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2010-10-31

 

[1997] BRASIL é MULHER

    A        56       %   













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Um acordo de desacordo

Ainda durante as cerimónias do anúncio do acordo PS/PSD na abstenção do orçamento na generalidade, ficou a saber-se que afinal falta ainda acordar sobre 500 milhões, ou melhor dito, há um desacordo.

Quase todos os economistas que lidam na praça como comentadores dizem que esse montante só pode decorrer de corte nas despesas.

Silva Lopes defende, por exemplo que devem ser sacrificadas despesas que tenham menos efeitos sobre o emprego e o investimento efectivamente útil para o futuro.

Augusto Mateus e Daniel Bessa consideram que não se avizinha uma tarefa difícil reafectar em baixa 500 milhões num universo de 75 mil milhões de euros.

Outros defendem ainda que mais cortes deverão incidir nos subsídios para as empresas públicas.

Também aqui as perspectivas de solução são pouco coincidentes.

E Teixeira dos Santos veio baralhar ainda mais ao afirmar que estes 500 milhões se devem resolver por um mix de aumento de receitas e corte de despesas.

A quem aproveitou este acordo de desacordo?

Ao País pouco e a Cavaco Silva candidato muito, pois sai deste processo, com muito de caricato pelo meio, como o principal encenador desta peça de teatro montado, parecendo ter salvo o País de uma grande hecatombe.

A Manuel Alegre torna-lhe a vida ainda mais difícil, até porque está com dificuldade de se desmarcar dos partidos que o apoiam. Entenda-se, desmarcar não é atacar. É apenas seguir uma linha independente mas de contestação do papel do actual Presidente da República, nesta situação de crise.

Interessante seria um exercício comparativo, explicando ao Pais sobre como actuou Cavaco e de como deveria actuar um Presidente, real, onde os interesses da maioria dos portugueses fossem o objectivo último da sua função.


2010-10-30

 

Um acordo para a abstenção?

Custa a perceber que se tenha gasto tanto tempo de antena para uma abstenção no orçamento, por parte do PSD. Este desfecho era mais que perceptível, pois o PSD não tinha outra saída.

Faria sentido negociar um voto de apoio. Isso, sim, daria força ao país face aos credores.

Agora, este arremedo de negociação onde o PS cedeu praticamente tudo, designadamente em termos de TGV, serviu em muito os interesses eleitorais do PSD e indicia que se caminha para um final de ciclo político.

Pode o governo alegar em seu favor o aumento do IVA como desde início propunha.

Sem dúvida mas até aí o PSD "cedeu" porque percebeu que a situação é tão má, após o descontrolo da execução orçamental de 2010, que mais vale ser este governo a colher o ónus do aumento.

Pessoalmente, fico com muitas dúvidas sobre todo este processo.

 

Papa contra Lula

O Papa aconselha os fiéis católicos a votar contra Dilma nas eleições de amanhã no Brasil.

Razões: Dilma terá apoiado o aborto.

O Papa vai perder esta aposta, apesar da grande religiosidade do povo brasileiro, exactamente porque Dilma é a candidata apoiada por Lula da Silva.


2010-10-29

 

O Público, a sucata e o PBN

[Na imagem brinquedos de arguido do BPN]
Para saber o que pensa o PSD há muito que desisti de dar uma olhadela ao Povo Livre. Troquei-o pelo Público que além disso é um diário de referência da direita.  Hoje dei logo com o grande título de página inteira: "Face Oculta: empresas ligadas ao Estado foram lesadas em milhões numa rede de corrupção" A notícia examina o despacho de acusação do Ministério Público (procurador de Aveiro), às negociatas do sucateiro de Ovar com empresas públicas e o envolvimento de figuras gradas do universo rosa.
Espero que se faça justiça e toda a corrupção seja exemplarmente punida.
Li atentamente a reportagem do Público e somei os valores, atribuidos pelo jornal à acusação, de 525 páginas, do MP. O procurador de Aveiro, segundo o Público, aponta um prejuizo de 390 mil € à Refer, outro de 490 mil € à Ren (a notícia é ambígua quanto a este valor) e 500 mil relacionados com a Central de Alto Mira. Tudo somado dá 1 milhão e 380 mil euros. Muito dinheiro. Há que apurar bem, combater a chaga da corrupção, exigir adequadas penas e a devolução destes valores ao Estado ou seja, em última instância, aos nossos bolsos.
Entretanto não tenho visto o Público tratar com igual militância as negociatas do BPN. Será porque aqui estão envolvidos colegas de Governo do ex-1º M Cavaco Silva? Oliveira e Costa e o distraído ex-ministro, amigo e até há pouco Conselheiro de Estado, Dias Loureiro além de um respeitável grupo de altas figuras e amigos do universo laranja?
A roubalheira desta "Máfia de colarinho branco", na terminologia do CM de ontem, [Não há link] parece  ainda estar longe de completamente desvendada.
Ontem o CM revelava mais um caso de "desaparecimento" de um empréstimo de 80 milhões de € (atenção não estamos na casa dos milhares de € dos negócios de sucata) emprestados com um aval "atestado" pelo vice-presidente da CM de Sintra e pelos "serviços municipais", de um terreno em Sintra que afinal só valia 1 milhão.
Outro efeito colateral dos "negócios" do BPN segundo o CM de ontem, é o risco de a Caixa Central  de Crédito Agrícola Mútuo (agrega 85 Caixas de Crédito Agrícola) se afundar.
O Público revela-se atento e bem à corrupção da sucata, que terá prejudicado o Estado em 1 milhão e 380 mil € mas revela-se distraído quando o país é prejudicado em valor 4.000 vezes maior. Será um problema da "cor do dinheiro" ou não atingem valores tão altos?
Nem tudo é bom no PS, nem tudo é mau no PSD, mas receio que os males que hoje a maior parte do país sofre com as más soluções actuais possam vir multiplicados (não digo por 4.000 hela! ) com as "boas" soluções de Passos Coelho.

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Orçamento cada vez mais caro

Em termos políticos, a "negociação" do orçamento tem estado a ficar bem cara ao PS, quando toda a gente pressente que o orçamento vai passar na AR, seja a que título for.

