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2005-07-31

 

LIGAR PORTUGAL

Para mobilizar a sociedade de informação e do conhecimento, José Sócrates anunciou, 6ª feira passada, em Aveiro, o investimento público de mil milhões de euros até 2010. Peça do "Plano Tecnológico", este programa visa "oferecer" aos estudantes do secundário, um computador (com software) por 250 euros e, mediante acordos com os vários operadores, baixar o preço de acesso à internet, especialmente em banda larga.

 

PSD e CDS preocupados

com a eventual candidatura de Mário Soares à presidência. Por poder derrotar Cavaco Silva? Não, isso nem lhes passa pela cabeça. Preocupa-os a derrota do PS. Por isto aconselham Manuel Alegre. Até o inefável Guilherme Silva, sofrendo com Helena Roseta, nas conversas que têm na SIC Notícias, a desfeita que estão a fazer a este, desaconselhou a candidatura de Mário Soares.

2005-07-30

 

O PCP, o PS e a distribuição de papeis à esquerda (again)



Este poste continua a conversa com o meu amigo Raimundo Narciso. (Ver poste imediatamente anterior.)

1. Herdámos uma história de lutas sociais, culturais e políticas que ganhamos em tentar compreender antes de cedermos à tentação (tão conveniente quanto perversa) de nos pormos a nivelar tudo por baixo chamando a essa razia um acto de justiça. O meu amigo Raimundo Narciso não tem nada a aprender sobre isto, eu sei e, por isso, a conversa reveste um interesse especial.

Os grupos socioprofissionais e sociais mais influentes conseguiram, quase sempre, melhores salários, melhores condições de trabalho, melhor protecção social. Nada indica que, desembaraçados dos actuais parêntesis políticos, com ou sem Governo do PS, as coisas não continuem assim. A reprodução das desigualdades está no âmago do «nosso» modo de produção.

Este é o primeiro elemento ideológico estranho nas nossas últimas conversas. Poderá qualquer tipo de nivelamento constituir um acto de justiça? Na minha opinião, não. Vai ser necessário, como sempre, negociar, avançar, recuar, ceder, e conseguir bons acordos. O que se faz com os «grandes», far-se-á também com os «pequenos». É nesse critério que pode haver alguma justiça, - não, seguramente, em qualquer nivelamento de índole igualitária.

2. Quando se sustenta que todos os funcionários públicos são uns privilegiados de alto lá com as aldrabas, confundindo tudo para afiambrar a argumentação

Diz RN: « O meu e certamente o [aplauso] de 4 milhões de cidadãos que contribuem com os seus impostos para a situação de privilégio daqueles 700 mil cidadãos do sector público» (O sublinhado é meu).

... está-se a utilizar um expediente retórico hiperbólico. Nem os contribuintes pagam todos o que deveriam pagar, nem os funcionários públicos são todos privilegiados. Por isto ser tão claro, espanta sempre a facilidade com que o discurso de alguns desliza para a simplificação. Será só para justificar as medidas do Governo?

3. O PCP está a cumprir, com maior ou menor coerência de projecto (na era da crise de todos os projectos) o papel de esquerda da sua tradição. Como o PS não quer, e o BE não pode, o PCP capitaliza e quase poderia agradecer o historicamente repetido desprezo do PS por essas minudências do anticapitalismo e da legitimidade que todos têm em defender os seus interesses.

4. Quanto às Autárquicas do próximo mês de Outubro, acredito que a intenção do que foi dito pelo meu amigo Raimundo Narciso no poste anterior não lhe estivesse associada. Basta ele dizê-lo. Também é verdade que, independentemente disso, não se fala noutra coisa. Governo, Autárquicas e Presidenciais passaram a entrecruzar-se sem remédio.

5. Relativamente à rede de influências do PCP na esfera sindical, sabemos que, não sendo hoje tão poderosa nem tão eficaz quanto já foi, tem ainda uma influência grande. Porém, suponho que é pelas razões inversas que explicam a reduzida influência das organizações similares geridas por outras forças políticas. Todos sabemos que em Portugal cada uma tem a sua central sindical. Rima e, neste caso, também é verdade.

 

Ainda sobre o papel do PCP hoje

As reformas que o Governo tem estado a fazer no sentido de uniformizar idades e montantes de reforma, benefícios sociais, férias de juizes e restantes classes ligadas à Justiça, eliminando uma espantosa multiplicidade de regimes diferentes, desconhecida do país, cada um deles expressão de privilégios, maiores ou menores, relativamente aos outros trabalhadores e cidadãos, merecem o meu aplauso. O meu e certamente o de 4 milhões de cidadãos que contribuem com os seus impostos para a situação de privilégio daqueles 700 mil cidadãos do sector público.
Na exacta medida do meu apoio a estas reformas condeno o papel do PCP e dos sindicatos que tem encabeçado os protestos e as ameaças contra elas. (Meu post QUAL O PAPEL, HOJE, DO PCP ).

Manuel Correia no seu post de resposta (imediatammente anterior a este) acha que

"... o PCP perdeu muita da sua influência mas permanece um marco, um ponto de referência, na defesa dos direitos dos trabalhadores e na obstinação anticapitalista."

Mas no caso concreto o que o PCP está a fazer é a tentar capitalizar descontentamentos, apoiando os privilégios injustos de 700 mil trabalhadores (que ninguém culpa, obviamente, e cujo descontentamento, aliás, todos compreendem) contra os interesses de 4 milhões de trabalhadores do sector privado. Movem o PCP estritamente razões oportunistas e partidárias para se ir aguentando à tona de água " na obstinação" de projecto nenhum porque nem no do socialismo real já acreditam se continuam, como julgo, no seu juizo.

MC observa que estar eu a "Acusar, agora, os sindicalistas de se deixarem instrumentalizar pelo PCP, ou acusar o PCP de estar a encorajar e a tentar coordenar essas lutas, não adianta nada ao que tem sido repetitivamente propalado nos últimos trinta anos."

Instrumentalizar? Seria apoucar o partido de Álvaro Cunhal, mesmo que gerido por Jerónimo de Sousa. O PCP criou, cria, dirige e controla, sindicatos e as respectivas lutas. Quanto interpretam bem os descontentamentos, sejam eles de apoiantes do PCP, do PS, do PSD ou de partido nenhum, conseguem mobilizar para além da sua base de apoio político. Já se sabe. Mas isso não quer dizer que os descontentamentos sejam justos, do ponto de vista da maioria dos cidadãos ou do ponto de vista dos trabalhadores em geral ou que tenham ou possam ser atendidos tendo em conta a governabilidade do país.

Ah, já me esquecia - respondendo ao meu amigo MC - não foi a pensar nos votos das autrárquicas que falei das recentes lutas promovidas pelo PCP. Foi a pensar na defesa do Governo de Sócrates que, apesar das dificuldades e alguma coisa menos exaltante, vai "na linha justa".

2005-07-29

 

O PCP, o PS e a distribuição de papeis à esquerda



Isto é assim mesmo. Cada um fala do que quer quando melhor lhe aprouver. Mas eis que um outro aspecto das falas e das análises ganha proeminência, - o do sentido de oportunidade de acordo com o calendário político-eleitoral. De acordo com esse calendário, o mais importante é conseguir o maior número de votos possível, pois é com eles que as forças políticas fazem valer a sua influência legítima. Por isso, em véspera de eleições autárquicas com dificuldades acrescidas a ensombrarem as metas do PS, devido, em grande parte, aos sacrifícios pedidos a determinados grupos sociais e profissionais, é significativo que um socialista venha expor publicamente as suas preocupações quanto ao papel que hoje o PCP desempenha. (Refiro-me, é claro, ao poste anterior, assinado pelo meu amigo Raimundo Narciso).

Porque «tende paulatinamente para valores residuais»? Não. Porque aparenta uma influência social que excede visivelmente os seus scores eleitorais.

Não sendo este um dado novo (o PCP elevou a sua influência eleitoral até final dos anos 70 e entrou, depois, num declínio gradual até ao presente) a sua influência político-social sempre excedeu visivelmente os resultados eleitorais obtidos, se comparado com os restantes partidos do arco parlamentar.


Essa característica radica, suponho, na cultura política que tem raízes históricas na luta antifascista, em que muitos portugueses (e eu com eles) conhecendo embora bastante daquilo que considerávamos perversões do socialismo, apostámos no PCP como organização cuja capacidade organizativa e dinâmica revolucionária oferecia especiais garantias na preparação e execução do derrube do fascismo.

De facto, o PCP perdeu muita da sua influência mas permanece um marco, um ponto de referência, na defesa dos direitos dos trabalhadores e na obstinação anticapitalista. Aquilo que, não tendo completamente desaparecido das preocupações do PS, acusa hoje um défice notável.

O PS não pode aspirar a ganhar a simpatia dos grupos sociais afectados pelas políticas que está a implementar. Não está a conseguir convencê-los de que o sacrifício que lhes exige é justo, vale a pena, e garante um futuro melhor. As lutas sociais comprovam isto.

Acusar, agora, os sindicalistas de se deixarem instrumentalizar pelo PCP, ou acusar o PCP de estar a encorajar e a tentar coordenar essas lutas, não adianta nada ao que tem sido repetitivamente propalado nos últimos trinta anos.


Os sindicalistas do PS e os seus domínios de influência não estão muito longe do mesmo sentimento, nem deixam de acompanhar muitas movimentações que têm tido lugar.

Penso que o problema é outro.

O PS está a governar demasiado à direita. Pôde contar com uma maioria absoluta. Não pode contar nem com o entusiasmo nem com o apoio de uma boa parte (talvez a maior) dos que lhe confiaram os seus votos.

E esse é que é o problema.

Também não é novo, mas desta vez reveste uma gravidade particular.

 

Qual o papel, hoje, do PCP?

A força política do PCP tende, paulatinamente, para valores residuais mas a capacidade de agitação é bem maior como a televisão nos mostra diariamente. Resulta menos da força que o partido já teve do que da situação de crise que o país atravessa e a maioria da população sofre.
Na greve dos professores aos exames o PCP fracassou, é certo, mas procura mostrar que está à altura de criar a desorganização e a insegurança no país. Para tal fim tenta usar como alavancas alguns sindicatos das forças de segurança, das forças armadas e do poder judicial. Exemplo disso são as ameaças de greve e caos nos serviços de Justiça, as alardeadas greves de zelo na PSP e GNR, as ameaças de abandono das armas nas esquadras por agentes de segurança ou a manifestação de ontem, na AR, com a presença de alguns destes à paisana, um dos quais, pelo menos, falou nessa condição para a TV.
Alguns dirigentes do PCP manifestam a convicção e a alegria de que, com a sua ajuda, o Governo do PS não chegará ao fim da legislatura. Estão prontos a ser intérpretes não importa de que injustas e descabidas reivindicações ou insustentáveis privilégios desde que ajude a tal propósito. E regozijam-se com a desvanecidade simpatia da direita. Para que alternativa? para que país?

