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2007-08-31

 

Força de expressão (23)

Quando, na ausência de GPS a bordo, consultamos o “Google Maps” antes de nos dirigirmos a uma região que não conhecemos bem (ou não conhecemos de todo), definindo o trajecto a seguir; quando viajamos de blog em blog, deixando comentários nas respectivas caixas de mensagens, ou editamos nós próprios um post; quando fazemos uma transferência bancária, sentados diante do computador...

Bom, tudo isso, depende de reajustamentos funcionais que o novo ambiente tecnológico marcado pela existência da internet e da conversão digital dos meios de informação e comunicação permitem.

Há cerca de meio século, um autor canadiano da Escola de Toronto, publicava um dos seus primeiros livros sobre tecnologias e media: “The Mechanical Bride. Folklore of industrial man” (1951). Nos livros seguintes, provocatório e intuitivo, haveria de utilizar uma série de ideias e conceitos que hoje inundam os discursos mediáticos, sem já se referirem ao seu autor, às suas teorias e à sua continuada actualidade.

Para os estudiosos, curiosos e outros interessados, aqui fica a notícia. Filipa Subtil, Socióloga, docente e investigadora, publicou recentemente o livro “Compreender os media. As extensões de Marshall McLuhan”, editado pela Minerva, de Coimbra. Trata-se de um ensaio muito esclarecedor acerca da obra de McLuhan, das influências que recebeu e exerceu, e das consequências que, na opinião da autora, este legado teórico tem para o entendimento das principais tendências da gestão e do desenvolvimento tecnológico.

Uma excelente leitura.


 

"Sou assim"?

Não sei se têm reparado mas há coisas novas ali n' A grande dissidência
 

A GNR e o veto do PR

Não conheço a argumentação do Grupo Parlamentar do PS que conduziu à aprovação (apenas pelo PS) no parlamento do decreto 160/X. Mas duvido que haja fundadas razões para alterações ao quadro orgânico da GNR como as que foram aprovadas que, nomeadamente elevam este corpo militar da segurança a um estatuto de nível igual aos dos ramos das Forças Armadas, com a sua chefia por um general (tenente general) não nomeado pelo PR. Nem razoáveis nem prudentes, antevista a forte oposição, particularmente do Exército, e sem qualquer sinal de apoio por parte do PR que é, não esqueçamos, o comandante supremo das FFAA e que deixaria de nomear todos os oficiais generais de quatro estrelas. Com todas aquelas dificuldades seria indispensável então um acordo com pelo menos o PSD o que em véspera de eleições internas não se afigura possível. Assim o veto do Presidente da República era perfeitamente expectável e razoável.

2007-08-30

 

Damos com 5% mas não descortinamos os outros 95!

Hubble Showcase. A Bright Ring of Star Birth around a Galaxy's Core.

This NASA Hubble Space Telescope snapshot reveals clusters of infant stars that formed in a ring around the core of a barred-spiral galaxy called NGC 4314. This stellar nursery, whose inhabitants were created within the past 5 million years, is the only place in the entire galaxy where new stars are being born.

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Na Universidade de Coimbra cientistas em reunião no âmbito do projecto Zeplin esperam no prazo de dois anos saber algo decisivo sobre a matéria negra. As buscas são intensas. Crêem os cientistas (uma espécie de magos modernos) que 95 % da matéria do universo é constituído pela conspícua matéria negra perdida algures nos fundões de imensos buracos negros. Não é estranho que para qualquer lado que nos viremos tropeçemos com matéria que é só 5% da matéria total e não consigamos dar com a outra que afinal ocupa quase tudo? Nem com o auxílio das mais potentes enxadas modernas?

Afastei-me da religião porque não conseguia compreender nada do que ela transmitia. Milagres, Deus, a Santíssima Trindade, três pessoas numa só, o Espírito Santo, a Virgem Maria, a irmã Lúcia, o Sol afunilado, o cardeal Cerejeira. Mas isto da ciência está a ficar não menos esotérico.

 

O acordar do Sol

No Memórias, nosso vizinho, este sol que se levantou, hoje, por detrás da Alta de Lisboa, traz mais histórias do passado. A dos 64 mortos em Odivelas em 25 de Novembro de 1967, a de D. João V e Madre Paula no Mosteiro de Odivelas e a história, se é que é história, de um casal com uma míuda que apareceia por ali, pelo largo do mosteiro mas, a bem dizer, ninguém conhecia.


2007-08-29

 

Cantiga de escárnio

Comentário de anónimo ao meu post "Cantigas de amigo" já aqui em baixo:

"Cantiga de escárnio, de João Soares Coelho cuja actualização da língua se deve a Natália Correia. A disposição da última palavra pertence ao primeiro verso. "
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Está João Fernandes o mundo alterado
e modos já vejo dele se extinguir.
Vemos contra Roma levantar-se irado
O Imperador e os Tártaros vir
E até recompensas se atreve a pedir
ai, João Fernandes! o mundo cruzado

O que vejo agora, já profetizado
foi por dez e cinco,os sinais do fim.
Anda neste mundo tudo misturado:
faz-se peregrino o mouro ruim.
Ai, João Fernandes! fiai-vos em mim
que sei discorrer como homem letrado.

Vede: Se não fora o Anticristo nado
a ordem do mundo não se alteraria;
Não se fiaria o amo no criado
nem este a seu amo se confiaria;
E a Jerusalém mouro não iria,
ai,João Fernandes sem ser baptizado.

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Caro Raimundo Narciso, vá postando escritos literários, poemas, pequenos textos, assim numa volta ao Puxa todos nós nos vamos lembrando, escrevendo e enriquecendo. Um poema leva-me sempre a outro, às vezes nem sempre à mão,mas vai-se procurando,como este do livro Cantares de Natália Correia Correia . Cordialmente
# posted by Anónimo : 28/8/07 13:43

Obrigado. Caro anónimo.


 

Uma espécie de noticiário

Na semana passada registaram-se 21 mortos, 71 feridos graves e 740 feridos ligeiros. Desde o início do ano o número de mortos ascende a 536. A guerra do Iraque? Não a guerra dos portugueses. Nas estradas. ÁLcool, velocidade em excesso, imprudência, ignorância, eu sei lá... nós os Portugueses. A situação tinha vindo a melhorar mas logo nos arrependemos. Este ano, matámos mais 6 que no mesmo período do ano passado.

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A Grécia está a arder. Não é um país qualquer. É o berço da nossa civilização. Aquela a que devemos a nossa melhor herança.

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É uma pedra do tamanho de um bola de futebol, pesa 1,4 Kg foi descoberta agora e tem mais do dobro do peso da maior encontrada antes dela o Cullinan e está num cofre em Joanesburgo.É um diamante de 7000 carats.

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Os "ratos" abandonam o barco. Primeiro foi Ronald Rumsfeld e Paul Wolfowitz, depois foi Karl Rove e agora foi Alberto Gonzales, o responsável pela Justiça. Estas eram algumas das mais sinistras personagens da entourage de Bush. Os heróis da guerra do Iraque, de Abuh Graib, de Guantânamo, dos voos da CIA, do saneamento político de procuradores federais, da tortura como método para interrogar prisioneiros, prisioneiros reduzidos ao estatuto de "ninguém", violação de direitos e liberdades cívicas.


2007-08-28

 

Força de expressão (22)

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Andres Segovia interpreta, de Frederico Moreno Torroba (1891-1982), "Fandango", incluído na sua Suite Castellana. Uma força de expressão.
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Agora o universo infinito. Arre!

Já tinha o Google Earth agora actualizei-o com uma reinstalação e juntei-lhe o Google Sky mas francamente ainda não sei bem para que serve. Além de me apresentar aqueles desenhos que identificam constelações e de nos oferecer umas imagens obtidas pelo Huble dá ainda com um clic bem escolhido uma janela com informação sideral. Sem outras mais valias fico siderado.

Deixo aqui umas imagens.