Não sei se por inabilidade se por haver situações difíceis de abordagem pública, tudo aponta para que ao país de pouco serviu a negociação pública Teixeira dos Santos/Eduardo Catroga, que é encarada como mais uma teatralização.

O PS que ficou com o ónus de ter rompido as negociações até de forma pouco civilizada, aparece agora a abrir as portas da negociação, ainda por cima dando a ideia de que é pressionado para isso por Bruxelas.

Passos Coelho que estava em posição pouco cómoda acaba por ganhar aos pontos e até já fala de plano B.

As sondagens são -lhe benéficas e estica a corda.

Sócrates e Teixeira dos Santos estão a ficar mal nesta fotografia.

Mas o mais grave, entendo eu, é que este ou outro orçamento, mau como toda a gente reconhece em termos sociais, nunca será cumprido sem outras medidas extraordinárias, seja qual for a invenção das mesmas. Certamente já não haverá fundos. há que inventar aí para Maio qualquer coisa.


2010-10-27

 

A telenovela orçamental entrou em cenas de maior virilidade: Voz grossa

Tenham calma. Quem deve ter sido apanhado na surpresa da ruptura negocial do Orçamento foi Cavaco Silva que accionou já munições pesadas.

Mas não se preocupem, o orçamento vai passar. Governo e PSD estão muito entalados.

Não sei mesmo quem fica pior nos cenários possíveis: com orçamento/sem orçamento

Estou convicto de que se o PSD chumbasse o orçamento ficava em muito maus lençóis e com isso arrastaria Cavaco Silva, o recandidato, que hoje deve ter-se sido muito infeliz.

Depois de ontem ter dito em cada palavra do discurso que sabia tudo, já deve ter começado a questionar-se sobre o dito discurso.

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José Manuel Barroso ou José Manuel Durão Barroso?

Qual deles?

Pelo que é conhecido, José Manuel Barroso é o presidente da Comissão Europeia e José Manuel Durão Barroso é um conhecido cidadão e político português que, sendo então Primeiro Ministro de Portugal ,decidiu abandonar o cargo e após vários jogos políticos assumiu o de presidente da Comissão.

Desde há uns tempos e ainda hoje o político (?), o presidente da Comissão (?) tem sido visto e ouvido a falar da necessidade da aprovação do orçamento em Portugal.

Subsiste-me uma grande dúvida: será ético que o presidente da Comissão Europeia não tenha/não mostre distanciamento ao que se passa nos Estados da União?

Quando fala dos assuntos portugueses, pelo facto de ser português, deixa de ser presidente?

Não estou convencido. Parece-me tudo isto uma grande balda. Acho mesmo o termo mais adequado.

Imagine-se a Alemanha numa situação parecida: Seria que o José Manuel Barroso também se intrometeria nos negócios políticos lá da terra?

2010-10-26

 

O Cunene. Foi hoje, há 40 anos

Hoje, a esta hora, neste momento, há quarenta anos, entrei para o carro do António Pedro Ferreira e... os dados estavam lançados. Agora ou tudo corria bem ou ... Toda a planificação do Comando Central, Jaime Serra, Chico Miguel e este, que vos conta isto... todo o meticuloso trabalho de preparação, técnico e de organização tinha sido adequado e perfeito ou... Estarão todos nos locais marcados para o encontro à hora certa? Sem falha, sem medo (medo não faz mal desde que controlado)? O António Pedro Ferreira estava, já estou no carro dele, e o António João Eusébio, e o Manuel Policarpo Guerreiro e o Carlos Coutinho e o Gabriel Pedro? Estes dois que constituem o comando e vão com duas poderosíssimas minas sabotar o mais moderno transporte de mercadorias para as guerras coloniais, o navio Cunene. Estarão todos? Ninguém arranjará uma desculpa para faltar? Não. Ninguém falhou. Estavam todos. À hora certa, no local combinado. Cada um no seu sítio e um a um, a cada um distribuí a sua tarefa. Gabriel Pedro, com 70 anos, sim com SETENTA anos, estava ali como o mais jovem de nós e ele tinha a tarefa mais delicada pois tinha de...
[Continua aqui no Memórias] e depois [Aqui e aqui há outras coisas mais]  

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José Vitor Malheiros: "As pensões douradas da oligarquia"

Quando o artigo é de Vitor Malheiros leio sempre. E... nunca me arrependi. Não conheço Vitor Malheiros mas leio-o. E é como se o conhecesse. É um grande jornalista e além disso, o que é muito, é um homem corajoso. Por isso também tem o meu apreço. E diz o que tem a dizer. Não baixa a cerviz perante os poderes. Não sei se já foi prejudicado. Mas arrisca-se.
Transcrevo umas linhas do seu artigo de opinião (às terças no Público) da semana passada "As pensões douradas da oligarquia":
_____________

" O Governo tem um problema. Não é o único problema nem o mais importante, mas este é um daqueles que o Governo admite: o Governo não sabe como aplicar o corte de 10 por cento nas pensões acima de 5000 euros.
Se fosse nos salários, era fácil - como vai ser fácil, aliás. Se fosse nas pensões mais baixas também era fácil. Se fosse mais um aumento de IRS era fácil, ou do IVA, ou do IMI, ou do imposto de selo. Mas cortar nos pensionistas de luxo, naqueles que se reformaram aos cinquenta anos para acumular duas ou três pensões (além de continuarem a trabalhar e a receber salários, porque recuperaram milagrosamente do cansaço que os obrigou à reforma), aí, é “complicado”.
Não é que a administração fiscal não saiba quem ganha o quê. Não é que a administração fiscal não saiba quem paga o quê a quem e quanto e quando. Mas é complicado, pronto.
Para começar, nunca se começou. E verdade que esta situação imoral é denunciada há anos, e que todos sabemos que o dinheiro da Segurança Social anda a servir para pagar reformas de luxo a quem não precisa delas, mas nunca se tentou fazer o levantamento ou conceber o sistema que permitiria fazer o levantamento dessas situações. A razão? É complicado, já dissemos. ... "
(Continua aqui)
(jvmalheiros@gmail.com)

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Conheço muito bem...