2005-07-28

 

OTA e ALTA VELOCIDADE

Num esforço supremo Leisel Jones (Austrália) conseguiu, na final do mundial de natação em Montreal, vencer nos cem metros bruços, com 1m 06, 25 s contra 1m 06,62 s a desconhecida californiana Jessica Hardy, famosa desde segunda-feira passada, quando nas meias-finais, tivera o atrevimento de bater o record do mundo, de 1m 06,37 s, que Leisel estabelecera em Barcelona, com a marca espantosa de 1m 06,20 s.
Sem o record do mundo mas campeã Leisel Jones sorri.

Sobre a Ota falo depois.


 

Os grandes projectos de Investimento

.... são sempre polémicos, qualquer que seja a decisão política. Porque de política se trata, embora devam estes projectos para uma tomada de decisão assentar em bases técnico-económicas.

Ainda há dias ouvia o Prof. Miguel Beleza a pronunciar-se contra a Expo e o Europeu. Recuando no tempo muitos constestaram o CCB, a ponte Vasco da Gama e, até a AutoEuropa foi considerada um mau investimento por pessoas responsáveis como Pedro Ferraz da Costa, então no cargo de presidente da CIP, com o argumento de que retirava fundos PEDIP aos empresários portugueses, certamente àqueles cujo objectivo é vender a estrangeiros depois pelo maior lucro. Hoje está claro que este investimento, para além dos efeitos indutores na economia, é das nossas poucas tábuas de salvação (até quando?).

Não acho mal a "boa" polémica, entendendo como tal a polémica bem fundamentada que acrescenta conhecimento a quem não sabe e a quem sabe da "poda".

Acho-a de grande utilidade e constitui uma forma de estar cívica e para ela devem ser carreados todos os tipos de argumentos. É o que se passa, aliás, em países como o Reino Unido e nórdicos. Menos em França, apesar de a haver.

Não é infelizmente o que se passa entre nós. Há qualquer coisa de intrínseco que nos leva sempre a uma de duas situações: ou não há ou há má discussão ou as decisões arrastam-se por longas e boas décadas. O Alqueva é um caso paradigmático do atraso e dos seus custos para o país com especial impacte no Alentejo. E hoje que tão bom seria ter um Alqueva em pleno!!!. Até a balança comercial seria outra...já para não falar da seca.

Isto vem a propósito do PIIP (plano de investimentos públicos do actual governo recentemente apresentado) e dos projectos que abrem mais o olho pela sua dimensão: OTA e TGV.

Acho com toda a sinceridade que tem faltado a boa polémica, querendo com isto dizer que falta informação pública e que os actores que têm entrando na polémica incluindo os 13 economistas do manifesto (por muitos dos quais tenho bastante apreço) não carrearam informação útil para quem não sabe e então para quem sabe alguma coisa foi a completa desilusão. O governo também não tem tido um bom desempenho no sentido da boa polémica. Terá avançado e decidido da forma mais fundamentada, acredito, mas não chegaram até nós os fundamentos da decisão e depois de tamanha confusão de traçados de TGV e de alternativas de aeroporto no passado, impunha-se um melhor trato de tão melindrosa questão. Ainda é tempo não de parar com a polémica mas de contribuir para um novo modelo de polemizar entre nós. que diabo não somos um país tão incivilizado!!!Mas parece.

E já agora uma nota final sobre a questão das eólicas, mais grave pela oportunidade perdida nas contrapartidas. Numa visão de futuro as contrapartidas a exigir não eram de "fundos" mesmo de inovação, mas de investimento com transferência de saber a aplicar em sectores emergentes. Alinhou-se numa posição conservadora que, na prática, canaliza o concurso para ampresas europeias e que pouco nos traz para um mudança de estrtura produtiva. O investimento a atrair como contrapartidas deveria ser de origem americana.


 

Não sei se

está toda a gente a seguir o renhido duelo terçado aqui em baixo? Devem ouvir, com certeza, o tinir das espadas, o faiscar das lâminas, gume contra gume, estocada rija mas sempre... sempre antecedida de cavalheiresca genuflexão.
MC atirou a luva. JT agarrou-a. Ainda ela não aterrara. Nem tempo houve para escolher padrinhos. Argumento contra argumento, argúcia sobre argúcia, escalpelizaram, viraram do avesso o magno e instante problema da actualidade: o TERRORISMO.

Vocês não sei... mas eu vou lá ver!


2005-07-27

 

Via democrática para a teocracia?

O projecto de Constituição do Iraque declara que "o Islão é a religião oficial do Estado, a principal fonte de legislação e nenhuma lei pode entrar em contradição com o Islão" revelou, segundo o DN de hoje, o diário governamental do Iraque Sabah.
"Este projecto - continua o DN - representa uma deriva face ao estabelecido na lei Fundamental provisória, adoptada em Março de 2004, pelo órgão político instituido pelos EUA".
Aquela redacção vem substituir o preceito de que o Islão apenas seria "uma fonte legislativa e que nenhuma lei poderia contrariar os princípos democráticos e os direitos fundamentais".

Outro passo atrás é "a retirada de direitos às mulheres iraquianas, nos domínios do casamento, divórcio e heranças".

Passo atrás e bem atrás porque era um direito adquirido desde 1959 e confirmado no regime laico do ditador Saddam Hussein.

Ainda é cedo para se saber que tipo de democracia Bush vai conseguir implantar a tiro no Iraque, depois de tantas mortes, tantas destruições, tanto sofrimento infligido a todo um povo, tanto incremento dado ao terrorismo, tanto desvio de meios do prioritário combate a este.

Os novos métodos eleitorais e democráticos no Iraque, de maioria xiita, talvez sirvam para democraticamente se pôr fim a qualquer veleidade democrática e criar um Estado teocrático. Talvez sirvam para enfiar uma burca em mulheres que tinham conseguido a mais lata emancipação do mundo árabe.

 

13 MAGNÍFICOS

de esquerda e de direita, neo-liberais, pouco neo-liberais e não neo-liberais. De Carrapatoso e Nogueira Leite, do "Compromisso Portugal", a João Ferreira do Amaral. De João Salgueiro e Miguel Beleza a Augusto Mateus e Silva Lopes. De Medina Carreira a Ribeiro Mendes...
Fui a correr comprar o DN e ler o MANIFESTO.
Afinal mais parecia um número de marqueting do DN. O Manifesto não diz nada. Nada que não seja pelo menos tão "ideológico" como as opções do Governo que tentam contrariar. Nada que não tenha profusamente sido dito contra a visão não estritamente "contabilística" da política económica do Governo. Principalmente sobre OTA e a AV .

Uma amostra do Manifesto:

"Mas face a tal cenário parece ter emergido uma corrente de pensamento que acredita que a superação da crise pode estar no investimento em obras públicas, sobretudo se envolvendo grandiosos projectos convenientemente apelidados de estruturantes. Porque a situação é séria e o País não pode, sem pesados custos, embarcar em mais experiências fantasistas, importa dizer, de forma muito clara, que essa ideia é errada e a sua eventual concretização poderá ser desastrosa para o País. O investimento público pode ter virtudes e pode ser um importante elemento estimulador do desenvolvimento. Mas não é, nas presentes circunstâncias da economia e das finanças públicas, o caso do investimento físico, sobretudo se dirigido a obras cujo mérito não tenha sequer sido devidamente demonstrado por estudos publicamente divulgados, credíveis e contraditáveis."

Pela boca de Manuel Pinho, anteontem na Ordem dos Economistas, o DN apresenta "Os argumentos de Sócrates " e, ao "Separar as águas", António Perez Metelo reduz a nossa expectativa e o... Manifesto a um desabafo insuficiente para abrir uma vaga no ministério da Economia.


2005-07-26

 

Pré-Presidenciais (2)





Estou inteiramente de acordo com a interpretação que o Raimundo Narciso fez do meu poste anterior - Pré-presidenciais (1) - tal como com aquilo a que chama a sua própria leitura «mais simples, menos elaborada, menos maquiavélica para a realidade.»
Incluo no meu acordo aquilo que, para ele, parece ser apenas uma suspeita:« [tal leitura, - a dele,] talvez redunde em não ter em tão alta conta os actores deste drama.»
Eu não tenho em «alta conta» todos os actores políticos - deste e doutros dramas - mas é certo que lhes dou tanta importância como se os tivesse, de facto, em conta alta. Por isso, também aí acabamos por estar de acordo.

Posto isto, a questão que eu levanto, e que decorre evidentemente do meu poste anterior, é a de saber qual será o grau de «entusiasmo» do PS no apoio à candidatura de Mário Soares.

O porquê da dúvida reside no tom forçado da declaração de José Sócrates, que logo a seguir se remeteu a um silêncio absoluto sobre esta matéria. Dizer, agora, que Sócrates não queria Soares na próxima corrida a Belém, pode parecer grosseiro. Porém, afirmar que a sua primeira escolha não era para ser levada a sério, já pode parecer admissível.

Na política é assim. As dívidas pagam-se. De uma maneira ou de outra.

A desvalorização de Soares começou no próprio PS. Resta-nos a esperança de que, aceitando ele mais este combate, o possamos fazer valer mais do que as sondagens lhe dão neste momento.

 

Manuel Alegre e as Presidenciais

Manuel Alegre mostrou disponibilidade para enfrentar Cavaco e olho para este seu gesto como um acto de coragem e de elevada nobreza. Manuel Alegre não era o meu candidato, como várias vezes aqui o referi, pela simples razão de que não reunia, em meu entender, as condições para vencer Cavaco. Entendo que a presidência é um daqueles lugares pelo qual nos devemos bater com todas as armas. Donde o meu desejo de um outro candidato ganhador. Penso que Alegre até pelas relações de amizade com Mário Soares estava/está ao corrente das démarches desenvolvidas. Daí que se sinta/mostre algo incomodado, quando falam "por ele".

Daqui até ao anúncio da candidatura de Mário Soares vai correr muita água. Espero algum desequilíbrio mais no campo do adversário que tentará desferir todos os ataques "mais baixos", sendo a idade e o da mudança do País os mais propalados e, esta última orientada para fazer passar um perfil de candidato "sabedor" de Economia. Sobre esta matéria, dois simples comentários. O Presidente da República do que precisa é de ter um espírito aguçado da política e do enquadramento de Portugal no Mundo. e Aqui Soares nada deve. Segundo, os mandatos de Cavaco não foram um bom exemplo de políticas económicas de sucesso. Como diz Miguel Cadilhe Cavaco foi um dos responsáveis de ampliar o Monstro, ao insuflar a prazo trinta mil contratados a prazo que o governo de Guterres acabou por consolidar numa política humanista mas sem critério. Cavaco deixou o aparelho produtivo como estava especializado em produtos banalizados e de mercado saturado. Apenas uma decisão de algum sentido de mudança, a AutoEuropa. Mas até nisto duvido que tenha sido Cavaco o obreiro da atracção deste investimento.

