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2006-07-31

 

Mais Um Adiamento ...

... Não se pode dizer que a situação seja simpática para o governo.

Pela simples "aquisição" de um selo do carro, a ideia de "eficácia" promovida esvaiu-se ... bastante.

É o Governo e o Director Geral dos Impostos que, em último caso, são os responsáveis pelo atraso". Temos, então, um "casamento de conveniência", estatuído, a acusar sintomas de divórcio.

Há justificações mas não colhem, a não ser que se admita que a programação da campanha de venda do selo teve deficiências.

Que há muito para rever ainda para que a máquina fiscal ganhe a eficiência devida, não há dúvida e a campanha do selo só o veio confirmar.

Não compete apenas aos contribuintes serem bons cidadãos. A máquina fiscal tem de ser eficiente nas contrapartidas.

É uma vertente mais que ficou demonstrada. A programação e o lançamento de medidas e acções exigem " formar" e "consciencializar". Não se pode secundarizar esta vertente sob pena de falhas graves.

 

Onze minutos!... (3)



Era para ter sido assim, mas não foi.


O João Tunes -- no seu Blogue Água Lisa (6) -- tem levantado, com razão, algumas questões acerca da percepção do conflito «Israelo-Árabe». Obviamente, os «civis inocentes» não valem mais de um lado que do outro. Porém, não se pode fazer da igualização das vítimas um argumento tão alto como o muro que os israelitas começaram a construir há três anos, isolando os palestinianos uns dos outros, confiscando terras, limitando o acesso aos cursos de água, aqui com barreiras electrificadas, acolá com torres de vigia.

Uma das coisas que parece escapar à percepção do conflito do Médio-Oriente é precisamente o estatuto (dissimulado) do Estado Hebraico comportando-se como potência ocupante da Palestina.

A complicação advém, primeiro, da irrenunciabilidade dos palestinos ao direito de resistência. Aqueles que tomam o ponto de vista de Israel deveriam ter a frontalidade de prescrever, sem pestanejar, a lista das formas de luta «permitidas» nos territórios ocupados.

Segundo, porque a dimensão globalizadora da política faz com que Rússia, China, Índia, UE, além, evidentemente, dos EUA, exerçam as suas pressões e marquem presença na região, de acordo com os seus interesses.

Terceiro, porque a comunhão terminológica na maioria dos nossos media, molda enviesadamente a percepção do conflito.
A um «rapto» de um soldado israelita, contrapõe-se, via de regra, a «prisão» de um terrorista de uma qualquer facção.
O único grupo legitimado por este livro de estilo invisível é o de Israel, com o seu exército, as suas polícias e a sua Lei de Talião. Os outros estão irremediavelmente fora da lei.

É altura de nos começarmos a interrogar se para garantir a segurança (e sobrevivência!) do Estado de Israel, os palestinianos podem aspirar, pelo menos, ao direito de existir...


 

Onze minutos!... (2)



No princípio, era para ser assim...

Da Tunísia ao Paquistão, a ideia de um Estado Judeu foi deplorada e rejeitada desde o início. Conhecedores da região, ingleses, americanos e franceses, exprimiram sérias dúvidas quanto à viabilidade de um tal Estado, sem o risco de confrontos sangrentos, tensões prolongadas e desestabilização constante.


Apesar de toda essa evidência, a rota do petróleo e a implantação de um representante avançado dos interesses «ocidentais» na região, configuraram a lógica geoestratégica que prevaleceu.


Ao longo de mais de meio século, a situação foi-se agravando.


Hoje, resta-nos apenas lutar pelo favorecimento de políticas de Paz, embora saibamos que a espiral do ódio e do ressentimento esteja continuamente à beira de agudizar ainda mais o conflito.


A impotência da ONU, manietada pelo direito de veto dos EUA; as divergências internas da UE; e a complacência americana perante uma prática de retaliação que sobreleva cinicamente propósitos militares, reeditam uma nota de parcialidade insana que se inscreve cada vez mais profundamente na cultura árabe.

Se viver em Paz na Palestina é ainda um objectivo distante, o cessar fogo imediato é sem dúvida a medida mínima para, depois, tentar estabelecer uma agenda mais esperançosa.

Só que, mais uma vez, o Governo de Israel não quer a Paz. Os EUA fazem-lhe, despudoradamente, o jogo. E os partidos árabes radicalizam-se simetricamente.

Os EUA demoraram onze minutos para reconhecer a declaração unilateral da criação do Estado de Israel. Agora, 58 anos depois, Condoleeza Rice volta de Telavive sem ter conseguido convencer o 1º Ministro Olmert a admitir um cessar-fogo. Seguiu-se, logo esta manhã, o massacre de Canaã!

Onze minutos, em 1948; 10 dias agora.

Decididamente, os EUA e o «Ocidente» perderam todo o sentido de decência!



2006-07-29

 

Onze minutos!...(1)



Fac simile da declaração dos EUA reconhecendo, de facto, o Estado de Israel


[Continuação da conversa com João Tunes, -- ver Água Lisa (6), aqui. Como levantou muitas e interessantes questões, vejo-me obrigado a ir por partes. ]

Do Paquistão à Tunísia, sabe-se que Israel nunca quis a Paz com os seus vizinhos. Sempre esperou, desde a fuga para a frente de 1948, poder ditar os termos de «partição» da Palestina. Teve grandes e decisivos apoios para passar a perna à recém criada ONU e aos seus parceiros, é certo, mas isso não mudou nada na hostilidade generalizada que hoje enfrenta. A fundação nasceu torta. O «outro» Estado da Palestina nunca chegou a sair debaixo da usurpação fundadora de Ben Gurion.

No seu livro “Marxismo, Nacionalismo e a Questão Colonial”, Staline repudiava quaisquer veleidades de “nacionalidade judaica” e de “Estado Sionista”. A posição que a então URSS veio a tomar contrariou frontalmente esses princípios doutrinários. Diga-se, em abono da verdade, que não foi a primeira vez, nem a última, que Staline e os seus seguidores deram provas de instrumentalismo tacticista, borrifando-se nos princípios para conseguirem resultados.

De qualquer modo, a posição da URSS foi seguidista. A primazia pertence historicamente aos EUA. Apesar das vozes discordantes em Washington, o Presidente Truman, sabendo que Israel estava a violar os acordos de partilha, reconheceu, de facto, 11 minutos após a declaração de independência, o Governo provisório do Estado de Israel.

Muita coisa mudou de então para cá. Menos a cobertura dos EUA às violações de que o Estado hebreu, impunemente, fez tradição. E isso torna crescentemente difícil qualquer entendimento na região. Porque um dos estados (o Israelita) foi fundado e reforçou-se, enquanto o «outro» é o que se vê. Mesmo após o último arremedo, ainda em vida de Arafat, a tropa isarelita demoliu-lhe edifícios e saqueou os arquivos. Tudo muito exemplar.

O «ocidente» acorda sempre, estremunhado e desmemoriado, para o sítio de onde lhe chega o Sol, quando Israel está em apuros. Enquanto os vizinhos, (incluindo esse tal Estado Palestiniano que ainda não passou de uma fase embrionária, prisioneiro da Mossad, das milícias e da tropa) são humilhados nos check points, torturados nas prisões e assassinados nos campos de refugiados, os nossos media conformam-se com os eufemismos da “brutalidade dos que têm de atacar para se defender”.

Esta atitude, que se arrasta há mais de sessenta anos, não chega a ser cobarde. É apenas de um desconhecimento e de uma inconsciência avassaladores.

Até o insuspeito Embaixador José Cutileiro veio escrever (Expresso da semana passada) que o

Grande responsável desta crise é a Administração Bush. Desde que chegou ao poder, em vez de, sem abandonar Israel, ajudar as duas partes a procurarem entender-se como tinha sido prática americana, deu rédea solta a Israel e afastou-se.”

O Presidente Truman, se pudesse ouvir este desabafo, não acharia justo, com certeza. Como pode George W. Bush, do pé para a mão, surripiar-lhe, assim, todo o protagonismo. Não acharão, na posteridade, que um intervalo de 11 minutos (onze)!, dá a entender, enfim, uma certa cumplicidade?


 

A GNR em Timor

Não sou dos que defendem que a GNR não deveria ter ido para Timor.

E concordo que o governo português volte a responder favoravelmente ao reforço de mais GNR's solicitado por Timor.

Penso que uma presença portuguesa pode ser importante, um contributo/um factor de algum equilíbrio, uma mais valia no campo da preparação das forças de segurança timorenses, apesar da minha leitura, algo decepcionada, de que Timor está a correr grandes riscos como País.

Mas há várias questões a ponderar e a defender.

O governo "embarcou" na rapidez e não conseguiu assegurar o melhor estatuto para a GNR.

O nosso país mostrou muito carinho pelo povo timorense, é certo, mas isso não tem que nos levar a precipitações pois há normas de que não podemos transigir.

Ainda recentemente o episódio com a prisão do "célebre" major Reinado é mais um indicador de que todos os poderes foram dados à Austrália e que a GNR não tem funções de comando.

Daí que este reforço deva ser aproveitado como um momento e uma oportunidade para clarificar e definir funções a condizer com o prestigio do País e da GNR em Timor.

Penso que o povo timorense apreciará uma posição destas.


2006-07-28

 

Timor: Major Reinado colocado em prisão preventiva

.. Segundo alguns jornais de hoje, o Major Alfredo Reinado, o ex-comandante da polícia Militar, e 14 dos homens que o acompanham terão sido colocados em prisão preventiva pelas autoridades judiciárias timorenses.
Não se conhecem as causas alegadas pela justiça, apenas se sabe que o major terá reagido mal, proferiu uma série de insultos e, por isso, teve de ser retirado à força pelos militares australianos.

 

A Corrupção em Portugal

Muita gente acha que a corrupção é muita elevada em Portugal, apesar daquela "máxima", que se ouve muitas vezes, de que há países muito mais corruptos e da tolerância vigente, entre nós, sobre este fenómeno.

Cada um de nós conhece, ou pelo menos diz que conhece, este, aquele, aqueloutro caso. Talvez conheça mesmo. Eles são tantos, organizam-se de variada forma e são de muita espécie. Quantos conflitos de interesse, tolerados, quando não mais ou menos legalizados, estão na origem de muitos actos de corrupção? É no Estado, é nos governos regionais, é nas câmaras... aí estão eles. Conheço até uma terra em que o vereador das obras ficou conhecido pelo quinhentos. Ainda hoje é, assim, conhecido pelos colegas, sucessores e público. É evidente que não há corrupto sem haver quem o corrompa.