Gosto mais de ver as belas imagens que o Google dá do meu quintal, a Terra, do que estas de espaços longínquos e um tanto perturbadores. Revelam a nossa abissal ignorância sobre o universo, sobre o princípio e o fim. A vida e a morte. Sobre o significado de tudo isso. Depois o aumento do saber não diminui o que falta perceber. Isto é dramático. A ser assim nunca saberemos nada. Ou apenas um infinitésimo. Descobrir o zero * foi boa ideia mas descobrir o infinito já é demasiado assustador. Que aborrecimento. Logo hoje, ainda em férias. Bahh


* Foram os indianos que fizeram a revolução da descoberta do zero. Os árabes, que responsabilizámos durante muito tempo por tal
invenção afinal só no-la transmitiram. Ver aqui: esta interessante e simplificada informação)

 

A starlet Johansson

Está disposta a ir visitar os militares que estão no Iraque (acho que faz mal, mas... compreendo. Mesmo que esteja contra aguerra uma recusa poderia ter o seu preço e tão bonitinha, tão só 22 aninhos, tudo brilhos e explendores à sua volta... está desculpada. Afinal ela só vai visitar quem também é, nalguma medida, vítima das circunstâncias.)













Mas ainda não sabe o que fará.

"Não sei se vou cantar para eles." (Com este meu sorriso)

"Provavelmente vou só subir o palco e derramar sex appeal". Assim mal vestidinha.


2007-08-26

 

Que saudades já tinha do Professor Marcelo!

Zap e quem me havia de aparecer? O professor Marcelo. Há muito que deixei de ouvir este adivinho mas como estava com cores tão bonitas da praia deixei-o falar. Queria deixar aqui um breve testemunho mas não me consigo lembrar de nada que tenha dito. Acho que só falou. Com excepção de uma coisa, agora me recordo, lembrou que Menezes ainda não disse nada que se aproveite. "Qual é o programa de candidatura? E não é só isso - advertiu ele com aquele olhar muito inteligente, de soslaio - é que não chega apresentar-se sozinho. Sozinho não chega, é preciso saber quem é que está disposto a ser seu ministro!!! " Eh lá!
E então Marques Mendes - pergunto eu - que programa apresentou? Ao menos Luís Filipe Menezes tem apresentado escritos de valor, textos científicos, literários e até poesia, no seu site. Estou-me a lembrar desta poesia, por exemplo:

____________

As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

[Autor: Luís Filipe Meneses, em 2007-08- 21, Festa
do Pontal, enquanto Mendes Bota discursava. ]


 

Força de expressão (21)

O MIT tomou a iniciativa de disponibilizar materiais de cursos inteiros no seu site destinado aos OCW – Open Course Ware.

Quem estiver interessado, poderá lá encontrar programas e textos de apoio em barda. Seja qual for o fim em vista (estudos formais ou não), esta iniciativa do MIT aponta para a via da partilha comunitária dos saberes. O gesto deverá ser averbado nas discussões acerca das tendências para o fechamento ou para a abertura da rede. Mais próxima da concepção comunista de Robert Merton do que do business dominant stream, mostrando que algumas comunidades científicas não alinham, em matéria de valores e mundividências, com a estreiteza da mercantilização geral, obrigatória, directa e sistemática.

Esta é outra forma de enriquecer o debate sobre o que é e o que poderá vir a ser a Internet. Com exemplos, por certo, mas, de preferência, com actos.


 

Força de expressão (20)

De vez em quando, chegam-nos sinais do desvario cósmico que grassa na ordem dos dias. Graças a uma peça publicada ontem pelo DN, ficámos a saber que as ruas da Amadora foram palco de um enorme chinfrim por causa de um carneiro tresmalhado, desorientado e agressivo.

Reza o texto assinado por Luis Batista Gonçalves (na pág. 23 da edição em papel, e também aqui) que “De repente [o carneiro] parou junto ao stand de vendas que existe no lote 27 da rua Isabel Magalhães Colaço [e] (...) vendo a sua imagem reflectida no vidro, investiu sobre ele e, com uma marrada, partiu-o. Depois deitou-se à sombra, como se não fosse nada com ele”.

Não cedi à facilidade do leitor altaneiro que sorri e passa à frente com aquela desfaçatez com que se classificam as extravagâncias da chamada silly season.

Vejo agora, com toda a clareza, o que no inusitado evento transborda de significados e mensagens cabalísticas.

- 1º, pode estar a chegar o tempo em que os carneiros, desesperados, se isolam dos rebanhos e irrompem nas cidades, perturbando a mansidão transeunte;

- 2º, ao darem de frente com o seu reflexo nas montras dos locais de fatídico endividamento, a agressividade aumenta, e lançam-se contra a própria imagem, confundindo o que devem com o que lhes é devido;

- 3º, o seu acto heróico desestabiliza de tal modo a ordem estabelecida que a punição final tenta, com simétrica violência, eliminar a identidade simbólica do subversivo agitador. Vem mencionado no subtítulo da notícia que a “Polícia Municipal chamou o centro de recolha para levar o animal para o canil”.

Outro sinal dos tempos: um carneiro entre cães.

Quererá o Governo de José Sócrates perceber, atalhar caminho e, finalmente, compreender que entre direitos naturais e direitos adquiridos há desfeitas que não devem ser infligidas a um carneiro?

Um carneiro no canil!?

Como diriam os activistas verde-eufémios, não haverá também aqui um “bem maior” a preservar?


 

Poemas para Adriano Correia de Oliveira

QUATRO POEMAS DE SAUDAÇÃO E MEMÓRIA
(para Adriano Correia de Oliveira
)

De Rui Namorado [link]

1. ...

2.
a boémia bebida gota a gota com raiva
a boémia sorvida alegria tão breve
era então que nos ríamos do que havia de ser

uma casa cercando o bolor destes anos
o emprego roendo gota a gota levando
o que resta no fundo dessa larga memória

era então que aventura
era estar devagar nessa curva do tempo
onde a areia mais leve se perdia entre os dedos
dia a dia fugindo ansiosa e suave

era então que nos ríamos devagar sem saber
desta náusea futura que ainda havia de ser

3.
Na secreta raiz de algum poema
tu nasceste por dentro das palavras.

Cantar era para ti uma viagem.
Sentias a revolta, nervo a nervo,
como um pássaro ferido.

Neste tempo rasteiro e abafado,
guardavas o veneno precioso.

Ias para longe de mais e o tempo passa:
os milhafres do nojo prosseguiam,
rasgando a carne pura do teu sonho.

Matavas o silêncio.
Mas na sombra do tempo houve uma pausa,
um outono mais rápido,
um inverno mais súbito.
E as pétalas da noite desabaram,
corroendo o teu nome de grinaldas perdidas.

4...


2007-08-25

 

Incursões

A escrita dos blogs é uma escrita apressada. Uma escrita na hora. E se o post vem um dia depois do facto ainda se pode tolerar mas uma semana já não é aceitável. É a regra. Mas o que seria uma regra sem excepção. Deixaria de ser uma regra. E a prová-la aqui vai a excepção. E que excepção! Pois o atraso é de quatro (4) meses, Nossa Senhora!... É a resposta a uma questão perdida nos arquivos da memória do excelente blog de Marcelo Correia Ribeiro (MCR) e de outros companheiros, essa "instância de retemperação", o INCURSÕES.

MCR evocava num interessante post o saudoso Adriano Correia de Oliveira e eu, levado à descoberta deste blog pelo Água Lisa do Tunes atrevi-me a pendurar um singelo comentário sobre esse amigo comum ainda que a minha relação com o grande cantor da voz de cristal tenha sido, ao que conclui da leitura, muito menos intensa.

O comentário serviu de pretexto a Marcelo Correia Ribeiro para um novo post em que teve a amabilidade de perder tempo comigo. Receou então João Tunes num longo comentário a esse mesmo post que MCR poderia estar a ser injusto o que levou MCR a explicar num post seguinte com todo o cuidado para não ferir eventuais susceptibilidades minhas o que pensava sobre o partido em que o Adriano e eu militámos.

No post que a este se seguiu MCR publica quatro poemas do nosso comum amigo, Rui Namorado dedicados a Adriano Correia de Oliveira e cuja leitura oferece aos que os não conheçam e em particular ao João Tunes e a mim próprio.

Guardei a resposta aos comentários que MCR e JT tiveram a paciência de sobre mim tecerem para o dia seguinte e para uma hora em que o sono não fosse de todo impeditivo de qualquer raciocínio.

