que tendo número de eleitor foi como se não o tivessem, porque em vários casos acabou por não funcionar, porque foi tudo mal feito na Administração Interna, até Silva Pereira, o Ministro da Presidência assim o disse, acontece que ainda hoje no Parlamento o assunto motivou discursos acirrados.

Até parece que não há nada neste país de mais importante.

Mas o governo é o culpado disto tudo, inclusive os ministros, neste caso Presidência e Administração Interna, que se dessintonizaram e sem consequências.

Este governo está ingovernável.

Mas falou-se em acabar com o número de eleitor.

É uma óptima ideia. É possível e mais prático.

Só existe um probleminha. Certamente vai começar a ser executado uns dias antes das eleições.

Ou porque não há verba, ou porque é preciso abrir concurso público ou porque uma assinatura fica pendente numa Secretaria de Estado qualquer.

Conclusão, boa ideia mas estou mesmo a ver, vai acontecer como aos carros da Reunião da Nato . Só estiveram operacionais e apenas alguns depois de já ter havido a reunião.

Estou a ver mesmo........

 

As Moções de Censura e a Irresponsabilidade política

No início do mês Jerónimo de Sousa ameaçou o Governo com a possibilidade de apresentar uma moção de censura. Bernardino Soares na AR a 7 de Fevereiro repete a ameaça. Em seguida o PCP recuou lembrando que aquela era uma medida que tinha sempre ao seu dispor e insinuando que não estava a anunciar que iria apresentá-la, pelo menos no imediato.
O PSD bateu palmas e deixou entender que não excluía em princípio o seu apoio. O Bloco de Esquerda criticou a iniciativa mas para surpresa de todos a 10 de Fevereiro, na AR Louçã anuncia, com uma retórica de grande agressividade contra o Governo, a apresentação de uma moção de censura precisamente daí a um mês. Moção de censura/bomba de relógio a prazo. Para fragilizar a capacidade negocial do país, no actual momento, não era possível fazer melhor.
PSD e CDS tratam de dizer que a sua posição depende dos termos da moção e que vão avaliar a situação.
José Manuel Pureza na AR informa que a moção de censura é contra o Governo e contra o PSD porque este apoiou o governo nos PEC's etc. oferecendo um pretexto ao PSD e ao CDS para não apoiarem a iniciativa.
No dia 14 de Fevereiro o CDS informa que não votará a favor da moçãode censura do BE e a 15 o PSD diz que se absterá se ela for apresentada.
Assim que consequências tiveram estas brilhantes iniciativas do PCP e do BE? Criaram um clima de instabilidade política que era o que ao país menos interessava face à necessidade de recorrer neste período a vultosos empréstimos e criou condições a um agravamento dos juros que se traduzem em centenas de milhões de euros a entregar à rapinagem dos emprestadores.
O resultado foi um prejuízo para o país que atingirá com maior ênfase a parte da população que menos o pode suportar e que PCP e BE pretendem que seja a sua base social de apoio.
Mas que objectivo pode ter uma moção de censura senão o derrube do Governo e provocar eleições? E como o momento é favorável à vitória da direita não se pode deixar de concluir que  PCP e o BE pretendiam oferecer, grátis, à direita a oportunidade de governar para... agravar, e muito, todas aquelas medidas do Governo que eles desapoiam.
Se o objectivo do BE era ganhar ao PCP na competição da asneira conseguiu. Se era demarcar-se do PS para branquear a proximidade no apoio ao candidato a PR de Manuel Alegre a iniciativa só poderia representar imaturidade política.
Eis o resultado da irresponsabilidade política e do radicalismo inconsequente com iniciativas de ilusionismo partidário.

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2011-02-14

 

Radares de costa portuguesa substituidos por 50 binóculos

Esta iniciativa tão inovadora desencadeada por despacho do Comandante da unidade de controlo costeiro sob o alto patrocínio do Sr. Ministro da Administração Interna não chegou ao conhecimento do candidato a PR José Manuel Coelho em devido tempo, senão ele e o Manuel do Bexiga teriam inventado um número com muita piada, para nos animar. Assim não houve contrapartida deste acto tão nobre.