Por isso, ainda hoje, o país sofre os efeitos das decisões de fundo que Cavaco não tomou e das que tomou erradamente, porque, como se sabe, tudo isto demora anos nos efeitos.

 

SOARES À PRESIDÊNCIA (2)

No seu post "PRÉ-PRESIDENCIAIS (1)" Manuel Correia analisa as presidenciais de forma algo codificada. Vamos a ver se interpreto bem.
Dado o hipotéctico vezo centrista de Sócrates, parcial, em seu entender, do bloco central, fez um acordo (tácito, naturalmente) com o PSD ou com a direita ou só com Cavaco. Cavaco ajudava a vitória de Sócrates contra Santana Lopes e Sócrates ajudaria Cavaco a chegar a PR não facilitando o aparecimento de nenhum candidato presidencial do PS capaz de o derrotar.
É esta a tradução que faço do "PS enredado em compromissos eleitorais".
Em que assenta esta interpretação da realidade? Na declaração de Cavaco favorável a Sócrates e prejudicial a Santana Lopes na campanha eleitoral para a AR. E na presunção de que Sócrates sabia desde sempre que Guterres não se candidataria.
José Sócrates, de acordo com os hipotéticos "compromissos eleitorais" com o PSD, com a direita ou só com Cavaco, apoiaria Manuel Alegre, um candidato imolado à vitória certa de Cavaco.

Como encaixar então o hodierno apoio de Sócrates a Mário Soares, candidato perigoso para Cavaco? Sócrates foi encostado à parede! Soares disponibilizou-se e Sócrates não teve outro remédio senão dizer que o apoiava.

É isto o que o artigo de Manuel Correia diz? Ele o esclarecerá certamente.

Tenho uma explicação mais simples, menos elaborada, menos maquiavélica para a realidade. O que talvez redunde em não ter em tão alta conta os actores deste drama.

Cavaco com uma declaração favorável a Sócrates mais do que apoiar o candidato socialista a 1ºM quer impedir que o seu arqui-adversário Santana Lopes tenha uma vitória que o possa levar a passar-lhe a perna, candidatando-se ele, Lopes, à presidência da república.
Sócrates, como toda a gente, constacta que o PS não tem nenhuma figura capaz de fazer frente a Cavaco. A não ser, talvez, Guterres. Guterres desmente sempre a sua vontade de se candidatar. O que na realidade não quer dizer, no caso, absolutamente nada. Guterres, no entanto, reaparece em vários eventos públicos e apalpa o terreno da sua popularidade. Guterres preferiu um bom cargo internacional a arriscar. Tanto mais que a onda de popularidade não se esboçava. Sem Guterres, restava Vitorino. Mas Vitorino também não quis. De modo que apenas com Manuel Alegre em carteira, sem condições de vitória, o PS acabou por chegar à hipótese Mário Soares. Hipótese de recurso, sem dúvida, tendo em conta a sua idade. Mas, como aqui, no Puxa Palavra, alguns já tinham concluído, a única que poderia dar garantia de vitória. E, sendo Soares aquele combativo animal político, não era nenhum absurdo considerar que a idade fosse um factor insuperável.


2005-07-25

 

Soares à Presidência

Quem pode impedir Cavaco de percorrer, "nas calmas" a recta e plana auto-estrada que vai daqui a Belém? Quem? Digam lá. Ora se não dizem digo eu - Soares! E Soares não só é um adversário de respeito como é um adversário ganhador.
Já tem mais de 80 anos? E Adenauer, por exemplo, não foi Chanceler até aos 87?
Ora a minha proposta é para um único mandato e com direito a uma sesta institucional. Aliás aquilo é uma função que ele já conhece de cor e salteado e só precisa de estar num grande cadeirão, na varanda do Palácio de Belém, a dar as suas orientações, quase como um rei.

Isto foi publicado no Puxa Palavra há mais de um mês. Exactamente a 14 do passado mês de Junho [aqui]. Com 26 comentários foi dos post que mais participação teve dos seus leitores.

Desde a ida de Guterres para Alto Comissário que, pelo menos eu e o João Abel, defendemos a candidatura de Soares à Presidência da República, como a melhor, ou a única, candidatura capaz de ganhar a Cavaco Silva. O único problema era Mário Soares dispor-se a isso. Agora o que é preciso é trabalhar bem, com serenidade, sem euforias despropositadas.

A "decisão" de MS aceitar o desafio causou de imediato a maior consternação nas hostes cavaquistas. E, curiosamente, está a suscitar empenhados comentários no Puxa Palavra.

 

Autoridade da concorrência e a PT

A Autoridade da Concorrência produziu um estudo sobre a área das telecomunições de que se retiram as seguintes conclusões.

Segundo este estudo reportado a Dezembro de 2004, as chamadas de rede fixa em Portugal para o território nacional eram das mais elevadas da Europa. Por exemplo conclui o estudo que os nossos preços de chamadas locais nacionais sõ 62% mais elevadas que a média dos preços praticados na UE15 e 151% acima do Luxemburgo, o país mais barato.

Quanto à Internet conclui a Alta Autoridade que o acesso á banda larga é cara, por exemplo 5 vezes mais que na Alemanha.

Ouvi na TSF, o Dr. Carlos Robalo da PT vir desmentir as conclusões do estudo. Em que ficamos? O que nos irá dizer o Prof Abel Mateus, presidente da Autoridade da Concorrência. Vem dizer que se enganou?

Ou precisamos de uma terceira entidade? O que nos dirá a Anacom?

 

Os erros das vítimas




Jean Charles de Menezes, chamava-se ele. Tinha 26 anos e estava a viver e a trabalhar em Londres.

O João Tunes escreveu há pouco (ver aqui) no seu blogue Água Lisa 3, um poste intitulado «Há lágrimas que...». Acha ele «lamentável» e «condenável» o sucedido, acreditando que o jovem brasileiro fugiu «às autoridades [tendo assim] acentuado suspeitas de que se tratava de um bombista suicida.»


Ao ler o poste fiquei surpreendido.


Como a Comissão de Averiguações, à hora em que escrevo, ainda não apresentou as conclusões a que chegou tendo já deixado escapar, sugestivamente, que foram 8 e não 5, como «erradamente» tinha sido noticiado, o número de projécteis que atingiram o jovem electricista, fiquei de pé atrás. Pensei: então não está aqui uma das provas de que este não é (não pode ser!) o caminho?


Esta «resposta» que consiste em atirar a matar quando não se percebe o que os outros estão a fazer é a execração das civilizações, a irracionalização da (in)segurança, e a destruição de quaisquer planos de recuo para a hipótese tão plausível de nos enganarmos como tantas vezes nos enganámos entre «terrorismos», «terroristas» e «reacções em força».


João Tunes acha uma «choradeira despropositada» as manifestações de preocupação e pesar cuja carga de indignação por certo ainda nem sequer se fez sentir. Discordo e, pelo contrário, sugiro que ponhamos os olhos no que sucedeu e nos interroguemos sobre o que distingue esta vítima da «resposta» securitária, das vítimas dos outros atentados terroristas. Menos inocente? Por certo, não!


Então é o quê?


É a primeira demonstração de que a «resposta totalizante» tomará incessantemente os «inocentes» como justificação para uma abordagem sem esperança nem retorno.


Não se compreende bem que, para efeitos de (auto)justificação ideológica, alguém se ponha a minimizar as vítimas que erraram...

Como sabemos, por experiência própria, as vítimas costumam errar postumamente pelas vozes desconsiderantes dos que lhes vão sobrevivendo.

 

Pré-presidenciais (1)





As presidenciais já preocupavam os estrategas partidários há um ano atrás. O que se preparou desde então, forma, por assim dizer, o «fundo» da questão: o PS enredado em compromissos eleitorais, mas deixando, aqui e acolá, escapar um ou outro sinal de orientação para uma solução consensual. Face a isso, inquietámo-nos todos - cada qual à sua maneira, - João Abel, Raimundo Narciso, João Tunes et j'en passe. Basta reler os posts de então. Para uns, o «perigo» do regresso do Bloco Central mais ou menos encavacado ; para outros o atraso desarmante com que a direcção do PS estava a tratar o assunto. Sócrates ficava-se então por António Guterres. Depois? Depois logo se veria...

Cavaco Silva fez a parte dele. Não desmentiu que pensava ser o PS o único partido que, na sua opinião, estaria em condições de garantir um conjunto de medidas económicas e sociais capazes de garantir a estabilidade do sistema, distribuindo os sacrifícios pelos «culpados do costume». A recusa em desmentir que, no fundo, desejava a maioria absoluta de José Sócrates, favoreceu o PS. Com estas coisas não se brinca. O PS ficou em dívida.

E vai pagar.

É a isto que eu chamo as manobras de «fundo», em oposição às atribulações de «superfície». O meu camarada de blogue, João Abel Freitas, encara assim o meu jeito de opor «fundo» e «superfície»:

«E desta vez a superfície do Manuel Correia afinal era mais transparente pois deixava passar a ebulição que se vivia lá no fundo.» [ver, em contexto, aqui.]

Seria o eventual apoio à candidatura de Soares uma dessas coisas em «ebulição que já então se vivia lá no fundo»?
Não sei. Suponho que não. O próprio Soares terá de desdizer-se (outra vez...) para se recandidatar. No mínimo, o que se pode ver através da superfície, é que, candidatando-se Mário Soares, a actual direcção do PS não poderia continuar a adiar uma tomada de posição.

No «fundo», é isso...

Quanto ao que Soares hoje representa e à sua abordagem do terrorismo da Al Qaeda, falaremos depois.

2005-07-24

 

Marcelo...em perda de Qualidade

Até pelo meu post anterior, fui ouvir Marcelo Rebelo de Sousa. Francamente, para além de acentuar a faceta específica do intelectualmente desonesto, como muitos dos meus amigos o caracterizam e eu também... mas apesar disso achava que de vez em quando tinha alguma saída envolvente....e por isso gostava de o ouvir. Praticava essa sua desonestidade com alguma elevação.

Desde algum tempo, entrou em perda de qualidade e mais grave derivou para uma certa "brejeirice" intelectual. É um caminho. Basta sorrir, gesticular e dizer coisas sem nexo.

Hoje foi isso. Denegriu toda a gente a rir e a esbracejar: Soares, Sócrates, Freitas do Amaral, Alegre, ninguém lhe escapou e se mais houvesse....E a mais brejeira é aquela de que Sócrates se sentiu constrangido a aceitar Mário Soares como candidato. As pessoas pensam e começam a descobrir que Marcelo está no seu caminho....


 

Finalmente Mário Soares na rampa de lançamento

Cavaco Silva não dormiu bem este fim de semana. A consulta à família, depois daquele sorriso que me incomoda sempre por que me parece algo traiçoeiro, não deve lá andar a correr bem. Mas pior mesmo é que eu acho que ele está mal com Deus e com os anjinhos todos. Qualquer coisa de mal deve ter feito cá na terra para não colher as benesses lá do alto a que se julga com direito. O homem não se sabe despir de PSD, PSD à sua maneira e, por isso, até não reune bem todas as suas hostes. Ele só ganha quando corre sozinho porque perfil de candidato não lhe abunda. Vamos ver Marcelo daqui a pouco. Será que ainda espreita a rampa a marcar passo para lá bem mais para a frente? Marcelo estará melhor com os santos? Quem sabe? Será que vai haver uma inversão de posições? Ficará a direita agora sem candidato?

