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2010-01-31

 

[1923] Liberdade

Jô Soares veio a Portugal, está aí no Teatro João Villaret a festejar com o seu Remix em Pessoa o seu e nosso grande grande poeta.
Se este espectáculo fosse só um poema, qual escolheria? - pergunta-lhe Alexandra Prado Coelho - lá para o fim da entrevista que lhe fez na Casa Fernando Pessoa. "Liberdade. "Ai que prazer/ não cumprir um dever". Que maravilha" - respondeu-lhe Jô Soares.
(Para ouvir Jô Soares aqui )

Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

Ligeiro? Brincalhão, um poema de Pessoa à Alberto Caeiro? Não é para complicar mas olhe aqui.
 

[1922] Somos aqueles. Somos?

Postei aqui [link]. Talvez este Balão Vermelho do Paul Klee não tenha qualquer relação com o assunto mas fica bem aqui.
 

[1921] Imitar a América no que tenha de melhor

Obama imita Sócrates [aqui] na AV. Agora Sócrates imite Obama [aqui] na rédea curta aos banqueiros.

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2010-01-30

 

O 31 de janeiro de 1891

A cidade do Porto vai amanhã comemorar o 31 de Janeiro de 1891, na perspectiva da implantação da República de 1910 e das comemorações do centenário que formalmente arrancam no Porto sob a Presidência do PR Cavaco Silva

A cidade do Porto bem merece esta distinção.

Agora permitam-me uma muito curtas considerações pessoais acerca de tudo isto.

É o que temos. Mas, infelizmente, a pessoa escolhida para o leme do evento (tinha de ser, não havia alternativa) não reúne as características adequadas.

Se fosse possível recuar no tempo e situar as pessoas no tempo dos acontecimentos de então, pelos comportamentos e atitudes do presente, é de deduzir que essa pessoa alinharia não com as perspectivas políticas sociais e culturais que o 31 de Janeiro veio abrir, mas com a defesa intransigente do passado anterior retrógrado.


2010-01-28

 

COMISSÂO EUROPEIA PUBLICA RELATÓRIO SOBRE PORTUGAL


A Representação da Comissão Europeia em Portugal publicou hoje o Relatório Nacional sobre Portugal elaborado a partir de dados do Eurobarómetro 72, estudo da opinião pública realizado pela Comissão Europeia entre os dias 23 de Outubro e 18 de Novembro de 2009.
O relatório está disponível na página Web da Representação da Comissão Europeia em Portugal, no seguinte endereço electrónico:
http://ec.europa.eu/portugal/
Elaborado por especialistas nacionais, o Relatório Nacional sobre Portugal analisa o actual clima da opinião pública portuguesa relativamente à situação a nível nacional e europeu, à economia e ao mercado laboral e às perspectivas de desenvolvimento futuro da União Europeia.

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Indicador de Sentimento Económico aproximou-se da sua média a longo prazo

Janeiro de 2010:

O indicador de Sentimento Económico subiu em Janeiro pela décima vez consecutiva, tendo atingido 97,1 (+2,1 pontos) na União Europeia e 95,7 (+1,6) na zona euro. Embora a sua recuperação esteja a desacelerar, o indicador encontra-se agora num nível próximo da sua média a longo prazo em ambas as zonas.
(Desenvolvimento em IP/10/75)

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CLUBE DO CAIS DO SODRÉ

Podia ser este ou outro nome.

O que interessa é que hoje ao fim da tarde nasceu em Lisboa um clube de Economia e Prospectiva. Um Think Thank bem preciso.

Entre nós há uma tremenda falta de debate nos diferentes domínios e uma tentativa forte no sentido de sustentar na sociedade o pensamento único.

Os seis fundadores deste clube ( João Ferreira do Amaral, Manuel Caldeira Cabral, José Maria Brandão de Brito, João Confraria, António Mendonça e Luis Nazaré) são pessoas conhecidas, com trabalho produzido.que vão em sentido divergente do que se acabou de dizer. Registo, por isso, aqui o meu apreço pela iniciativa, desejando ao Clube um bom futuro.

O documento que acompanhou o seu lançamento, chamado CONSTRUIR O FUTURO, é um documento curto em linguagem simples e vê nas políticas públicas uma ferramenta com um papel especial no desenvolvimento económico e social do País.

Daí que parágrafo final intitulado "o futuro está ao nosso alcance" afirme:

"Portugal tem futuro. É certo que os desafios que temos pela frentes são difíceis de superar. Mas se soubermos explorar novos caminhos, jogando com os nossos recursos distintivos, potenciando o nosso capital humano e valorizando o contributo que todos podem dar numa sociedade mais inclusiva, se soubermos definir e realizar as politicas públicas necessárias, se não ficarmos bloqueados pelo discurso serôdio do imobilismo, se abandonarmos o fatalismo e a descrença e nos concentrarmos na acção, então Portugal poderá prosseguir um caminho de progresso e desenvolvimento."

2010-01-27

 

[1920] Marinho Pinto diz em voz alta o que se bichana por aí

A Sessão Solene de Abertura do Ano Judicial teve lugar hoje, dia 27 de Janeiro, pelas 15horas, no Supremo Tribunal de Justiça. A cerimónia foi presidida pelo Presidente da República.
Extractos do discurso do bastonário da OA:
______________

"Juízes e Procuradores... trabalham lado a lado, almoçam juntos, ... discutem juntos aquilo que deveriam analisar e decidir em separado.
Há casos em que o juiz entra na sala de audiências já com o despacho preparado para decidir a promoção que o magistrado do MP previamente lhe comunicou, sem que a defesa disso tivesse conhecimento.

Por outro lado, a realidade judiciária demonstra que os magistrados do MP representam-se mais a si próprios do que à República de que são Procuradores; 
...........
"Os sindicatos dos juízes, dos procuradores e das polícias estão quase sempre unidos nas mesmas reivindicações, ou seja, reclamando leis que lhes permitam deter mais, escutar mais, silenciar mais, prender mais e sempre durante mais tempo.