Que bom, onde andarão os binóculos?

Eu também quero experimentar os bi para ver as manobras de descarga de droga e contrabando na nossa costa.

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2011-02-13

 

Wafa Sultan na Al-Jazira em 2006

Wafa Sultan é uma árabe-americana (nasceu na Síria numa família muçulmana alauita)que vive nos EUA e se tornou muito conhecida quando há anos a Al Jazira a entrevistou pela primeira vez sobre o Islão. Neste vídeo de 2006 ela denuncia o fundamentalismo islâmico como um fanatismo medieval, belicista, terrorista, escravisador da mulher.
Nada do que ela aqui afirma relativamente ao fundamentalismo islâmico perdeu atualidade mas as surpreendentes e heróicas revoltas populares que já derrubaram os líderes (por ora só os líderes) dos regimes ditatoriais e corruptos da Tunísia e do Egito e ameaçam outros regimes idênticos de vários países do mundo árabe, Ieman, Jordânia, Síria, Argélia, revelaram ao mundo que na primeira linha da dinâmica política e social no mundo árabe (para estupefação do Ocidente) não está a versão retrógrada do Islão mas ideais de liberdade, democracia, justiça social, progresso e modernidade.
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2011-02-12

 

Atitudes tristes na Política Portuguesa

Dois episódios merecem algum destaque e notas: a anunciada moção de censura do BE e a ida ao Parlamento de Rui Pereira sobre a trapalhada das eleições.

São episódios diferentes e pouco dignificantes pelo absurdo que, em nada, credibilizam a política nacional.

A não ser por uma questão de Marketing concorrencial não se atinge o alcance da jogada de Francisco Louçã, tanto mais que poucos dias antes defendera a inoportunidade da moção de censura.

Mas para um Professor de Economia diga-se que como jogada de Marketing e de antecipação é de muito pouca qualidade e criatividade.

Há quem dentro da suas fileiras e com alguma razão apelide esta jogada de grande infantilidade ou afirme (outra sensibilidade bloquista) que F. Louçã às 2as, 4as e 6as defende uma posição política e nos restantes dias uma outra diametralmente oposta.

Quanto a Rui Pereira, tratou-se de um desastre. O Ministro ou no mínimo a Secretária de Estado deveriam ter tido a ombridade de se demitir.

Não acredito pela minha experiência de Administração Pública em cargos de chefia que tenha sido o Director Geral, Paulo Machado, o responsável do sucedido. É que não foi mesmo. Há culpas quando muito repartidas.

Tornaram Paulo Machado o bode expiatório porque não assumiram como deviam a responsabilidade do sucedido.

Posso aceitar que o Ministro não se demitisse, posso aceitar que não estava a par do problema, mas que não tenha demitido a Secretária de Estado é inaceitável.

Temos um País a saque e o governo não se saiu bem deste episódio.

Estamos todos à espera que o Primeiro Ministro um dia destes ponha cobro a estas situações que só denigrem o poder político. Acima de tudo são atitudes feias, cobardes e sem ética.

2011-02-11

 

Mubarak caiu. Explosão de alegria na Praça Tahrir

Mubarak: caie, não cai, cai não cai...CAIU!
Mubarak: Ontem entrada de LEÃO.  Hoje: saída de sendeiro

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2011-02-10

 

BE antecipa-se ao PCP e anuncia moção de censura a 10 de Março

Os votos dos 4 de deputados do PSD Madeira na AR já estão assegurados, de acordo com as ordens dadas por Alberto João Jardim. E agora, que fará o PCP? Bom, tem a reunião deste fim de semana do comité central para decidir. A ver vamos.`

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2011-02-09

 

Portugal 1- Argentina 2

Excelente resultado para Portugal.

A equipa portuguesa mostrou vontade, mas de facto nunca mereceria ganhar pelo jogo jogado.