Foi uma frase muito pronunciada no discurso de Cavaco Silva na apresentação da sua recandidatura. Cavaco igual a si próprio. Cavaco sabe tudo quanto há de economia, quanto há de União Europeia., dos cenários de guerra. Do mundo em geral e conhece muito bem o país, pois visitou quase todos os concelhos.

Cavaco conhece tudo bem. Pensou muito e decidiu candidatar-se exactamente porque conhece tudo muito bem.

Só não conhece afinal muito bem apenas os problemas que afectam os 10 milhões de portugueses e daí o seu contributo para os minorar ter sido muito pequenino ao longo deste cinco anos de presidência.

2010-10-25

 

A telenovela das negociações

Como sair de cara lavada destas negociações sobre o orçamento é certamente a maior preocupação dos dois lados: Governo e PSD.

Os portugueses, esses estão cientes de que, nestas negociações, não se discute o seu bem estar e cansados estão desta telenovela. Nestas negociações o que se discute é a forma de atingir o que nos foi imposto do exterior, UE, com a Alemanha a forçar a nota.

Por outro lado, Portugal apresenta o terceiro crescimento mais baixo da década no mundo, depois de tantos fundos comunitários injectados na economia, depois de tanto betão lançado por esse país fora e de tanta casa construída vazia e sem hipóteses de vir a ser ocupada, pois há mais casas do que capacidade de habitantes para as ocupar.

Isto dá que pensar, mas não deixa de evidenciar que o país tem assentado o seu crescimento num modelo de desenvolvimento errado que não tem contribuído para tornar a economia portuguesa competitiva.

2010-10-23

 

O orçamento "marcha" a alta velocidade

Não havia dúvidas de que o orçamento seria aprovado no Parlamento.

Mas com Eduardo Catroga como chefe de equipa do PSD, a alta finança e os grandes grupos ficaram descansados.

E porque terá recaído a escolha em Catroga?

Catroga é um dos fiéis amigos e ex- MF de Cavaco. Será que foi mesmo Passos Coelho quem escolheu como diz alguma comunicação social?

Como Catroga é defensor de que o orçamento tem de passar, o trabalho está pronto a servir.

Agora a sua execução, qualquer que seja a versão final mais ou menos achocolatada, é que começa a levantar sérias dúvidas e algumas certezas de que várias das metas dele constantes não vão atingidas.

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2010-10-22

 

PORTUGAL EM CRISE DESDE ???????


VALE A PENA LER OU RELER A NOTICIA DE 1ª PAG DO DIARIO DE LISBOA, JANEIRO 1985, MENSAGEM PRESIDENTE DA REPÙBLICA, RAMALHO EANES

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Não aparece uma notícia boa, infelizmente

Das guerras sobre o orçamento, anda toda a gente cansada e insatisfeita a fazer as contas de quanto lhe cabe, de quanto poder de compra perde, a quem vai ter de deixar de pagar ou que produtos vai deixar de comprar.

Toda a gente é a linguagem comum. De facto, não é assim. Apesar da grande maioria ser penalizada há uma minoria de gente de posses a quem nada lhes chega.

Este jogo de interesses de baixa política nem "à política" serve e custa mesmo muito caro ao País, prejudicando sempre e só aqueles que têm de pagar a crise. E nem à política serve porque as sondagens estão aí como um indicador significativo.

PS e PSD já podiam ter-se entendido há muito. O Orçamento já não era problema e os ditos mercados internacionais já estavam mais acomodados.

Não há notícia que nos alegre. Hoje são os beneficiários da ADSE que correm o risco de perder comparticipações nos medicamentos. Amanhã será outra má notícia.

E a ideia que vai ficando e pior vai sendo vivida, o que não faz nada bem às mentes, é que tudo será pior ainda no futuro.



2010-10-21

 

Oh! Sócrates revê lá o achocolatado

Pois, é só um sinal.

O leite com chocolate basta. Basta dizer que voltas atrás na taxa do IVA avançada e o PSD abstém-se e lá safas o orçamento 2011.

É mau que isso não seja assim. Como é que o PSD pode sair da embrulhada em que se enredou, sem uma abertura mínima?!!.

É só um pequeno jeito, não custa nada, senão como pode o bloco central continuar nas empresas. É chato pá.

Não custa tanto assim, se até Cavaco Silva já diz que estão reunidas todas as condições para o orçamento ser aquela maravilha para entusiasmar os mercados internacionais.

Com declarações "tão conformes", até os funcionários públicos não vão sentir os cortes. São logo os dois grandes partidos a apoiar esta decisão, aqueles em que maioritariamente sempre votaram.

2010-10-20

 