Não estou com isto a dizer que está ganho para as esquerdas que espero tenham juizo. Mas as tarefas de Cavaco entraram em dificuldades redobradas. E daquele passeio que já saboreava com antecipação vai ter mesmo de se aplicar e com grande risco de insucesso. Aqui pelos menos alguns de nós sempre nos batemos por esta hipótese, a única posível de não entrega à direita deste "poder simbólico". E desta vez a superfície do Manuel Correia afinal era mais transparente pois deixava passar a ebulição que se vivia lá no fundo.


 

Excelente

Estou a ler uma entrevista com Correia de Campos hoje publicada no Notícias Magazine que diz: "Todos os gestores que foram nomeados trouxeram, no acto de posse, uma carta de missão".

Sinceramente, acho excelente e Correia de Campos continua: "É um documento de enorme importância que foi redigido pelos próprios e revisto por quem os nomeou, embora seja provisório e revisto noventa dias depois".

Duas dúvidas. Como não ouvi mais nenhum ministro falar sobre este assunto, terá sido o Ministro da Saúde, o único, a cumprir esta orientação? Segunda dúvida, estas cartas de missão não deveriam ser tornadas públicas? Uma questão de profilaxia. É um passo que se impõe. Confio em Correia de Campos. Acho que pretende, de forma séria e adequada pôr muita coisa na ordem. E não pretende agradar a todos. É um bom princípio.

2005-07-23

 

Interessantes títulos ... e alguma bizarrice

Expresso: Candidatura de Soares iminente

DN: Soares pressionado a avançar para Belém

Público: Manuel Alegre disponível para ser candidato a Presidente da República.

Segundo se deduz do DN e Expresso, sectores próximos de Mário Soares estão a pressioná-lo para se candidatar.

Não sou próximo, mas como penso ser importante para o País barrar o passo ao candidato da direita só vejo nas actuais circunstâncias um candidato com esses atributos. Mário Soares. Daí o meu apoio já tantas vezes aqui afirmado.

2005-07-22

 

Ota e TGV

Como toda a gente também tenho cá as minhas razões. Por um lado estou a favor, por outro estou contra. Desculpo-me com o desconhecimento dos dossiês.
Acham que um artigo destes cria o mais ligeiro frisson ? Pois também acho que não.

Será por isso que vou sempre a correr ler os tremendistas artigos de Miguel Sousa Tavares ("Um crime na Ota" Público de 2005-07-22) e os de Vasco Pulido Valente ("O melodrama voltou" Público de 2005-07-22) mesmo que sustentadamente não digam mais do que eu?


 

Confusões

Porque será que, com frequência, os convidados para Ministros das Finanças não reparam que não estão a ser convidados para chefiar o Governo?
 

Convenhamos que

Amine Al Fazhi tem 24 anos e foi acusada de ter tido relações sexuais com Omar Mohammed de 14. Vive no Afeganistão numa região próxima do Paquistão controlada pelo regime talibã. Amine arrisca-se a ser lapidada. (Meus contactos em Cabul)

Debra Lafavre tem 24 anos e é professora em Tampa, Florida, EUA. É acusada de ter tido relações sexuais com um aluno de 14 anos. Incorre na pena de 30 anos de prisão (Público de 2005-07-22).

Convenhamos que há uma certa diferença!


 

À Procura da Bússola

Andamos sem rumo em termos de estratégia de desenvolvimento há muitos anos. O problema não é deste governo, mas de todos. No entanto, ao governo que está no poder temos de lhe exigir que encontre o rumo, o mais rápido possível.

O que nos falta para esse rumo? Tudo. Ideias concretizáveis + Capacidade de as colocar no terreno. Penso que toda a gente sabe isto, só que é duro dizê-lo. Mesmo que a economia europeia saia do torpor em que se encontra (e parece que não será para breve), a economia portuguesa vai ser pouco arrastada pela onda. Porquê? Porque o problema é nacional. É interno. Os investimentos do passado não foram na boa direcção. Se a nossa questão é exportar, pergunto-me, o que é que este país vai exportar se não tem preços concorrenciais nem canais de comercialização para os mercados europeus? Toda a gente sabia que iamos chegar a esta encruzilhada. Mas manteve-se caladinha e houve algures no tempo uma Auto Europa (contestada mal por alguns sectores) que ajudou a disfarçar esta situação. Falhou a não atracção de investimentos que fizessem emergir actividades de futuro, falharam as privatizações que nada acrescentaram porque foram para mãos sem visão ou á procura de as realizar o mais breve possível, como tenho dúvidas sobre a orientação recente dada às eólicas. Já aqui o disse. Para as eólicas deveria ter sido criadas condições para atrair capital americano que certamente nos traria contrapartidas mais consentâneas em termos de actividades emergentes. As apresentadas e exigidas são muito pouco ambiciosas e afuniladas. Somos um país com uma tendência para "produzir mais do mesmo" com ligeiras melhorias, quando do que se precisa é de rupturas.

Se esta rota não tiver correcção rápida, o que se espera para este país é um ciclo de empobrecimento relativo.

2005-07-21

 

Informação e contra-informação

Com a demissão de Campos e Cunha voltámos aos boatos e conversas de café. O diz que disse e até o primo da mulher que conhece um cunhado que esteve presente.
De facto, neste processo existem uma sequência de acontecimentos que dificilmente nos levam a acreditar em "razões pessoais, familiares e cansaço".
José Socrates, com o estilo que lhe é característico agiu com rapidez e discrição por forma a conseguir continuar o dificil trabalho que tem entre mãos.
No entanto, se de facto é importante continuar o trabalho, não é menos importante perceber se "as bocas" que por aí se ouvem são ou não verdadeiras.
O poder judicial e a comunicação social tem de agir rapidamente investigando toda e qualquer possibilidade de ligação dos politicos com poder, empresas da área do betão e negócios de compras e vendas de terrenos.
É fundamental saber se sim ou não.
O talvez é inaceitável e não serve os Cidadãos.
 

"Há um corrupio à volta de Soares"

...É uma frase que li hoje, julgo no DN, a propósito de Soares ser candidatável. Ao contrário do meu amigo João Tunes acho que Soares ainda está bem para esta missão e é, por outros não se terem preparado a tempo, o único que reune á esquerda condições para impedir a direita de lá chegar.
Quanto ao "corrupio" não faço parte. Lá nos idos de 68/69 andei num outro corrupio, animado de forma bem diferente, pois o que nos aconteceu foi por duas vezes num mesmo dia e noite, primeiro na Barata Salgueiro (onde Soares não compareceu) e à noite na Av. do Brasil e Campo Grande umas corridas e uns tantos mimos de pancada à frente da polícia de choque do capitão Maltez.
Mas voltando ao tema das Presidenciais, acho interessante este jogo do gato e do rato entre PS e PSD se daí não resultar um pesado preço para a esquerda, ou seja, se o PS não estiver descalço e de facto Soares esteja disponível, pois aí insisto na minha tese Cavaco fica intimidado. Com Alegre, apesar do seu prestígio merecido como intelectual, sejamos realistas, isto não vai lá. E as esquerdas não poderão ser levianas a esse ponto.

 

A Demissão de Campos e Cunha

É minha convicção que Campos e Cunha foi convidado a sair, independentemente depois do que é dito para o público, "razões pessoais, familiares e cansaço". Alguma justificação tinha de ser dada e esta é uma atitude de cavalheiros.

Campos e Cunha ambicionou ser Ministro e lá chegou. Mas ser Ministro ainda por cima de Estado e das Finanças, num período crítico, não é para quem quer mas para quem sabe. E acho que Campos e Cunha sempre mostrou ser um erro de casting deste governo. Não está em causa a sua capacidade técnica, apesar de....melhores as expectativas de partida.

Em minha opinião, Campos e Cunha entrou logo fragilizado, falando a destempo do aumento de impostos. Na pensão de reforma saiu-se mal. Olhou para o caso como um ataque pessoal, só mesmo faltando-lhe chorar na TV....e depois é todo este último processo, artigo, Parlamento, etc. Não estou a dizer que ele tenha neste último processo dito algo chocante, em teoria, mas ministro é ministro e há uma atitude de postura política que é a solidariedade e aqui há muita gente para quem este valor pesa de menos.

Campos e Cunha demonstrou neste curto tempo de poder, que voou alto de mais sem ter feito as horas para tamanho voo, ou então como diz a sabedoria popular "com mais olhos que barriga".

Neste contexto, José Sócrates agiu muito bem e atacou a questão de forma exemplar. Hoje já há ministro de novo. Sobre este novo aguarde-se....

Agora se isto foi bom para a equipa, não foi...é uma prova de alguma fragilidade que não ajuda interna e externamente a situção que é grave e o país está a correr o risco de entrar num processo de empobrecimento relativo. Espera-se que seja exemplo para toda a equipa. Há que falar menos, fundamentar mais as decisões a apresentar nesta situação de dificuldade em que se encontra o paísl e a prudência é preferível à tentativa dos ecrans da televisão.


2005-07-19

 

Perfídias e venenos de Marcelo

Marcelo Rebelo de Sousa, na sua intervenção do último domingo, que não ouvi, mas hoje li, vem com "uma tese não tese" de que Cavaco seria melhor Presidente para Sócrates que Mário Soares, porque este funcionará de pára - raios das contestações de esquerda ao governo. Daí os atritos.
Por outro lado, defende que Mário Soares vai ter que avançar se quiser ser candidato, dando a entender que Cavaco está na maior e, por conseguinte, tem muita margem para avançar sobre a hora.
Penso exactamente ao contrário. Cavaco não avança com receio de Soares. Já aqui o dissemos e estamos disto convencido. Defendemos a candidatura de Soares, uma candidatura vencedora. Que venha esse pára-raios!!
E será que não é mesmo isso que Marcelo pretende? Afastar Cavaco para preparar a sua candidatura a prazo?
Porque vendo bem , políticamente, Marcelo não passa de um comunicador televisivo.

2005-07-18

 

Eólicas e Plano Tecnológico

Hoje por momentos tive um assombro de entusiasmo, ao olhar para a primeira página do DNnegócios ao ler os títulos: "cluster" industrial das eólicas...e entrevista do Prof. José Albuquerque Tavares, coordenador do Plano Tecnológico.

Pensei para mim, ainda bem, isto está a ser pensado de forma interligada.