O deputado João Cravinho vem, desde há uns bons anos, a bater-se por esta questão e agora apresentou uma série de medidas no sentido do da prevenção e do combate. Já enquanto Ministro, João Cravinho, colocou uma série de questões sobre as obras a mais, relacionando-as em muitos casos com esta questão. E ia caindo "o carmo e a trindade"

Não me vou pronunciar sobre as medidas e as orientação agora apresentadas por João Cravinho. Não as conheço. Mas não deixa de ser uma atitude muito positiva e de elogiar.

Apenas registo o facto de João Cravinho ter aparecido sozinho a apresentá-las. Será que o grupo parlamentar do PS não entende oportuna esta iniciativa?

Sem dúvida para o País, protocolos e regras de substituição de deputados serão de muito maior utilidade!!!!


2006-07-27

 

Os fins não justificam os meios.

Alguns comentários aos artigos do Manuel e do Raimundo sobre a guerra no médio oriente lembram-me os argumentos dos defensores de Estaline que justificavam o injustificável com a grandeza do objectivo distante: assim se justificavam os processos falsificados, e as deportações com o socialismo que viria um dia. Da mesma forma hoje se justifica o ataque a alvos civis, a transportes humanitários ou a observadores das nações unidas com a resistência ao Islão obscurantista. Com a necessidade de defender o estado de Israel fecham-se os olhos às "eliminações" de inimigos por parte de um país que aboliu a pena de morte.

Convém lembrar que os actuais alvos do exército de Israel são exactamente os países mais democráticos e mais seculares da região. Tanto o Líbano como a Palestina são sociedades pluralistas com uma verdadeira oposição e com uma imprensa livre e importantes minorias religiosas: druzos, arménios, maronitas, católicos, ortodoxos, etc. Pode-se legitimamente perguntar qual a finalidade de bombardear as centrais eléctricas, destruir o aeroporto, calar as rádios na suposta luta contra a ameaça Islâmica que nos quer destruir.

O ataque ao Líbano é totalmente desproporcionado, serve para desestabilizar um país que começava a refazer-se após uma guerra civil sangrenta e a ocupação Síria. Tentar justificar esta guerra como um episódio do combate entre os bons e os maus é um bom exemplo de ignorância ou, pior ainda, desprezo pela cultura de milhões de pessoas.

Edward Said (1925-2003), professor de literatura na universidade de Columbia, palestino, homem de grande cultura escreveu um livro (Orientalism) e vários artigos sobre a maneira como o mundo ocidental vê o oriente. Sobre este tema aconselho-vos a a leitura do artigo Islam Through Western Eyes.
 

Os novos «democratas»


Nouri el Maliki, 1º Ministro Iraquiano

O 1º Ministro do Governo do Iraque está de visita aos EUA. Pareceu estranho a alguns senadores que ouviam o Sr. Maliki afirmar, durante uma reunião com membros do Congresso, ontem -- ver pormenores aqui -- que o Iraque está hoje na linha da frente na guerra contra o terrorismo, quando, na circunstância, não se demarcou nem condenou o Hezbollah.
De facto, a política externa norte-americana desembocou, há muito, num impasse. Os seus aliados, como é o caso deste governante shiita iraquiano, aliaram-se aos americanos para o pós saddamismo, mas condenam a política de Washington de apoio incondicional aos desmandos de Israel na Palestina e no Líbano.
Parece não perceberem que mesmo os fantoches anseiam pela sobrevivência quando as tropas americanas regressarem a casa. E o Hezbollah, no Líbano, ou o Hamas, na Palestina, pese contra eles tudo o que se quiser, tem uma legitimidade democrática que não se compara, nem de perto nem de longe, com a da pax americana que gerou e protege o Sr. Maliki.

Os grandes exportadores da democracia têm o topete de recusar «certos» resultados eleitorais quando os eleitos não lhes convêm.
Já se tinha visto antes, é certo, mas faz sempre alguma impressão.

 

Em Timor, tudo continua confuso

Custa-me dizer isto, mas "confuso" é a palavra mais branda para a situação que se está a passar em Timor.

Com mais ou menos primarismo, com mais ou menos torneamento da legalidade, com mais ou menos falta de decência, com mais ou menos falta de princípios e de ética, tudo caminha no sentido da "legalização" do golpe de estado e no avançar subsequente da destruição da Fretilin que é incómoda ao que se pretende fazer de Timor como País.

Ainda hoje as notícias (poucas) nacionais e internacionais quanto à situação ontem aqui abordada "Xanana em obscuros embaraços" são a prova deste meu sentimento. Reina a impunidade, pelo menos para um dos lados.

 

Como se antevia

A reunião de Roma não levou a grandes conclusões, nem mesmo a uma unanimidade sobre o cessar-fogo imediato para acabar com aqueles horrores que as televisões nos dão.

Houve, contudo, um aspecto aparentemente positivo, embora nos possamos interrogar da sua viabilidade a muito curto prazo. Talvez, por isso, os participantes no encontro tenham acordado no pedido do envio de uma força internacional sob a égide da ONU.

No entanto, está quase tudo no vazio: que países poderão integrar essa força, quem pode liderar, que mandato para essa força, tanto mais que sobre isto as posições são mesmo divergentes, quando não aberrantes ou de grande irresponsabilidade como a de Aznar que felizmente tem poucos ou nenhuns seguidores.

A UE também vai reunir na 3ª feira, em Bruxelas, para tratar o tema.

Tenho ideia que pouco se progredirá. Talvez não se verifique um novo "cisma" como se deu com a Invasão do Iraque, mas ... não se irá muito longe. E estas oportunidades perdidas de contribuir para a pacificação são prejudiciais à UE, como bloco de influência a nível mundial.

2006-07-26

 

Um filme a ver.

Robert Guediguian é um realizador de cinema nascido no bairro da Estaque em Marselha. Sociólogo de formação começou no cinema de intervenção e tem, nos últimos anos, realizado vários filmes sobre a sua cidade; o mais conhecido é certamente "Marius et Janette". No seu novo filme "Voyage en Arménie" aborda a questão das raízes, Guediguian é filho de um exilado arménio e de uma alemã. Através da história de Anna (Arianne Ascaride), cardiologista francesa que parte para a Arménia numa tentativa de encontrar o pai para o convencer a tratar-se, mostra-nos a Arménia pós-soviética, os seus defeitos e as qualidades de quem lá vive. Trata-se também de uma reflexão de um ex militante comunista sobre o fim da União Soviética com Anna e a sua militância confrontada à realidade de quem viveu o sistema comunista do interior. A ligação dos arménios ás suas raízes está presente em todo o filme, com o monte Ararat e a Turquia sempre em "imagem de fundo".

Este é um dos melhores filmes franceses que vi nos últimos tempos, com uma excelente fotografia, bons actores e um argumento que faz reflectir. Espero que tenham oportunidade de o ver em Portugal.
 

XANANA em obscuros embaraços

O Líbano veio desviar a atenção dos problemas de Timor. Mas as complicações continuam por lá e não serão de somenos importância.

Segundo relata o DN de Hoje Detenção de major embaraça Xanana, uma situação ainda não esclarecida terá acontecido em Timor com a ocupação de uma casa de um cooperante português, ocupada pelo major Alfredo Reinado, por indicação de XANANA.

A GNR chamada ao local para resolver o incidente não só encontrou na casa o grupo do referido major mas também armamento, o que contraria tudo quanto tinha sido decidido antes sobre a entrega de armamento cujo prazo já tinha aspirado.

Tudo isto é ainda mais complexo e obscuro (que credibilidade?) quando é este major a origem das acusações a Alkatiri.

Mas para Xanana, a situação é ainda mais grave, pois a este facto, segundo revela também o DN o projecto de lei eleitoral entregue no Parlamento pela oposição poderá ter sido elaborado pelo gabinete do Presidente.

Tudo muito confuso.... e intrigante.

 

A reforma de Manuel Alegre

A TSF, no seu forum da manhã de ontem, prestou um mau trabalho de informação, ao lançar a debate um tema quente do momento - o das reformas dos políticos - centrado num caso pessoal, o de Manuel Alegre - sem antes dar aos ouvintes os contornos e as bases jurídicas e éticas dessa mesma reforma no montante de 3 219,5 euros.

O tema é quente. O sistema das reformas está em mudança, diga-se, criando descontentamentos e também indiciando muitas injustiças, sobretudo quanto ao tempo contributivo. Haverá gente que tendo começado muito cedo a trabalhar, se não houver correcções de propostas terá de trabalhar acima de 45 anos antes de se poder reformar sem penalidades. Dirão, são poucos os casos. Que sejam, mas é sempre muito injusto.

Daí que o lançamento deste debate personalizado merecesse cuidado.

Aprecio a TSF, acho que é uma boa rádio, mas com as suas másculas de vez em quando. Apanhei o debate a meio como quase sempre e durante algum tempo não estava a perceber tão grande alarido.

Entrando no caso. Manuel Alegre foi reformado. Atingiu 70 anos e, como tal, a lei mando-o reformar devido ao seu vínculo à AP, caso concreto como coordenador de programas de texto da RDP, que exerceu em tempos idos, vínculo a partir do qual lhe era permitido fazer descontos para a CGA.

É evidente que esta situação, sendo legal, pode colocar interpretações éticas e gerar discordância. Concedo. Mas foi isso o que aconteceu e é uma regra muito generalizada.

As pessoas todas ou quase procuram um vínculo para, se necessário, terem um recuo e programarem a sua vida na velhice.

É, no entanto, uma situação muito diferente e distanciada do que acontecia (e acontece?) no BP e CGD que, pelo facto de trabalharem algum tempo nos orgãos de gestão, adquirem o direito a chorudas reformas, muito mais elevadas que esta de Manuel Alegre (veja-se caso de Campos e Cunha que, aos 49 anos, obteve uma reforma, com 6 anos de Administração, mais 10 mil euros/mês ).

Mas o panorama é mais global. Manuel Alegre, na qualidade de deputado, terá direito a outra reforma- a subvenção mensal vitalícia- para a qual não descontou. Esta é, em minha opinião, muito mais discutível, ( no mínimo, o desconto) mas também não é específica de Manuel Alegre mas da classe a que pertence.

São todos estes regimes especiais, sem lógica ética e cívica, que levam as pessoas comuns a se indignarem e revoltarem. E o direito À indignação, embora por vezes, mal orientado, não deixa de ser um direito básico que nos assiste.