Redistribuir? Vade rectro Satanás

Nos "Prós e os Contras" desta semana, Carvalho da Silva defendeu melhor distribuição da riqueza nacional ao que Mira Amaral, como todos os que sabem que isso lhes poderia diminuir os privilégios, respondeu que sim senhor, não pode estar mais de acordo mas... mas... primeiro é preciso produzir, para depois se poder distribuir.
Oh Deus, há quantas dezenas de anos não oiço eu este hipócrita argumento dos "Bons Portugueses". Um argumento que ofende a inteligência de quem o ouve. Porque não se trata de um "depois" com data marcada é um "depois" de cada vez que alguém se lembrar de colocar a questão.
E quem levanta essa subversiva parvoíce da "melhor distribuição da riqueza"? Revolucionários invejosos. Energúmenos desempregados que não querem trabalhar para receber o rendimento social de inserção, como Paulo Portas não se cansa de explicar. Ou estúpidos que não percebem que não merecem mais que 500, 1000, 2000 ou 3.000 euros euros por mês" e cobiçam quem "legitimamente" ganha 30, 50 ou 60 mil euros mensais rodeados de faustosos complementos por vezes ainda com uma "merecida" pensão de 5, 10 ou 18 mil euros obtida aos 45 ou cinquenta anos.
MA tem toda a razão em se indignar porque aquela reivindicação do Carvalho da Silva é mesmo para que se distribua melhor a partir de agora. E, de acordo com qualquer princípio de Justiça, se redistribua o que foi mal distribuído, não aceitando que o produto mal distribuído ou "roubado" se transforme em direito adquirido. Não através de porta arrombada ou assalto à carteira mas com o compassivo e legalíssimo escalão de IRS (ou IRC) à altura do esbulho feito pela clique oligárquica.
A redistribuição da riqueza nacional (vá lá num cenário benigno: igual à injusta média europeia) assenta na presunção plausível de que em Portugal, em 2010 e mesmo em anos anteriores, desde D. Afonso Henriques, se produziu alguma coisa. O que é imperioso redistribuir é essa riqueza mal distribuída (sem ir lá tanto atrás :) produzida por milhões de portugueses, esses que ganham dos 500 aos 7.000 euros e que sustentam senhores cujas fortunas são obtidas com mais valias e dividendos tratados com benevolência pelo fisco ou fugidas a ele para os paraísos fiscais, ou através de hedge founds, "produtos tóxicos"  e outras vigarices legais como pelas pensões e salários "obscenos".
Mira Amaral teve também a infelicidade de invocar a seu favor o facto, de que ninguém duvida, de que também ele é um trabalhador. O que obrigou Carvalho da Silva a lembrar que o que estava em causa não era, uns trabalharem e outros não, mas o pormenor da retribuição.
Esclareço que nada, mas absolutamente nada tenho quanto à pessoa do Sr. Mira Amaral, que merece todo o respeito e cuja capacidade profissional, qualidades e méritos são em geral reconhecidos e... confesso até, aqui, à puridade - é uma pessoa que gosto de ouvir pelos seus conhecimentos e inteligência.
______________
A caricatura é de Paulo Barbosa e a imagem foi roubada aqui

 

Um orçamento rosa com PASSADEIRA laranja

Dentro de momentos vamos ter os esclarecimentos de Passos sobre as propostas de Passos Coelho.

Afinal das seis propostas nem todas têm o mesmo peso.

O aumento do IVA para 23% já cabem nos "princípios" de nunca aceitar aumentos de impostos por parte do PSD.

Por este andar a questão formal já está apenas em mudar uma palavra ou então uma vírgula para que o PSD deixe passar o orçamento rosa.

Mas vamos admitir que o PS aceitaria grande parte do que diz defender o PSD. Qual a contrapartida?

Só abstenção?

Isso seria um mau negócio e nessa, penso eu, o PS não embarca.

 

Pedro Passos Coelho mal na Fotografia

Afinal, de uma questão de princípios (rejeição absoluta de qualquer aumento da carga fiscal) facilmente se passa a uma questão de números. Os princípios de Passos Coelho reduzidos a farelo.

A proposta do PSD de aumento apenas de 1% do IVA contra 2% do governo e a aceitação do corte nas deduções (saúde, educação, etc), desde que tenha por contrapartida títulos do tesouro, é um trambolhão estrondoso.

Um malabarismo pouco recomendável e assinale-se a grande falta de coerência e de traquejo de um político que falou cedo de mais, mediu mal as circunstâncias e face a muitas e várias pressões não resistiu.

E o trambolhão pode redundar em descalabro.

E se o governo não cede? Parece que no IVA não vai ceder. No tocante às deduções contra títulos do tesouro, não se está a ver a operacionalidade para além de à partida ser de pensar na legalidade da ideia. Porque não avançou o PSD com os cortes nos vencimentos tivessem também por contrapartida títulos do Tesouro?

Respondo porque é daquela corrente que defende que devem ser os salários de quem trabalha a suportarem a crise económica e financeira.

Caiu a máscara.

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2010-10-18

 

Diz que é um Juiz

Vê-se o Telejornal e não se acredita.

"Estamos a pagar a factura por ter incomodado os 'boys' do Partido Socialista nas investigações que fizemos... Estamos a pagar a factura do processo 'Face Oculta' e de outros processos anteriores".

Com linguagem imprópria, onde sobejam os processos de intenção, entra-nos casa a dentro, descomposto, um... juiz. O juiz António Martins. O Presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses.

Assim se coloca pelas ruas da amargura a imerecida imagem dos juizes. Assim se presta um mau serviço à magistratura e ao país.
[Ver também JN]

 

Consentido ou não?

Marcelo avançou ontem, no seu comentário dominical na RTP, que Cavaco anuncia no dia 26 a sua recandidatura a Belém.

Uma questão se coloca: o anúncio de Marcelo terá sido acordado com Cavaco?

Nunca se saberá, ao certo, mas tudo aponta nesse sentido.

Este anúncio interessa a Cavaco, porque lhe dá margem de manobra nas andanças da aprovação orçamental que já está firme, segundo Marcelo. O Orçamento passa porque Passos Coelho já decidiu que o PSD abstém-se e assim Cavaco também fica bem no retrato, pois averba uma "vitória".

E interessa a Marcelo porque aparece como a pessoa que está sempre por dentro dos "segredos" das pessoas do seu partido, mesmo quando não são os mais próximos. Aquela auréola de influência!!!

Neste caso por dentro de dois segredos: o de Cavaco e o de Passos Coelho.

E ainda faz o link ao governo, acalmando-o dois dias antes do anúncio final da posição do PSD.

Uma telenovela que Marcelo anuncia com alguma antecipação o desfecho final do último episódio.

Nada disto interessa ao futuro do País. O que tivemos foram uns meses de teatro barato, em que não houve confronto/discussão de políticas nem de medidas. Mas apenas propaganda partidária.

2010-10-17

 

O OE e o fim do Mundo - Bom fim de Semana

A tarde pôs-se boa. Estava um solzinho na esplanada que dava gosto. Juntei-me à cavaqueira.
- Oh menina Suzana, traga-me uma bica curta - Era o meu vizinho, o Sr. Antunes - mas por favor apague-me a TV que já não aguento mais. Dão connosco em doidos! Não achas?
- Realmente – dizia o cunhado - isto do Orçamento , passa… não passa… que se passa é mau que se não passa o país vai ao fundo!...
- Oh vizinho - agora virava-se para mim - com isto dos péques... tou farto, fartinho do Sócrates mas não acha que o Passos... com a teima de não deixar passar o Orçamento, só para fingir que fazia um péque mais pequenino e sem impostos, só magreza no Estado, pode vir a ser assim… como é que se diz… pior o soneto que a emenda?
- Pois. Realmente isto está um susto. – E fiquei-me por aqui, porque estava a ler uma crónica da Câncio no DN, sobre o Jerónimo, uma coisa deliciosa.
- E ninguém o convence – o Antunes a voltar à carga – já não digo lá os do PS, é claro, mas nem o Pacheco, nem a Manuela Ferreira Leite, nem o Professor, nem até aquele economista, como é que se chama? O que tá sempre a adivinhar desgraça, até lhe chamam o castatrofista… como? isso isso, catas… trofista. Isso mesmo. Ninguém. Nem os banqueiros o convencem… que é quem sabe da politica e de como se faz dinheiro. Que é a mesma coisa.