Afinal, puro engano. São duas peças que não se encontram conectadas. Sempre pensei que em contrapartida das eólicas fosse possível captar investimentos mais estratégicos do que uma mera fábrica de aerogeradores, independente de esta ser interessante se houver mercado e outras condições atractivas, sem dúvida. É pouco para uma economia que precisa de apostas fortes em novas actividades ligadas ao conhecimento e inovação. Mas afinal uma simples aposta clássica, apostando nos grupos já posicionados e não tentando aliciar outros, por hipótese de origem americana que poderiam acoplar outro tipo de investimento tão necessário à nossa economia.

Já quanto à entrevista do Professor estava à espera de começar a ver uma certa estruturação desse plano e por isso admiti, por ingenuidade, a ligação entre as duas temáticas. A minha desilusão não poderia ser maior, não porque o Professor tenha cometido erros. Não, tudo certinho. Não disse muito que não venha nos livros e nos relatórios sobre a nossa economia. Perfeito. Mas eu ia à procura do Plano Tecnológico. Assumo, a deficiência e a desilusão são minhas. As pessoas não têm culpa desta minha decepção e estão a fazer o melhor de que são capazes.


2005-07-17

 

Uma Visão Estratégica

É interessante saber que há empresários portugueses ousados e com visão estratégica.

É o caso do grupo Pestana que no Alvor face a problemas previsíveis de eventual falta de água quer no ano em curso quer nos anos mais próximos decidiu investir na dessalinização e, deste modo, dispor de autonomia. É um investimento de valor elevado mas que feitas as contas vale a pena. Constroi desta forma um factor de competitividade.
Não se percebe é porque outros grandes empresários não seguem este caminho e até porque razão não se pensa em aplicar um projecto desta natureza no Algarve. Certamente não deverá ser por carência de água salgada!!!

2005-07-16

 

O Regresso do Pensamento Único (1)



«Ou nós ou eles»

Comentário ao artigo de Pacheco Pereira (PP) reproduzido no Abrupto.

«Quando se está em guerra, corre-se para a frente» e «Ou nós ou eles» são dois mimos marciais que PP nos serve no seu artigo (a ler no Abrupto). Para além de falácias descontextualizadas, denotam uma embriaguez doentia do elogio das armas. PP tornou-se o arauto da solução única que disfarça (mal) a apologia do pensamento único.

PP disfarça a evidência. Bin Laden, a Al Qaida e os Mujahedines foram treinados, para além de toda a prudência ocidental, pelos serviços secretos dos EUA e do Reino Unido. As conexões foram claras e são agora nebulosas. De nada lhes servirá tentarem ocultá-las. O Império enfrenta mal a era da grande complexidade tecnológica. Os mercados financeiros nem sempre se sentem protegidos pela ordem liberal. Deixaram para o puritanismo religioso a tarefa da estabilização social. Entretanto, os mercenários que o Império recrutou e pagou para apressar o colapso do sistema soviético, tomaram as suas derivas. Nem todos permanecem, com o esperado grau de prontidão, na cadeia de comando norte americana. Não vale a pena deformar o que diz Soares e, ao mesmo tempo, fazer de conta que a história (re) começou em 2001 sobre Manhatan.
O que Soares diz, - para além do óbvio olhar pragmático que lança sobre os incêndios regionais - é que as grandes potências (EUA, UK, França, etc) negoceiam, de facto, com aqueles a quem chamam ou chamaram terroristas, distribuindo, globalmente, notas de imprensa afirmando o contrário.

É tudo demasiado grosseiro para, com tanta desfaçatez, se invocarem as vidas inocentes daqueles e daquelas para quem, de súbito, o mundo se desfez em Nova Yorque, em Madrid ou em Londres. Mas é duplamente hipócrita ocultar que, noutras latitudes, a humilhação e o morticínio genocida continuam. No Afeganistão, o rastilho continua aceso; na Palestina, o amigo americano mancha-se com uma parcimónia inominável; no Paquistão, a aliança é dúbia. Musharaff, protector e mentor da Al Qaida, poderá ser, daqui a pouco, o próximo Bin Laden.
Esse é o caminho que o Império aponta.

Soares tem razão. Os caminhos trilhados até agora, têm apenas trazido mais do mesmo.
Um pouco de história ajudará ou, pelo menos, trará para a discussão um elemento importante. Onde a diplomacia não toma lugar, nenhuma esperança de paz poderá assomar. O caminho único da utilização da força que nos estão a tentar impor, não tem nem a paz no horizonte nem qualquer saída pacífica em vista.

E nesse aspecto PP tem razão.
É a guerra.

 

Cunhal visto por Urbano

Tavares Rodrigues e... um outro olhar! Aqui no Memórias.
 

O "Mensalão" continua em Portugal

Esste tal de Jefferson é um chato. De que precisa é de uma quinta na Quinta da Marinha. Arrumem lá isso, dêem um jeitinho e o homem até diz que se equivocou, que nem era o GES nem o Mexia. Seria uma limpeza melhor que o OMO.
Também foi demais, tudo na mesma hora. O Ges sempre é o Ges. Já começam a ser tantas... Mas o Mexia. Valha-nos deus. No "mensalão" do Brasil. No "mensalão" da GALP. Tenham pena, ainda é muito moço, com tanto caminho pela frente.

 

20% da floresta portuguesa já ardeu

... É um problema que tarda a encontrar soluções de fundo para evitar esta tragédia de todos os anos. Só nos resta ter "fé" para que, em 2006, a situação não seja a mesma. Caso contrário, dentro de muito poucos anos, teremos um País totalmente ardido... deserto.
quanto a ideias, acho que 0 País já se desertificou. Ouvir uma pessoa "responsável", presidente de um banco, o BPI, defender que os salários dos portugueses devem descer 10%, de duas uma: ou entrou, na via de Alberto João, toda a asneira em frente para conquistar as primeiras páginas dos jornais ou então, se é dita, a sério, este mundo endoidou.

2005-07-15

 

DE Volta à ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Há uns meses atrás, Dezembro/Janeiro, escrevi uns quantos post sobre a Administração Pública (AP).

Estou de volta ao assunto para polemizar um pouco, até porque basta ler e ouvir todos os dias a comunicação social e somos mesmo convencidos de que a questão fulcral deste país reside nesse "monstro". Não é assim que muito "boa gente" lhe chama/ou chamou? Um dia destes, como ex-AP, tenho de descobrir uma "drogaria" que me venda um qualquer sabão especial (esperemos que já mais baratinho - estou à espera da baixa de preços) que me separe bem dessa mancha.

Bem, a AP é, na realidade, uma questão importante. Mas não lhe podemos assacar todos os males deste País. Se estamos a perder competitividade e a que velocidade (?) há muitos anos sucessivos, perda essa que, entre outros indicadores, pode ser medida pela perda de quota de mercado, (só em 2004 foi de -4%) estamos num país em estado de continuo empobrecimento.

Estará na AP a razão de tudo isto? Não, ou melhor, muito pouco.

Os produtos e serviços produzidos em Portugal defrontam-se, desde há anos, com um problema grave de colocação nos mercados (nacional e estrangeiros). Ora não é a AP que os produz. Não é a AP que perdeu a dinâmica do mercado, que não soube interpretar o mercado, embora pudesse ter dado uma mãozinha. Pode o seu funcionamento deficiente trazer alguns constrangimentos às empresas. Certo, toda a gente sabe disso. Mas essa não é a causa fundamental do estado a que chegou a economia deste país. O problema está, no essencial, na incapacidade de gestão e falta de estratégia empresarial e nas políticas públicas falhadas porque desajustadas da dinâmica dos negócios.

Mas então a AP não precisa de mudança? Precisa e de muitas e profundas e aqui entra a polémica. Há que primeiro distinguir/assumir os vários segmentos da AP que merecem ser agarrados de forma diferente, embora com uns tantos princípios como chapéu, entre eles o melhor serviço á comunidade. Há o campo da saúde, há o campo da segurança social, há o campo da justiça, há o do ensino e há a AP central, regional e autárquica. E um pouco de fora mas dentro as empresas públicas e os institutos estes mais dentro.

A primeira questão é a das funções. À cabeça, duas grandes funções a distinguir nesta grande amálgama que se designa por AP: a primeira função é a definição das políticas e a segunda é a da sua execução. E é a partir desta base que a reorganização da AP tem de ser pensada/repensada.

Um exemplo que parece provocatório mas não é. A Suécia para a função primeira só precisa, neste momento, de 11/12 ministérios que, na sua globalidade, têm cerca de 8 000 funcionários. E é isto a AP central. Tudo o resto está ligado à execução das políticas aos diferentes níveis.

Caricaturando, com base na proposta de Belmiro de Azevedo que julgo, no período pré eleitoral, propôs 10 Ministérios para o nosso País e reconheço que não seriam precisos muitos mais, este número de funcionários públicos para os ministérios portugueses seriam suficientes. Uma proposta destas era a revolução e a queda de qualquer governo.

2005-07-14

 

Hoje Londres. Amanhã...

Ontem foi Londres amanhã poderá ser qualquer outra cidade. Incluindo a nossa. Por isso o terrorismo não pode deixar de ser uma preocupação dos governos e de todos os cidadãos.
Mas como combatê-lo?
É necessário uma táctica, chamemos-lhe assim, perseguir os terroristas ou as suas sombras, apanhá-los e condená-los. Mas logo aí, quando suicidas... resta procurar o "engenheiro", como diz a polícia inglesa, a cabeça pensante, ou lá quem fôr, no nó de cada malha, da rede infinita do actual terrorismo, executado por "mártires".
É necessário uma estratégia, reforço do orçamento, leis repressivas, restrições às liberdades, escutas, abertura de correspondência, visionamento das cidades e dos metropolitanos, e dos autocarros, e dos caminhos de ferro, e das escolas, e das torres. Interrogatório, talvez com torturas, que doutro modo nada dirão, como o que está a ser julgado na Holanda. Quiçá Guantânamos. Muitos Guantânamos. Polícias, mais polícias, mais polícias, ainda mais polícias. Um em cada esquina, um em cada casa. Cada um de nós polícia. E mesmo assim chegará?
Não chega obviamente porque a guerra é muito desigual. Os alvos são o mundo inteiro ou quase. E não é possível guardar todos os lugares. Sempre. Por isso se o Metropolitano está bem guardado hoje não estará amanhã. A polícia Londrina já sabia que Londres ia ser atacada e até sabia que o Metropolitano era um alvo prioritário. Ao fim de muito tempo afrouxou medidas como era fatal.
Mas para além de tácticas e estratégias é necessária uma política. E esta , sem dispensar medidas razoáveis da "táctica" e da "estratégia", perseguição, tribunal, vigilância, polícia, necessita de identificar causas, incluindo civilizacionais, culturais, mas tem, e nisso é que está o problema, tem de deixar de fingir que não percebe haver outras, essenciais, de ordem económica, social e políticas. De ordem das grandes humilhações culturais, civilizacionais, nacionais. É necessário não proveitar a agenda anti-terrorista para a substituir pela outra, imperialista, dos Iraques.
Apesar de coisas relevante que Pacheco Pereira refere no seu artigo do Público, de hoje, é necessário, ao contrário do que ele defende, ouvir com mais atenção os conselhos de Mário Soares que ele depreciativamente acusa de o "principal "justificador"". É que além da "táctica" e da "estratégia" Soares pôs o dedo na ferida. É necessária também a "política".