2006-07-25

 

A Rússia Actual

Para a Presidente da República da Finlândia, a Rússia actual é uma janela de oportunidades e não um perigo.

A Presidente até disse que a Rússia de Putin defende princípios que são caros ao ocidente e que está a fazer um grande esforço para os implementar no seu território.

Não é comum ouvir dos dirigentes europeus estas formas de pensar.

Não sei se a Presidente pretendeu enviar algum recado aos seus colegas da UE. Mas vem a calhar, pois visões destas não são nada gratas aos EUA que tudo farão para que a aproximação UE/Rússia seja a menor possível e nunca pensar no alargamento à Rússia.

E, entenda-se, tudo isto não é por razões estritamente políticas, mas económicas.

Se equacionarmos o que poderia ser um entendimento económico sério e a sério entre estes dois blocos, facilmente se entende o temor dos EUA que tudo fará em conjunto com os seus amigos europeus (inimigos de uma Europa mais autónoma) para que tal entendimento se atrase o mais possível.

(versão agora corrigida tendo em conta o comentário do luikki)


 

O Grupo do Líbano

Amanhã vai realizar-se uma reunião em Roma para debater a guerra Israel-Líbano.

A esta reunião, a comunicação social decidiu designar de reunião do grupo do Líbano.

É uma designação tão curiosa quanto a composição do grupo que reune amanhã: EUA, França, Reino Unido, Itália, UE e Egipto com a participação de Kofi Annam.

Por outro lado, avança-se que a UE pode vir a ter, por múltiplas razões (boas relações com os países árabes, maior distanciamento a Israel, etc.,), um importante papel nas negociações do cessar fogo e das futuras condições de paz.

Mas afinal que UE? Se até nesta reunião estão vários países da UE e, eventualmente, sem voz única?

A UE para se impôr precisa de ter voz credível e não tem porque porque cada um dos seus membros age por si, o que não dá voz credível.

Afinal nem Barroso, nem Solana representam seja lá o que fôr, até porque estão lá os maiores países (sem Alemanha que, no entanto, tem estado no terreno da guerra a se oferecer como mediador).

E a Finlândia como país da Presidência também marcará presença?

Afinal que UE pode desempenhar esse papel importante como parece pensar Luis Amado que até escreveu uma carta à Primeira Ministra da Finlândia, nesse sentido?

2006-07-24

 

As bicicletas passaram mesmo à minha porta.

Não costumo ligar muito ao ciclismo, vou seguindo as notícias no jornal ou na televisão mas nunca fui grande fã; mas ontem o "Tour de France" passou na minha rua e lá fui ver passar as bicicletas. Não fiquei muito convencido, tem que se aturar muita publicidade para ver passar os ciclistas durante uns segundos... Deixo-vos a foto...
 

"Últimas"

...Assim se intitula esta deliciosa prosa do Garajau sobre as "finanças regionais" do Dr. Alberto João Jardim, ou melhor, sobre algumas dores de cabeça que o apoguentam sobre este assunto, porque, segundo se ouve dizer, o governo se José Sócrates quer pôr a Região a "autosustentar-se" e, agora, parece que essa tal de autosustentação parece doer.
"O Garajau, com grande esforço, conseguiu interceptar a carta que Alberto João Jardim enviou ao Eng. José Sócrotes:
Caro sr Primeiro-ministro, antes de mais, quero pedir imensa desculpa por ter solicitado ao sr. Silva, a dissolução do seu governo. Mas queira V. Exa. saber, que não foi por mal, eu, por um cruel ocaso do destino, tenho dupla personalidade e parece-me a mim, que foi o estroina do Alberto João, que fez isso, porque o Jardim, que sou eu (controlo mais de 80% do meu corpo e mente), nunca faria uma coisa dessas. Aliás, não sei se está lembrado, mais foi esse doidivanas, que chamou Guterres de mafioso, que me fez despir no Carnaval, à frente dos jornalistas, e que continua o mandar bocas foleiras, durante os meus discursos.
Queira V. Exa. desculpar os excessos do Alberto João, que vive dentro de mim, porque eu, o genuíno Jardim, ando muito preocupado com a grave crise financeiro da região. Deste modo, venho interceder junto a V. Exa., para me enviar urgentemente mais uns dinheirinhos, pois isto está mesmo nas lonas. Mui respeitosamente, este seu criado,
A. J. Cardoso Jardim"
Nota final
Para quem não sabe o Garajau é um quinzenário sério e cruel, assim se intitula, que se edita na Madeira e o único que anda fugido "às influências" do poder. Neste número até se mete com o Sr. Educador da classe operária. Vale a pena de vez em quando dar uma espreitadela. Desanuvia.

 

Guerra: o ponto de vista libanês

O Raimundo já publicou aqui a sua opinião sobre a guerra no médio oriente. Eu tenho muitos amigos e colegas Libaneses, já visitei o Líbano e é um país de que gosto. Estou bastante preocupado com familiares de amigos e conhecidos que se encontram bloqueados no meio das bombas sem possibilidade de transporte devido à destruição das pontes, estradas, portos e aeroportos.

Não quero deixar de vos transmitir a sensação de revolta que domina os libaneses, talvez o melhor exemplo seja a opinião do meu amigo Joe Bahout (politólogo libanês, professor em Sciences-Po):

«While much of Lebanon's population was angry with Hezbollah for sparking the war, the intensity and bloodiness of the attacks had created a feeling of revolt in the face of the disproportionateness of the Israeli reprisals.»

A actual crise começou com a captura de um soldado israelita na região das quintas de Shebba, ocupada pelo exército de Israel e considerada pelo Líbano com parte do seu território (Israel considera esta pequena área como pertencente à Síria). Em resposta ao rapto Israel atacou o Líbano mas não se limitou ao Hezbollah nem a alvos militares, o aeroporto internacional, a maior parte dos portos, muitas pontes e estradas estão inutilizáveis. Entre outros alvos foram também atacadas centrais eléctricas e uma fábrica de leite em pó.

Israel exige o desarmamento do Hezbollah, mas ao mesmo tempo bombardeou uma caserna do exército libanês que é a única instituição que poderá proceder a tal desarmamento.

2006-07-22

 

"O turista do futuro"

É o título de uma reportagem na base de conversas com turistas de diversos países e idades, saída na revista do Expresso de hoje.

Esta reportagem de tão elogiosa tem o valor que tem, mas não deixa de ser altamente simpática sobretudo para as potencialidades e recursos turísticos do nosso país e sobretudo indicia a necessidade de um redireccionamento do turismo nacional para outros segmentos que não o sol e praia, para a cultura, gastronomia, certas especificidades e características regionais.

De um casal de advogados checo, 30 anos de idade, lê-se isto sobre uma cidade portuguesa "é uma cidade destruída, com as ruas sujas e os edifícios a cair. Parece a Rússia". Será fácil identificar a cidade portuguesa a que se referia este casal? Nem mais nem menos que a cidade do Porto.

Mas este mesmo casal tece os maiores elogios comparativos entre Portugal, Espanha e até com o seu país, pois só não gostaram mesmo do Porto. E continuam Portugal "é muito mais barato que a República Checa " e "a paisagem é mais bonita do que imaginava, tão diferente de Espanha, que parece um deserto". É evidente que são visões ou primeiras impressões, mas não deixa de ser interessante. Há muito a fazer e sobretudo que pensar antes de fazer.


2006-07-21

 

O País do TUDO

Isto vem a propósito da simples aquisição do selo do carro.

O Ministério das Finanças embandeirou em arco, como se costuma dizer, esquecendo-se do País real. E o selo por uma "grande" decisão passou por um simples despacho ("revolucionário", certamente, no top europeu) a ser predominantemente adquirido via NET. Quem não o adquirir desta forma é, no mínimo, tido por analfabeto.

Bem, as Finanças puseram o pé na poça não pelo facto de abrirem a alternativa via NET, mas por esqueceram que no país há duas dinâmicas e duas posturas, umaa questão geracional, contra a qual nada a fazer, a não ser trabalhar sobre esta realidade no sentido de a mudar.

Excelente a iniciativa de abrir novas frentes de modernidade, mas atenção à lucidez no seu doseamento.

Claramente, esta dose de equilíbrio falhou. E, no dia de hoje, segundo os jornais, temos um milhão de selos em falta. Isto redunda tudo numa falta de senso ou de bom senso. E esta carência de bom senso estende-se a muitos outros domínios.

 

Os legisladores do Protocolo de Estado

Não teria ficado mal aos nossos deputados terem ido aqui ao lado informar-se de que Igreja é Igreja e Estado é Estado e, assim, teriam ganho muito do seu tempo ao evitar os jogos das discussões estéreis.

Zapatero tratou a última visita do Papa a Espanha, pondo as coisas no devido sítio. E fê-lo com todo o respeito e dentro das regras da civilidade e da diplomacia.

Parece que a Igreja não terá ficado lá muito satisfeita, pois sempre foi tratada em Espanha com honrarias indevidas. Foi a esta "promiscuidade" que Zapatero pretendeu pôr fim.

Aqui, Portugal, parece ter ficado tudo na mesma. A Igreja nunca teve lugar de direito no protocolo de Estado. Era sempre convidada e colocada em lugar de destaque, ao lado do PR.

Agora, francamente, não percebi como ficou, mas tudo indica que voltamos ao mais do mesmo.

2006-07-20

 

Assisti ao debate...

.. E achei que correu mal à senhora Ministra da Educação. Estava nervosa e não se preparou para a situação que era, à partida, bastante difícil. Não se preparou ou não teve treinador (a) capaz.

Desde logo, a intervenção inicial não estava formatada para o tempo de que dispunha e, a partir daí, foi dificil explicar as suas decisões sobre os exames. Na sua terceira intervenção consegui perceber um pouco da sua decisão.

Os ministros não têm que ser bons tribunos, mas como têm de lá ir, de vez em quando, devem treinar aquele mínimo para não fazerem má figura. Parece que faltam treinadores no governo. Afinal, como não estão a cumprir o 1 para 2, o melhor seria utilizar o não cumprimento da regra estabelecida para uma admissão mesmo temporária mais útil. Comunicar, melhor, ensinantes de comunicação, uma das lacunas deste governo.

A oposição, no seu conjunto, não foi nada melhor. Só que tinha o problema facilitado. Quando a parte contrária está numa situação de fragilidade é fácil atacar.