De repente... burburinho, correria, para o prédio do outro lado da rotunda. O que é o que não é, um alvoroço. Também fui. Já agora.
Um homem em cuecas quer atirar-se do terraço do 8º cá para baixo. Primeiro atirou os sapatos, depois as calças. Já subiram lá acima, a parlamentar, mas ele ameaça atirar-se se alguém se aproximar.
- Mas porquê? Alguma desgraça?
- Passou-se. Parece que tem visto muita televisão, mesas redondas, debates e coisas assim, sobre o Orçamento, os PEC’s e que o país está perdido.
- Já lhe prometeram trazer o Passos Coelho para prometer que se abstém. Só para ganhar tempo. Mas ele diz que não adianta.
- Atenção, atenção… o tipo que está lá a parlamentar disse qualquer coisa…
- Quer o engenheiro!!! Que só desiste se o engenheiro lhe prometer que deixa passar o Orçamento.
- Mas o Sócrates, o que quer é aprovar o Orçamento. O Homem está mas é maluco. Diga-lhe que o Sócrates é o que quer, que o engenheiro aprova.
- Quê?
- Não é esse?
- Então?
- Ele quer é o engenheiro Ângelo Correia.

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Salários e Juros da Dívida - outra curiosidade

No Orçamento para 2011, as despesas previstas com o pessoal vão decrescer face ao ano em curso, basta pensar nos cortes salariais atingindo 19. 271 milhões de euros.

Os juros da dívida irão subir de 4. 912 para 6. 326 milhões de euros, devido no essencial ao acréscimo de juros e ao aumento do endividamento.

O curioso aqui é pensar-se que os encargos juros com a dívida correspondem a cerca de 33% das despesas com pessoal.

Já alguém pensou que os encargos com a dívida equivalem ao montante salarial de mais de 200 mil funcionários das Administrações públicas? Que tamanho desperdício para o País!!!.

 

Algumas Curiosidades Orçamentais - Estrutura das receitas

O orçamento tem vindo a ser muito analisado na comunicação social, nem sempre trazendo grandes esclarecimentos.

Correndo também esse risco, aqui registo apenas algumas curiosidades, na perspectiva das receitas.

Segundo os dados do orçamento apresentado, as receitas de IRS (rendimentos do trabalho) orçamentadas para 2011 sobem de 9.100,0 para 10.000,0 milhões de euros (+9,9%) e as receitas sobre IRC (empresas) descem de 4.296,6 para 4.182,0 milhões (-2,7%)), mesmo contando, penso eu, com a taxa que vai incidir sobre o sistema financeiro. Interessante não é, sobretudo na óptica social e do nível de vida? Certamente, espera-se que durante 2011, os portugueses estarão mais "ricos" e as empresas "empobreceram" de uma forma geral.

Mas os dados referidos sobre IRS E IRC permitem ver ainda outra faceta: o abismo entre a contribuição do sector empresarial e os cidadãos para as receitas do OE.

Há quem argumente, mas as empresas contribuem com outros tipos de impostos. Não se chega lá muito bem. Será pelo IVA que é de facto a maior componente da receita (13.350,0 milhões de euros orçamentados)? Mas quem paga a grande percentagem do IVA? Esta pergunta podia por-se a quase todos os outros impostos indirectos ou não? Uma grande percentagem recai sobre os cidadãos no seu conjunto.

Donde não ser abusivo, mas objectivo dizer-se que é o trabalho o grande contribuinte para as receitas do Estado, na sua globalidade. Avançar com um percentagem acima de 65% não é erro. Deve ser até uma % prudente.

E se é o trabalho fará sentido aquela "máxima" tão apregoada que vivemos acima das nossas posses?

Reflicta-se sobre isso e talvez a conclusão seja mesmo outra. O que existe é um número significativo, embora muito minoritário de pessoas, a viver muito acima do que vive a maioria dos cidadãos portugueses, certamente sem dar o contributo devido em termos de receitas públicas.

2010-10-16

 

Muitos adiamentos ...

Este orçamento nasce mal. Ou melhor já tinha nascido.

E nos aspectos formais (entrega, conferência de imprensa) não correu melhor.

É imperdoável que até agora só haja "meio" orçamento.

Apesar de como diz Teixeira dos Santos ser um orçamento difícil, houve tanto tempo que não se esperava tamanha barafunda.

Mas esta é a imagem do País. Francamente má. Certamente não passará também despercebida tanta desordem nos mercados que nos estão a tramar.

Para não sermos completamente negativos, resta esperar que, apesar do mau nascimento, recupere e tenha desenvolvimento adequado.