 

Souta Moura manda investigar

Ontem foi lida a sentença relativa ao processo da assessora da PGR, Teresa Sousa, que como é público tentou, entre outras coisas, extorquir umas massas a Artur Albarran. Durante o julgamento Teresa Sousa ameaçou, se fosse condenada, fazer declarações comprometedoras sobre magistrados também da PGR.
A sentença terá agradado ao fim ao cabo a Teresa Sousa que, sendo condenada, manteve-se calada.
Mas a decisão dos juízes há quem lhe chame de "salomónica" ficou bastante aquém do que se agurdava. e da pena pedida pela procuradora da República. Estamos a constatar factos.
Apesar de Souto Moura não estar ou nunca ter estado numa "posição" brilhante face à sociedade, desta vez esmerou-se (talvez um pouco tardio) e mandou abrir inquérito à ameaça de declarações comprometedoras.

 

A pena judicial aplicada à Câmara do Seixal

Há 6 anos um menor de 4 anos faleceu, após ter caido numa caixa de esgoto destapada há algum tempo.
O tribunal do Seixal condenou ontem o Município local numa pena indemnizatória de 250 000€ e absolveu um ex-funcionário do Município, então responsável pelo serviço, que provou não ter conhecimento do caso.

No contexto da justiça portuguesa, esta pena é considerada "exemplar" pelo seu montante. Os juízes costumam ser de mão muito mais leve. Por exemplo, a indemnização às famílias de Entre-os-Rios foi da ordem dos 50 ooo€.

Esta penalização mais acentuada, embora muito aquém do que é normal nos países mais desenvolvidos, é em si um bom sinal. Esperemos que comece a ser regra e se mais pesada a pena melhor.

Mas não podemos deixar em aberto duas facetas deste processo. O primeiro tem a ver com o tempo entre o acontecimento e a sentença, 6 anos, até porque nada o justifica pois de um processo simples se trata. O segundo é a de que a culpa morreu solteira. Condenou-se uma entidade abstracta e as pessoas responsáveis? Se não foi aquele o responsável quem foi? Não houve? A caixa de esgoto abriu-se por si?

A nossa justiça é muito formal e isto assim não serve de pedagogia.

2005-07-13

 

Redução de deputados

Os jornais de hoje informam-nos acerca de uma proposta do PSD de redução de 50 deputados na Assembleia da República ou seja, o Parlamento ficaria no futuro com 180 deputados eleitos. Feitos os cálculos redondos, esta proposta equivale a 1 deputado por cada 55 500 habitantes contra os actuais 43 400.

Tudo bem desde que essa proposta não desrespeite os direitos das formações políticas minoritárias e a AR ganhe em eficácia e qualidade. O País ganharia certamente se, em simultâneo, fossem criadas comissões técnicas de apoio não partidárias para aquelas questões tecnicamente muito exigentes. Ou seja, se se canalizassem as verbas desperdiçadas hoje com esses 50 deputados para o funcionamento dessas comissões.

Apenas se pede que o PSD seja consequente e defenda um projecto com objectivos de credibilidade também para os Açores e Madeira. Nesta última região, na actual Assembleia Legislativa Regional há 1 deputado para cerca de 3150 habitantes. A situação açoreana é ligeiramente melhor mas também muito inflacionada.

Por outro lado, estas propostas que vão aparecendo raramente contemplam o País no seu todo. Será que isto reflecte uma maneira de pensar dos nossos políticos? Se reflecte há que ser consequente. Ou será que atitudes destas significa mesmo isso? O abandono mais completo. Apenas um lugar aprazível para férias de vez em quando.


 

Balsemão ao ataque

A Guerra entre a Impresa de Francisco Balsemão e o GES de que ontem se deu conta, vai prosseguir. O Expresso destaca um dos seus melhores quadros, Nicolau Santos, para no Brasil investigar a eventual ligação deste grupo ao "mensalão" do PT de Lula da Silva. No Brasil, a polémica em torno deste caso também tem estado bem acesa.

2005-07-12

 

Grupo Espírito Santo contra Balsemão

Num comunicado do Grupo Espírito Santo, saído nos jornais de hoje, Balsemão é acusado de perseguição ao grupo, por o Expresso ter, no último sábado, publicado notícias que apontam para a ligação do grupo Espírito Santo ao escândalo do "mensalão" que reina no Brasil no partido de LULA e que já fez cair o presidente do partido. O GES termina o referido comunicado dizendo que se segue "o recurso a juízo contra os responsáveis pela calúnia".
Como o GES não tomou idêntica posição no escândalo nacional, que envolveu várias das suas empresas e dos seus administradores e três Ministros do Governo de Santana Lopes, o célebre caso dos sobreiros que parece ter caído no esquecimento, pergunto é de admitir que se dá por implicado nessa situação?

 

Ballet Gulbenkian, Abaixo Assinado

Este abaixo assinado circula na NET e pode ser acedido, por quem o queira subscrever http://www.petionline.com/bg05ext/petition.html


To: Conselho de Administracao da Fundacao Calouste Gulbenkian



Como público da dança e como portugueses, os abaixo-assinados vêm por este meio manifestar o seu total repúdio pela abrupta extinção do Ballet Gulbenkian – que se sente, na realidade, como um assassínio. É pouco, designar por “extinção” a morte repentina de um agrupamento em pleno vigor, com quarenta anos de história incomparável e seis estreias absolutas previstas para a temporada assim abortada. O nível do Ballet Gulbenkian, sem dúvida uma das melhores companhias de dança moderna da Europa, senão do mundo, nunca teve paralelo no nosso país, e os seus bailarinos e projectos continuavam a crescer e a evoluir. A cada ano de quatro décadas formou públicos e profissionais da dança, marcou percursos, renovou visões, elevou a vivência artística de um público limitado em opções e artisticamente subnutrido. Será que, numa conjuntura como a que vivemos hoje, podemos dar-nos ao luxo de perder tamanha jóia? Com uma vida artística instável e irregular, será justo roubar ao público nacional uma companhia de superação, de sublimação, da melhor arte que nos é dada a apreciar neste país culturalmente catatónico há demasiadas décadas? Será justo para com a memória de Calouste Gulbenkian desbaratar assim tão valioso labor de quarenta anos? Será civilização, cosmopolitanismo, modernidade, destruir o grande agrupamento de dança moderna de um país, sobretudo de um país como o nosso, tão faminto de referências e de uma vida cultural activa e regular?

Não é justo, excelentíssimos senhores. É, na nossa opinião, um crime cultural contra o país. Temos noção de que o BG não é uma instituição pública. Sabemos que a Fundação Calouste Gulbenkian é soberana nesta decisão. Mas quarenta anos de vida – e que vida – tornaram o BG património nacional. E o património nacional, manda a lei, a ética e o bom senso, deve ser defendido. Esta extinção não faz justiça ao Ballet Gulbenkian nem ao seu público. Não faz justiça a Portugal. Nem faz justiça à Fundação Calouste Gulbenkian, grande farol de um país culturalmente tacteante. Pedimos, por isso, que reconsiderem a vossa decisão. Sob pena de ficarem para a história – da FCG e de Portugal – como os carrascos de um membro insubstituível do panorama artístico nacional.




The undersigned would like to state their opposition with respect to the abrupt termination of the Ballet Gulbenkian - that ends up feeling like an assassination. The word "termination" sounds too weak to classify the sudden death of a group that was in full force - after forty years of an incomparable history, there were six premieres scheduled for the coming season (that was now aborted). The quality of the Ballet Gulbenkian makes it one of the best modern dance companies in Europe (and even the world) and it has always been unparalleled in Portugal - its dancers and projects always kept growing and evolving. This termination is not fair to Ballet Gulbenkian and to their audience. It is not fair to Portugal. Nor is it fair to Fundação Calouste Gulbenkian, the beacon of a country that is still wavering culturally. We therefore ask you to reconsider. Otherwise, you may go down in the history of FCG and Portugal as the executioners of an irreplaceable part of the international artistic landscape.

Sincerely,

The Undersigned
 

Férias

interropi-as por um dia mas não deu tempo para "postar" nada aqui no Puxa. Fiquei-me pela leitura dos artigos da equipa de serviço. Em todo o caso "postei" ali no Memórias mas desaconselho a visita. Questão de alcatruzes.

2005-07-11

 

O que o emprego da força não resolve.





O artigo de opinião de Bob Herbert no New York Times de hoje - It just gets worse - (pode ser lido aqui) dá uma ideia do cansaço, da decepção e do desespero de uma parte da América.
De facto, os EUA e o mundo não estão hoje mais seguros. A situação tem piorado. A guerra, as soluções de força como única resposta, conduziram-nos aqui e agora. É tempo de ver mais longe e ousar compreender mais profundamente.

O olhar alongado dos que justamente se indignam contra as vítimas inocentes dos atentados ocorridos nas grandes cidades de todo o mundo, deveriam abranger igualmente o sofrimento inqualificável que estigmatizou e continua noutras zonas do mundo. O massacre de Sobrenica, sobre o qual passam agora dez anos (ver aqui artigo do Le Monde) continua a assombrar a consciência de todos.

De facto as coisas não são simples.

Os nossos media são muito selectivos a lembrar e a ... esquecer.

 

Pagamos ao "director dos Impostos" 7 vezes mais

Afinal Paulo Macedo, "director dos impostos" (DGI) emprestado pelo BCP a Manuela Ferreira Leite por sugestão do ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva, Eduardo Catroga (confidência sua ontem no canal 2) e confirmado pelo actual Ministro das Finanças não ganha "apenas" 21.236 €. Ganha também, mais 3.706 € que o Estado mensalmente entrega ao BCP para o respectivo fundo de pensões. Em resumo este DGI emprestado pelo BCP ganha cerca de 7 vezes mais que um verdadeiro DGI do Estado Português. (DN 2005-07-09)
Várias questões se colocam. Fica bem ao Estado esta promiscuidade de ter como Director Geral dos Impostos um empregado de um banco privado. É que PM não é um ex-empregado do banco que veio para o Estado. É um empregado do banco que está ali emprestado ao Ministério das Finanças. Não poderá haver conflito de interesses? Consideremos, ainda que só em teoria, que o DGI descobre uma tramóia fiscal do BCP, a quem deve ele fidelidade?
Concordo que se pague muito a alguém cuja prestação traga benefícios que o justifique. É o caso, por exemplo, do brasileiro Fernando Pinto que governa a TAP e que ganhará várias vezes o que Paulo Macedo ganha.
Mas ainda estou para ser convencido que não há ninguém na Administração Pública capaz de fazer o que este Senhor faz e a ganhar o respectivo vencimento.
Não é isto gestão danosa dos dinheiros públicos? Ou facilitismo? Ou magnanidade? Própria de quem paga com o dinheiro dos outros?