Mas ainda bem que assisti. Tinha curiosidade no acontecimento. Permaneço cheio de dúvidas, pois acho que houve exames com erros e do debate nada ficou claro para mim neste aspecto. Acho mesmo que a Ministra só não o admitiu pois teria de aferir responsabilidades. E, infelizmente, neste país, esta área continua a ser não assumida, nunca há responsáveis.

Não dei por perdido o meu tempo, pois com a intervenção da deputada Manuela de Melo fiquei com uma ideia da grande confusão que reina na educação quanto a reformas.


 

Desenhar compulsivamente




Até 17 de Setembro próximo, pode ser vista no CCB [Abel Salazar O Desenhador Compulsivo] a exposição de 250 desenhos de Abel Salazar.

O homem desenhava em tudo e por todo o lado. No verso de uma carta, de um ofício, de um telegrama, de… imaginem. O traço inventivo que servia o gesto criador do artista e do cientista que nele coabitavam sobreviveu-lhe e está agora de passagem por Lisboa.

Para saber mais sobre Abel Salazar (1889 – 1946), pode dar-se um salto ao site da Casa Museu [aqui].

 

Quando os aliados desalinham




O que fazem os americanos na rua árabe? O 1º Ministro Iraquiano, Nuri Kamal al-Maliki, pronunciou-se contra a invasão do Líbano por Israel, (ver notícia do NYT aqui), e, consequentemente, contra a posição que os EUA mantêm relativamente aos conflitos do médio-oriente. Face a isto, George W. Bush e seguidores devem estar a questionar-se sobre os dividendos políticos que afinal lhes estão a render a invasão e democratização do Iraque.
Domingo passado, os 275 membros do novo parlamento iraquiano denunciaram, também, a invasão israelita do Líbano.
Então não era suposto que a nova voz iraquiana fosse mais compreensiva em relação a Israel? Sim, era. Mas acontece que na rua árabe, até os aliados dos americanos estão contra a política externa americana.


 

Afinal porque razão as leis portuguesas funcionam contra a inteligência?

Dois exemplos recentes. Mudou-se a lei do estacionamento, fraccionando a hora para permitir a quem estivesse pouco tempo no parque, pagasse menos. Um medida teórica justa, uma boa intenção. Mas quem a está a aplicar torceu o objectivo e está a amealhar uns cobres valentes.

O Governo decretou a possibilidade de venda de fármacos, fora das farmácias. Uma boa intenção que, entre outros objectivos, visava o abaixamento dos preços. O resultado final não está a ser esse.

Isto já para não falar da tão apregoada introdução do Euro - sem aumento de preços dos produtos e bens - de que todos nos lembramos dos terríveis resultados em termos de custo de vida.

A minha questão sincera é: Serão as instituições nacionais incapazes de fazer algo certo mesmo com o apoio do Governo, do PR, dos tribunais, das polícias, etc, etc. Ou será que lhes falta esse apoio e o que funciona é o chamado mundo cão "à portuguesa"?


 

Afinal para onde caminhamos?

O actual governo "aprovou a sacrossanta regra" de, na Administração Pública (AP), admitir apenas 1 por cada 2 funcionários que saissem e, mesmo assim de forma não automática, pois deveria imperar a racionalidade funcional, isto é, critérios rigorosos.

Acontece que, segundo a comunicação social de hoje, nos primeiros 6 meses de 2006 há a registar um aumento líquido de 10 166 pessoas admitidas na AP. Concretizando, foram admitidas 22 420 tendo-se reformado apenas 12 254.

O governo já tentou vir justificar: recibos verdes, contratos a prazo, etc. Isto não tem justificação possível e o que indicia é uma perda de controlo na aplicação das medidas tomadas.

Convenhamos. Não é fácil para um cidadão comum entender, depois de corrida tanta tinta sobre a reforma em curso, quadro de excedentes, comissão de macroestrtuturas, etc, etc. acontecer tudo exactamente ao contrário daquilo que se anunciou.

No mínimo, é desanimador e a confiança vai desaparecendo....

2006-07-19

 

Com o pé no pescoço é impossível negociar

O gigante tem o pé no pescoço do vizinho, derrubado no chão. Imaginemos que para tentar alterar a situação em que se encontra este dá umas unhadas na perna do gigante e que este responde partindo a cacete as pernas do subjugado vizinho.

A imprensa portuguesa inclina-se em geral para dar razão ao gigante. Porquê? Porque independentemente das razões que os levaram àquele estado, foi o energúmeno prostrado no chão que recomeçou a briga com as traiçoeiras unhadas. Porque não está ele quieto? Como faz o gigante?

Israel ocupa ilegalmente há 39 anos a faixa de Gaza e a Cisjordânia, rouba, com colonatos, o melhor território aos palestinianos e submete-os a um jugo insuportável. Até ao desespero dos “mártires” homem-bomba.

Não se trata de escolher entre um Estado moderno, ocidental, com regras democráticas e o mais retrógrado e medieval fundamentalismo islâmico.
A solução, a paz, o desarmamento do fanatismo, só pode começar quando o gigante (militar e nuclear) tirar o pé do pescoço do vizinho. O regresso de Israel às suas fronteiras. Com o reconhecimento (então mais facilmente alcançável) das suas fronteiras e da sua segurança.


 

O mito Al-Zarqawi

Ontem, no Iraque, na cidade “sagrada” xiita de Kufa, um bombista-suicida matou 59 pessoas e feriu 130. (Aqui, como na Palestina e Israel quase tudo é sagrado. Sagrado para uns blasfemo para outros.) No dia anterior um grupo armado matou 56 iraquianos em Mahmudya. Segundo a AP (Público de hoje. Link só para assinantes) nos primeiros 17 dias de Julho foram mortos 6oo iraquianos (527 civis e 90 elementos das forças de segurança).

A cinematográfica morte, com bombardeamento aéreo, para alimento da indústria televisiva, do “mais perigoso terrorista” o jordano Abu Musab al-Zarqawi, líder da Al-qaeda no Iraque teve, como os círculos bem informados previam, pouca ou nenhuma consequência no nível da mortandade, do terrorismo e da resistência iraquiana.
A Administração norte-americana hipervalorizava a importância de al-Zarqawi para efeitos de propaganda e de algum modo ligar a invasão do Iraque à ficção da forte presença aí da Al-Qaeda no tempo de Sadan (uma mentira deliberada) .
Há muito que meios da resistência iraquiana desvalorizavam a influência e o papel de al-Zarqawi ao mesmo tempo que exibiam pela Europa, incluindo Portugal, filmes e outra informação sobre a resistência iraquiana e os massacres da população civil nomeadamente da cidade de Faluja, metodicamente bombardeada pelo exército americano com armas incendiárias desconhecidas e, ao que parece, bombas de neutrões.


 

CALCIOCAOS um apito pouco dourado

"É uma revolução no mercado do futebol. A descida da Juventus, Fiorentina e Lazio, assim como o castigo ao AC Milan."
Em Itália os "apitos" não são dourados. Alguém imagina a justiça portuguesa a baixar de divisão o Porto, o Benfica ou o Sporting? E se por cá é assim no futebol como será no resto?
 

Coitados dos bancos. E dos banqueiros.

Havia a generalizada convicção de que os bancos tinham lucros exorbitantes. Creio que foi o ministro das Finanças que veio desculpá-los. Que os superlucros eram aparentes e resultavam da mudança de critérios na apresentação de contas.
Mas agora, estudo da UE revela que os bancos portugueses são os mais caros da Europa, depois da Grécia.
"a banca nacional é uma das que apresenta margens e spreads (comissão que acresce à taxa de juro de referência) de empréstimos mais elevadas entre os 25 Estados-membros da União Europeia (UE)."
Não sei quantos ministros os bancos consideram ter no Governo mas um trabalho de casa que recomendava ao primeiro-ministro era obrigar estes a apresentar planos de emergência para duplicar a participação dos bancos na receita do OE. Em vez de 10 ou 12 % de IRC (atentas as isenções, fugas legais, e mil e um truques que o ministério das Finanças não consegue ver) 25% como pagam as pequenas empresas e convidando-os, com "argumentos irrecusáveis" a baixar margens e spreads.

 

Que grande Imbróglio !!!

A Ministra da Educação está, ou "meteu-se", num grande imbróglio.

Já não bastava a problemática dos exames e só faltava mesmo mais uma e chegou: a da contratação directa de professores pelas escolas. Esta última revela falta de coordenação entre dois Ministérios (Finanças e Educação), o que significa alguma coisa. E o PM aqui não pode deixar, eventualmente sem culpa nenhuma, de ser atingido. Descoordenação em tempo de crise não pode acontecer.

Mas, voltando ao tema dos exames e tentando ser o mais isento possível (o que não será assim tão possivel, admito), apercebi-me de duas grandes questões de fundo.

Se bem entendi, há um primeiro problema relativo a erros técnicos na concepção dos exames e um outro que tem a ver com a grelha de avaliação (critérios). Não sei se não haverá aqui um problema derivado, a interpretação da grelha pelos professores/autores da correcção.

Sobre estes dois problemas terá de haver uma análise de fundo por uma/várias entidades independentes que "preto no branco" digam a quem deverá ser atribuida a responsabilidade e, minhas senhoras e meus senhores, a culpa não deve morrer solteira. Diga-se com nomes quem são os culpados. Isto de ser a Ministra a culpada, é sempre uma situação fácil. Ela é a culpada política, certo. E os executantes que deveriam ter cumprido exemplarmente a sua função? Estes passam ao lado? Não, devem ser identificados pelo seu mau desempenho técnico, se o houve. Caso isso não se apure porque não se quer ir por essa via, continuamos sempre igual a nós próprios. Neste país, nunca há culpas e na linguagem da "jornalista" MJA (ainda hoje o jornalista Pedro Rolo Duarte a trata de jornalista na sua coluna do DN), tudo graças a Deus. E, assim, acedemos à sorte grande

2006-07-18

 

Que ... "sorte grande", esta !!!(2)

... Este artigo é para mim muito grave. Não por ser de Maria João Avillez, mas pelo seu teor publicitário e por a comunicação social, incluindo os sindicatos dessa mesma profissão, não lhe terem dado a importância devida.

Será que os jornalistas (custa-me a acreditar) quererão mesmo entrar num atoleiro, sem fim? Quererão acabar com as incompatibilidades vigentes na sua actividade?

Já hoje existem situações absurdas: por exemplo, nada impede que um jornalista possa exercer, em simultâneo, o cargo de deputado e de jornalista. Será que ainda andam à procura de mais lama?

A ser assim a credibilidade de jornalista irá aos poucos e poucos desaparecendo.