2010-10-14

 

Revoltadíssimos

"«Estou chocado, estou revoltadíssimo», rematou Mira Amaral, num debate sobre a competitividade de Portugal... durante o Fórum Económico Mundial, a decorrer em Lisboa."
Mira Amaral está revoltadíssimo. Apesar de também ter tido as suas responsabilidades na situação do país, como ministro da Indústria de Cavaco Silva, de 1987 a 1995. Foi ministro no período de vacas gordas com grandes ajudas financeiras da Europa. E quais foram as grandes reformas do cavaquismo de que era ministro? Que resultados trouxeram aquelas ajudas? Desindustrialização, ruína das pescas , diminuição da área de  vinha para diminuir a produção vinícola nacional e também para nos tornarmos recordistas na compra de Lamborguines no fragilizado Vale do Ave e em Jeep’s “IFADAP” nos "campos agrícolas" de Lisboa.
Mira Amaral está revoltadíssimo e terá as suas razões, apesar da reforma de 18.156 euros mensais que lhe é paga pelo Estado, desde 2004, aos 56 anos de idade, por ter estado 18 meses na CGD, para onde foi a convite do Governo do PSD que aceitou pagar-lhe a reforma de luxo (com o dinheiro dos contribuintes é fácil ser-se generosos).
Está revoltadíssimo apesar de, como presidente da Comissão Executiva do CA do Banco BIC, somar à reforma uma remuneração várias vezes superior àquele valor.
Até Bagão Félix, da família ideológica dos maiores predadores nacionais, achava, a propósito da reforma dada a Mira Amaral pela CGD, que são “valores de um exagero que o País não pode aceitar. São quase obscenos."
Mira Amaral não está só. São muitos os que vivem com reformas e salários "obscenos" e que naturalmente, põem revoltadíssimos os que, com reformas ou salários abaixo de 500, 1000 ou 2000 euros, têm de suportar os custos da crise.
Vou deixar aqui, em segredo, uma forma muito simples de reduzir a padrões de decência as reformas e salários "obscenos": adequados escalões de IRS.
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Nota: este post tinha sido colocado ontem pelas 21h. Hoje de manhã, inadvertidamente, eliminei-o. Consegui agora refazê-lo. Eis a razão porque mudou de lugar.
RN.

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A situação está confusa, sobretudo quanto a perspectivas

A questão fundamental não está em ter ou não ter orçamento para 2011.

Estando atento às movimentações recentes (a dos banqueiros sobretudo) e mesmo sem elas já tínhamos os ex de tudo (PR's, presidentes do PSD, etc,) a clamar como se a salvação do País estivesse apenas no orçamento.

Não tenhamos dúvidas. Vai haver orçamento. É previsível, desde há muito, apesar do teatro barato. Até nem é preciso grande esforço para o PSD, basta a abstenção.

E não venha o Ministro Teixeira os Santos com "a rábula" do voto favorável para dar força internacional.

Francamente vejo pouca seriedade em tudo isto.

Toda a gente sabe que o mundo financeiro não irá ficar muito sensibilizado com o orçamento 2011. O mundo financeiro conhece que, para além de muitas medidas terem pés de barro, muitas das que o governo tomou para 2010 como a transferência do fundo de pensões da PT, uma receita extraordinária, não foram explicadas e 2010 está a ser um mau exemplo no campo da gestão das contas públicas. Neste aspecto está a fraqueza de tudo.

Depois, medidas de médio prazo para fazer o país sair da situação gritante do pouco, zero ou crescimento negativo que se avizinha, onde estão? Onde está a reforma da justiça? onde está a reforma na saúde? etc, etc. E já agora do Estado, na sua globalidade, Central , autárquico, regiões, empresas? Será a AR, a Segurança Social a admitirem pessoas contra o que está anunciado nas medidas de austeridade que vem credibilizar o PEC3 e a concretização do orçamento 2011?

E atenção que para o horizonte de 2015 já se descortinam sinais claros de um outro "buraco" nas contas públicas, pelo efeito das PPP.

E sem a economia a crescer nada feito.




2010-10-13

 

[1989] Hoje, aqui, somos todos...



... mineiros chilenos.

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2010-10-12

 

Portugal eleito membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU


Portugal está de parabéns, após alguns insucessos recentes, nomeadamente a não colocação de embaixadores da UE, portugueses, em Angola ou Moçambique, pois conseguiu, após retirada do Canadá, fazer eleger um português para membro não permanente do principal órgão decisório das Nações Unidas para o biénio 2011-12, o Conselho de Segurança.


2010-10-10

 

Pensando em equidade relativa a respeito do PEC 3

Anda muita gente preocupadíssima, sobretudo os políticos de Topo, desde o PR, PM, MF ... até Durão Barroso não perde pé (há que assegurar o futuro!) com o orçamento, se passa ou não passa.

Se não passa é catástrofe. Fecham-nos as torneiras do crédito. Não sei como se fecha uma coisa já fechada. Apenas porque ainda pinga com muito esforço. Talvez seja o secar da pinga que preocupa.

Mas então o BCE?

Não tenho muitas dúvidas de que vai haver orçamento. O aparente "esticar da corda" da ala PSD de Passos Coelho é só para sair um pouco de cara lavada depois do que disse defender sobre as sua traves orçamentais (tentar que o governo deixe passar uma pinga) e também para se demarcar da ala cavaquista que defende uma assinatura de cruz do orçamento.

Pessoalmente, com ou sem orçamento e até como Teixeira dos Santos de algum modo ontem admitia, o FMI anda por aí a rondar e pode um dia destes marcar hotel por lisboa. Para quê? Não sei. Apenas refiro que se isto acontecer é mais uma prova de grande incapacidade nacional.

Mas desviei-me do que queria abordar com a equidade relativa.

Dentro das medidas propostas sobre o corte de salários, não entendo porque a taxa de corte salarial ,a partir de 4200 € é a mesma?

Nem que fosse simbolicamente e, não é, os impactos teriam de certeza algum significado, haveria que ter pelo menos mais uma de 15% e até não veria mal uma segunda de 20%,. Vejamos, será que quem recebe 40 000/50 000€/mês mais uns pozinhos daqui e dali com cartões de crédito à mistura, etc, ficaria muito lesado em termos de qualidade de vida com um corte de 8 000 do que um com 4000€ que certamente tem menos pozinhos?

E não me venham com o argumento de que essa gente ia toda embora porque carregaria o botão do lado e tinha logo outro emprego ali à mão de semear.

2010-10-09

 

Para descontrair... mas com algum pendor realista

Já lhe aconteceu, ao olhar para pessoas da sua idade, pensar: não posso estar assim tão velho(a)?!!!!

Veja o que conta uma amiga:

- Estava sentada na sala de espera para a minha primeira consulta com um novo dentista, quando observei que o seu diploma estava exposto na parede.

Estava escrito o seu nome e, de repente, recordei-me de um moreno alto, que tinha esse mesmo nome.