Depois meteram-se de permeio outras pressas, os atrasos acumularam-se comecei a não saber como lidar com tamanho atraso e vergonha. Até hoje. Não há-de ser nada, afoitei-me e... recorrendo aos melhores motores de busca descobri que tudo se passara já em Abril ! Algo que na escala temporal dos blogs fica para lá do Paleolítico.

Para resgatar a honra aqui estou de baraço ao pescoço, qual Egas Moniz, a pedir desculpas. E a esclarecer que não me senti então em nada atingido. Como poderia me sentir? Primeiro porque não havia de quê depois porque não sou muito susceptível. O que não seria a minha vida, aliás, se o fosse mais que a aconta! Por isso agradeço ao Tunes a minha defesa (que ele entendeu, pelo sim pelo não...) Depois ao Marcelo Correia Ribeiro por, ocupando-se de mim, o ter feito perder tempo com quem tão pouco merece e por fim ao amigo que muito preso, o Rui Namorado, pela gentileza da oferta dos seus belos poemas.

Quanto à matéria do debate acho-a sempre aliciante tanto mais que ela se liga com o que escrevi no livro Álvaro Cunhal e a dissidência da terceira via publicado em Maio pela Âmbar, e com o que ocupou boa parte da minha vida. Por isso, glosando o Mário de Carvalho, "Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto";) o que seria excelente à volta duns acepipes e de um bom copo quando o Marcelo Correia Ribeiro e o Rui Namorado vierem a Lisboa a que se juntaria, estou certo, com gosto, o João Tunes. (O contacto está no blog)


2007-08-24

 

Força de expressão (19)



















Teve Vítor Dias a amabilidade de responder, no seu blogue O Tempo das Cerejas, a questões suscitadas no meu poste anterior “Força de expressão (18)”.

O seu novo poste tem por título "Nova resposta a Manuel Correia. Deduções ilegítimas e conclusões erradas". Encurtando razões, Vítor Dias acusa-me de sonegar aos leitores o contexto da entrevista. Qual quê? Pois não ofereci eu aos leitores os links para o podcast da entrevista, aconselhando-os a ouvirem-na, se possível na íntegra, dado o interesse que revestia?

Abstenho-me, pois, das maçadas dos "dizes" e "desdizes" que a sua resposta comporta, rumo ao essencial.

Continuo a aconselhar as leitoras e os leitores interessados a ouvirem a entrevista. [link para o podcast do programa Antena 1 [aqui ou ali] ] Não para os castigar com caprichos de tira-teimas, mas, sobretudo, porque se trata de um bom momento de rádio, em que o entrevistado reflecte, entre outros temas, sobre alguns aspectos controversos da blogosfera.

Quem se der a esse trabalho, ouvirá, aos 40 minutos [40m 20s] da referida entrevista, a seguinte passagem:


VD: (...) a verdade é que as principais respostas políticas de que estes livros precisam estão feitas; estão feitas nos documentos dos congressos, nos documentos que o PCP publicou a respeito destas questões.

PRL: Mas isso é a visão do Partido, o olhar institucional, digamos assim. O olhar individual tem uma riqueza completamente diferente...

VD: Sim. Mas, por mim, creio que isso teria aspectos muito negativos a que muitos de nós nos dispomos a chegar ao fim dos nossos dias sem imitar certo tipo de...

Eu, há coisas que não contarei. Não contarei!

Ou seja: poderia escrever imensas coisas sobre o Raimundo Narciso, ou sobre bastidores, ou sobre Zita Seabra; contar imensas coisas. Mas não descerei; quer dizer: há níveis a que não descerei. E, quando intervenho nestas matérias, procuro fixar-me nas questões de natureza política, e não tanto estar a contar novidades, embora, às vezes apeteça (...)

Depois, já perto do final, [43m55s] Pedro Rolo Duarte pergunta

PRL: Até que ponto é que podemos esperar, a partir de um blogue destes [está a referir-se a O Tempo das Cerejas], um dia, termos as suas memórias, ainda que não sejam umas memórias que desçam ao nível que acha que é pouco..., que é menos correcto?

E Vítor Dias responde:

VD: Não. Creio que nunca irei por aí. Além do mais porque não fiz uma coisa que algumas destas pessoas, visivelmente, fizeram... - ou por método, - que é que os leitores destes livros nunca se aperceberão, mas estes livros só podem ser escritos por pessoas que guardaram muitos papeis e guardaram muitos apontamentos; ou seja e eu...

PRL: ...não.

VD: ...guardei papeis tanto que, quando abandonei o meu gabinete, na Soeiro Pereira Gomes, demorei quase um mês a rasgar papeis e a seleccionar papeis, mas não guardei deste tipo de notas, de cada reunião, de cada coisa. (...) E estes elementos são muito importantes para quem tem a pretensão de fazer relatos de natureza cronológica.


Ora quando se refere o óbvio -- que os apontamentos são auxiliares da memória e é necessário guardá-los para qualquer coisa -- com a ênfase e o tom patentes no registo desta entrevista, não é apenas (no caso de Vítor Dias não é certamente) por mero tique pleonástico.

Ironizando um pouco, poder-se-ia dizer que os lápis servem para escrever, as borrachas para apagar e, claro, se não os guardarmos, de nada nos servirão no futuro. Com a estranha valorização de tais minudências, sinaliza-se implicitamente algo que vai para além dessa mania redundante de arrombar portas abertas.

Pareceu-me, no contexto do PCP, em que o memorialismo é tradicionalmente menorizado, quando não estigmatizado, que Vítor Dias estava a invocar, ao lado do que expressa e redundantemente afirmou -- que não desejava escrever memórias e que não quis guardar ou, mesmo, anotar o que foi dito em dadas reuniões -- a regra informal dominante.

Vítor Dias interpretou diferentemente as suas próprias palavras.

As leitoras e os leitores interessados que façam os seus julgamentos.

Para mim, ficou claro.



2007-08-23

 

Cantigas de Amigo

O primeiro testemunho literário da língua portuguesa (mais propriamente galego-portuguesa) surge no fim do séc. XII com uma poesia de João Soares de Paiva. A poesia precede assim as outras manifestações literárias segundo alguns pelo carácter oral da sua transmissão.
"Do encontro dessa corrente provençalizante com a tradição folclórica recolhida e elaborada pelos jograis do Noroeste da Península, terá surgido a poesia galego-portuguesa, que desde os alvores do séc. XIII aparece documentada nas colecções a que chamamos Cancioneiros." (Ester de Lemos em A literatura medieval. A poesia. In História e Antologia da Literatura Portuguesa Séc. XIII-XIV Vol I Fundação Calouste Gulbenkian)
São três os Cancioneiros. O da Ajuda, por se encontrar no Palácio da Ajuda em Lisboa, indicado pela letra (A); o da Vaticana, por se encontrar na Biblioteca Vaticana, (V) e o Cancioneiro da Biblioteca Nacional (B).

Estes cancioneiros são compostos por três géneros diferentes de poesia: as cantigas de amor, as cantigas de amigo e as cantigas de escárnio e mal dizer. As cantigas de amor podem distinguir-se das cantigas de amigo de forma muito sintética e prática: "é cantiga de amor se fala «ele» é cantiga de amigo se fala «ela».
Nas cantigas de amigo quem se exprime é uma mulher é ela e fala do amigo, termo que tem o significado de namorado e nas cantigas de amor quem se exprime é o homem, é ele que fala da sua apaixonada, frequentemente amores ilícitos ou impossíveis.
A poesia que se segue é uma cantiga de amigo do "mais fecundo trovador dos nossos cancioneiros, o rei D. Dinis" (ibidem). Nesta poesia de D. Dinis quem fala é uma mulher que enaltece o amor que o seu namorado tem por ela. Por isso é uma cantiga de amigo.
__________________


Pesar mi fez meu amigo,
amiga, mais sei eu que non
cuidou ele no seu coraçon
de mi pesar, ca vos digo
que ant' el querria morrer
ca mi sol un pesar fazer

Non cuidou que mi pesasse
do que fez, ca sei eu mui ben
que do que foi non fora ren;
por en sei, se én cuidasse,
que ant' el querria morrer
ca mi sol un pesar fazer


Feze o por encoberta,
ca sei que se fora matar
ante que min fazer pesar,
e por esto sõo certa
que ant' el querria morrer
ca mi sol un pesar fazer


ca de morrer ou de viver
sab' el ca x' é no meu poder

D. Dinis B 563 ff.125v.º126r.º ; V 166 f.22r.º

Aqui outra cantiga d'amigo do mesmo autor.