"Em Portugal, a luta política está judicializada e, pior do que isso, há sinais evidentes de que a justiça está politizada.
...
Uma parte importante da luta política tem vindo realizar-se à volta de processos judiciais pendentes com o objectivo de obter vantagens partidárias.
.....
"Decisões judiciais legítimas já foram mesmo contestadas publicamente por esses magistrados, por razões manifestamente políticas.
Já se chegou ao ponto de o exercício legítimo das competências legais do próprio presidente deste Supremo Tribunal de Justiça, ter sido publicamente posto em causa por outros magistrados, unicamente porque as suas decisões não proporcionaram os efeitos políticos que alguns esperavam obter com elas.
...
"E, claro, tudo sempre atirado para a comunicação social com uma abundância de pormenores que já só espanta pela impunidade com que tudo isso acontece.
É neste contexto que se agravou o problema das permanentes e cirúrgicas violações do segredo de justiça em fases processuais em que os arguidos e os seus defensores não podem aceder ao processo....
...
Grande parte da investigação criminal faz-se para a comunicação social, com o intuito óbvio de criar artificialmente o alarme social necessário à aplicação de medidas de coacção mais severas e de condenações mais duras.
......
Em muitos casos os arguidos já chegam condenados à audiência de julgamento, sendo eles que têm de provar a sua inocência e não a acusação que tem de provar a sua culpabilidade.
....
Por outro lado, para certos órgãos de informação, a liberdade de imprensa transformou-se em pura «libertinagem de imprensa».
...
Os tribunais deixaram de inspirar confiança aos cidadãos.
...
O segredo de justiça foi transformado numa verdadeira farsa e já tempo de lhe pôr termo - ou à farsa ou ao segredo.
...
Uma última palavra apenas para sublinhar, mais uma vez, a necessidade urgente de se rever o actual regime de custas processuais.
O Estado deve garantir o acesso à justiça a todos os cidadãos.
... 
É altura de pôr um fim a esta situação, tão escandalosa quanto é certo que em Espanha, aqui mesmo ao lado, a justiça é gratuita.
A gratuitidade da justiça é hoje uma exigência da cidadania republicana.
Os cidadãos e as empresas têm direito à justiça e não podem ser afastados dela apenas porque o estado, em vez de a prestar gratuitamente a todos optou por coloca-la ao alcance apenas de alguns. [Integral aqui ou aqui]
....
António Marinho e Pinto
Bastonário da Ordem dos Advogado

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2010-01-26

 

O Poder dos Juizes. Ninguém contesta?

Segundo o Jornal de Negócios de hoje os juízes continuam a poder aposentar-se aos 60 anos de idade, desde que tenham 36 anos de serviço.

"Quem tem a faca e o queijo na mão" ... usa-os em proveito próprio ou da classe, ficando à espera que chegue a sua vez.

Os juízes estão "a beneficiar", penso com infracção da lei, de um regime mais favorável que a generalidade dos funcionários públicos. Depois das novas regras aprovadas em 2005 as normas de aposentação alteraram-se e ter 60 anos com 36 anos de serviço já não chega. Quem assim pretende é penalizado.

Os tribunais colocam-se acima da lei, pois em vários casos, segundo o JN, têm dado razão aos magistrados que recorrem da forma como a Caixa Geral de Aposentações aplica o Estatuto de Aposentação aos juízes, que em termos gerais os obrigaria a reformar-se mais tarde, alegando que isso só será possível quando houver a revisão do Estatuto dos Magistrados Judiciais.

Que bela justiça!!

Nada tenho contra os juízes, mas contra estas benesses e outras não posso deixar de protestar.

2010-01-25

 

[1919] Supreme Court of the United States


Contando da esquerda para a direita e primeiro os que estão em pé:

O Stephen G. Breyer nomeado por Clinton, em 1994, 
O Ruth Bader Ginsburg nomeada por Clinton, em 1993,
O Samuel A. Alito Jr. nomeado por W. Bush, em 2006,

O Sonia Sotomayor nomeada por Barack Obama, em 2009.

O Anthony M. Kennedy nomeado por Reagan, em 1988,
OO John Paul Stevens nomeado por Gerald Ford, em 1975,
O John G. Roberts, presidente, nomeado por w. Bush em 2005,
O Clarence Thomas nomeado por George H. W. Bush, em 1991, O Antonin Scalia nomeado por Ronald Reagan, em 1986.

O Partido democrata indicou 3 dos actuais nove juizes mas John Paul Stevens, nomeado  em 1975 por Gerald Ford, vota por vezes com a ala liberal (é, por exemplo, a favor do aborto).
A juíza Sonia Sotomayor nomeada o ano passado por Barack Obama, foi a terceira mulher e a primeira de origem hispânica a ingressar na Supreme Court of the United States.
Os juizes do Supremo são escolhidos pelo Presidente e são vitalícios. Há a expectativa de que John Paul Stevens, com 90 anos em Abril, se retire em 2010.

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VERGONHA MUNDIAL NAS PRAIAS DA COSTA RICA


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[1918] Não há dinheiro. Para todos...

Paulo Teixeira Pinto, foi presidente do Millenium-BCP, após a saída de Jorge Jardim Gonçalves, durante ano e meio. Ao deixar o banco recebeu uma indemnização de 10 milhões de euros e uma reforma vitalícia de 500 mil euros anuais (41.600 € por mês).
Quanto receberão os outros que estiveram à frente do banco muito mais tempo? O Banco mantém isso em segredo.

"O que eu quero é que as reformas que [os cinco ex-administradores do BCP acusados] estão a receber sejam devolvidas", declarava Joe Berardo que preside à Comissão, em Junho último, à Lusa. Berardo afirmava que as reformas destes ex-gestores chegavam às "centenas de milhões de euros". E acrescentava: "Estou aqui para proteger o meu investimento e os de 140 mil accionistas do banco." Quando o conselho de administração foi substituido em finais de 2007 o banco teve de incluir nas contas 80 milhões de euros, destinados a rescisões e reformas de ex-administradores.