Era da minha turma do Liceu, uns 30 anos atrás, e eu perguntei-me: poderia ser o mesmo rapaz por quem eu tinha me apaixonado à época?

Quando entrei na sala de atendimento, imediatamente afastei esse pensamento do meu espírito. Este homem grisalho, quase calvo, gordo, com um rosto marcado, profundamente enrugado... era demasiadamente velho para ter sido a minha paixão secreta.

Depois de ele ter examinado o meu dente, perguntei-lhe se ele tinha estudado no Colégio Sacré Coeur.

- Sim, respondeu-me.

- Quando se formou?, perguntei.

- 1965. Por que pergunta?, respondeu.

- É que... bem... o senhor era da minha turma!, exclamei eu.

E, então, este velho horrível, cretino, careca, barrigudo, flácido e lazarento, perguntou-me:

- A Sra. era professora de quê?


O que dá a Internet para a gente se divertir ou ... produto de fim de semana para descontrair e ...


 

A propósito da condecoração de Durão Barroso por Ramos Horta

Transcrevo para reflexão um Post Scriptum de Miguel de Sousa Tavares no seu artigo de hoje que nos faz pensar quanto escorregadia é a política. Os sublinhados são meus.

PS - Durante anos, como ministro dos Estrangeiros do governo de Cavaco Silva, Durão Barroso tentou por todos os meios conseguir uma saída airosa para reconhecer a anexação de Timor pela Indonésia ou então ir entretendo a questão para consumo interno. Ainda me lembro quando, à saída da reunião anual que tinha na ONU com o ministro da Indonésia, ele declarar, com ar de missão cumprida: "Concordámos em continuar a falar ... para o ano que vem". Tive o grande orgulho de ter usado permanentemente os espaços ao meu dispor para, em contracorrente, defender que Portugal não podia abandonar Timor e deixar de exigir a retirada da Indonésia - ao contrário do que defendia quase todo o establisment político representado por Durão Barroso. Vendo, esta semana, o presidente de Timor, Ramos-Horta, condecorar Durão Barroso pelo "contributo dado à independência de Timor", senti um vómito no estômago. Eu sei que ele é hoje, não o MNE de um país irrelevante na cena internacional, mas o poderoso presidente da toda poderosa UE, e sei que uma assinatura sua vale milhões. Sei que a política é feita de uma permanente espuma de hipocrisia que, não raro, falsifica a memória dos homens e os compêndios da história. Mas há limites e não foi assim há tanto tempo. Há limites para o despudor: de quem condecorou e de quem aceitou.

2010-10-08

 

CGTP e UGT unidas numa greve geral em Novembro

Há 22 anos estas duas confederações sindicais marcaram uma greve geral, em separado, contra o pacote laboral do governo de Cavaco Silva.

Ontem, deram um passo adiante e, pela primeira vez, Carvalho da Silva e João Proença decidiram entregar um pré-aviso de greve, em conjunto, contra as medidas já anunciadas pelo governo de José Sócrates.

A direita esfrega as mãos e diz que não é pela greve geral que o governo deve recuar. De algum modo, embora demarcando-se, incita o governo a não ceder em nada.

A situação económico financeira do país é grave. Todos reconhecem.

Mas, a maioria do país está em desacordo profundo com as medidas anunciadas pelo governo para debelar essa crise.

A sociedade civil de um modo geral considera que são sempre as pessoas de menores recursos, a classe média/baixa sobretudo, a pagar e que os governos têm medo de enfrentar os mais poderosos e os de maiores recursos económicos.

Se a direita estivesse no governo, a situação ainda seria mais a matar.

Mas, não deixa de ser verdade que competia a um governo PS um maior diálogo com a sociedade civil para o encontro de soluções que conduzissem a uma repartição mais equitativa dos custos da crise, mas parece não haver sensibilidade social.

Não o fez, não o faz e e dessa forma está a perder o pé e a criar condições propícias para que o poder se desloque para os partidos de direita.

As centrais sindicais, não tenho dúvidas, vêem que a situação pode ainda piorar mas dada a actuação do governo têm todas as razões, direi patrióticas, para promoverem a greve geral para fazer parar esta orientação.


2010-10-07

 

A Comunicação Social de Hoje e o Próximo Orçamento

Alguma comunicação social de hoje tenta fazer passar que o PSD de Pedro Passos Coelho está inclinado para votar contra o orçamento.

Veremos. A vencer no PSD esta ideia seria um golpe sério nos apoiantes de Cavaco Silva que desejam a abstenção e assim passaria o orçamento. Cavaco Silva deseja um orçamento aprovado para que a campanha presidencial corra sobre rodas.

Por outro lado na votação deste orçamento Pedro Passos Coelho joga algo do seu futuro. Cavaco Silva delimitou-lhe o terreno. E ele não se sente muito confortável porque está a construir o seu espaço, onde o PSD cavaquista pouco conta.

Pedro Passos Coelho tem margem de manobra para não aprovar o orçamento. Pode argumentar com o comportamento dos mercados que não têm reagido favoravelmente ao PEC3 de José Sócrates.

Pode apresentar uma alternativa completamente distinta e não ceder.

Uma crise política? Uma crise económica?

Sim, as duas.

O País precisa de uma clarificação. Mas este PEC3 é injusto porque penaliza uma parte dos salários de uma larga camada da sociedade portuguesa e com medidas apontadas como a aquisição dos fundos de pensões é mais dívida a longo prazo e mais encargos para o Estado.

Tudo isto mais a falta de credibilidade do País, a especulação financeira internacional e a actuação desadequada da UE determinam a actuação dos mercados.


 

CURIOSIDADES DO REGIME - 1 SETEMBRO 1969

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2010-10-05

 

Pedro Passos Coelho perde pontos

Um político à frente de um partido tem/deve fazer opções. Umas formais outras de conteúdo.

Pedro Passos Coelho faltou às cerimónias oficiais das comemorações da República na Câmara Municipal de Lisboa.

Perdeu, fez uma má opção formal, designadamente porque justificou mal a sua ausência. Pedro Passos Coelho tinha de dizer por que não foi. Não reconhece interesse nas comemorações? Acha, como ouvi, que em época de crise não se deviam fazer comemorações?