E sendo politicamente incorrecto, ou seja, não sendo cego a defender o indefensável, Portugal não tem jogadores à altura da Argentina.

Em habilidade e domínio de bola que diferença! ... E então em inteligência de jogo, a distância entre os nossos, entenda-se, os jogadores portugueses e os argentinos, aumenta a olhos vistos.

Quem tem um Messi, inteligente, grande dominador de bola, tem tudo para ganhar Portugal. Mas o problema é que tem mais 10.

E Portugal não tem Messi e muito menos mais 10. E então jogadores de meio campo!!!.

Apenas tem alguns deuses

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2011-02-07

 

Nuno Teotónio Pereira: “A modéstia dos que são verdadeiramente grandes”

Centenas de amigos de Nuno Teutónio Pereira encheram o grande auditório da Igreja do Sagrado Coração de  Jesus, em Lisboa, (projecto de sua autoria e de Nuno Portas), no passado Sábado numa impressiva e emocionada homenagem a um dos símbolos maiores do movimento contra a ditadura conhecido por "Católicos Progressistas".
A notícia e imagens está no Memórias que remete para outros sítios.

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2011-02-06

 

A Guerra Colonial e o seu grande desconhecimento

Nestes últimos dias, a propósito do 4 de Fevereiro de 1961, - data tida como o arranque da guerra em Angola - falou-se da guerra colonial. Em algumas revistas de jornais saíram até reportagens fotográficas e escritas.

Hoje precisamente quando fui tomar o café da manhã, onde habitualmente tomo, aproveitando quase sempre para uma meia horita de leitura pelos jornais. Foi o que hoje fiz.

Quando ia pagar, a gerente do café estava horrorizada a contemplar uma dessas revistas, com fotos onde se via uma mortandade atribuída à tropa portuguesa e dispara para mim:

Isto foi feito por portugueses?

Eu digo-lhe sim. As tropas portuguesas também provocaram massacres que correram mundo, denunciados alguns deles por missionários que actuavam no terreno.

A senhora continua a conversa e de novo dispara?

Mas está aqui na legenda e lê em voz alta: mas eram trabalhadores de café, como podiam fazer mal às nossas tropas e quem os mandou fazer isso?

Lá expliquei a situação de forma resumida, imputando a orientação ao sistema político e ao governo de então, voltando ela a dizer-me a meio da conversa breve, mas Salazar e Marcelo mandavam mesmo fazer isso?

Resumindo, a gerente deve ter cerca de 45 anos e realmente desconhece quase tudo sobre a guerra colonial e sobre o Estado Novo.

Tanto se invoca o 25 de Abril, imputando-lhe o que aconteceu de melhor neste País e eu interrogo-me: Será que alguma vez se tentou seriamente dar uma visão da guerra colonial, das suas causas e nas escolas como se explica isto aos jovens?

Esta senhora frequentou o ensino no pós 25 de Abril e a sensação que fiquei é que tudo isto lhe passou ao lado.

Não será que para não tocar em comportamentos sensíveis de gente importante, se procurou antes "abordar "os erros da descolonização fazendo esquecer o que se passou na guerra, ou melhor dito, promovendo o seu branqueamento?

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Fernando Pessoa

LIVRO DO DESASSOSSEGO
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"Composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa."
Edição: Richard Zenith 
(Os números indicam os trechos)

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Amo, pelas tardes demoradas de verão, o sossego da cidade baixa, e sobretudo aquele sossego que o contraste assentua na parte que o dia mergulha em mais bulício. A Rua do Arsenal, a Rua da Alfândega, o prolongamento das ruas tristes que alastram para leste desde que a da Alfândega cessa, toda a linha separada dos cais quedos - tudo isso me conforta de tristeza, se me insiro, por essas tardes, na solidão do seu conjunto.
...
12

Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem factos, a minha história sem vida. São as minhas Confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho que dizer.
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17
São horas talvez de eu fazer o único esforço de eu olhar para a minha vida. Vejo-me no meio de um deserto imenso. Digo do que ontem literariamente fui, procuro explicar a mim próprio como chegei aqui.
50
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 A beleza de um corpo nu só a sentem as raças vestidas. O pudor vale sobretudo para a sensualidade como o obstáculo para a energia.
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153
Ergo-me da cadeira com um esforço monstruoso, mas tenho a impresão de que levo a cadeira comigo, e que é mais pesada, porque é a cadeira do subjectivismo.