"Assim, dando cumprimento a esta deliberação, o BCP anunciava que cessaria o pagamento das despesas inerentes aos automóveis nas mãos destes ex-administradores, incluindo os salários dos motoristas, a partir de 1 de Janeiro de 2010.
Além do fim destas despesas, o banco suspendeu o contrato de segurança privada, de que beneficiava o fundador do banco Jardim Gonçalves. Este ex-presidente conta, em permanência, com dois seguranças privados, o que perfaz um total de seis homens destinados a esta tarefa por dia."

"Recorde-se também que Jardim Gonçalves utilizava um avião alugado pelo BCP para as suas deslocações ao estrangeiro, possibilidade que passou igualmente a ser cancelada desde o início do ano."

Muito cidadão desatento julga que sendo o banco uma instituição privada isto não é nada com ele. Mas é. É ele que paga de forma indirecta através dos seus impostos ou das baixos remunerações. Paga nas mil e uma comissões que os bancos (cartelizados) nos obrigam a apagar sem que tenhamos outro recurso. Nos impostos que não pagam por fuga ao fisco com recurso aos paraísos fiscais. Nos impostos baixinhos que a legislação e a "desatenção" dos Governos permite. Nas falcatruas toleradas com falsificação das contas. E mais directamente com o nosso dinheiro, quando arriscam e roubam em excesso e provocam crises como a que vivemos e temos que "salvar" os bancos e salvar as indemnizações milionárias, as reformas douradas e outros desmandos da ordem vigente.
Mesmo sem abolir o capitalismo, façanha que tão de pressa não está na ordem do dia por falta de tudo (teoria, alternativa prática, força política e social) ele pode ser de alguma forma domesticado. Tudo isto pode ser francamente "moralizado" se se concitar a consciência e a vontade social .
Uma proposta mínima, suave, possível de imediato, mas de grande repercussão na consciência social seria colocar obrigatoriamente na internet as remunerações (incluindo as encapotadas) e as reformas douradas dos administradores e outros executivos das empresas públicas e privadas. Veriam que isso daria origem a um controlo social sobre os governos ao contrabalançar em parte (só numa pequena parte!) a sua submissão ao diktat do dinheiro.

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[1917] A fina flor do cavaquismo

Dias Loureiro e o seu amigo libanês Abdul El -Assir montaram um negócio na República Dominicana. Empresa de "alta" tecnologia" assim como que para substituir as caixas multibanco do país por umas melhores.
O negócio era assim: O Assir metia 25% (metia?) o Loureiro metia 75% (do BPN). Metia aonde? Num fundo do Assir! Assim que caíu no "fundo" o dinheiro e a empresa de "alta tecnologia" evaporaram-se.

Mas quanto (do nosso) dinheiro meteu o Loureiro no "fundo" do Amir?

O procurador Rosário Teixeira que dirige a investigação diz que "o negócio terá implicado para o BPN/SLN... verbas superiores a 120 milhões de euros cujo retorno terá sido praticamente nulo." (Semanário Sol de 22 de Janeiro.) Retorno nulo... para o BPN. (Escândalo que o meu colega de blog JAF já aqui em baixo denunciara)

Negócio é negócio e se corre mal para uns é porque correu bem para outros.

Agora com a nacionalização do BPN pagamos nós os 120 milhões do bom mau negócio do Sr. Dias Loureiro e do Sr. Amir. E a CGD (forte do dinheiro dos contribuintes) já avalizou 4 mil milhões que um sindicato de bancos emprestou ao BPN para o salvar.
Mas... o antigo ministro de Aníbal Cavaco Silva, o então membro do Conselho de Estado escolhido pelo Presidente da República, o amigo íntimo de Cavaco Silva, andava por aí "naif" pelas televisões a protestar inocência e que não se lembrava de nada...

É uma pena o grupo SLN/BPN parecer uma associação mafiosa porque sendo dirigido pelo ex-secretário de Estado de Cavaco Silva Oliveira e Costa em parceria, por mero acaso, quero acreditar, com muita da fina flor do PSD cavaquista comprometer não apenas a imagem do PSD como a do próprio Presidente da República.
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Nota: A imagem foi roubada no We Have Kaos in the Garden onde o KAOS político nos é mostrado com requintado humor. Parabéns ao autor.

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2010-01-23

 

Ainda o caso BPN

... É importante que o orçamento 2010 reflicta a situação do BPN, embora o montante que os contribuintes vão pagar pela nacionalização, não se vá repercutir na íntegra neste ano. Mas há que fazer uma previsão. Só o negócio final da venda do banco dirá como se repercutirão no tempo os prejuízos que no entender de Faria de Oliveira não serão elevados.

Sobre o BPN, li ontem que só o negócio de Porto Rico da responsabilidade de Dias Loureiro acarretou prejuízos no valor de 120 milhões de euros.

Era bom que alguma desta gente começasse a ser julgada para evitar os mega processos como preconiza Pinto Monteiro, que se arrastam por anos e anos pois certamente muitos responsáveis já terão a sua quota de responsabilidade apurada.

 

[1916] Consegue Obama domesticar o monstro?

Novo"round" no ataque de Obama a Wall Street chama o Jornal de Negócios (Fim de Semana) às novas medidas com que o presidente dos EU tenta impedir os banqueiros de jogar à roleta com o dinheiro dos depositantes.