Tinha de dizer porque não esteve presente. Formalmente era ali que decorria o acto político mais simbólico de hoje.

Perdeu. Escolheu mal onde faltar. E isto levanta algumas dúvidas. Estaria com receio do que aí se dissesse? Parece.

 

Uma palavra positiva para a CML

Aproveitando as festividades do 5 de Outubro na Câmara Municipal de Lisboa, em que os políticos apelaram para a coesão social para enfrentar a crise nacional, saio dessas palavras bonitas que são pouco mais do que isso, para antes realçar que há 3/4 dias a CML acaba de tapar os grandes buracos no bairro das colónias.

Tinha escrito aqui há cerca de mês e meio que a Praça dos Novos Países, onde passo várias vezes por dia, parecia ter sido bombardeada, tais eram as crateras que tinha como numas quantas ruas que nessa praça iam bater.

Como não se deve registar só o que é mau aqui fica, pelo menos para mim mais útil este acto que pode ser integrado nas comemorações. Porque não?

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Este país precisa de um orçamento urgente

Precisa de um orçamento para atingir vários fins.

Para fins externos, sem dúvida, é preciso estancar os efeitos nefastos dos mercados, que estão a sangrar a nossa débil economia de forma dupla, dificultando o financiamento ou financiando-a a custos exorbitantes.

E sobre este aspecto a UE em nada ajudou os países com mais dificuldades como Portugal.

Mas existe uma outra questão de fundo, não menos importante. É com o PEC3 que se procura ir longe.

Tenho sobre o PEC3 várias dúvidas e muitas certezas já aqui o escrevi. Como certezas tenho a distribuição injusta dos efeitos penalizantes das medidas.

É a classe média/baixa da Administração Pública a mais penalizada e é de perguntar porquê, deste modo, quando se fala a toda a hora de Estado social? Porque não é chamada a classe média/alta a contribuir mais para o esforço chamado de "patriótico" até porque aufere salários bem mais altos, sem correspondência em termos de criação de riqueza nacional?

São perfeitamente arbitrários os desníveis de rendimentos na grande maioria dos casos entre Empresas públicas, Institutos e a Administração Pública "pobre", incluindo os quadros técnicos (a média/baixa).

Em segundo lugar, porque é que são apenas os funcionários públicos a serem penalizados nos vencimentos?

Em terceiro lugar, as dúvidas: será que as despesas da FP vão ser mesmo reduzidas?

O que aconteceu nos primeiros sete meses de 2010 não indiciam coisa boa. E toda a gente sabe que se continua a gastar à tripa forra em gasolina, em refeições, em despesas disto e daquilo, ao nível das várias instituições.

Ainda há dias, o jornalista Ferreira Fernandes sobre o PEC3 dizia com o seu humor característico, que faltou uma medidinha.

E contou a história fantasiada ou não, mas juro real de vez em quando, sobre um determinado executivo público que, tendo uma reunião no Porto, toma o avião e manda o seu motorista com antecedência para o apanhar no aeroporto de Pedras Rubras para o levar à dita reunião, etc, etc.

Acabada a reunião vai o motorista levá-lo ao aeroporto e depois segue para Lisboa. Como é impossível o motorista chegar a Lisboa a tempo, o dito executivo toma o táxi para sua casa. Esta medidinha não está contemplada, não está nem devia estar, mas diz muito sobre as medidinhas que fazem com que o controlo das despesas públicas deixe muito a desejar.

E, se não houver controlo, de certeza que não se atingem os objectivos e mais medidas serão necessárias. Um PEC4 certamente de novo a incidir sobre a classe média/baixa. Ele já anda por aí. A direita já fala.

É o tal Estado social a reproduzir-se.

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2010-10-04

 

Hoje é dia de futebol

O Sporting está bem e recomenda-se para a lista dos 10 primeiros. Exímio a lateralizar, a passar para trás, quase nunca acerta na passagem da bola. Até parece o treinador Paulo Sérgio com as substituições.

Mas hoje até poderia ter ganho se tivesse melhor pontaria e um guarda redes que não sendo mau de vez em quando distrai-se e entra na capoeira. Foi o que aconteceu e fez a diferença pois o seu colega da equipa adversária foi fantástico.

Tirando estas nuances, ou seja, uma equipa com uma defesa bem banal, uma linha média, idem idem e um ataque aspas, aspas reúne todos os ingredientes para se colocar nos primeiros dez.

Está no intervalo Guimarães/Porto, estou a gostar do jogo. Até, ao contrário do Sporting ,as equipas até sabem bem para que lado fica a baliza do adversário.

2010-10-03

 

O caso brasileiro do Dr. Duarte Lima

Longe de mim lançar suspeitas sobre o Dr. Duarte Lima.

Mas que não tem vontade nenhuma de colaborar com a justiça brasileira é uma evidência. Mas está em causa uma morte e a descoberta do assassino ou assassinos.

Então humanamente e segundo a fé católica, pelo menos sempre entendi Duarte Lima como um fervoroso cristão, não há que castigar quem comete pecados tão grandes?

Ou será que Duarte Lima prefere que o castigo passe para as mãos divinas?

 

As classes puras ou imaculadas

Paira nas cabeças das pessoas que há classes intocáveis, as classes puras, as classes direitinhas, onde a lei é o grande guião.

Uma delas é a dos Magistrados.

E então não é que a comunicação social de hoje vem por em causa aquilo que já se sabia, que afinal também há impuros nesta classe, pelo menos um.

Não é que acaba de ser suspenso por um ano apenas um procurador adjunto do Ministério Público que pretendeu vender um bilhete para um concerto da Madonna por 450€ que lhe tinha custado60€!!

Azar de Magistrado. Põe anúncio para venda e responde-lhe um inspector da ASAE. Encontram-se no centro comercial de Almada, o inspector entrega-lhe os 450€ identifica-o faz queixa. O Procurador é alvo de um processo disciplinar. O instrutor do processo (Magistrado certamente) propõe demissão da Magistratura, mas o Conselho Superior suspende-o por um ano apenas.

Afinal, classe tão pura gosta de conviver com pelo menos um impuro.

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