2006-07-16

 

Que ... "sorte grande", esta !!!

"Sorte grande" é um artigo que, segundo José Miguel Júdice, "não é publicidade". É escrito por alguém que o subcreve na qualidade de jornalista. Seguindo o raciocínio deveras elaborado do "ilustre" jurista e de Maria João Avillez, autora do artigo, estaremos perante um mimo de jornalismo, desenfeudado de tudo, excepto de um Banco, o Banco Privado Português, "orgulhosamente independente face a todos os interesses. Graças a Deus" (nota 5 ao texto da referida autora).

O artigo com as notinhas colaterais, com indicação de telefones e tudo, de como aceder à "sorte grande", daria para muitos posts. Cada português pode lá chegar Só não chega se não quiser.Tem é de consultar a Maria João Avilez, a jornalista que começa, assim, o seu elucidativo texto de não "publicidade":

"Confesso. Tinha jeito para ser muito rica. Para me sair o euromilhões, a sorte grande, isso tudo". Nota1, colateral a condizer com esta tirada: "Quem não tem jeito para ser rico? Provavelmente todos acharão que têm. Mas a verdade é que nem todas as pessoas têm jeito para manter e aumentar a sua riqueza. Tal como nem todos os bancos. Azar. Neste panorama, o Banco Privado Português, que só trata de dinheiro, pode ser considerado uma espécie de sorte grande".

Diz-se que MJA vai entregar a carteira profissional só para evitar chatices.

E, sem carteira como continuar a exercer a profissão de jornalista, "ofício de escriba" segundo a própria, que de acordo com o actual Estatuto se define:

(...) artigo 1º
1 - São considerados jornalistas aqueles que, como ocupação principal, permanente e remunerada, exercem funções de pesquisa, recolha, selecção e tratamento de factos, notícias ou opiniões, através de texto, imagem ou som, destinados a divulgação informativa pela imprensa, por agência noticiosa, pela rádio, pela televisão ou por outra forma de difusão electrónica.
2 - Não constitui actividade jornalística o exercício de funções referidas no número anterior quando desempenhadas ao serviço de publicações de natureza predominantemente promocional, ou cujo objecto específico consista em divulgar, publicitar ou por qualquer forma dar a conhecer instituições, empresas, produtos ou serviços, segundo critérios de oportunidade comercial ou industrial. (...).

Perante esta situação, questiona-se:

Em que qualidade MJA vai continuar o seu progrma semanal de entrevistas "Outras Conversas"? Entertainer ou Jornalista?


2006-07-15

 

A "defesa" do consumidor

... ou com maior objectividade a não defesa e complicação da vida do consumidor e certos paliativos enganadores que nos tentam impingir, como a declaração amigável.

Tomei conhecimento da seguinte situação: Duas pessoas tiveram um acidente de carro, ou seja, uma bateu na outra por detrás, na A5 mais concretamente. Fazem declaração amigável.

Como o acidente teve danos materiais muito avultados, felizmente não pessoais e atendendo a que chegou a Brisa de imediato e fez remover um dos carros para a berma (o outro ficou imobilizado na berma com o acidente) pois a sua localização estava a criar perigo para os automobilistas, sucede que a pessoa que bateu ficou com o carro estacionado à frente.

A Brigada de trânsito da GNR passado algum tempo chegou para tomar conta da ocorrência e no relatório descreveu a situação do estacionamento resultante das indicações da Brisa.

Esta situação suspendeu temporariamente á posteriori "o resultado" do acidente em termos de atribuição de culpa com graves prejuizos para a pessoa que foi abalroada, pois passado mais de um mês não tem a situação resolvida, apesar da boa colaboração entre os donos dos carros envolvidos.

A companhia de seguros da carro que bateu já deu ordens e o carro já está reparado e a outra continus à espera.

Pergunta-se estes senhores dos seguros podem continuar assim impunes e a fazer o que bem querem?

Ou só se despacham quando lhes aparece uma pessoa altamente conhecida e sobretudo influente ou então uma grande empresa.

O cidadão anónimo, esse está sempre "lixado", quando não "linchado".

Infelizmente não há defesa do consumidor que nos valha. Não há nenhum "simplex" para os seguros?

2006-07-14

 

"Incêndios de verão"

Vasco Pulido Valente conta hoje, no Público, a tragédia que o assola. Herdou um pinhal donde não retira um cêntimo de rendimento e onde se vê na contingência de gastar o dinheiro que ganha (como jornalista, escritor, historiador, digo eu) para o manter limpo e menos propício a incêndios.
Como eu o compreendo! Em situação idêntica, no que diz respeito ao pinhal, não sei que faça. Eu que não sou jornalista, escritor ou historiador não sei se peça dinheiro ao banco se reze a Nossa Senhora.

 

"Imaculada inocência"

Leitor habitual da diária crónica de Eduardo Prado Coelho, no Público, fiquei a saber que ficou "espantadíssimo" quando verificou que um jornal lhe atribuía a autoria de um blogue. EPC protesta a sua "imaculada inocência" e virgindade em tal terreno. Não tem blogue nem nunca visitou nenhum. Não afirmou que tenha raiva a quem tem. Até se depreende uma tolerante condescendência para quem tenha caído em tal desmesura. Em abono desta minha presunção ele reconhece que "um grande número de amigos meus começa a ter o seu blogue".
Fica-me a sensação que Eduardo Prado Coelho escreve em papel, com caneta de tinta permanente e mata borrão.

 

Zidane e o Médio Oriente

Imagine-se que em resposta à cabeçada de Zidane, entrava no relvado um esquadrão de tifosi para vingar Materazzi e fuzilava Zidane e mais cinco ou seis jogadores da equipa francesa.
É esta a proporção da resposta de Israel ao rapto de dois soldados israelitas com a invasão do Líbano. Bombardeamento da capital, destruição do aeroporto, destruição de pontes e estradas, isolamento do país, fim ao turismo, destruição da economia e o que adiante se verá.
Há quem diga que pediram autorização prévia a Bush. Outros acham tola a suposição. Que a autorização está dada em geral e dispensa pormenores.

 

A quarta lição



Aprendendo com Cavaco Silva.

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1. José Sócrates é contra o pessimismo, a queixa, o criticismo e a consternação. Eu também. (Já somos, pelo menos, dois). Aprende com Cavaco Silva (ai, ai, bem me parecia…) e acha que a hora não é de lamúrias, nem de acusações genéricas às políticas do seu governo. Aliás, nenhum governo vive feliz com as críticas, sobretudo quando os estudos de opinião lhe dão saldos positivos. Afinal, quem é que tem razão? Os críticos ou a estatística dos inquiridos? A escolha é fácil, e José Sócrates fá-la com aquela obstinação que o caracteriza. Seguindo, por certo, uma consigna cavaquista, tem para ele que os números falam mais alto. A opinião publicada é coisa de somenos.

2. Que visão tem José Sócrates do Estado? A que propalou na campanha eleitoral, ou a que se configura a partir das suas políticas, agora? Resposta fácil. É a de agora.
Depois de ter criticado os Governos do PSD (sobretudo o de Durão Barroso) pela «obsessão do défice», -- no que foi secundado pelo Presidente da República, então em exercício, Jorge Sampaio, que nos presenteou com aquela frase célebre «Há mais vida para além do orçamento», -- José Sócrates retoma a «obsessão do défice», lembrando que Portugal não pode sair do Programa de Estabilidade e Crescimento. A fórmula parece diferente; a substância é a mesma. Se, como declarou, também aprendeu com Sampaio, neste caso, o ensinamento vem directamente de Cavaco.

3. Para alguns, o PS não está a fazer o «trabalho sujo» que, suponho eu, consistiria em reequilibrar as contas do Estado à custa dos «suspeitos do costume». Estamos a gastar demais há demasiado tempo? Fecham-se serviços; põem-se uns quantos funcionários públicos a ganhar tão pouco que só lhes reste irem-se embora de vez; congelam-se carreiras e vencimentos; acusa-se os sindicatos de postura corporativa e explica-se que o Governo governa para todos os portugueses e não apenas para as organizações que os representam que, como se sabe, defendem interesses particulares, não consentâneos com o interesse nacional, etc. Era este, mutatis mutandis, o paleio cavaquista do alto da sua maior maioria absoluta. José Miguel Júdice, então muito envolvido na política partidária e no "Semanário", mandava titular: "Fazer do pico um planalto". A inspiração de Sócrates é semelhante. Com uma terraplanagem social, quer dividir os sacrifícios de modo a que os «grandes investidores» não tenham razões de queixa. Nada de novo. Mais adiante compreenderá algo que Cavaco parece não ter retido. Do pico ao fosso, ou do planalto ao pântano, vai-se mais depressa que dizer ai.

4. Se falar directamente para o «povo», por cima das organizações que representam interesses «particulares», -- socioprofissionais, sectoriais, políticos e económicos -- não é incorrer no mais clássico populismo, digam-me, então, por favor, o que é afinal o populismo?
Entretanto, centros de saúde, hospitais, maternidades, escolas e outros serviços públicos, vão fechando as portas. O ideal de proximidade entre os cidadãos e os locais onde os serviços são prestados, esbate-se, degrada-se e extingue-se.
Todavia, para muitas gentes, isto não é o «trabalho sujo» que o PS está a fazer. É algo que teria de ser feito «de qualquer maneira» e «quanto mais tarde, pior». Porquê? Porque «gastamos demais» e há que fazer cortes; há que diminuir a despesa pública. E como temos de viver gastando menos, o Governo corta naquilo que se vê mais no que se anuncia. Aí Cavaco não tem nada a ensinar. Governou com as vacas gordas. Quando a coisa deu para o torto refugiou-se num redondo tabu e saiu antes do fim do mandato, deixando Fernando Nogueira à nora.

5. Bom. José Sócrates pensa-o, mas não ousa confessá-lo. Uma das coisas que aprendeu com Cavaco Silva é que, afinal, Manuela Ferreira Leite estava certa, a seu modo. O grande busílis está no «défice». Afinal, Jorge Sampaio não tinha razão. Não há assim tanta vida como isso para além do orçamento. Sujos ou limpos, conforme as perspectivas, são estes, de facto, os trabalhos de Sócrates. O PS só tem de ir atrás, como das outras vezes…Cavaco, apesar da proverbial chachada do "Nunca me engano, etc", não pode acudir a tudo. José Sócrates vai ter de aprender algumas coisas importantes de outro modo.