 

O financiamento dos partidos

Um acórdão do Tribunal Constitucional revela que o PSD recebeu em 2002 donativos ilegais da construtora SOMAGUE no valor 233.415 euros, que procurou disfarsar com umas engenharias financeiras, supostamente para pagar a campanha eleitoral de 2002.

"O documento, que já seguiu para o Ministério Público, conclui que o PSD violou a lei do financiamento dos partidos incorrendo em "ilegalidades objectivas" puníveis com coima não só ao partido como aos dirigentes partidários responsáveis, e perda a favor do Estado dos valores ilegalmente recebidos. Por outro lado, as empresas envolvidas estão igualmente sujeitas a coimas, de acordo com a lei."

Aposto que não vai acontecer nada. Ou apenas qualquer coisa simbólica, para acautelar a "honra" de quem nisto está envolvido junto de quem vota.
O acórdão do TC diz que durante a investigação em 2002 a PJ não conseguiu ouvir o então secretário-geral do PSD e deputado António Arnault por tal ter sido recusado pela Assembleia da República. (A imprensa traz umas justificações de Arnault e da AR. Que não receberam a notificação, que não entrou na AR nenhum pedido de levantamento de imunidade parlamentar, etc. Mas tudo isto cheira a desculpas de mau pagador.) O acórdão diz também que não conseguiu obter o depoimento do responsável financeiro do PSD, Vieira de Castro por "razões de saúde".
Ontem, Arnault declarou assumir "a responsabilidade objectiva" pela inerência das suas funções de 2002, e endossou a responsabilidade concreta para Vieira de Castro o então responsável pelo pelouro financeiro do PSD que, logo após a vitória eleitoral e a ida de Durão Barroso para 1º M., assumiu funções de secretário de Estado... das Obras Públicas.
___________________

"A factura suspeita foi detectada em 2006 durante uma inspecção do fisco à sociedade Brandia Creating - Design e Comunicação, na qual se integra a Novodesign, Companhia Portuguesa de Design". Factura passada ao PSD que a SOMAGUE, benemérita, pagou.

Marques Mendes assumiu também toda a responsabilidade por tudo o que diz respeito ao PSD e adiantou que não era dirigente na altura e não tem nada a ver com o assunto. Luís Filipe Menezes também espera que os responsáveis da altura assumam todas as responsabilidades. Nenhum deles estava então no PSD nem sabia ou suspeitava de nada.
No entanto que pensarão os Portugueses dos partidos (obviamente que não é só o PSD) e dos seus dirigentes que procedem assim e se mantêm calados? Que "assumem" as responsabilidades mas só quando são descobertas, e só aqueles que assumem "responsabilidades objectivas"?
Desde 2005 que os financiamentos ilícitos dos partidos são crime. Antes o ilícito apenas levava a coimas.
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A SOMAGUE, presidida por Diogo Vaz Guedes, que tinha perdido o concurso para um troço da auto-estrada nº 8, com adiamentos, pareceres e certos bons ofícios, acabou no consórcio que ganhou. Desde então a SOMAGUE tem tido muito sucesso fez negócios de centenas de milhões de euros e atingiu o 2º lugar entre as maiores construtoras "portuguesas".

Mas afinal de que bolsos saíram aqueles 233 mil euros que ajudaram a eleger Dutão Barroso? Aparentemente do bolso da SOMAGUE mas de facto e em definitivo dos nossos. Como dos nosos saíram os milhões que ilegalmente financiaram os partidos no passado (agora o controlo legal é maior).
Diogo Vaz Guedes que era considerado um ministeriável com Santana Lopes, era uma estrela do movimento Compromisso Portugal e foi um dos assinantes do Manifesto dos 40 patriotas entregue ao PR, Jorge Sampaio, onde se apelava à defesa dos centros de decisão nacionais. Ainda a tinta não tinha secado no manifesto e já Vaz Guedes, em 2003, vendia patrioticamente a SOMAGUE ao grupo espanhol Sacyr Vallehermoso. Link, link e link .

2007-08-22

 

Força de expressão (18)

Vítor Dias disse a Pedro Rolo Duarte (Antena 1, 12/08/2007) que os ex-dirigentes do PCP que se entregaram à publicação de memórias (os casos em discussão eram os de Raimundo Narciso e Zita Seabra, mas há muitos outros que o fizeram) guardaram certamente muita documentação (incluindo apontamentos de reuniões e anotações pessoais) para poderem fazê-lo. Deste modo, Vítor Dias faz com que, de La Palisse a Maquiavel, vá um passo de anão. Isto é, do óbvio (guardar papeis alusivos) ao processo de intenção (tê-lo feito já com um propósito específico).

Sem desprimor para a entrevista, na sua globalidade, disponível no podcast da Antena 1 [aqui ou ali], que vale a pena (re)ouvir, este aspecto levanta uma questão adormecida: deveria a vida interna do PCP, com o que representa para a cultura política do século passado, permanecer afunilada nas versões oficiais e autorizadas?

De resto, como julgo sabermos, certos documentos oficiais não mentem menos nem são mais verdadeiros do que as diferentes perspectivas aparentemente contidas nalguns apontamentos que os dissidentes conservaram.

Apontar os documentos oficiais do PCP como resposta a algumas das questões suscitadas, parece-me redutor. Pode continuar a não haver interesse nem disposição para discuti-las. É compreensível. Sem o menor desrespeito pelo “rude mas exaltante empreendimento humano”, expressão que Vítor Dias toma apropriadamente de Manuel Gusmão, conviria juntar, na circunstância, o aforismo de Terêncio: “(...) nada do que é humano me é estranho”.

Melhor ou pior, o entendimento dos humanos há-de encaixar os testemunhos de cada um na institucionalidade das posições e documentos oficiais.




 

Milho verde maçaroca

Milho verde, milho verde
Milho verde maçaroca
À sombra do milho verde
Namorei uma cachopa

Milho verde, milho verde
Milho verde miudinho
À sombra do milho verde
Namorei um rapazinho

Milho verde, milho verde
Milho verde folha larga
À sombra do milho verde
Namorei uma casada

Mondadeiras do meu milho
Mondai o meu milho bem
Não olhais para o caminho
Que a merenda já lá vem

______________
Letra e música popular da Beira Baixa
Cantada pelo Zeca Afonso.
E com música fica bem melhor por isso aqui vai o link para o Entre as Brumas da Memória da Joana Lopes.
 

A oposição "transgénica" da direita

O caso do milho transgénico destruído no Algarve tem alguma importância. Mas não pelas (más) razões que, em estival histeria, tem motivado alguma da intelligentsia mais credenciada da direita.
A importância maior está a ser, sem dúvida, o ter aquele distúrbio conseguido, surpreendentemente com a involuntária ajuda de alguma direita, alertar a opinão pública para o problema dos transgénicos e da sua dimensão em Portugal. É um assunto sobre o qual parece continuar a haver mais dúvidas que certezas. Mas a importância que certas figuras do PSD e não só, têm dado ao caso releva da luta partidária contra o Governo e da ajuda decisiva mas imprópria que lhe foi dada pelo PR. Talvez motivada pelos calores das suas férias no Algarve.
O caso em si, a destruição do hectare de milho, num valor inferior a 4.000 euros, e especialmente, mesmo a admitir-se como verdadeira (o que não está provado) a frouxa reacção da GNR (os exaltados da oposição de direita queriam sangue, teriam então pretextos melhores para a barganha política) reduz-se a um caso que exigiria a intervenção política ao nível da autarquia ou do Governador civil.
Luís Filipe Menezes percebendo o rídiculo de Marques Mendes na sua ânsia de "ir a todas" castigou o adversário dando ao caso e ao rival a sua verdadeira dimensão paroquial.
Claro que o papel da oposição é combater a política do Governo. Mas se a sanha atinge padrões comparativos tão elevados num fait divers é porque acha que na política do Governo nada há que mereça tanta contestação. E não haverá?