 

O canalizador chinês

Bem apanhada esta do "canalizador chinês" que apanhei no último Expresso, na coluna de João Pereira Coutinho. Como sabem (não sabem?Tanto faz.) JPC não é propriamente o tipo de comentarista com quem tenha afinidades políticas e não raro (também é raro le-lo!) estou mesmo nas antípodas mas nem por isso deixa de, às vezes, ter algumas bem apanhadas.
Como aos nossos industriais do têxtil (de todos os têxteis!) o dinheiro da Europa que sobejou dos Lamborguines e Ferraris foi pouco e não chegou para a aposta na modernização, design e tal, agora quem leva com o "canalizador chinês" somos nós. Mas temos de olhar para ele como um desafio e não como inimigo. Se aqui há inimigo é o "chinês" do Lamborguine.

2005-07-10

 

Arrastão II



Pelo interesse que reveste o comentário de Rui Martins ao meu post anterior intitulado «Quem ou o quê é que nos anda a arrastar?», resolvi trazer para a vista de todos o seu comentário e a minha resposta.

Comentário de Rui Martins:

Nesta nova polémica do se houve ou não Arrastão em Carcavelos importa reter o seguinte:
a) Na Linha de Sintra e em Cascais fazem-se Arrastões quase todos os dias;
b) O sentido de Insegurança nos subúrbios é crescente
c) As autoridades tentam SEMPRE diminuir a gravidade dos acontecimentos para reduzir o pânico da população
d) A notícia do Arrastão chegou à imprensa internacional e danificou seriamente a imagem de Portugal enquanto destino turístico seguro
e) Enterrar a cabeça debaixo da areia e recusar ver o que se passou em Carcavelos não vai resolver o problema, só o vai agravar! Porque ainda que não tenha havido um "Arrastão" em regra, houve certamente várias dezenas de assaltos em simultâneo praticados por individuos pertencentes a gangs étnicos.

Rui Martins

Segue a minha resposta:

A partir do que se passou ou não se passou, podemos reflectir, se quisermos, em diferentes sentidos. O que o Rui Martins sugere é que minimizemos a questão de saber se houve ou não arrastão em Carcavelos, e nos debrucemos prioritariamente sobre os factores de insegurança correntes, sem «enterrar a cabeça na areia».
A minha sugestão é diferente:
Sem enterrarmos a cabeça na areia, constatemos que a informação distorcida, favorável ao exacerbamento dos estereótipos, faz parte do problema e não da solução. Esta forma de dar notícias falsas e não se ser capaz de repor a verdade dos factos (com versões diferentes oriundas das mesmas fontes que admitem terem-se precipitado e enganado) não me deixa, igualmente, em segurança.
Sem colidir com as justas apreensões de Rui Martins, é este o sentido da minha reflexão.

Suponho que nos casos em que o gang seja constituído por naturais da Serra do Caldeirão ou da Guardunha, Rui Martins lhes continue a chamar gangs étnicos ...

 

A reunião do G8 e as suas decisões

A reunião do G8 em Gleneagles na Escócia foi muito publicitada graças a uma campanha de mobilização da opinião pública mundial, através sobretudo da música que ecoou em vários cantos do mundo.

Nesta fase de mobilização, Portugal esteve informado com transmissões directas em vários canais até porque a Marisa, era uma das convidadas para actuar e actuou muito bem e o público gostou.

A campanha de mobilização ia no sentido de pressionar o G8 a tomar decisões sobre "o combate à pobreza em África".

A barbárie dos acontecimentos em Londres e a situação interna criada pelos sucessivos debates no Parlamento fizeram que pouco se tenha falado das decisões deste G8, que, desta vez, não foram tão despeciendas como era prevísivel. Aqui mesmo escrevi sobre isso exactamente nesta linha. Pouco esperava deste G8.

No entanto, há a registar conclusões com algum "eventual" impacte, de que refiro:

Acrescento que o desmantelamento previsto das ajudas à exportação dos bens agrícolas da UE e EUA até 2010, discutido nesta cimeira e a realizar-se, é de facto uma medida estruturante e que exigirá mudanças profundas na PAC.

Acima referi o "eventual impacte" destas medidas por duas razões: elas não são a solução para os problemas em África apesar de poderem constituir uma boa ajuda. Os problemas em África são endógenos, estão sobretudo nos seus dirigentes e na falta de Estado/governação. Segundo, da declaração de intenções à acção vai sempre uma grande distância.

Duvido por exemplo, muito de que o desmantelamento dos apoios à exportação agrícola se efective, pelo menos, no prazo previsto.>/P>


 

Isaltinos, Loureiros, Jardins... Etc.

Apesar de Marques Mendes defender um tipo de sociedade que nada tem a ver com aquilo com que me identifico não deixa de ser preocupante, em termos democráticos, que as vozes mais sonantes de ataque dentro do seu partido sejam as de Jardim, Loureiro e Isaltino, pelas razões de todos conhecidas.
Pode-se dizer que em todos os quadrantes políticos há gente desta, aqui e lá fora. Mas isto não me satisfaz. É uma realidade preocupante que faz pensar até pelo número de pessoas que arrastam. Um alvo de reflexão para a sociologia social e política. O que verão de interessante e atraente as pessoas que estão com este tipo de políticos?

2005-07-09

 

Quem ou o quê é que nos anda a arrastar?




Não deixem de ver o vídeo que Diana Andringa divulga no site «Era uma vez um arrastão». É tão interessante, inteligente e urgente que não ficaria de bem com a nossa consciência se não apontasse para lá. Vale mais que mil artigos sobre os vários tipos de manipulação a que estamos sujeitos no espaço público, pelos media e por outros que tais.


Poderemos deixar de ser arrastados?
Talvez...


2005-07-08

 

O embaixador chinês na Madeira

Chegou ontem à Madeira para uma visita oficial, o embaixador chinês que no aeroporto disse estar satisfeito com o comunicado da "descontextualização" do GR. Quem parece ter ficado envergonhado,é Alberto João Jardim, que "se pirou" para Bruxelas deixando a recepção nas mãos do seu vice. A verticalidade nunca foi uma das fortalezas de Jardim. E agora também não.

2005-07-07

 

Impostos?

Desde a desgraçada promessa de Guterres de não aumentar a gasolina desse por desse o preço do petróleo que, diligentemente, aconselho os chefes de governo, a nunca caírem na esparrela de prometer que não aumentam os impostos.
Não me ouvem. É o que tenho de, amargamente, concluir!
 

Serra do Montejunto

Não conhecem? Ah, bem me parecia. Alguns não conhecem mas vale a pena uma visita. Apesar da devastação provada pelos incêndios pretéritos.
Agora com o calor o turista pode refrescar-se sob a copa alta dos castanheiros, pode visitar o património religioso da Idade Média nas pedras soltas mas também nos monumentos conservados de mosteiros e capelas. E claro, não pode perder os "frigoríficos" de Sua Magestade El Rei D. José. Aqui se fabricava o gelo depois levado em blocos, pelos helicópteros da época, carros de bois possantes, durante a noite e envolvidos em sábias protecções.
Espanta-me como tais técnicas não metiam água! E conseguiam chegar com gelo.
 

Os Juizes querem greve?

Talvez seja prudente não confundir os juizes e magistrados do Ministério Público com os respectivos sindicatos quando estes ameaçam com greves por perderem dois meses de férias e mais algumas pequenas prebendas. Há uns tempos atrás ameaçaram até com o caos para a véspera de eleições autárquicas. Faz-me lenbrar a FENPROF com a greve falhada aos exames.
O que salpica as ameças dos sindicatos das magistraturas de algumas hilariantes gargalhadas é terem dito que a redução de férias de dois meses para apenas um mês, como toda a gente, decidida pelo Governo, até os aliviava de trabalho porque, coitados, um ou talvez até os dois meses de férias eram aplicados não a descansar, como é próprio de férias, mas em patriótico e reforçado trabalho!
Conclusão: "deixem-nos trabalhar!".
 

Blair ganhou ao Pedro

Meu caro Pedro Ferreira o meu sentido pesar pela tua derrota face ao Blair. Compreendo que ele tem outras armas. É sem dúvida um grande prejuízo para a Europa. Sim que ainda me terão de convencer que a Grã Bretanha faz parte da Europa. Melhores dias virão deixa lá. Refiro-me, é claro, à escolha de Londres em vez de Paris, para os Jogos Olímpicos de 2012. Um abraço e desejos de melhores dias.
 

O Governo Regional da Madeira pensa devagarinho...

Ontem o Governo de Alberto João Jardim veio "dizer/encenar" que as suas afirmações de Domingo em Santana sobre chineses e indianos tinham sido descontextualizadas pela comunicação social, pois de facto no contexto da visita do embaixador chinês à ilha, amanhã, era incómoda "tanta descontextualização". Parece que, em breve, também vai lá estar o indiano, pelo que é necessário continuar a "descontextualização". Mas já pouca gente passa cartão. Os dislates são de tal monta...

2005-07-06

 

Todos em debate......

É cá e lá. Cá=Portugal, lá=Escócia. Cá um programa de investimentos (e também um OEr) para relançar o ciclo económico. Lá o G8 tenta acordar num programa para combater a fome em África e algum entendimento sobre as alterações climáticas.

Uma diferença grande, o ambiente na Escócia em termos de segurança foi completamente alterado, com fortes medidas e uma mobilização de 10 mil polícias, cá felizmente nada disso é necessário.

E de expectativas como vamos? Penso que, apesar de tudo, cá as expectativas são melhores. Apesar da polémica que sempre gera a tomada de decisão de grandes projectos, aí está o PIIP (mais uma sigla)-Plano de Infraestrturas de Investimentos Prioritários. É necessário agora passar à acção e sobretudo que este PIIp tome as vitaminas certas para crescer de forma adequada, sem desvios orçamentais como sempre acontece quando se trata de erguer as grandes e as pequenas infraestruturas. Não é só a nivel central, a nível dos municípios as coisas também se passam de igual modo. É um domínio em que este governo deveria esmerar-se, ser exigente, definindo à partida até onde vai a responsabilidade financeira dos gestores liderantes. Entendo também que a AR não deveria ficar descomprometida e devendo criar um órgão de acompanhamento.

 

Um "mundo" de mau gosto...

Por vezes não estamos bem dispostos. A vida nem sempre nos corre bem ou então não estamos temporariamente bem com a vida. São ciclos curtos, longos, ... é o que é.
Mas se alguma coisa me indispõe mais é aquela publicidade parva do BES que, a toda a hora, a TSF nos faz chegar aos ouvidos. Refiro a TSF pois é a rádio que mais oiço, quando ando de carro, embora recentemente comece a ser-lhe infiel e francamente a continuar com este tipo de publicidade julgo que a infidelidade pode tornar-se permanente.
Não gozem connosco. Ninguém vai ao BES quando nos estão de forma continuada a chamar-nos de estúpidos. E ainda bem. Ou serei apenas eu?!...