2006-07-13

 

Debates quase esotéricos

Imaginemos o cenário bucólito de Portugal ainda ter agricultura e que, para honra da deusa Flora, no Parlamento decorriam aguerridos jogos florais em torno do Estado da Nação. Imaginemos ainda um aceso debate entre o PS e o PSD sobre o mérito relativo dos respectivos governos nas "decisões" metereológicas que abonaram ou não o nosso chão de cultivo com as necessárias e atempadas chuvas.
Tal exercício seria no mínimo hilariante.
Mas que dizer do acirrado debate, disputado palmo a palmo em torno do mérito do actual e anteriores governos em umas décimas percentuais, para cima ou para baixo, sobre o desempenho da Economia em cada um dos governos quando se sabe que uma economia exposta e subsidiária como a nossa depende em 80 ou 90% do que acontece na União Europeia e nos EUA?
O debate certo seria, e em parte não deixou de se fazer, em torno, não de mais 1 ou menos 1%, nas taxas de variação da economia mas sobre o que cada governo fez ou deixou de fazer naquilo que favorece a economia e de si depende: o contexto legal, administrativo, formação profissional, ensino, saúde. E por aí.
Nesse aspecto o Simplex, o Prace (ainda falta ver), a contenção orçamental com a abolição de regalias que se tornaram insustentáveis ou injustificáveis e outras reformas nomeadamente na saúde, no ensino, na justiça, na segurança social contam a favor de Sócrates.
Não é propriamente "o trabalho sujo" que o PSD E CDS deixaram para o PS. São a resposta a uma situação insustentável que a não ser atalhada teria consequências incomparavelmente mais gravosas e que se fosse a direita a fazer seriam mais dolorosas para os trabalhadores e as classes médias. Veja-se, a título de exemplo, a sua proposta para a segurança social.

 

A parábola da Carteira Profissional




A fazer fé nas notícias de hoje, Maria João Avillez, (ver, p.ex. aqui) vai perder a titularidade de jornalista (é-lhe retirada a carteira profissional) “(…) devendo o título ficar retido pelo menos enquanto durar a campanha publicitária do Banco Privado Português na revista Única do Expresso (…)”.
O seu advogado, José Miguel Júdice, já deu parecer. Segundo ele, não há nenhum atropelo deontológico que justifique a entrega da carteira, visto que a «crónica» de Maria João é utilizada na confecção da peça publicitária, mas não tem, ela própria, uma natureza publicitária.

Defende o causídico a sua cliente, com denodo e topete.
Não faz mais que o seu dever... de advogado, já que o jornalismo, para Júdice, pode ter sido coisa do passado.
Porém, a resistência da sua constituinte em explicar como é que a sua crónica foi associada ao espaço promocional do Expresso, parece menos curial...

A jornalista é responsável por um programa da SIC-Notícias denominado “Outras Conversas”. Vale a pena rever alguns. No último, Belmiro e Paulo Azevedo, foram mimados com perguntas macias e louvores derreados. Perguntar, é o mínimo que se deve fazer numa entrevista. Elogiar os entrevistados, apoiando as suas estratégias empresariais e políticas, passa ao lado do profissionalismo básico.

Dado que José Sócrates foi chamado à colação por diversas vezes na entrevista à família Azevedo, aguardo, com curiosidade, para ver o espaço que a família Azevedo tomará na entrevista que Maria João fez ao 1º Ministro e Secretário Geral do PS. Passa às 21 Horas na SIC-Notícias.

A não perder.


 

A terceira lição



Altos & Baixos



Julgo que entendo bem a boa vontade que anima o post Duas Lições, do Raimundo Narciso. O Governo, depois de mostrar o jogo e a agenda, onde avultam as medidas gravosas para a maioria dos trabalhadores por conta de outrem, dá um ar da sua graça, pondo em causa «privilégios» dos que «ganham muito».

Há nessa moralização, pelo menos, duas notas dissonantes.
A primeira tem a ver com o quadro das prioridades; a segunda, com a eficácia, a aplicação, a data e fase da carreira em que ganham efeito as «correcções».
Se tivesse começado por aí, vá lá. A coisa ainda se poderia perceber. Mas o Governo de Sócrates, em matéria de enfrentamento dos interesses, tem feito tudo ao contrário. Ao atirar-se «agora» ao insustentável regime de pensões do BP e «outros corpos especiais» -- infelizmente, não pode, para já, ir a todos nem se sabe tampouco qual a extensão do «castigo», -- a coisa aparece como um expediente compensatório.

Por isso, às “Duas Lições” enunciadas pelo Raimundo Narciso, há que acrescentar uma terceira. O Governo do Partido Socialista age com mais tacto, vagar e contemplação quando se trata de tocar nas prebendas dos mais abastados. No resto, é o que se tem visto.

Portanto, a «terceira lição», deveria parafrasear o provérbio: «Ninguém se ria com o mal do vizinho, que o seu pode vir a caminho».

 

Duas lições

O João Abel saudou, e bem, a decisão do Governo hoje anunciada no Parlamento, no debate sobre o Estado da Nação, de acabar com as pensões vitalícias do BP. ("Nem no Banco de Portugal nem noutros bancos públicos haverá mais regimes especiais de aposentação.")
Não ficou claro, no entanto, se tal medida abrange ou não os actuais membros do CA do BP mas mais relevante seria saber se tal decisão implica o fim dessas reformas a todos os que actualmente as usufruem.
Na realidade não faz sentido o contribuinte continuar a pagar essas escandalosas e injustas pensões obtidas com a cumplicidade de governos anteriores, às escondidas da opinião pública.

Duas lições se podem tirar:

- O Governo ao retirar privilégios a quem ganha muito procura que os custos da austeridade não sejam pagam apenas pelos que menos podem.

- A comunicação social (e em particular a blogosfera) tem um papel cada vez mais importante no fortalecimento da opinião pública, tradicionalmente tão fraca entre nós, para a moralização da vida pública.

(Versão alterada)


2006-07-12

 

Até que enfim ...registe-se

...se dá fim ao sistema de reformas do Banco de Portugal e da Caixa Geral de Depósitos.

De grão em grão ... mas ainda há muito grão e muita resistência. Mas que era um grande escândalo aquele sistema de reformas, todos concordam, até lá no fundo, os felizes contemplados.

O PUXA também puxou por este finalmente que o governo acaba de anunciar.

 

A primeira fase do golpe já está...

... Xanana Gusmão acaba de consolidar a primeira fase do golpe de Estado em Timor.

Apesar da mudança de governo, o caminho ainda não está completamente desimpedido para o avanço das forças pró - australianas e anti - Fretilin.

Tudo farão estas forças para se tornarem os senhores de Timor, do petróleo de Timor e do acesso às benesses daí advindas.

Como ficou claro, Xanana não é barreira: pelo contrário, é um contemporizador.

Xanana desiludiu-me. Fazia-o mais firme e mais patriota. Afinal, meteu-se por caminhos muito pouco transparentes e entrou num "lavar de roupa suja" pouco ajustado à figura de um Presidente da República.

Aguardemos pela próxima fase já latente: o afastamento de Matan Ruak.

Alguma contenção possível, nesta matéria, só poderá advir de Ramos Horta, se por aí se vislumbrar um trampolim para a candidatura à Presidência.

2006-07-11

 

É preciso ter lata!

Tendo em conta o momento de prosperidade do país e o fim dos sacrifícios impostos a trabalhadores e classes médias, a Federação Portuguesa de Futebol (com o inefável Madaíl à cabeça) secundada patrioticamente pelo sindicato dos jogadores de futebol, exigem ao Governo que isente de IRS os prémios dos nossos jogadores da bola ganhos no mundial.
Realmente... acho que é o mínimo que se pode exigir.

 

Zapatero e a Visita de Bento XVI

O Governo de Zapatero em decisões relacionadas com a posição da Igreja, como por exemplo no caso do casamento entre pessoas do mesmo sexo, não se tem deixado intimidar pelas posições conservadoras da Igreja e tem seguido o pulsar da sociedade .

Esta defesa arrojada de convicções, num país com largas tradições católicas, tem- lhe valido uma reacção dura da igreja e dos partidos conservadores como o PP e até de algumas franjas do seu próprio partido.

Zapatero não tem vacilado e, apesar da matriz católica de Espanha, a maioria do povo esté com ele nestes aspectos.

Houve recentemente a visita recente do Papa a Espanha que até mostrou bastante habilidade nas suas intervenções públicas qunto às relações Vaticano/governo de Espanha.

Zapatero, por seu lado, também fez tudo o que devia na recepção ao Papa. Mas não foi à missa, celebrada pelo Papa.

Levantaram-se muitas vozes contra este comportamento de Zapatero, alegando muita comunicação social que até Fidel, a quando da visita do papa a Cuba, esteve na missa.

Zapatero tomou a atitude certa e digna.

A missa não constitui um acto na relação dos Estados de Espanha e Vaticano. É um acto puramente católico.

Zapatero como agnóstico confesso e como presidente de um governo que tem vindo a fazer positivamente bem essa separação, entre o que é Estado e o que é Igreja, agiu bem.

Tomou a atitude que se impunha. Não entrou no disfarce, nem na ofensa e deu uma prova do que é separar na prática.

A igreja parece não ter entendido. Faz-lhe bem reflectir sobre o sucedido.

Aqui é que se andou/anda a perder tempo com o lugar da igreja no protocolo, o que me parece demasiado surrealista porque, pura e simplesmente, não faz sentido em actos públicos do Estado.

Nada disto impede que, em casos especiais, a igreja não possa ser convidada e, nesta circunstância com um lugar condigno, de convidado.


2006-07-10

 

Benquerença wireless.



De Penamacor para o País...


Benquerença, (freguesia do concelho de Penamacor, distrito de Castelo Branco) passou a dispor de um serviço gratuito de acesso à Internet, sem fios. Então não querem lá ver que o nosso interior esquecido e ostracizado se pôs ao nível dos campus universitários e das superfícies comerciais mais competitivas?!
Assim é.
O Telejornal do almoço passou uma reportagem curiosa. Jovens sentados ao ar livre, com o lap-top amparado nos joelhos, gabam as excelências daquele sintoma de progresso. O sistema wireless permite-lhes terem acesso à net de qualquer ponto da aldeia.
Fabuloso!
Benquerença é uma das 12 freguesias do concelho. Tem cerca de 700 habitantes. Os mais velhos lá foram dizendo à repórter que não se entendiam com essa coisa da Internet, nem estavam, a bem dizer, para aí virados.
Porque será?
A taxa de analfabetismo, no concelho, anda pelos 28, 8%; a debandada demográfica é vertiginosa, com excepção do grupo etário de mais de 65 anos; o investimento produtivo, irrisório.
Não me parece que o sistema de acesso à Internet sem fios traga qualquer desvantagem à freguesia de Benquerença. Mas, francamente, que tipo de prioridade é este, num concelho em que não chega a haver um médico por mil habitantes e metade da população é constituída por pensionistas?
Por uma razão ou por outra, esta boa vontade (este bem-querer) de mimetizar o Plano Tecnológico, põe em destaque o que algumas políticas públicas têm de pior e escondem ou disfarçam, -- um estilo precipitado e acrítico de tratar a questão das tecnologias da informação e da comunicação, não se percebendo, muitas vezes, para que destinatários, para que tempos e lugares, e com que objectivos as medidas estão a ser tomadas.