187
A tragédia principal da minha vida é, como todas as tragédias, uma ironia do Destino. Repugno a vida real como uma condenação; repugno o sonho como uma libertação ignóbil. Mas vivo o mais sórdido e o mais quotidiano da vida real; e vivo o mais intenso e o mais constante do sonho. Sou como um escravo que se embebeda à sesta - duas misérias em um corpo só.
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402
Poder reencarnar numa pedra, num grão de pó - chora-me na alma esse desejo.
Cada vez acho menos sabor a tudo, mesmo a não achar sabor a nada.

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Porquê estes extractos de trechos do Livro do Desassossego? Para despertar o apetite daqueles que nunca o leram ou já o esqueceram.
Se tiver vagar e disposição ainda acrescentarei, amanhã ou depois, algumas  observações que o Pessoa fez do L do D do seu "semi-heterónimo Bernardo Soares".

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Cai, não cai... Cai ou não cai?

Não sabemos ainda se o tipo lá de cima tem força para o último empurrão.

2011-02-05

 

Breves

1 . A UE de Merkel e Sarkosi

A  Senhora Merkel e o Senhor Sarkosi, sem passar cartão aos restantes membros da UE, decidiram  que as medidas que a UE devia ter tomado há muito tempo serão tomadas daqui a uns meses. Aumento do fundo de apoio aos países em  maiores dificuldadescom a dívida, versatilidade no seu uso, etc. e passos na união económica (coisa que vem com o atraso de anos) com incidênca na área orçamental, fiscal e outras. Mas... mas como se faz na Alemanha. Assim a modos que a partir de agora somos todos ALEMÃES.

2. Mubarak sai, não sai, sai, não sai.
Obama envia recados para que saia já. Parece que a Washington agrada a ideia de que a transição seja dirigida pelo recém nomeado vice-presidente, o general na reserva, Omar Suleiman, chefe dos serviços secretos e mais do que comprometido com o regime.
Não está descartado o perigo de, instalado um regime democrático, as eleições serem ganhas pela Irmandade Muçulmana e que esta a curto termo substitua a democracia por um regime teocrático. Só duas forças estão organizadas. O Exército que tudo tem controlado e os Irmãos Muçulmanos com sedes abertas por todo o país a funcionarem em pleno: as mesquitas! E que contam com o apoio que logicamente terá quem não só alimenta as almas mas tem uma rede de ajuda aos estômagos dos mais carenciados.
No entanto, quem não arrisca não petisca e se os egipcíos estão à espera do meu conselho pois lá vai: arrisque-se pois é a única alternativa.
Esperemos que os sectores democráticos atraiam a parte mais sã do exército para que a democracia vença.

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Lacão vai tomar uma bica com Miguel Macedo para negociar o nº de deputados mas... a título pessoal.

Eu até estou de acordo com a redução dos actuais 230 para 180 deputados, desde que  se organize a "engenharia" eleitoral de modo a garantir maior proporcionalidade, com um círculo nacional, eventualmente, se bem que me pareça não ser por aí que passe a credibilização do sistema político ou poupanças significativas na despesa do Estado. Agora o que não percebo é a ideia de um ministro dos Assuntos Parlamentares defender publicamente uma proposta destas à revelia do Grupo Parlamentar do seu partido e do Governo de que faz parte. E... aceitar discutir o assunto com o maior partido da oposição. A que título? Pessoal?
Será hoje o dia nacional do riso?