* Banca comercial separada da banca de investimento. Os bancos comerciais que recebem depósitos dos clientes estão proibidos de fazer aplicações financeiras com fundos próprios.
* Bancos proibidos de deterem, investirem ou colaborarem em "hedge funds" e empresas de capital de risco.
* Limites ao gigantismo dos bancos e suas quotas de mercado.
* Novo imposto sobre os maiores bancos para recuperar algum do dinheiro dos contribuintes que lhes foi prodigamente fornecido para salvar o sistema financeiro.
Criação de um nova agência  que proteja os consumidores dos abusos que levedaram a grande crise e controlo do crédito às famílias.
* Limitação dos escandalosos pacotes remuneratórios e bónus que os senhores da banca generosamente se atribuem e têm escandalizado o bom cidadão que acreditou nos "bons rapazes".
Isto a somar às reformas propostas em Junho e aprovadas em Dezembro pela Câmara dos Representantes está a criar, como é espectável, grande mágoa aos rapazes da finança que não tiveram mais remédio senão desembainhar a espada.
As reformas não são para matar o monstro (aliás nem sabem bem que tipo de bicho deveriam pôr no lugar dele) pretendem apenas açaimá-lo. Não será fácil.
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O touro é o tal que anuncia ao peão mais distraído que está ali, mesmo mesmo na Wall Street, em NY e não na lezíria ribatejana.

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2010-01-22

 

[1915] Direitos adquiridos

O Correio da Manhã informa-nos hoje, página 23 da edição em papel, que o genro de Oliveira e Costa deixou as funções que tinha no universo BPN (presidente de qualquer coisa), logo a seguir à saída do sogro. Recebeu uma indemnização de 578.148 euros. O CM não informou, pelo menos hoje, das restantes "indemnizações" prémios e outros justíssimas remunerações do propriamente dito OC nem por exemplo de Dias Loureiro e outros "bons rapazes" do PSD cavaquista.
Vai uma aposta em como os tribunais não obrigarão à devolução do produto do roubo? O recebido está recebido. Direitos adquiridos!

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2010-01-21

 

4,2 mil milhões de euros gastou até agora o Estado no BPN

Este montante "aplicado" no BPN, via Caixa Geral de Depósitos, é mesmo muito dinheiro e ainda não se sabe quando nem onde pára.

Muito justamente a CGD pretende recuperar todo o dinheiro gasto nesta operação.

Como ontem dizia Faria de Oliveira na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças " o desejo da CGD é receber o dinheiro no momento da venda ou encontrar formas contratuais que assegurem o reembolso", mas sempre foi avisando que não tem dúvidas de que os cofres públicos terão de suportar o impacto da nacionalização do BPN, considerando porém que este custo será reduzido.

Estamos em momento de elaboração do orçamento para 2010. Para uma boa credibilidade orçamental esta questão não pode deixar de ser clarificada.

É a altura oportuna para se clarificar esta situação na base de uma moralização das relações entre o poder político e o poder financeiro em Portugal. Seria ainda muito oportuno para credibilizar a justiça que se começassem a tornar públicos os factos que originaram a nacionalização.

O processo de acusação e julgamento do caso BPN tem, para bem da justiça portuguesa de avançar de forma célere, ir até às últimas consequências e os responsáveis punidos penal e patrimonialmente, como forma até de indemnizar a República que está a pagar uma nacionalização originada em fraudes de elevados montantes.

Nota à margem. O caso BPP é de outra natureza. Em minha opinião não se justificava ter havido intervenção pública ao contrário do BPN, pelo que é urgente abandonar este caso, independentemente de se considerar ou não que o tipo de intervenção foi a mais acertada. Também em minha opinião não foi a melhor, pois como na altura defendi a nacionalização deveria ter sido do grupo por inteiro.

 

[1914] Obama, um ano depois

Barack Obama completou um ano de governo.Mudou os Estados Unidos? Sim e muito na sua imagem no mundo e na alma da América negra e de outras minorias. Mas ficou aquém do era possível ainda que o possível não pudesse ser muito.

Li uma biografia de Obama, de David Mendell, um jornalista do Chicago Tribune e também a sua autobiografia. Fica-se a gostar do homem. Pelo seu trajecto de vida, abnegação, recusa a uma vida fácil, (trocou uma carreira de sucesso e fortuna por trabalho voluntário no gueto de Chicago) pela sua inteligência e invulgares dotes comunicacionais. À comunicação ajuda muito ter ideias arrumadas.

Mas Obama é um conciliador e julga que o sucesso que obteve na direcção da consagrada e emblemática revista de Direito de Harvard, quando lá cursou, em que ficou célebre a sua escolha para a direcção democrata da revista de alguns republicanos poderia resultar aqui, nos assuntos de Estado, “naquilo que comanda a vida”, o dinheiro, o poder.

É um grave erro pensar que concilia os interesses das petrolíferas com a luta contra o aquecimento global, da indústria de armamento com a paz, das seguradoras com os dos 30 milhões de norte-americanos que não têm acesso à saúde, os fanáticos evangélicos neocons com os democratas, o Partido Republicano dominado pela extrema-direita com a esquerda ou o centro do Partido Democrático. É uma ilusão que já lhe está a sair cara e será fatal se não quiser ou não conseguir alterar o rumo.
Penso que tinha margem de manobra, ainda que não muita, para fazer valer uma política mais firme contra os grandes interesses financeiros que estão na raiz da crise mundial, uma política mais firme no conflito Israelo-Árabe onde está aquém das expectativas que ajudou a criar. Não chega o discurso na Universidade do Cairo por melhor que seja e foi.
Do Afeganistão e do Iraque necessita de sair o mais depressa possível ainda que se perceba que tente uma saída diferente da de Saigão.
Claro que apesar de tudo há uma situação incomparavelmente nova relativamente a W. Bush e sua entourage, de Dick Cheney a Donald Rumsfeld e Paul Wolfowitz.

O busílis está na superação da crise económica. Consegue ou não  pôr a economia a crescer e a dar emprego? It's the economy, stupid, explicou Bill Clinton.
A uma grande parte do seu eleitorado importa saber se consegue ou não dar um novo equilíbrio à sociedade norte-americana diminuindo o fosso crescente, desde os anos 80, entre uma restrita minoria escandalosamente rica e uma percentagem crescente da população empobrecida, marginalizada e abaixo do nível de pobreza.