2006-07-09

 

O levantamento do segredo bancário para efeitos fiscais

Se é verdade o que ouvi ou entendi ouvir na TSF, na sexta feira passada, de que este governo terá aprovado, em Conselho de Ministros, o levantamento do segredo bancário para quem conteste o montante de imposto (IRS, IRC, etc.) calculado e atribuído pelo fisco, não vamos no bom caminho.

A ser verdade, estaremos perante um atropelo a um direito fundamental. Isto seria tudo menos um incentivo ao desenvolvimento de uma sã cidadania. Seria, no mínimo, uma decisão intimidatória do uso de um direito que posso poder usar sempre que me sinta atingido, na base da legislação em vigor.

A ser verdade esta discriminação negativa não tem sentido numa sociedade avançada, num estado de direito. Não sendo jurista, duvido mesmo da sua constitucionalidade.

No entanto, sou a a favor do levantamento do sigilo bancário para efeitos fiscais e até pensava que era uma situação adquirida - mas não apenas para os que contestam o fisco, pelo que, perante a notícia, fiquei baralhado, indignado e estupefacto.


2006-07-08

 

Francisco Ariztia

Ariztia percorreu a Europa como muitos outros chilenos que fugiram à ditadura de Pinochet e aí encontrou a Noémia que, na sequência da repressão ao pujante movimento estudantil trocara a ditadura de Salazar pela liberdade além Pirinéus. Quando em 1974 os capitães do MFA derrubaram a ditadura de Salazar eles vieram festejar o 25 de Abril e viver a revolução.
Têm uma filha, já adulta, e Ariztia não parou mais de pintar e expor em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente no seu país, o Chile, onde, no museu Solidariedade Salvador Allende se encontram algumas das suas belíssimas obras.
Seleccionei algumas das pinturas de Ariztia no Memórias mas uma visão mais completa exige uma visita (obrigatória) ao seu excelente site. que abre com esta imagem, uma montagem do mundo de poesia e cor que o artista nos oferece.

 

Nas nossas ruas, ao entardecer...(3)


 

Nas nossas ruas, ao entardecer...(2)


 

Nas nossas ruas, ao entardecer...(1)


 

Não devo estar a ver bem...confesso

...Estranheza e alguma perplexidade é o que senti no surgimento, agora, de um movimento de apoio à selecção e a Scolari - MASS, um movimento que se propõe levar os portugueses para a rua no dia do regresso da selecção a terras lusas.

Não sei mesmo se Camões não deverá ser associado a tão ilustre e tamanha ideia.

Parece-me insólito quanto desnecessário. Os Portugueses irão para a rua receber a sua selecção sem estes MASS.

Tudo é possível, como se vê, e como "não há almoços grátis", ver uma certa "fina flor" de homens da política como José Miguel Júdice, Jorge Coelho, Marcelo Rebelo de Sousa, António Vitorino e Eduardo Catroga, irmanados neste MASS, é no mínimo estranho.

Para onde caminharão com "este grande acto de patriotismo" tão ilustres personalidades ?!

A primeira página do Expresso já ninguém lha tira, ... mas, certamente, ainda há mais palco.


2006-07-06

 

Em nome do interesse nacional


Precisamente: em fundo vermelho (ou será rosa?)


Hoje houve greve da Função Pública. A 5ª versão dos projectos de Regime de Mobilidade dos Trabalhadores da Administração Pública, remetido aos sindicatos em finais do mês passado, mantêm indefinições grosseiras e clausulas gravosas que concitaram a rejeição dos principais sindicatos do sector.

Ver-se-á, a seguir, se o Governo mantém, ou não, a sua «nova» linha «thatcheriana».

Para crentes e não crentes, aqui fica uma sugestão de leitura. Pedro Magalhães assinou um artigo intitulado “’Thatcherismo’ à portuguesa”, no PÚBLICO, que pode também ser lido aqui.

Passando por cima dos interesses representados, das promessas eleitorais, de um mínimo de bom senso, e das bases mais elementares de uma gestão democrática, o Governo prepara despedimentos encapotados na Administração Pública.
Conseguiu unir contra este estilo governativo praticamente todos os sindicatos do sector. O Governo pretende, porventura, invocando uma visão restrita do interesse público, falar em nome dos que não votaram no PS para isto. Prepara primeiro as condições para fazer a vida negra aos trabalhadores e, depois, então, apresentará (?) os resultados dos estudos.

É evidente que está mal. Deveria proceder ao contrário.

Entretanto, vai instalando um clima de receio, retracção, e renúncia de direitos.

Se é a barbárie thatcheriana o que visa, vai bem lançado. Podem os socialistas (de gema e simpatizantes) pôr as barbas de molho. Trata-se da mais um ciclo típico do PS. Marques Mendes e Ribeiro e Castro não poderão fazer muito mais do que aplaudir, ruborizados. De facto, a direita não faria «melhor».

 

Gargalhada geral

Zita Seabra, ontem, no debate sobre as alterações à Lei da Paridade que tinha sido vetada pelo PR e por isso voltou à AR, usou aquela figura parlamentar da "defesa da honra" que, como neste caso, é frequentemente usada, sem honra, para outros fins:
"Só para dizer que eu subscrevia quase, quase, quase toda a intervenção de Odete Santos."
 

Os sequestros da CIA e a honra das nações

A polícia italiana prendeu ontem dois altos responsáveis da contra-espionagem um dos quais, Marco Mancini, é considerado o número dois da secreta militar italiana, por cumplicidade com quatro norte-americanos no rapto de um egípcio que a CIA, nos famigerados voos "secretos" levou ilegalmente de Roma para Alemanha e depois para o Egipto onde foi interrogado, torturado e que agora denunciou o caso.
É mais um caso do relatório do Conselho da Europa relativo às actividades ilegais da CIA em 14 países europeus com a cumplicidade ou vista grossa de vários (ou todos?) dos seus governos.
Enquanto Berlusconi se recusou a exigir a extradição dos americanos talvez agora com Prodi ela avance.
Portugal, quanto aos voos, transporte e sequestro da CIA no nosso país, não viu nada, como se sabe, apesar do "anti-americano" e "esquerdista" Freitas do Amaral.
Portugal é dos países europeus aquele que sempre se pautou, desde que somos uma democracia, por falta de dignidade perante a grande potência que é os EUA.
Não se exigem atitudes irresponsáveis, quixotestas ou insustentáveis face ao Império. Mas um mínimo de honra. Já nem falo na França de De Gaule. Qualquer outro país europeu a começar pela Espanha não se rebaixa como nós. Comportamo-nos como os altos dignitários da corte da Pérsia perante o imperador Dario ou Artaxerxes. Arrojavam-se aos seus pés. Deitados no chão, pernas e braços estendidos. Só emparceiramos com os ex-satélites da União Soviética cuja ambição é tornarem-se satélites de Washington.
Nem sequer ganhamos em esmolas o que perdemos em dignidade e consideração. Os próprios EUA devem desprezar-nos.

 

Afonso Henriques submetido ao carbono 14

O Puxapalavra é um blog sério e em circunstância alguma deixará defraudada a confiança dos seus leitores por isso a necessidade desta rectificação.
Afinal a equipa de cientistas de Coimbra que a estas horas andam a revolver os ossos ou o pó do nosso Afonso Henriques têm metas bem menos exaltantes do que as que no post de baixo indiquei.
Ingenuamente confiei no bom senso da nossa classe académica. Só agora fui ler o miolo da notícia e afinal o que os cientistas querem é fazer a ficha médica, estabelecer causas da morte do nosso primeiro rei, quantos anos viveu, coisas assim sem interesse e em especial que tamanho tinha, para manejar aquela espada gigante, maior que a do rei Artur, que está na estátua do Castelo de S. Jorge com que justamente cortava cabeças a moiros e castelhanos.
Acho disparate. Vamos que se não confirmam os dois metros de altura dos cronistas mais patriotas. E com o teste de um carbono qualquer se atinge apenas o metro e oitenta que lhe dá Oliveira Marques ou se ficamos pelo metro e sessenta - metro e setenta do Hermano Saraiva?
A História, o nosso orgulho de povo dos Descobrimentos não se constrói com investigações antropológicas e análises químicas a restos, vá-se lá saber ao certo de quem!
A História, as grandes figuras da história, o orgulho das nações criam-se com os recursos científicos da poesia, da epopeia, das crónicas panegíricas, dos Luzíadas.
Imaginem agora que "descobrem" que o homem era gago, baixote, coxo e mal intencionado. Tudo coisas bem humanas e naturais mas que para fundador de uma nação e imagem com que gostamos de nos apresentar nos deixava deprimidos. Não basta o défice, o desemprego, a reforma da segurança social e o galo do jogo de ontem?

 

Ir a Afonso Henriques para ver o que falhou

Cientistas vão abrir hoje [agora, agora mesmo, às 17horas] em Coimbra o túmulo do primeiro rei de Portugal, é o título a toda a largura da página 28, do Público de hoje.

Nem necessitei de ler mais, percebi logo o objectivo e o alcance de tão meritória iniciativa.
Tem a ver com a derrota de ontem. De Portugal perante a França.
E acho muito bem. Merecíamos ganhar. De um ponto de vista patriótico, é claro.
Os mais imediatistas dirão que o culpado, ainda que involuntariamente foi o nosso esforçado Ricardo Carvalho que involuntariamente bateu na perna do maldito francês e, não estando o árbitro comprado por nós (ou comprado por menor preço!) logo este se decidiu pelo injustíssimo penalty.
É uma visão simplista das coisas. Somos um país, uma nação, uma pátria. E os cientistas usam a cabeça, querem e com razão ir à raiz das coisas. Então que melhor se poderia fazer senão ir à raiz da nacionalidade, ao Fundador, o nosso Afonso Henriques, o grande Conquistador? É aí que a nação começa e é a partir daí que temos de averiguar o que falhou na nação que somos perante esses chauvinistas peneirentos, invejosos e malcriados que são os Gauleses, os Francos, Franceses, ou lá o que são.