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2011-02-04

 

6ª FEIRA, 'DAY OF DEPARTURE' de Mubarak

HOJE SOMOS TODOS EGÍPCIOS

Praça Tahrir - hoje , 6ª feira,  4 de Fevereiro de 2011 - [ Link]

Os egípcios expulsaram os "cães de Mubarak" e encheram hoje, de novo, a Praça Tahrir, com centenas de milhar de opositores do ditador. O General Suleiman,o chefe da secreta, uma espécie de Silva Pais lá do sítio, que Mubarak, em aflição, nomeou vice-presidente e negociador da transição, esboçou o desejo de negociar com os Irmãos Muçulmanos, mas esperemos que seja corrido com quem o nomeou, hoje ou por estes dias.

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Ainda a divisão no governo... a propósito do número de deputados

Lá no interior quem se ri deste espectáculo público são os políticos de direita sob a batuta de Cavaco Silva.

Mas o número de deputados não é a questão de fundo. Esta divisão só vem provar o que toda a gente sabe, mas não diz: a falta de debate no interior dos partidos, ou por outras palavras os partidos desrespeitam o modo democrático de funcionamento.

Agora é o PS, mas já vimos este cenário em muitos outros.

O que está aqui em causa, em meu entender mais importante do que o número, é o modelo de escolher os melhores deputados, de os responsabilizar face a quem os elege.

Pelo que se tem "de montar" formas intermédias dos deputados poderem ser questionados, prestando conta do trabalho desenvolvido junto dos seus eleitores, com bastante regularidade.

Tenho um amigo que vive em Paris e me diz que pode aceder em dias determinados aos deputados da sua área e levar-lhe problemas, interrogá-los sobre atitudes e medidas tomadas.

Aqui é de todo impossível. Apenas conhecemos meia dúzia que nos são completamente inacessíveis, a não ser que alguma relação de amizade exista.

Por tudo isto o que urge é mudar os métodos de eleição de forma a que haja responsabilidade de actuação dos deputados e que eles não sejam simples instrumentos nas mãos dos partidos.

O que acontece neste caso?

Não foi feito o trabalho de casa. Não houve no seio do PS a discussão deste problema em toda a sua dimensão e então são só figuras tristes, o que leva sempre ao desgaste ou ao desastre.

Nas actuais circunstâncias, as duas situações já se encontram em acumulação.

2011-02-03

 

Mubarak manda a polícia. Disfarçada de povo

O desfecho da batalha na praça Tahrir que ontem teve lugar com o ataque ddirigido pela polícia de Mubarake à civil, disfarçada de anónimos apoiantes do ditador, está por decidir. Já há 13 mortos e mais de mil feridos. A batalha intensificou-se pela noite. Uma carrinha da polícia entrou na praça e atropelou deliberadamente quem conseguiu apanhar. A correspondente da RTP declarou no telejornal das 20h ,de hoje, que os jornalistas estrangeiros foram todos obrigados a deixar o hotel junto à praça Tahrir e a ir para um outro donde nada podem presenciar e por outro lado se se aventuram a aproximar da área dos confrontos, são presos e agredidos pelos apoiantes (polícias) de Mubarak.
O Exército mantem-se ambiguamente "neutral" e deixa os manifestantes pró-Mubarak cometer toda a casta de exacções.
O Exército é um factor da maior importância. Papel também muito importante têm os EUA assim como a UE (que vergonhosamente levou muito tempo para descolar de Mubarak e só o fez depois da tomada de posição de Obama que deu ordem de despejo ao ditador).
Desde a revolução patriótica dos "oficiais livres" liderados por Nasser, que derrubou, em 1952, o rei Faruk, um criado dos interesses imperialistas, e depois em 1956 com a nacionalização do Canal do Suez, que o Exército, com grande apoio popular nos primeiros tempos, tem sido a base do regime. Todos os presidentes foram militares e os militares têm ocupado sempre lugares chave por toda a administração. O Exército que deverá estar dividido é decisivo para garantir uma transição pacífica.