A perda pelo Partido Democrático da maioria qualificada no Senado (de 60 para 59 senadores) com a vitória do candidato Republicano no Massachusetts, um feudo dos Kennedy desde 1972, vai criar maiores dificuldades a Obama e é um mau presságio para as eleições que se avisinham para a renovação do Congresso.

A sua eleição contou com a ala esquerda do Partido Democrático mas não só. Porque os grandes potentados do partido democrata a certa altura receando-lhe a vitória decidiram investir muito dinheiro na sua campanha como forma de o controlar.
Para a sua vitória foi decisivo o grande movimento popular que galvanizou os afro-americanos, mas também a juventude com o uso da internet e a grande mobilização pelo recenseamento das camadas mais marginalizadas que os neoconservadores do Partido Republicano procuraram eliminar do direito de voto (para além das fraudes eleitorais organizadas nos cadernos de recenseamento e na contagem de votos). Esta grande e rara  mobibilação popular foi decisiva para a vitória mas era sabido, por quem sabe, que se tais milhões de apoiantes não estivessem bem organizados seriam uma poderosa força mas… efémera. Dá para eleger mas não para sustentar uma governação - mudar Washington como dizia - que afronte os poderosíssimos lobbies que cercam a Casa Branca e condicionam os congressistas, sempre receosos de não terem os apoios financeiros suficientes para serem reeleitos.

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2010-01-20

 

[1913] Haiti uma tragégia para durar


Ainda não sabes postar um slide? É simples. Vais aqui: http://www.slide.com/ Está lá tudo explicado. Inscreves-te e segues as instruções. Fazes como eu que me estreei há 5 minutos.

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[1912] Descida aos Infernos


Ele mostrava ao repórter da TV os escombros da escola e apontava para um indistinto buraco - estão lá 80 a 100 alunos da escola. Ainda estão vivos. Pelo menos alguns que eu ouvi com os meus ouvidos os gemidos e os pedidos de socorro. E já passaram três dias.  Mas têm por cima dois andares de escombros.

Dante aceitou reescrever a Descida aos Infernos na sua Divina Comédia. Desculpou-se. Que o terramoto do Haiti só agora ocorreu, 700 anos depois e não conseguiu então imaginar nada assim.

2010-01-19

 

[2011] - O Turismo Internacional em retoma

Segundo o último barómetro da Organização Mundial do Turismo (OMT/WTO), divulgado em 18 de Janeiro em Madrid, sede deste organismo das Nações Unidas, o turismo internacional apresentou uma retoma no último trimestre de 2009 - um ano excepcionalmente difícil para esta actividade por motivos da crise económica e pelas incertezas ligadas à gripe H1N1.

As chegadas de turistas internacionais, a nível mundial, caíram 4% em 2009 situando-se em 880 milhões.

No entanto, esta retoma registada no último trimestre indicia, segundo o Secretário Geral da OMT, uma certa antecipação de melhores tendências, prevendo-se para 2010 um crescimento nas chegadas de turistas internacionais da ordem de 3 a 4% que a efectivar-se constitui uma mudança significativa na evolução da actividade do turismo.


2010-01-18

 

A parvoíce do consul do Haiti no Brasil

Sem saber que as suas declarações estavam a ser gravadas, George Samuel Antoine, cônsul-geral do Haiti em São Paulo, no Brasil, afirmou que a tragédia que assolou o país das Caraíbas, com o violento sismo da passada terça-feira, "é boa" para o Brasil "ficar conhecido".


 

Que vai/foi Cavaco Silva fazer à zona Oeste?

Depois de algum tempo de descanso, estou a entrar com dúvidas e logo sobre a actuação do Senhor Presidente da República. Dúvidas não me faltam e sobre quase tudo.

Mas esta surge bem fresquinha. O senhor Presidente vai/foi hoje ao Oeste, zona recentemente massacrada pelas intempéries, com graves prejuízos para as culturas agrícolas.

Parece que o novo Ministro da Agricultura (embora fale um pouco demais para o meu gosto) não se terá portado mal e terá resolvido o problema a contento dos agricultores.
Uma cobertura dos prejuízos de 75%.

Apenas ouvi uma "associação" a protestar porque parece que alguns que não têm pago impostos não terão acesso a este benefício.

Certamente, o Senhor Presidente da República não vai ao Oeste para louvar a acção do Ministro, nem menos ainda para dizer que todos devem ter acesso aos subsídios mesmo os refractários aos impostos.

Presumindo que nada disto acontecerá vai então lá porquê ou para quê?

Mostrar solidariedade aos prejudicados? Se o é, já deveria ter ido mais cedo. Os estragos já se passaram há algum tempo.

Então, não será antes porque como o Ministro se saiu bem, neste caso há que "facturar " algum para Belém?!.

Nos tempos que correm, tanto mais com Manuel Alegre já no terreno, há que não deixar terreno a descoberto....

 

[1910] Eleições no Chile e na Ucrânia

O Chile virou à direita.

"El derechista Sebastián Piñera se convirtió anoche en el nuevo presidente de Chile después de obtener, con el 99% de los votos escrutados, un 51,61% de los sufragios en la segunda vuelta de las elecciones, frente al candidato de la Concertación y ex presidente Eduardo Frei, que logró el 48,38%. Los resultados confirman que por primera vez en 52 años la derecha vuelve al poder en Chile por la vía de las urnas, precisamente en las primeras presidenciales desde la muerte de Augusto Pinochet. Miles de personas se lanzaron a las calles de las principales ciudades del país para celebrar el triunfo del candidato de Coalición por el Cambio."

E a Ucrânia vira-se para a Rússia (mas talvez só na primeira volta.)

L'opposant pro-russe Viktor Ianoukovitch et la première ministre Ioulia Timochenko s'affronteront au second tour de la présidentielle le 7 février en Ukraine, selon deux sondages de sortie des urnes publiés dimanche 17 janvier.