2007-08-21

 

Vasco Graça Moura. O da política

Artigo de Vasco Graça Moura (VGM) no Público de hoje [diz que é uma espécie de magazine]:
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Milho para os Abutres

A destruição deliberada, organizada e selvática de um campo de milho transgénico por umas dezenas de malfeitores, à luz do dia e nas barbas de uma GNR vergonhosamente inoperante, é um dos maiores escândalos criminais e políticos dos últimos tempos.
[Desculpem lá "selvática"? "Um dos maiores escândalos criminais e políticos dos últimos tempos"? Realmente isto do milho não se compara com o Iraque, o Darfur ou Guantânamo ou, cá por casa, com o escândalo da Casa Pia.]
Espera-se que, para além da acção penal que se impõe, o Ministério Público não tarde a promover a dissolução dessa tropa fandanga que dá pelo nome de Verde Eufémia (as conotações políticas estão à vista) e que justifica insolentemente o seu recurso à acção directa a gozar com a Constituição Portuguesa e com os princípios fundamentais do Estado de direito.
Não seria de estranhar que o caso levasse à demissão do comandante-geral da GNR, do ministro da Administração Interna, do próprio Governo. [Não seria de estranhar? Que o Governo caísse com o milho? O artigo é no gozo ou VGM está a falar a sério?]
A GNR revelou-se impotente para assegurar a ordem pública, a defesa da propriedade privada, a segurança de pessoas e bens, a produção de riqueza, o respeito da lei.
A sua passividade responsabiliza gravemente o Estado e cria um precedente inaceitável num país civilizado. [Dissolva-se a GNR. Já! Declare-se o Estado de Sítio]
O ministro que levou 48 horas a reagir, e o Governo, pateticamente amorfos e irresponsáveis, coonestaram pelo silêncio dúbio uma enormidade destas! [Isto é de doidos. O governo deveria ter reunido de emergência e, envergonhado, pedido a demissão ao PR deputado europeu VGM]
É possível que o Presidente da República não leve este caso às últimas consequências, apesar de, para vexame e desonra do país, ele atingir o próprio cerne do Estado de direito, violar torpemente a Constituição, mostrar a inépcia intolerável dos governantes e das autoridades e ocorrer quando temos a presidência da União Europeia. ["vexame e desonra do país" Ah o artigo é no gozo. Afinal é mesmo no gozo. Deve ser para pôr alguns blogues da área do PSD a ridículo]
É possível que ele entenda não ser ainda ocasião de usar os seus poderes nesse sentido, para não sobressaltar ainda mais negativamente o quadro de deficiências insolúveis em que vivemos com este Governo. Mas não duvido de que tenha ponderado seriamente essa solução. [Se calhar vontade não lhe falta, VGM lá saberá, mas há o problema do timing e com Marques Mendes... bah. O melhor mesmo seria convocar uma reunião do Conselho de Segurança da ONU]
Por muito menos do que isso, Sá Carneiro impôs a substituição do comandante-geral da PSP: uma mulher- polícia tinha feito declarações quanto a aspectos atinentes à segurança do primeiro-ministro.
Por muito menos do que isso, Cavaco Silva levou o seu ministro do Ambiente à demissão: Carlos Borrego tinha contado uma anedota de mau gosto.
Por muito menos do que isso, Jorge Sampaio fez rolar a cabeça de Santana Lopes e dissolveu o Parlamento: a causa próxima foi o pedido de demissão de Henrique Chaves. [Ah, esta é do mais fino humor: "por muito menos Jorge Sampaio demitiu Santana Lopes".]
O PSD reagiu como se impunha. Nem outra coisa seria de esperar de Marques Mendes. [Claro, tem dado, aliás, boas provas de Estadista ultimamente, na Madeira e no Pontal] Mas os partidos de esquerda estão muito caladinhos. É sintomático.
O primeiro milho não é para os pássaros vulgares. Ficou demonstrado que é para os abutres. Deputado do PSD ao Parlamento Europeu
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É uma pena não se tratar de um artigo humorístico. É que nem a silly season explica isto. Paciência. Juro que isto não vai diminuir em nada a minha admiração pelo grande homem de letras que ele é. Mas quanto a política... estamos conversados.

 

Polémica entre Vital Moreira e Correia Pinto

José Manuel Correia Pinto critica posições políticas de Vital Moreira no Público de 2007-08-19. Vital Moreira respondeu-lhe no Público de hoje, (artigo que irá, creio, em breve para a Aba da Causa e para o qual colocarei então aqui o respectivo link) no entanto, uma primeira resposta foi dada no Causa Nossa.

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Eis alguns extractos do artigo de Correia Pinto (artigo completo
aqui )

O PODER DISCRICIONÁRIO

(Resposta a Vital Moreira)

Constituiu motivo de preocupação o artigo que o VM escreveu no Público sobre os poderes da Administração, nomeadamente no exercício do poder discricionário bem como na prática dos chamados actos de governo. Tanto pelo que nele se diz, como, principalmente, pelo que nele se omite. Comecemos pelo poder discricionário. Não adianta recordar ao Vital que o poder discricionário constitui quase uma aberração, uma excrescência de tempos passados, num Estado de direito democrático moderno, devendo, por isso, o seu controlo pelos tribunais fazer-se até aos limites do juridicamente admissível. É certo que o poder discricionário concedido pelo legislador à Administração ou a aplicação por esta de conceitos jurídicos indeterminados constantes de normas legais lhe conferem uma liberdade de actuação maior do que aquela que ela dispõe nos chamados casos de competência vinculada, que constituem a regra. Este espaço de liberdade para a acção ou para a decisão que caracteriza o poder discricionário não significa, porém, que a Administração possa actuar arbitrariamente. Sem respeito por regras nem por princípios, ao abrigo do livre arbítrio de quem decide. Esse modo de actuação não existe no moderno Estado de Direito.

...
Passemos agora muito sumariamente aos actos de governo. Também aqui não vale a pena recordar que a invocação do móbil político da decisão administrativa deixou há muito de ser elemento determinante da caracterização do acto como acto de governo, logo insindicável. De facto, este entendimento muito lato da razão de Estado não pode hoje ser invocado como critério para afastar o controlo jurisdicional de tais actos. Em França já as coisas assim se passam desde que o Conseil d’État, no célebre acórdão de 19 de Fevereiro de 1875 (!), “Prince Napoléon”, deixou de considerar o móbil político invocado pela Administração como fundamento suficiente para afastar o controlo jurisdicional de tais actos.

Em suma, o que por outras palavras eu quero dizer é que as pressões tendentes a limitar a actuação dos tribunais não são bem-vindas, principalmente naqueles domínios onde o tal princípio da separação de poderes, que o VM tanto invoca, mais justifica uma actuação livre dos órgãos encarregados de velar pelo respeito da legalidade democrática. Esta defesa ilimitada dos actos da Administração não augura nada de bom. É dela que sempre partem as grandes agressões aos direitos dos cidadãos. Se os tribunais se inibem de os defender, pressionados por um clima doutrinal ou político hostil, a democracia representativa fica reduzida a uma caricatura. Este artigo do VM, em articulação com outros, nada felizes, sobre a liberdade dos jornalistas, a autonomia universitária, a cerceação da democracia participativa, dá uma visão distorcida e limitada do poder dos tribunais no controlo da legalidade democrática e pode ajudar a abrir a porta aos piores entendimentos ou aos maiores retrocessos nesta matéria. Por isso, é tempo de dizer basta! E de desejar que tudo não passe de um mal “passageiro”. Ligam-me ao Vital Moreira laços de amizade e camaradagem há mais de quatro décadas. O meu compromisso com a cidadania não me permitiu, porém, ficar calado…
José Manuel Correia Pinto
(Jurista)


 

Força de expressão (17)

Pontos de vista

"Há um ano atrás, na celebração do último Dia Mundial da Biodiversidade a 22 de Maio, activistas fizeram uma acção directa para mostrar que o Ministério do Ambiente português apoia a produção de Organismos Geneticamente Modificados nos Parques Naturais do país, após a tutela ter impedido a declaração da primeira Zona Livre de Transgénicos internacional no Parque Nacional da Peneda-Gerês. A TV esteve lá. Um documentário de 10 minutos dirigido pelo realizador esloveno Uros Knez."
[Cortesia de GAIA]
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Eu transgénico me confesso

Num primeiro impulso também me pareceu que devia acompanhar "a grande marcha" dos blogs que por aí justamente condenam a cambada que se entreteve no fim de semana a destruir os milharais (dos outros) com base nuns preconceitos ainda que tão legítimos como quaisquer outros. E pareceu-me porque obviamente condeno sem reservas tais métodos como forma de defesa de umas tantas (justas ou injustas) ideias. Mas logo ajuizei que isto transcendia o blogger que sou e era mais próprio do Presidente da República ou do Senhor Marques Mendes que anda em campanha e lá por isso não deixa de ter as suas ideias.