2005-07-05

 

Ainda a situação dos Transvases

Ontem estive num jantar/encontro de madeirenses que se faz com alguma regularidade desde há algum tempo com uma frequência média de 70 pessoas. O nosso convidado era nem mais nem menos que o Presidente da Quercus, Helder Spínola, biólogo, investigador na UMa, e madeirense (mas não somos xenófobos e admitimos qualquer pessoa no nosso convívio. Apenas reservamos a iniciativa do evento).
Para além de registar aqui a excelente intervenção do Hélder Spínola sobre a situação ambiental nacional e madeirense, apreciei também as suas respostas a algumas questões delicadas, entre elas a dos transvases, registando com apreço, a actual abertura da Quercus sobre este tema. De facto como disse o Helder, esta questão tem de ser analisada sobre um duplo ângulo: o impacte no ambiente de onde parte a água e o de chegada e, nesta situação, há a distinguir vários tipos de transvases. O exemplo dado pareceu-me muito convincente: as levadas da Madeira são uma espécie de transvase e a Quercus nada obsta. Já o desvio de um leito de rio é um outro tipo de transvase e tudo dito.
Fiquei elucidado.

2005-07-04

 

Energia nuclear: achegas para uma discussão

Aproveito a boleia do João Abel para meter a minha colherada na discussão sobre este tema. Para começar, o meu contacto profissional com estes assuntos é limitado: participei há alguns anos em dois projectos de investigação ligados à energia nuclear: uma simulação da penetração de micro-ondas no betão para eventual eliminação de resíduos radioactivos e um projecto de modelação de um guia de ondas para uma peça de um toro de fusão nuclear. Tive também um pequeno contacto (através do estágio de um aluno de post-graduação) com a problemática da gestão dos resíduos.

Alguns comentários ao post inicial pecam por um excessivo optimismo: o projecto de fusão não é solução com que se possa contar, a fusão fria nunca foi comprovada experimentalmente e o projecto ITER tem como horizonte, na melhor das hipóteses, 2050. Os problemas de segurança dependem de dois factores, uma boa escolha da tecnologia e uma gestão rigorosa do risco nuclear, nestes temas é preciso um estado muito forte.

Os aspectos positivos da energia nuclear são a redução da dependência energética e uma grande redução na emissão de gases de efeito de estufa.

Os aspectos negativos são o problema da gestão dos resíduos, para o qual não há nenhuma solução; o impacto ambiental, nomeadamente o aquecimento da água dos rios utilizada para arrefecimento das centrais e o risco de acidentes.

Para os que quiserem aprofundar esta questão:

 

A Questão dos Transvases

A Presidente da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos, Teresa Leitão, refere em declarações ao DN que os transvases são solução para a água. Em seu entender, o país não deve ter preconceitos em abordar esta questão.
Portugal consome 7,5 mil milhões de metros cúbicos quando dispõe de 112 mil milhões, ou seja, cerca de 15 vezes o que necessita e, mesmo assim, falta-nos água em muitos locais. Segundo Teresa Leitão precisa-se de uma melhor gestão da água e da construção de infraestruturas adequadas. E dá como exemplo Lisboa que bebe água de muito longe. Porque não se faz isso para as outras povoações - diz?
No entanto, numa entrevista ao Público de hoje, Viriato Soromenho ao abordar os transvases em Espanha (não em Portugal) parece-me pensar de forma diferente pois manifesta, no mínimo, apreensão sobre o facto.

 

Energia Nuclear (2)

No DN - Negócios, de hoje leia artigo de Ana Tomás Ribeiro "Energia nuclear não é solução a curto prazo"

2005-07-03

 

A Energia Nuclear

Colocar esta questão já é em si condenável para algumas cabeças. Mas acho que não se pode nem se deve fugir a ela. Tem sido um tema tabú mas deve ser abordado e analisado, despido de quaisquer preconceitos, para então se formar uma ideia fundamentada.

A realidade é esta. Tudo indica, por tudo quanto é conhecido e não exclusivamente pelos sucessivos ciclos de aumentos de preços do petróleo, que para o bem estar e desenvolvimento mundial interessa encontrar outras fontes energéticas, para além das actuais. Quais? É preciso debater todos os cenários.

Sobre a nuclear, uma dessas fontes possíveis, bem como sobre outras, há a analisar, na base do conhecimento existente, a questão tecnológica e os impactos económicos e ambientais e o maior ou menor grau de dependência. Para o caso português, na situação do nuclear, há ainda uma questão adicional que merece uma análise sustentada: o facto de se ter urânio.

Acho que esta questão não nos pode passar ao lado e quem tem dados e conhecimentos deve pô-los ao dispôr para que se formar opinião.

É evidente que esta questão adquiriu visibilidade agora por ter aparecido um grupo de empresários a dizer que quer lançar uma central nuclear em Portugal. Acho que isso não nos deve inibir de uma avaliação.

 

Grande manifestação nas ruas de Madrid

Ontem desfilaram pelas ruas de Madrid centenas de milhares de pessoas. Segundo a polícia, um milhão. Segundo os organizadores, sensivelmente o dobro.

Esta manifestação, independente da contagem, é enorme e destinou-se a celebrar a legalização em Espanha, a partir de hoje, dos casamentos gay e da adopção de crianças por estes casais.

Na marcha de orgulho gay, como foi titulada por muitos orgãos de comunicação social, participaram não só homossexuais, mas muitos políticos de esquerda, sindicalistas e até pequenos núcleos de católicos, apesar da igreja se ter oposto de forma radical a esta iniciativa do governo de Zapatero. A Ministra da Cultura, Carmen Calvo, presente na manifestação, acentuou que: "desta vez Espanha não chegou tarde à história". E de facto não, pois apenas quatro países, até agora têm legislação sobre esta matéria.

Ainda sobre esta iniciativa, vale a pena ler no Pão e Rosas de Ana Sá Lopes,no jornal Público, la transición democratica se hace tranquila, infelizmente não on-line, que começa assim: "alguns deles invejaram a nossa revolução dos "claveles". Muitos de nós preferiam a "transición" com rei e tudo, se fosse preciso. Acontece que lá a "transición" prossegue em nome de "duas forças imparáveis", como lhes chamou Rodriguez Zapatero, a liberdade e a igualdade ". Fazendo uma ponte para o que cá se passa com o referendo para a despenalização do aborto, a dado passo, Ana Sá Lopes interroga-se sobre o que se passa entre o país católico de lá e o de cá, concluindo que a diferença está em que o país católico de lá não é nem parolo nem subdesenvolvido, tendo recuperado afanosamente da ditadura e nós detivemo-nos a contemplá-la.


2005-07-02

 

À atenção do ministro António Costa

ministro das polícias mas também da reforma da Administração Pública. É uma história dramática de papéis e burocracia, atraso e ineficácia. Um drama. Conto-o aqui para não maçar ninguém.

 

Autarcas "modelo"

Em primeiro lugar temos o major Valentim Loureiro do Apito Dourado. Depois em primeiro lugar ex-aequo aquele Sr. do Marco e da "Quinta das Mediocridades" Avelino Ferreira Torres. Também em primeiro lugar ex-aequo com aqueles a Srª Fátima Felgueiras. E por agora em 2º lugar o Sr. Isaltino Morais.
Claro que há mais mas estes estão indiciados pelos tribunais ou são arguidos e parece não terem vergonha.
Marques Mendes andou bem em repudiá-los. Mas o bom povo...? O bom povo irá escolhê-los? Custa a crer. Ou então isto andou muito pouco desde o Eça, no seu Sec. XIX

 

Deputados

É um tema aliciante e frequentemente mal tratado. E tantas as questões com eles relacionadas! Muitas delas são questões mais vastas do sistema político, da democracia que há, etc,etc.

1ª Questão - deve haver deputados (e políticos em geral) profissionais ou não? Acho que deve haver. A actividade é demasiado importante e por vezes complexa para ficar entregue a amadores. Mas... mas é importante que entre os deputados haja pessoas com uma experiência profissional actualizada (ligados à vida!) e cuja passagem pela AR não deva ser superior a 1 ou 2 mandatos consecutivos. Portanto este equilíbrio e escolha criteriosa está dependente dos partidos como quase tudo na política. O que remete para a urgente necessidade de melhorar o funcionamento destes. A sua democracia interna, a sua transparência, o escrutínio pelos cidadãos dos métodos e regras internas.

2ª Questão - Estão mal pagos? Diria que não em geral. Há um problema de mérito e deveriam ser estabelecidas formas de avaliação. Deveria haver uma remuneração base digamos de 2000 € e uma componente da remuneração em função da "obra feita" de modo que a maioria se quedasse pelos valores actuais mas alguns deputados pudessem chegar ao dobro. Difícil de pôr em prática? Sem dúvida mas não impossível.
Há deputados, ainda que uma minoria, que têm prestações nulas ou quase e que, para descrédito do parlamento,vão fazendo a sua vidinha por lá até à reforma.
A AR não é uma ilha na sociedade portuguesa e como se vê não está livre da corrupção, do compadrio, da mediocridade que atinge de ponta a ponta a sociedade. Só que aqui é mais visível também menos aceitável.
Quanto ganha um deputado? Cerca de 4000 € de ordenado base e, os que vivem nos arredores da sede da AR (região de Lisboa), mais uns 1400 € de extras (despesas de representação, ajudas de custo, despesas para deslocações ao círculo eleitoral, façam-nas ou não) de que só em parte pagarão impostos e de que não descontam para a Caixa Geral de Aposentações. Os que pertencem a círculos eleitorais distantes têm ainda um suplemento para pagar um hotel em Lisboa.

2005-07-01

 

Fraga Iribarne...e Jardim

Como se diz na minha terra "está a dar o mal nos velhinhos". Vejam, já lá foi o Pujol, foi-se agora o Fraga e o mais velhinho dos velhinhos das autonomias, sabem quem é? Também irá? Já esteve mais solidificado...

É só dar um salto à minha terra e fica-se logo a saber. Então hoje que é dia da Região Autónoma e das Comunidades Madeirenses. Só que, francamente, nunca percebi a escolha do 1 de Julho, apesar dos cronistas colocarem a hipótese dos descobridores que estavam estacionados no Porto Santo há largos meses terem aportado à Ilha no inicio do Verão. Não estou a contestar nada. Estou apenas a constatar uma realidade de mim desconhecida.

E a propósito deste dia, o governo regional agraciou personalidades madeirenses, imitando o PR no 10 de Junho, com insígnias típicas madeirenses. Na lista consta o nome de João Abel de Freitas que não sou eu, apesar de in illo tempore ter sido incluido num processo de falência por confusão com o actual agraciado, a quando da falência da FNAC. Esteve na origem deste equívoco um banco, na altura gerido por um outro madeirense, Eng. Jardim Gonçalves. O empresário em causa, segundo sei, também pouco tinha a ver com o assunto a não ser ter sido sócio do empresário da FNAC. Parece um telenovela, não é? Ou melhor já foi.

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