Sondagem à boca das urnas, na primeira volta das presidenciais, deu 35 % a Ianoukovitch (pró-russo),  26 % à primeira ministra Ioulia Timochenko, 13 % ao ex-banqueiro Sergui Tiguipko e apenas 8% a Viktor Iouchtchenko, o herói da Revolução Laranja de 2004 ela e ele caídos em desgraças.

"Fervent pro-occidental et pro-OTAN, M. Iouchtchenko a profondément déçu ses compatriotes, faute d'avoir réussi à enrayer la corruption et la crise économique qui malmènent le pays. "Les Ukrainiens ont voté contre le chaos politique qui régnait dans le pays ces cinq dernières années. Ils ont voté contre Iouchtchenko et toutes ses initiatives", a commenté Kateryna Kiritchenko, directrice de l'Institut des stratégies anti-crise à Kiev.

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[1909] Não costumo ler campeões de vendas

Autores que mais vendem em Portugal ou em todo o mundo, sejam Margarida(s) Rebelo Pinto ou Paulo(s) Coelho fico logo de pé atrás e, é claro, não compro nem leio. Não sei se perco alguma coisa em não ter lido nada daqueles autores mas na fila de espera, à frente deles, estão umas largas dezenas de autores que todos os dias aumenta.
Vítima deste preconceito talvez tenha exagerado. Também não li nada do Miguel Sousa Tavares apesar de ter dois dos seus livros por aí nas estantes, ofertas de outros Natais. E dizem-me que vale a pena ler alguns deles. O mesmo se passa com José Rodrigues dos Santos. Já peguei num ou noutro dele pelas livrarias mas o anúncio de tantas vendas inibe-me e nem chego a ler aquelas duas ou três páginas que sempre roubamos às livrarias. Mas já me tinham aconselhado. Lê que não te arrependes. Um destes dias vi o meu amigo JMCP a elogiá-lo também como romancista no seu Politeia. E hoje vi o JRS à conversa com a Paula Moura Pinheiro no seu último programa na RTP 2 - Câmara Clara e gostei. Já antes reparara no elevado nível das suas prestações - sem a menor prosápia, como tantos enfatuados por aí -  em entrevistas (sem falar na grande qualidade do seu trabalho como jornalista famoso desde a invasão do Iraque e como pivot da RTP).
Rendo-me. Vou começar pela Fúria Divina.

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2010-01-16

 

[1908] CD do SJ analisa o caso das "escutas"

"O Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas analisou as notícias publicadas pelo "Público" e pelo "Diário de Notícias", em Agosto e Setembro de 2009, sobre a alegada vigilância à Presidência da República, e concluiu que a actuação dos jornalistas do "Público" envolvidos neste caso é reprovável e que os jornalistas do "Diário de Notícias" merecem reparo por não terem observado de forma mais rigorosa a qualidade de uma notícia sobre um aspecto controverso."
...
"A actuação dos jornalistas do «Público» envolvidos neste caso é reprovável, sendo a do antigo director aquela que merece maior reparo e crítica."

"A actuação do Presidente da República quer na gestão do seu tempo quer na sua comunicação também merecem crítica e reparo ... Texto completo do parecer também aqui Link.
Dei com o parecer na Câmara Corporativa.

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[1907] Tiro no pé?

Fernando Lima, "Assessor Político de Cavaco Sila, ex-assessor de imprensa" (como assina) reabre hoje no Expresso o dossiê das  supostas escutas do Primeiro Ministro ao Presidente da República (a intervenção trapalhona da Presidência da República na barganha política eleitoral ao lado de Manuela Ferreira Leite e que conduziu Cavaco Silva ao mais baixo nível de popularidade registado por um PR da era democrática.)

A longa declaração de Fernando Lima tem a infelicidade de não esclarecer nada. Nada apresenta de substantivo e nada refuta. Apenas exorcisa as acusações e os factos que macularam a sua imagem e comprometeram a isenção do PR. Indigna-se e verbera uma "trama que raia o incrível", uma "teia bem urdida pelo fértil imaginário dos criadores de factos políticos". Etc

A iniciativa parece-me (ou estarei a ver mal?) um exemplo acabado da inépcia do autor e da Presidência da República e está à altura de todo o processo trapalhão da "inventona das escutas" de Agosto passado.
Agora que estava esquecida a desgraça que se abatera sobre Belém e as sondagens dão melhor nota ao PR para que vem o Assessor relembrar-nos a infeliz tramóia de Belém? É tendência para o tiro no pé.
É claro que o deputado do PS Ricardo Rodrigues aproveitou a boléia. Belém só se pode queixar de si.
 

[1906] O PR vai condecorar o "Menino Guerreiro"

"Santana Lopes condecorado terça-feira por exercício de "funções públicas de baixo alto relevo""

Vou ver a cara com que Cavaco Silva vai agraciar a "má moeda" com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo.

É uma condecoração por inerência de serviço. Quem foi primeiro ministro é condecorado mas mesmo assim não deixa de ter a sua graça ser quem é a condecorar o "Menino Guerreiro".
(O post sofreu uns pequenos retoques)

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[1905] Manuel Alegre, de Portimão a Belém


"E o que venho aqui dizer-vos é que estou disponível para esse combate. Com todos vós e com todos os portugueses que estão connosco, com todos os que a seu tempo virão a estar, para mudar e para vencer, pela República e por Portugal."

Manuel Alegre iniciou hoje em Portimão a marcha para Belém. O trajecto não é fácil e para chegar ao palácio terá de cometer a façanha, inédita entre nós, de desalojar o inquilino ao fim doprimeiro mandato. Ao contrário de José Lello que diz que o anúncio da candidatura de Alegre é prematuro eu acho-o oportuno.
Com o frio de rachar que assola o país é uma boa ideia para ver se isto aquece.Talvez não seja decisivo mas vai contar com o meu voto.

O discurso está aqui.