Parabéns à Eugénia Cunha e à equipa de cientistas de que faz parte, por ir estudar os ossos (se é que ainda há ossos), ou o pó que resta do nosso primeiro rei (se é que é dele) e que cheguem a conclusões antes do próximo mundial.


 

Este email é para Advogados (Portugueses)

Advogados VS GNr
Um advogado ia distraído (?) a conduzir quando, num sinal STOP, passa
sem parar, mesmo em frente a uma brigada da GNR.
É imediatamente mandado parar e, numa atitude perfeita de chico-esperto, pensa logo numa forma de se safar.
Agente - Boa tarde. Documentos se faz favor.
Advogado - Mas porquê, Sr. Agente?
Agente - Não parou no sinal de STOP ali atrás.
Advogado - Eu abrandei, e como não vinha ninguém...
Agente - Exacto. Documentos se faz favor.
Advogado - Mas qual é a diferença entre abrandar e ter de parar?
Agente - A diferença é que a lei diz que num sinal de STOP deve parar completamente a viatura. Documentos se faz favor.
Advogado - Ouça, proponho-lhe o seguinte: se conseguir explicar-me a diferença legal entre abrandar e parar eu dou-lhe os documentos e pode multar-me. Senão, deixa-me ir sem multa.
Agente - Muito bem, aceito. Pode fazer o favor de sair da viatura?
O Advogado acede e é então que o Agente retira o seu cacetete e desata a desancá-lo violentamente, como mandam as regras.
E o Agente vai dizendo: - Quer que eu PARE ou só que ABRANDE?>

Nota: não me opunho a que este email que por aí circula assuma diferentes versões relativas a outras classes profissionais como economistas, engenheiros, médicos, professores, etc, e por aí fora.


 

Phillipe Guillaumet, um francês com paixão pelas viagens e pela Cartier

Plillipe Guillaument é um homem de negócios francês e o responsável actual pelo Grupo Richemont na Península Ibérica. Nesta sua função, visita o nosso País quase todos os meses.

Este grupo é, nem mais nem menos, o grupo da joalharia francesa, tão conhecida pelas suas marcas como a Cartier, a Vacheron Constantin, etc, etc.

Estou a refiro-lhe aqui por dois motivos. O primeiro porque há dias numa conversa com um jornalista português (que não me recordo quem) ele dizia mais ou menos isto: Portugal tem um potencial turístico que não foi ainda explorado, potencial turistico esse em termos de paisagem mas sobretudo cultural e histórico. Isto caiu-me bem porque veio de encontro àquilo que penso e defendo. Na área do segmento de "turismo da descoberta económica", estamos próximos do zero. Um segundo aspecto, o da contrafacção na sua área de negócios. Segundo ele, a contrafacção é equivalente ao PIB australiano e na Europa a 500 000 empregos a menos. E, por estranho que pareça, os países onde a contrafacção é mais elevada são a Alemanha, Itália e Espanha. 500 mil milhões de euros é o negócio da contrafacção.

 

Zidane "reforma-se" em Beleza ...

Com uma exibição assim, de encher o olho, vale a pena "reformar-se" da selecção.

E mais uma vez a tradição ... nos traiu. Mas quem tem Zidane tem muito. E Zidane é francês e despachou, primeiro o Brasil e agora Portugal.

Portugal tem excelentes jogadores, até um Ronaldo que fez esquecer o verdadeiro.

Mas como os jogos não se ganham só dentro do campo, penso que, exactamente aqui, esteve a parte menos boa da selecção nacional. País pequeno é verdade, mas também sem grande imaginação e foi precisamente na falta de agressividade no mercado que Portugal falhou, apesar da carapuça que nos "enfiaram" em termos da comunicação. E isso pesou no desfecho e na tradição.

Mas, com esta tradição, posso eu bem. Ser a terceira ou a quarta selecção mundial é um feito.

Tomara o país não ser o menos desenvolvido da Europa Ocidental e ser o terceiro ou o quarto!!!. E aqui a tradição também se cumpre. Infelizmente, há muito tempo que não saímos disto, com implicações bem mais graves para todos, ou melhor, quase todos os portugueses.

2006-07-05

 

Ganhar todos os jogos.





A selecção portuguesa de futebol pode perder o jogo de logo, ao fim da tarde; a selecção francesa, não. Depois de os franceses terem eliminado a turma canarinha e de terem puxado excessivamente pelos estereótipos, acabaram por dar razão a Eduardo Lourenço que acha que os portugueses já ganharam muito, talvez por terem chegado esforçadamente às meias finais. É um ponto de vista curioso, a roçar a auto- complacência, já que o Mundial só se ganha no fim e, a considerar tal critério, todos ganharam qualquer coisa, em função das expectativas que tinham.

É porque a selecção francesa pôs tanto empenho no jogo de mais logo, que pode perder. Então, quando chegar a hora de Villepin vir dar os parabéns a Sócrates, se compreenderá melhor que a presença de ambos não terá conseguido politizar o futebol. Pelo contrário, a política continuará, cada vez mais, a depender dos calendários desportivos. A vitória da selecção portuguesa virá, deste modo, dificultar o fim de ciclo da direita chiraquiana, enquanto o governo de Sócrates beneficiará com este intermezzo feliz.

É porque a selecção francesa não pode perder que o grau de probabilidade de uma derrota se eleva, pronunciadamente. E nesse caso, só resta à selecção portuguesa ganhar.

 

Sócrates vai à bola

Consta que o primeiro ministro vai à Alemanha, ao futebol. Acho muito bem desde que pague as despesas do seu bolso. Já não concordo é que as pague metendo sub-repticiamnente a mão no bolso do contribuinte.

 

A cada homem sua mulher ou vice-versa

Sondagem da Marktest para o DN e TSF sobre quotas, nas listas eleitorais para a paridade de sexo, revela que a maioria dos portugueses está a favor de quotas obrigatórias. Sobre a matéria, objecto de proposta do PS, na AR, estiveram a favor PS e BE e contra PSD, CDS e PCP.

A favor das quotas - 52% Contra as quotas - 37,8%

Apoiantes do PSD inquiridos a favor das quotas - 49,1%
Apoiantes do PS inquiridos a favor das quotas - 53,5 %

Num país dividido ao meio sou, nesta matéria, um convicto defensor das quotas. E para que o país não esteja completamente paralisado com o stress da expectativa do jogo, logo às 20 h, ponho este aliciante tema em discussão.

 

C'est la lutte demi-finale...

é o titulo do Canard Enchaîné de hoje. Para os que não foram educados na cultura revolucionária trata-se de uma adaptação do primeiro verso do refrão da Internacional.

Por aqui só se fala de futebol, o jornalista que faz o resumo matinal da imprensa na rádio que costumo ouvir diz que se fartou de procurar um jornal que não fale de futebol e não encontrou. Eu tenho a sorte de pertencer a uma minoria de portadores de dois passaportes para quem esta noite tudo se resume a abrir uma garrafa de vinho do Porto ou de Champagne.

Para o João Abel e outros naturais da Madeira aqui fica um conselho para lerem a crónica turística de ontem da France Info.
 

Juiz condenado por impedir um erro judiciário

O título da notícia no Público (2006-07-04 pág. 9) é STJ condena juiz por violação de segredo mas, a dar como fidedigna a notícia, aquele meu título ficaria melhor.
A notícia pode-se resumir assim:
O tribunal da 3ª vara criminal do Porto condenou uma mulher a 5 anos de prisão por ter-lhe sido encontrados 8,654 gramas de cocaína escondidos numa cafeteira, em sua casa, onde fizeram uma rusga.
O presidente do colectivo, o juiz Pedro Donas Botto, votou vencido. Considerou que o tribunal estava a cometer um erro que custava 5 anos de prisão a uma pessoa.
O juiz deu a conhecer o seu voto de vencido o que é proibido pelo Código do Processo Penal. Levado o caso ao Tribunal da Relação este considerou procedentes as razões de Donas Botto, mandou fazer novo julgamento que veio a absolver a arguida e por seu lado o TR absolveu o juiz da infracção ao código.

Até aqui tudo me parece assisado. Mas o que causa perplexidade é o entendimento do Supremo Tibunal de Justiça.

Diz ainda a notícia (jornalistas António Arnaldo Mesquita e Tânia Laranjo) "Entendimento diverso foi adoptado pelos conselheiros do STJ, para quem o dever de segredo devia ter prevalecido perante o dever de defesa da liberdade da arguida."
O STJ condenou o juiz a multa diária de 40 euros durante 40 dias que além disso aguarda um processo disciplinar no Conselho Superior da Magistratura.

Conclusão: para o STJ ofender a lei é que não. Quanto a ofender as pessoas (perda da liberdade durante 5 anos) ... é um mal menor.


 

O nosso serial killer

É muito raro ler o Correio da Manhã. A não ser as gordas, da primeira página, nos escaparates. O tempo não dá para tudo e antes do CM estão vários outros diários. Por isso, perco um ou outro bom artigo. Mas nem sempre, porque dando uma volta pelos blogs, logo se recupera algum. E foi o que aconteceu ao passar pelo Câmara Corporativa que seleccionou um artigo de Rui Pereira no CM e do qual aqui dou fé, com este extracto, para vosso benefício:

"É raro surgir em Portugal um ‘serial killer’. Agora suspeita-se que um reformado de (apenas) 53 anos terá matado, num ano, três raparigas de 17 e 18 anos, suas vizinhas desde crianças. O que sabemos do arguido – e presumível inocente – não augurava uma carreira criminosa: serviu como soldado e cabo, na GNR, durante 25 anos e com múltiplos louvores; é católico praticante e venera João Paulo II; foi em peregrinação a Fátima, no preciso mês em que o primeiro homicídio se consumou; foi eleito para uma Assembleia de Freguesia, pelo PSD, poucos dias após a consumação do segundo; é admirador confesso do seu conterrâneo Salazar; pertence a uma casa do Benfica. "

A distância, no espaço ou no tempo, relativisa tudo. O heroísmo ou o mais repugnante dos crimes. Na Austrália, nos EUA ou Rússia, ou então nos antigos tempos das trevas, crimes como este do serial killer de Santa Comba Dão, pouco me impressionariam. Mas aqui tão perto... leva-me a repensar o Homem.


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