 

O Deboche

A propósito da lei da IVG e de casamentos entre pessoas dos mesmo sexo, lá de Porto Santo, ele acusa, meio apoplético, o Governo de promover o "deboche".
Ele quem? O presidente da região autónoma, paraíso, até há pouco, da pedofilia.

2007-08-20

 

O Homem o lobo do homem

Os negócios que mais lucros dão:
- tráfico de droga. - tráfico de armas. - tráfico de seres humanos (600 a 800 mil casos por ano, 80% dos quais mulheres e crianças).
Segundo a Coligação para a Abolição da Escravatura e do Tráfico (organização, norte-americana para a defesa dos direitos humanos) o tráfico de pessoas rende por ano cerca de 9 mil milhões de dólars de lucro.
Portugal será o 5º país da UE a ratificar a Convenção Internacional contra o tráfico de seres humanos.
Que repulsa guardamos para os vendedores de carne humana!? Para os vendedores. E para os compradores?

 

"O Cinismo amoral "

Francisco Sarsfield Cabral acerca de K.Rove o homem "sem escrúpulos" que colocou na Casa Branca um "falhado na política e nos negócios":
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"Há uma semana, demitiu-se o mais influente conselheiro do Presidente dos Estados Unidos. Amigo de George W. Bush há 34 anos, Karl Rove levou a governador do Texas e à Casa Branca (dois mandatos em cada cargo) alguém que, antes, havia falhado na política e nos negócios.
...
O Iraque não explica tudo... A dimensão moral desses e de outros factos negativos é que assumiu uma importância política invulgar.
A bandeira da moral foi das principais armas políticas da direita conservadora apoiante de Bush... Ora tal bandeira contrasta dramaticamente com a prática da Administração Bush. A começar pela sucessão de mentiras com que a Casa Branca procurou justificar a invasão do lraque, já prevista antes do 11 de Setembro de 2001...
Essa traição aos valores de civilização das sociedades livres é a maior derrota dos EUA na luta contra o terrorismo. ... Karl Rove também contribuiu para a imagem de cinismo amoral que hoje está colada à Administração Bush.
Mais grave, as tácticas eleitorais de Rove nunca se caracterizaram por quaisquer escrúpulos. Delas fazia parte o “assassinato de carácter” dos adversários, tal como acusar de traidores à pátria ou de amigos dos terroristas os políticos que discordavam da aventura iraquiana...
(Artigo completo aqui.)

 

Assunto de Estado transgénico:


O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, ouviu o tal lá da Madeira, aos pulos e ao gritos, de que não ia respeitar a lei da República, decorrente de referendo, sobre o aborto e achou que não tinha nada a dizer. Era quando muito assunto para os tribunais. Agora o desacato com a destruição da colheita de milho do agricultor de Silves foi assunto que o Chefe de Estado não podia deixar passar em claro:

"A violação de propriedade privada é uma violação da lei e espero bem que as autoridades competentes não deixem de fazer as investigações necessárias",... "não pode restar quaisquer dúvidas de que lei em Portugal é para ser cumprida e quem tem o poder para a fazer cumprir não pode deixar de utilizá-lo".

Eu sei que o caso de o presidente de uma Região Autónoma dizer o que disse não tem a relevância do milho. Mas mesmo assim... podia ter dito qualquer coisa.


 

Assunto de Estado: Batalha "juvenil" derrota milho transgénico em Silves.


Os mentideros garantem que o "jovem" de punho no ar é o Miguel Portas mas
o PuxaPalavra não conseguiu confirmar até ao momento. (foto de Luís Forra)
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Desde 6ª feira que o país dorme desassossegado por causa da batalha deflagrada em Silves. Dum lado jovens, dum grupo Verde Eufémia, que terão participado num encontro internacional do Ecotopia em Aljezur e do outro um campo de milho transgénico e o seu proprietário. Resultado: parte da colheita destruída e o país em alvoroço. O DN associa o Governo (mas só no título) de estar por detrás do assunto porque o Instituto da Juventude fez propaganda do encontro em Aljezur; o deputado europeu Miguel Portas, da oposição de esquerda, declarou fracturante, que fizeram os jovens muito bem em arrasar o milho (transgénico!!); o deputado da oposição de direita, PSD, Miguel Macedo, acusa o Governo e a GNR de passividade ou conluio, o ministro da Administração Interna pede um inquérito à PGR e defende o trabalho da GNR acusada pela oposição de direita de não dar suficiente porrada, como antigamente, no Alentejo dos agrários. O ministro da Agricultura para reduzir a nada as acusações estivais da oposição foi sujar os sapatos no campo de milho estragado e prometeu apoio jurídico ao dono lesado. Para que um assunto de Estado de tal envergadura acabasse com a máxima dignidade o Presidente da República entrou em campo (mas não do milho) para dizer e muito bem que lei é lei e não se pode invadir e destruir a propriedade alheia.

Há que aproveitar agora, meus amigos, a sealy season está a acabar. Pormenores? Aqui e aqui.

 

Estamos numa boa!!

O Ministério das Finanças está num excelente desempenho. Cobrando em Julho de 2007 parte dos impostos que só deveria receber em Setembro de 2008. Depois cobra outro tanto em Setembro de novo de 2007 e outro tanto em Dezembro. Então não se trata de dar uma qualificação excelente?!

Então como? Estamos a pagar por conta de IRS/2007 com base no montante do imposto pago em 2005. Isto para quem passa recibo verde, que agora está descolorido, um tanto ou quanto esbranquiçado.

Será grande a diferença entre alguém que mete a mão no bolso de outrém e, por três vezes, lhe saca da massaroca contra a vontade, para dali a mais de um ano então "ajustar" contas?

É mesmo um ajustar de contas. Mas só que a pistola está nas mãos do MF.

Assim, ao pagarem-se dois impostos num mesmo ano, algo no défice tem de ter impacto e nos bolsos de quem paga alguma penúria e quando não dificuldades.

Será mesmo preciso isto? Será justo? Será que o MF e o governo ainda não perceberam que estão a distorcer a justiça fiscal? Ou é coisa que não incomoda?


 

Vamos vender electricidade à EDP? (2)

Em virtude do interesse da opinião de um leitor, Jorge Alves, acerca do meu post Vamos vender electricidade à EDP? pareceu-me bem dar-lhe maior destaque:

"Independentemente do que vier a ser legislado, penso que a situação não se vai alterar.
Já hoje é tecnica e legalmente possível produzir energia e vende-la ao distribuidor. Na prática não funciona, a não ser para alguns previlegiados tipo Carlos Pimenta.
Depois de obtidas todas as licenças, projecto aprovado e instalado, taxas pagas, tudo pronto, pedes que te forneçam um ponto de ligação à rede e esperas.....
O distribuidor não dá, a DG Energia diz que eles devem dar, mas não faz nada, as administrações da EDP e REN, dizem: pois..."