"Earlier on Thursday, Ahmed Shafiq, the Egyptian prime minister, made an unprecedented apology for Wednesday's assault that turned central Cairo into a battle zone.
"Egyptian hearts are bleeding," he said of the clashes in which at least 13 people were killed and hundreds hurt.
Shafiq said the attack on the anti-Mubarak protesters was a "blatant mistake" acknowledging that it was likely organised and promised to investigate who was behind it.
The pro-democracy protesters accuse the regime of organising the assault, using paid thugs and policemen in civilian clothes, in an attempt to crush their movement." (Link) (Al-Jazira/em Inglês.)

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Jorge Lacão ... só tem uma saída

... Deixar o Governo e já.

O problema está em saber como?

Mas é simples ou se demite ou é demitido.

Porquê?

Foi desautorizado pelo líder do seu grupo parlamentar e agora parece pelo Ministro da Presidência.

Há duas posições Uns querem ou admitem a redução do número de deputados. O Grupo e parece que grande parte do governo não vai nessa linha.

Ora Jorge Lacão é o Ministro dos Assuntos Parlamentares. Nesta situação como continuar?

Entendam-se.

Chegou-se a uma situação grave e de descrédito face ao País.

É sinal de uma grande falta de discernimento e tudo leva a crer que há algum desnorte no Governo, o que vai levar Sócrates a agir e a pôr muita coisa na ordem ou a a perder de vez a batuta. Não pode continuar a esconder que há dissidências com alguns/vários dos seus ministros.

O País começa a atingir níveis de perigosidade política.

Belém deve rir-se e já está a trabalhar. Estas últimas conversas com banqueiros e parceiros sociais não me parecem tão ingénuas.
 

Fiquei espantado...Cavaco pagou sisa..

.. Por uma casa que, afinal, nunca existiu?!. Mais me entusiasmei com a dádiva.

É surrealista, pensei eu. Mas há sempre alguém.

Que tão benemérito, quando ouvi isto da SIC agora mesmo Jornal das 2o H.

Pensei logo se és minimamente honesto tens de pedir desculpa pois andas a exigir e a afirmar que o Ministério Público tem de investigar a situação do nosso Presidente.

Francamente gostava de ver um Presidente limpo desta coisa de impostos e mais recuperar a sua honestidade.

Ouvi melhor e afinal, Cavaco é que nos tem de vir explicar. Mas será que vem? Numa situação em que se está a preparar para pôr a direita no Poder e o PS deu-lhe todos os trunfos para isso, vai alguma vez explicar?

Não não vai.

Mas o Fisco não aceitou aquela igualdade de avaliação entre a "Vivenda Mariani" - vejam Maria e Aníbal que tanta imaginação. Mas deixemos isso. Cada "dois" têm a imaginação que constroem!!!

Aqui o que interessa é que mesmo esta, segundo interpretei não existiu, porque a nova casa teria cerca de 200 meros e a que existe, aquela que o candidato José Manuel Coelho viu, afinal tem 400 m e muitos.

Não existe. simplesmente a declarada. E se isto é assim mesmo, pergunto que País é Portugal?

Afinal, onde andam essas entidades anti-corrupção ou mudando de rumo, de permissividade onde vale tudo, desde que cheire a poder político ou económico

2011-02-02

 