2010-01-14

 

[1904] Tragédia no Haiti

Às catástrofes políticas sucede agora uma devastadora catástrofe natural. Fala-se em 100 mil ou até mesmo 500 mil mortos.
"As ruas de Port-au-Prince, uma cidade de dois milhões de habitantes, ficou de repente coberta de pó, qual nevoeiro intransponível. Corpos sem vida juncavam as artérias da cidade agonizante. Numerosos edifícios públicos abateram-se como castelos de cartas.
A agravar o drama neste país que é o mais pobre da América, as comunicações calaram-se deixando o território isolado do exterior. Apenas algumas se mantiveram em acção. O aeroporto foi fechado mas posto operacional por volta das 14h30 GMT, de acordo com responsáveis da ONU."

"A ilha foi descoberta por Cristóvão Colombo em 1492. Já no fim do século XVI, quase toda a população nativa havia desaparecido, escravizada ou morta pelos conquistadores.
A parte ocidental da ilha, onde hoje fica o Haiti, foi cedida à França pela Espanha em 1697. No século XVIII, a região foi a mais próspera colónia francesa na América, graças à exportação de açúcar, cacau e café.
Após uma revolta de escravos, a servidão foi abolida em 1794. Nesse mesmo ano, a França passou a dominar toda a ilha. Em 1801, o ex-escravo Toussaint Louverture tornou-se governador-geral, mas, logo depois, foi deposto e morto pelos franceses..."




Entre 1915 e 1941 o Haiti viveu sob a intervenção e depois a ocupação dos EUA.

O Haiti viveu um dos períodos mais dramáticos da sua existência moderna sob uma das ditadura mais brutais da América latina a de François Duvalier o Papa Doc entre 1957 e 1971 continuada pelo seu filho Jean Claude Duvalier, o Baby Doc, até 1986. Em 1990 em eleições livres o padre Jean Bertrand Aristide chega a presidente. Foi a esperança da democracia mas meses depois um golpe militar repôs a "normalidade" deste desafortunado país, nova ditadura. Aristide regressa em 1994 . A situação melhorou mas não muito. Em 2004 é obrigado a fugir

O Haiti em números:
Superfície: 27.750 km2, menos de 1/3 da área de Portugal, 28 % de terra arável.
9 milhões de habitantes. Idade média da população 20 anos (Portugal, cerca de 40 anos) 95%  de pretos e 5% mestiços e brancos. 80% católicos 16 % protestantes,
Língua oficial, o Francês, fala-se crioulo.
O Haiti é o país mais pobre do hemisfério ocidental com 80% da população a viver abaixo do nível de pobreza (Portugal em 2006: 18%) e 54% numa miséria degradante. 
Independência: 1 Janeiro 1804 (da França)
PIB - per capita 1,3 dólares em 2008 (Portugal 22,2 dólares em 2008).
Telemóveis 3.2 milhões (2008) (Portugal 14,91 millhões em 2008).
Utilizadores da internet 1 milhões em  2008 -( Portugal 4,5 milhões em 2008
Fonte: The World Factbook.

2010-01-13

 

[1903] A imagem de uma certa política


Pedro Santana Lopes quer um congresso. Jardim apoia. Mas PSL quer um teatro um congresso para se mostrar, através das televisões, ao povo do PPD/PSD. Para falar. Não propriamente para dizer algo. Pedro Santana Lopes quer aberto. Jardim quer fechado.

Pedro Passos Coelho também disse qualquer coisa.

O "povo [que] é sereno" aguarda os próximos episódios.

 

[1902] Sarah quê?


Sarah Palin foi contratada pela Fox News. Vai estar no ar, na estação dos neo-cons, a dizer umas tretas, a saracotear-se. É bonita, é racista, é preconceituosa, é amoral, é reaccionária, é ignorante. Tem condições para ser eleita nas próximas ou nas eleições seguintes. Se Berlusconni ganha eleições e repete por que não esta espécie de mulher.

E com a crise, o desemprego, o Afeganistão, o Paquistão, Israel, com os EUA e quem ali manda (a América de Obama é a mesma América do tempo do W. Bush  apenas um pouco diferente)  que pode fazer Obama mais que já faz. Pois se até tem um cão de água português, já nos podemos dar por satisfeitos

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[1901] Decidir o sagrado por referendo?

O Casamento da Virgem Maria - de Rafael

O casamento - aos olhos da Igreja é um sacramento.

[O Matrimónio é a união conjugal de um homem e uma mulher, entre pessoas legítimas para formarem uma comunidade indivisa de vida (Cf. Catecismo Romano, P.II, cap. 8, n.3) Segundo o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica Deus, que é amor e criou o homem por amor, chamou-o a amar. Criando o homem e a mulher, chamou-os no Matrimónio a uma íntima comunhão de vida e de amor entre si, "assim, eles não são mais dois, mas uma só carne" (Mt 19,60. Ao abençoá-los, Deus disse-lhes: "Sede fecundos e prolíficos" (Gn 1,28). [Link]

O casamento católico é coisa sagrada.  O outro, o civil, que ganhámos, já faz um tempo, depois de muita guerra com a Igreja que em tudo mandava, não é sagrado e... deixa os católicos em pecado. Mas relativamente a este - o casamento civil -  o bispo, como embaixador de Deus, não deveria meter o bedelho. Mas mete. Mas se mete, para ser coerente,  só pode meter o bedelho para considerar que o casamento tem de ser assim como Deus confiadamente lhe transmitiu e vem na Bíblia (pila com pipi para "comunidade indivisa de vida" e procriação). Ora para escândalo do rebanho e da inteligência vejo os bispos a quererem que a coisa (que é sagrada, que é de fé) seja decidida pela ignorante e falível cabeça dos  homens e mulheres, pecadores, querem que seja decidida por REFERENDO. (Blasfémia!) Como posso a partir de agora confiar no Bispo? Só se desconfiar da minha inteligência.