2007-08-18

 

A Festa do Pontal vista por um PSD

Com Mendes Bota a orquestrar o comício «como era de esperar - diz Vasco Pulido Valente, no Público - a "festa" acabou por "remar" com grande fervor e deliberação para o lado de Meneses... A escola de Santana [Lopes] está viva. Está viva e convencida que o barulho e a brutalidade acabam sempre por ganhar o dia.»
VPV acha que o vexame infligido a Marques Mendes não irá dar frutos mas também não o poupa apesar de o considerar um homem civilizado e amável, por ter ido ao Algarve prometer um reforço da Junta Metropolitana do Algarve, «um recado grosseiro a uma audiência de ocasião». E conclui: «O discurso de Marques Mendes, demagógico e absurdo não o recomenda para primeiro-ministro. »

 

O Fanatismo

Acabo de ler outra notícia relacionada com o maior massacre no Iraque desde o início da guerra, em povoações da minoria Yazidi (post aqui em baixo). Nela se afirma que essa minoria é conhecida entre os seguidores de Maomé por "adoradores do diabo".
Acusações destas têm um objectivo claro desculpar todos os crimes de quem ataca o "diabo" ou o "Reino do Mal".
Nada pior que o fanatismo. No futebol ou nos partidos. Mas não há pior fanatismo que o religioso. E é natural porque na religião os Maus poêm em causa não apenas o nosso clube, ou o nosso partido mas as nossas vidas terrenas e as nossas vidas eternas, lá no outro mundo. Pôem em causa a ordem do universo e, perante isso, que vale a vida de uma pessoa ou de quinhentas ou de um milhão? É portanto real o perigo de fanáticos deitarem a mão a armas de destruição em massa ou de já as terem nelas. Basta lembrar a sentença de Mao Tsé Tung que queria convencer o "revisionista" Krustchev de que para destruir o Reino do Mal, no caso os EUA, valia bem a pena de correr o risco de uma guerra nuclear preventiva (afinal doutrina dos States) e o eventual sacrifício de 300 milhões chineses, apenas (!) na altura, um terço da população da China.
E que dizer de alguns ex-maoistas que continuam a verberar comunistas e o passado de ex-comunistas e se esquecem da sua fanática adoração de Mao e de Estaline quando as monstruosidade por eles cometidas já então eram denunciadas por aqueles?

 

"Liberdade de profissão"

Vital Moreira no Diário Económico: "Existe em Portugal uma tradição corporativa de malthusianismo profissional, que tem produzido restrições excessivas da liberdade profissional."
"De entre as medidas que constam do novo quadro institucional da formação e qualificação profissional conta-se o Programa de Regulação do Acesso às Profissões, que tem por objecto definir e implementar os requisitos para o acesso e exercício das profissões que requerem qualificações específicas. A ideia suscitou imediata suspeição dos círculos liberais mais radicais (com inesperados ecos em alguma imprensa de referência), que viram nela mais um perigoso mecanismo de controlo governamental sobre a liberdade individual."
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Caixa de comentários:
...
vilas:
De médicos e de loucos todos tem um pouco, mas muito mais louco é um comunista reconvertido não é Sr professor?!
jose manuel torres couto (tcxxi@sapo.pt)
Notável o artigo do Prof. Vital Moreira. Quanto ás considerações do leitor «vilas» remeto-as para a seguinte frase de Francis Bacon chanceler de Jaime III: - « pior do que mudar de ideias é não ter ideias para mudar ».

2007-08-17

 

Vamos vender electricidade à EDP?

"Uma revolução está prestes a acontecer no sector da energia em Portugal. Os quase seis milhões de consumidores de electricidade existentes no país, em baixa tensão normal, são agora os novos potenciais produtores de energia eléctrica.
...
O Jornal de Negócios apurou que o Governo está já a ultimar o decreto-lei que deverá ser publicado em Setembro para regulamentar a microgeração e permitir que os portugueses instalem soluções para produzir electricidade para auto-consumo e venda do excedente"

Se o que aí vem é como penso cada utilizador de baixa tensão normal poderá ter em sua casa um sistema de produção de energia eléctrica de origem solar e um contador que mede a energia que recebe da rede e a que lança nela se produzir mais do que a que consome. Passará a ter uma conta corrente com a empresa de fornecimento de energia que poderá ter ora saldos negativos ora positivos.


 

Sócrates: que fazer para voltar a ganhar?

José Miguel Júdice (JMJ), recentemente rendido a Sócrates, que acusa de nunca ter sido marxista nem socialista, polemiza hoje no Público com António Barreto, de quem se diz admirador e amigo, sobre o caminho que o primeiro-ministro deve seguir para ganhar as próximas eleições. Insinua (mas não sei se com fundamento) que Barreto (entrevista ao DN)vaticina a derrota de Sócrates nas próximas eleições se não fizer uma viragem para "as ideias, projectos, causas e programas", uma viragem à esquerda, pressupõe-se. Ora JMJ garante que para assegurar a vitória, Sócrates tem de manter firme a orientação seguida, um "blairismo" que deu resultado em Inglaterra com Blair e parece estar a dar com Brown.

Júdice que na juventude era de extrema direita tem vindo a fazer uma notória evolução para o centro, diria mesmo centro-esquerda (no actual momento) o que o tem credibilizado nestas áreas ideológicas mas não acho que tenha total razão nos seus prognósticos.

Sócrates tem feito reformas indispensáveis e tem tentado com algum sucesso inverter a progressão do défice. Se abstrairmos de quadros ideológicos utópicos para as circunstâncias actuais do país e do mundo o que o Governo tem feito teria de ser feito por um governo do PS ou do PSD ou qualquer outro. Faltam, no entanto, políticas que redistribuam os custos sociais que deveriam recair mais sobre quem mais pode e não o contrário como vemos. Na União Europeia Portugal tem sido o campeão do crescimento das diferenças entre os mais ricos, cada vez mais ricos e as classes médias e trabalhadoras mais pobres cada vez mais pobres.

Conclusão (ao contrário da de Júdice) se Sócrates que deve prosseguir as reformas necessárias (administração pública, défice) não as compensar com vigorosas medidas redistributivas e outras de carácter social conhecerá o sabor da derrota. Pelo menos parcial.

 

BCP e Opus Dei


Finalmente percebi a guerra intestina no BCP.
Segundo a revista sábado Paulo Teixeira Pinto abandonou a Opus Dei. Esta decisão não deve ser de agora. O homem já devia estar farto de se auto chicotear e de usar a tal cena que se crava na pele quando tem pensamentos mais picantes.

Não é por isso de estranhar que lhe tenham retirado o tapete debaixo dos pés. Jardim Gonçalves deve ter as costas marcadas por uma vida e não vem agora um "fedelho" ficar com o poder económico e largar o chicote.

Será que vai aderir à maçonaria ?
 

As FARC e o Avante


Ficaria muito contente de ver este ano na Festa do Avante uma exposição temática acerca da Colômbia em que seja claramente definida a posição do PCP face ao estado político da Colômbia em geral e das FARC em particular.

É que se uma mentira repetida muitas vezes não se torna verdade, também uma verdade não deixa de o ser ao ser negada.

Não havendo possibilidade de o provar fica a percepção, seja ou não derivada de jornais distribuídos na Festa por uns quantos desordeiros mal intencionados.

E não será um tímido desmentido de um militante num blog que irá conseguir resolver de uma vez a percepção que ficou. Assumam por isso com frontalidade a sua posição (qualquer que ela seja).

2007-08-16

 

Cuidado com os bancos

Como enriquecem os bancos, os banqueiros e os seus administradores. De muitas formas. Mas uma delas é colcando comiçsses em tudo quanto é sítio.
Você entra num banco abre uma conta e tal. Às duas por três v/ está a pagar comissões por ter lá posto o dinheiro, por não ter lá posto mais dinheiro, por ter pedido um cheque, ter perguntado quanto dinheiro lá tem, por uma transferência, por ter cumprimentado o empregado...
Queixava-se o meu amigo Antunes (ele é só meu vizinho mas quando concordo com ele elevo-o à condição de amigo) que teve de fazer um pagamento ou uma espécie de caução e foi ao banco para lhe visarem o cheque. Um cheque maneirinho, uns 3 mil euros.
- Pois o tipo do balcão escreveu três linhas num papel obrigou-me a assiná-lo, meteu um carimbo e pediu-me 30 euros. Vão-se mas é todos...
- Eh, é lá... Deixe lá Sr, Antunes... olhe que estão aqui senhoras - atalhou de imediato a dona do café.