Cairo : Praça Tahrir, 4ª feira, 2 de Fevereiro

Mubarak, converteu-se ontem à democracia e num discurso aos egípcios disse que ficava até ao fim do mandato, Setembro de 2011, para preparar as eleições (em que já está treinado) e a transição de forma pacífica (meios pacíficos é com ele). Enfim, fazia o favor de não se recandidatar após estes 30 anos de sacrifíco pelo povo. O discurso foi recebido na Praça de Tahrir com gritos de "rua já".
Para mostrar o apoio de que goza, Mubarak enviou algumas centenas ou milhares de apoiantes seus (polícias à civil foram reconhecidos entre eles se é que não eram só polícias) com paus, facas e outras armas brancas atacar os manifestantes que se mantinham na Praça da Libertação. Há mais de 500 feridos. O Exército não impediu a sua entrada numa posição de comprometedora "neutralidade". Elementos da oposição, como El Baradei, pediram ao Exército para impedir estes ataques.
Um porta-voz dos manifestantes dizia, na praça, ainda antes da grande manifestação de ontem, que Mubarak iria ainda aplicar o plano D. O plano A foi a repressão a tiro, o plano B foi o corte das emissões de TV da Al-Jazira, da internet e dos telemóveis, o que provocou o caos nos bancos, no aeroportos e outros serviços. O plano C tinha seido enviar os polícias à civil disfarsados de bandidos assaltar supermercados, habitações criando o caos e o terror e que o plano D, que já ocorria, seria impedir os abastecimentos alimentares e outros, com a paragem dos caminhos de ferro e transportes de passageiros e mercadorias que ontem se verificou para dificultar o acesso ao Cairo e a Alexandria, em particular. Afinal ainda havia um palno E. O do ataque aos manifestantes da praça Tahrir. Terá, seguramente, planos para outras letras lá mais para o fim do alfabeto... árabe. Aguardemos os acontecimentos, a vitória da democarcia e dos interesses da população, excluida aquela parte, sustentáculo e usufrutuária da tirania.
Não sei se já repararam que alguns dos nossos comentaristas de serviço tratam a revolta que abala o mundo árabe, sempre ou predominantemente, em função de "equilíbrios geoestratégicos", "o nosso petróleo" (que logo por azar é deles) em função dos interesses Ocidentais, como se não houvesse pessoas naqueles países. Como se as suas vidas, os seus interesses e a sua liberdade não entrasse na contabilidade dos direitos humanos universais.
Al-Jazira

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Ausência de respostas adequadas aos problemas

Nos países do Norte de África e Médio Oriente está tudo em ebulição.

Enquanto a situação só atingia a Tunísia, a Europa e os EUA, enfim, pouco se sentiam atormentados.

Agora que a agitação chegou ao Egipto, a coisa pia mais fino. O frenesim quase não tem limites.

É complicado porque não se sabe onde as coisas podem ir bater. E seria mau para o Mundo entrar numa onda de radicalismo islâmico.

Mas esta dinâmica não deixou de ter alguns efeitos em Portugal.

Passaram as eleições presidenciais e até o Presidente eleito veio falar de algo que se negou a abordar no decorrer da campanha: a permuta de propriedades para vir dizer que foi tudo legal.

Longe de mim duvidar da "legalidade". Mas que é estranho é ,duas propriedades terem exactamente o mesmo valor de avaliação.

E para que a legalidade seja demonstrada, o Ministério Público deveria investigar o caso, pois não é a simples palavra do Presidente que credibiliza tudo ter sido feito da melhor forma.

Houve dúvidas e o bom até para o bom nome do Presidente Cavaco Silva é uma investigação séria por quem tem essas funções: os operadores da justiça em Portugal.




2011-02-01

 

Dois milhões nas ruas do Cairo

"Entretanto, ao início da tarde de hoje, as ruas do Cairo já tinham dobrado a marca simbólica de um milhão de pessoas. A Al-Jazeera deu conta há momentos que estão já reunidos dois milhões de pessoas na praça Tahrir e arredores. Estão igualmente marcadas para hoje, em várias cidades, marchas que têm como objectivo juntar um milhão de manifestantes"
Se querem notícias ao minuto vão à internet, como eu faço, de vez em quando, que isto aqui não é a Al-Jazira nem temos o dinheiro a rodos (da Arábia Saudita?) dos Irmãos Muçulmanos.
Já os avisei. Lá no Cairo. Governo provisório de coligação de toda a oposição, total liberdade de expressão e organização e eleições livres mas... daqui a seis meses ou um ano, para que as forças democráticas tenham tempo para se organizarem. Senão, organizada só está a Irmandade Muçulmana, com uma universidade expoente máximo da doutrina e ortodoxia sunita e uma sede em cada mesquita.
 

Cairo a revolta contra o regime de Mubarak

As grandes manifestações do Cairo vistas de outro ângulo. Imagem menos boa alertanto para o perigo do extremismo islâmico decorrente da grandeinfluência da Irmandade Muçulmana até porque socorre (além das orações) com alimentos, para os mais pobres.