 

Os 2.000 dias de cativeiro de Ingrid Betancourt

Há dois mil dias que Ingrid Betancourt foi raptada pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Ingrid, franco-colombiana, foi a candidata dos Verdes às presidenciais de 2002 da Colômbia e foi sequestrada juntamente com a sua assessora Clara Rojas.
"As FARC, a mais importante guerrilha da Colômbia com 17 mil homens, exige a libertação de 500 rebeldes detidos pelo Governo em troca da libertação de 45 reféns, entre os quais Betancourt e três cidadãos norte-americanos." Uma exigência recusada pelo Presidente Álvaro Uribe cuja intransigência o presidente francês, Nicolas Sarkozy, tenta amolecer.
Aqui está uma boa oportunidade para a Festa do Avante brilhar. Interceder junto do órgão oficial das FARC (que se o ano passado veio este ano também deverá cá estar) para a libertação de Ingrid e, já agora, perguntar se foram ou não eles os responsáveis pelo rapto dos 4 portugueses na Venezuela.

 

Uma subscriçãozinha para a reforma do Senhor Hu

O jornal alemão Bild fez as contas e deu a saber que à frente vai Bush com 24.167 euros por mês e no fim dos 8 maiores ou mais ricos países do mundo, lá mesmo no fim, no finzinho está o presidente de 1.200 milhões de chineses, o senhor Hu Jintao, com 274 euros por mês, 88 vezes menos do que o americano. Eu não aceitava tal emprego.
Para um pé-de-meia para a reforma do pobre Hu abro aqui e agora uma subscriçãozinha junto dos visitantes do Puxa. Uma moedinha por favor.
Estão cheios de curiosidade com o que ganham os outros? Então têm de ir ali.

 

O sequestro, um novo ramo de negócio?

Tomámos consciência, com a televisão e os quatro portugueses raptados, (os últimos de pelos menos 24 pessoas raptadas na zona) do negócio do sequestro nas zonas de fronteira da Venezuela com a Colômbia. Neste país, nomeadamente nas imediações da fronteira com a Venezuela, operam grupos que começaram como grupos políticos guerrilheiros mas, com o impasse da luta, se foram transformando em grupos terroristas a viverem da extorsão, do sequestro e da droga. Forças como o ELN (Exército de Libertação Nacional), ou as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) dizem que compram reféns a grupos de bandidos armados. Um homem e três crianças, por acaso portugueses, foram agora transformados na nova mercadoria.

 

A morte saiu à rua na comunidade Yazidi

O terror abateu-se sobre a comunidade pacífica do norte do Iraque da minoria yazidi, que professa uma religião pré-islâmica e acusados pelos islamitas de "adoradores do diabo". O maior atentado de sempre da guerra do Iraque já conta mais de 500 mortos e 350 feridos. Suspeita-se da Al Khaeda. Quatro camiões com combustivel foram deflagrados por suicidas.
O terror da guerra desencadeou o terrorismo sectário mais irracional e apocalíptico.
Em nome de um deus contra os seguidores de outro deus. Sem deuses ( o que os cristãos também não fizeram ao longo de mais de um milénio!) sem este fanatismo religioso enlouquecido, as coisas seriam melhores. Ainda que outros pretextos haveria para incendiar as mentes quando a pobreza se torna insuportável e transforma pacíficas comunidades em campo fértil de recrutas da morte. Já se tinha visto isso nos Balcãns quase já no século XXI.

 

Mendes monta emboscada a Mendes?

Mendes Bota um fervoroso adepto de Menezes organizou - segundo os mentideros mais bem informados - uma verdadeira "emboscada" a Marques Mendes na festa PSD da Quarteira. Mendes Bota mobilizou a sua gente e humilhou Marques Mendes que entrou, discursou e saiu quase ignorado. Tudo o opsto de Menezes. O palco anunciou a sua aproximação, foi ovacionado e quase saiu em ombros.
O palco - onde só falou Marques Mendes e Mendes Bota - só agravou a situação. Marques Mendes fez um discurso como presidente do partido apagado e quase não levou palmas enquanto Mendes Bota, o menezista - foi teatral e terminou em apoteose.
Hoje nos telejornais Marques Mendes desvalorizou: "isso não interessa".
Vamos ver o que decide o "povo" PSD que é uma grande parte do povo que somos.

 

O IMI - imposto municipal sobre imóveis

Como a sua designação diz, este imposto é receita do município e a taxa, bem como a majoração/minoração, aplicada a prédios urbanos é fixada por deliberação da Assembleia Municipal, nos termos da lei.

Acabo de receber o IMI para, durante Setembro, proceder ao seu pagamento. Segundo uns cálculos simples, nesta minha urbanização (cerca de 200 habitações e comércio), o IMI deverá exceder ligeiramente 142.000€.

Desconheço completamente qual é a receita de IMI da CML.

Apenas tenho a sensação de que, entre a fuga e a subvalorização dos prédios, muito IMI vai esvasiando os cofres da CML.

E daí que a elevada taxa fixada pela AML de 0,7% sobre o valor patrimonial (desnecessária) vá sempre recair e onerar aqueles que pagam sempre.

A taxa deveria ser sensivelmente de metade e se a CML e as finanças montassem mecanismos sérios de controlo, de certeza com esta taxa mais baixa, encaixariam os cofres da Câmara maior receita.


2007-08-15

 

À tragédia em si junta-se a tragédia do suspense



Rezo (modo de dizer) para que as análises cheguem hoje. É que o país assim não anda. Não sei mesmo se o abrandamento, no segundo trimestre, do crescimento do produto não pode em parte resultar da expectante paralisia em que caímos.
 

A rentrée PSD na Quarteira

Ou eu me engano muito ou Marques Mendes, apesar do apoio dos barões, arrisca-se a uma menezista surpresa.
Menezes é melhor actor que Marques Mendes. E na rentrée laranja da Quarteira, andava em camisa aberta (à Portas), de manga arregaçada a mostrar uma pulseirinha de pano alaranjado e parece que uma boa parte dos pê éss dês, gritaram, nas barbas de Marques Mendes, "Menezes amigo a malta está contigo".
Quanto aos respectivos programas (se é que têm) é que tanto Menezes como Mendes mantêm um bem guardado segredo.

 

Louçã contra acordos de Governo?

Francisco Louçã zanga-se, no Público de hoje, com Vasco Pulido Valente, "um burguês enfastiado", porque este vaticina que o acordo entre "O Zé" (José Sá Fernandes) e António Costa na CM de Lisboa "inaugura a passadeira para o Governo". E Louçã explica que há uma grande diferença entre autarquias e governo além de que Lisboa é um caso especial.
Louçã diz que quer pôr fim ao "rotativismo" PS - PSD (ou PSD+CDS) e que " à esquerda o Bloco quer acabar com a hegemonia do PS" ... que "no dia de prestar contas haverá uma alternativa ao Governo de Sócrates e essa alternativa contará com o Bloco e com muitos votantes socialistas que defendem as políticas socialistas. Esta alternativa é irredutível e não se coligará com o PS, porque se compromete com as políticas que contrariam o desvario liberal deste Governo."
Não sei se Louçã pensa exactamente assim ou se acha que é conveniente, hoje, dizer isto.
Mas apesar do descrédito a que os aparelhos partidários têm conduzido os partidos e em consequência o chão partidário andar um tanto movediço com as candidaturas independentes e não me refiro apenas às de Roseta e Carmona mas também às outras às dos Valentim Loureiro e Fátima Felgueiras, apesar do descrédito não me parece que esteja no horizonte um terramoto que estilhace o PS ou o PSD e ajude Louçã. E assim sendo esta posição do BE parece-me querer repetir o posicionamento "orgulhosamente sós" do PCP. E pretender ser um partido de protesto. Se se trata de uma posição de princípio é uma posição errada e os seus efeitos seriam negativos para o povo de esquerda. Naturalmente que se para o PS, numas próximas eleições, for necessário e suficiente um acordo com o BE é óbvio que terá de haver concessões de parte a parte e, se houver a maleabilidade necessária, uma plataforma política aceitável para os dois partidos. Isso só poderá ter o apoio da esquerda política e sociológica.
Se o BE se colocasse fora do jogo político que tem eficácia governamental, não para satisfazer umas clientelas mas para satisfazer a maior parte dos Portugueses, então não serviria para grande coisa. Mas parece-me óbvio que o BE não seguirá nesta questão o trilho do PCP.

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