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Al-Jazira, cobertura permanente

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Mubarak balança mas não cai e cairá


El País:

"Ya desde primera hora la plaza ha ido llenándose de miles de personas que se han unido a aquellos que, una noche más, han acampado en la plaza desafiando el toque de queda impuesto por el Gobierno cuando se iniciaron las protestas hace ocho días con el balance provisional de 125 muertos.

Después de que ayer el Ejército considerara "legítimas las protestas" y anunciara que "no recurrirá al uso de la fuerza contra el pueblo",

La señal emitida anoche fue la más clara hasta ahora. No incluía crítica alguna hacia Mubarak ni sugería la necesidad de que dimitiera. Sin embargo, daba un espaldarazo a la protesta contra el presidente: "Vuestras fuerzas armadas, muy conscientes de la legitimidad de vuestras demandas, están dispuestas a asumir su responsabilidad respecto a la seguridad de la nación y sus ciudadanos y afirman que la libertad de expresión pacífica está garantizada para todos". A continuación, se instaba a la población a evitar la violencia y los saqueos.
...
El Cairo no es la única ciudad donde hoy el movimento anti Mubarak exhibe su fuerza. En Alejandría (al norte del país) se desarrolla otra marcha del millón. Para amortiguar el impacto de ambas movilizaciones, el Gobierno ha decretado el cierre del servicio ferroviario y de muchas carreteras.

..- La cadena de televisión Al Yazira, cuyas cámaras siguen en directo el desarrollo de la marcha, asegura que la protesta ha reunido a un millón de personas. Desde las once de la mañana (hora española), la plaza de Tahrir (de la Liberación), epicentro de las protestas para exigir reformas democráticas en el país árabe, es escenario de la multitudinaria manifestación bajo el lema "Abajo Mubarak, todos contra Mubarak".
......
El líder opositor y premio Nobel de la Paz Mohamed El Baradei, que participa en la marcha, ha instado al presidente egipcio a que abandone el poder y salga del país antes de este viernes para evitar "un baño de sangre". Toda la oposición, incluido los Hermanos Musulmanes, la gran fuerza islamista de Egipto, acaba de llegar a un acuerdo basado en cuatro puntos:
1) Que Mubarak deje el poder
2) Disolución del Parlamento
3) Nueva Constitución
4) Creación de un Gobierno de transición.
Además, se constituirá un grupo de sabios encargado de establecer los mecanimos de diálogo para ordenar la transición, en el que participarán El Baradei, Amr Musa (secretario de la Liga Árabe) y Ahmed Zewail (premio Nobel de Química en el año 1999), que reside actualmente en Estados Unidos y ha sido llamado para participar en este cónclave. Se espera su llegada a El Cairo esta misma tarde."
...

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Hoje é o dia... para o Egipto

A oposição espera reunir um milhão, hoje no centro do Cairo ... e despedir Mubarak, o ditador que há 30 anos governa o Egipto e cujo partido se atribuiu, na farsa eleitoral para o Parlamento, no fim do ano passado, 90% dos votos.
Obama evita socorrer o ditador apesar de o Egipto de Mubarak ter sido peça fundamental dos EUA no seu apoio a Israel e em toda a sua estratégia para o Médio Oriente, nos últimos 30 anos. Com W Bush seria diferente.
Aguarda-se com grande expectativa o papel do Exército, cujos carros blindados, como se vê na imagem, têm, até aqui, confraternizado com os manifestantes lembrando o nosso 25 de Abril.
Estimulante para o futuro democrático do país é a revolta não ter sido liderada pelos islamitas nem nela terem tido um papel visível apesar de a força e influência no Egipto da Irmandade Muçulmana não ter deixado de ser muito grande e ser um factor a ter em conta no xadrez político do futuro. No entanto, o medo de uma deriva islamita não pode servir de chantagem para evitar ou diminuir a luta contra a tirania.
Portanto, todos à manif ! 

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