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[1900] MUKUL, é assim mesmo

Nem tudo é triste, que raio. Há até - imagine-se - razões que nos aquecem o coração e fazem ter, mesmo que frágil, uma réstea de esperança na humanidade. Que razões? Olhem, casos como este.
Um homem. Um jovem. Um estudante. E - pasme-se - um aborígene doutro continente. De outra raça. De outra cor. (Alguma cor há-de ter, suponho.)
Vá lá, grande Mukul Asadujjaman... choca aí, pá!
[Link também aqui se aquele se extinguir]

2010-01-12

 

[1899] Salgueiro em Belém ou "os pobres que paguem a crise"

Já todos repararam que a situação económica do país não vai bem. Às dificuldades estruturais somou-se a Grande Crise provocada pela economia mundial de casino, pela desregulamentação, pela alta finança especuladora, pelos banqueiros. Para salvar o sistema financeiro (não para o reformar!) os governos socorreram a banca e os banqueiros com milhões de milhões de euros. Estes é claro conseguiram pôr a roleta e o casino a funcionar com uns retoques de maior seriedade na fachada e mais umas mãos cheias de prémios para os seus bolsos "por terem salvo a situação".
Mas à crise financeira seguiu-se, como era óbvio, a crise económica e todo o gigantesco roubo e brutal destruição de riqueza tem de ser paga por alguém. Em suma é preciso apertar o cinto.
Mas o cinto de quem? Dos banqueiros? Das famílias que medem os rendimentos mensais pela escala das dezenas de milhar de euros? Ou apertar o cinto dessas classes ditas trabalhadoras mas que melhor seria dizer preguiçosas, cujas famílias se contentam com sa lários ou reformas de 400, 600, 1000, 2.000 ou 3.000 euros por mês?
Pois é preciso assustar a ralé e as classes médias baixas ou medianas. É preciso convencê-las que é melhor apertarem o cinto do que morrer de fome ou "explodir".
É isso que João Salgueiro foi fazer a Belém. Participar na campanha que leve os do costume: os trabalhadores e as classes médias a pagar a crise. Não os ricos como se pedia em 1975 no PREC.

A situação está explosiva diz o PR. E Salgueiro e o grande patronato garante que sim.

Ora todos sabemos que a solução é a Economia. A produtividade. As exportações. Ganhar à concorrência.  Melhores recursos humanos (em especial na classe empreendedora!)  melhor Justiça, menos burocracia, etc, para atrair investimento externo.
Já gastámos dezenas de milhões em estudos desde o Porter para descobrir o busilis. Mas enquanto a situação não melhora é necessário ir buscar o dinheiro com que se socorreu a banca a alguma lado. Tenho uma boa solução. Fazer como o norte-americano Franklin D. Roosevelt fez nos anos 30 e 40 e outros continuaram até aos anos 70. Apertar o cinto dos 20% mais ricos com escalões abundantemente progressivos de IRS, com maiores taxas nas mais-valias, aumento graúdo do imposto sucessório mas só para as grandes fortunas.  Isto digo eu que não sou especialista mas os especialistas em emagrecer os baixos rendimentos aposto que se quiserem sabem como ir buscar mais dinheiro às fortunas.

Salgueiro apontou para o perigo em que estão no futuro as reformazitas. Ora eu propunha para já uma forte redução das principescas pensões que tantos por aí auferem das empresas públicas e... privadas. Apenas com uma moralizadora taxa adequadamente progressiva de IRS.
A situação, garanto, ficava menos "explosiva".


2010-01-08

 

[1898] O histórico encontro clandestino PCP-PS, em Paris, em 1973

Aqui ao lado, nos Caminhos da Memória a propósito da velha amizade com o Jaime Mendes mas só agora patenteada no Facebook coloquei um post que me foi sugerido por um dos seus artigos do seu novel blog O Caminho de Salomão.
Evocava ele uma reunião clandestina do PCP com o PS, em vésperas ou ante-vésperas da alvorada da democracia, em que teria participado o seu sogro Manuel Tito de Morais. Como participei nessse histórico encontro, em Paris, em 12 de Setembro de 1973, dia seguinte ao do fatídico golpe de Pinochet no Chile, decidi apelar à memória para a deixar em registo nos Caminhos... da Memória.
Escrito ao correr da pena e relido à pressa, là poisaram alguma dessas aves indesejáveis (mas só neste locais) as gralhas. O leitor corrigi-las-á facilmente. Até uma simples soma ou subtração saiu errada ao dizer que em 1973 percorria eu o meu oitavo ano de clandestinidade quando de facto já entrara no décimo.
A imagem com um ou dois clics fica à maneira. Isto é, legível. Trata-se da página 4 do Avante Clandestino de Outubro de 1973 com o comunicado conjunto PCP-PS dessa reunião.
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Anexo parte do longo artigo que escrevi nos Caminhos da Memória cujo "link" está, acima, no início deste "post"
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post do Jaime conduziu-me ao histórico e clandestino primeiro e único (antes do “25 de Abril”) encontro de delegações do Conselho Directivo do Partido Socialista, recém- constituído e do Comité Central do PCP, em Paris. O “Comunicado Comum” saído da reunião e publicado no Avante clandestino de Outubro de 1973 (na imagem) refere como data o mês de Setembro mas não oferece, por causa da PIDE, mais nenhuns dados, nem o dia, nem o país ou a cidade onde teve lugar ou a composição das delegações.
Sei que a reunião foi em Paris porque participei nela e lembro-me bem de que ocorreu na manhã de 12 de Setembro de 1973, como explicarei.
O encontro realizou-se numa escola situada numa “mairie” do PCF disponibilizada por este partido “irmão” para esse encontro. A situação clandestina de Cunhal, a presença da PIDE em Paris e as ligações desta, segundo se cria, aos serviços secretos franceses obrigava a cuidados especiais. Foi assim que fui a um encontro com Mário Soares em local previamente combinado pelos partidos para o conduzir ao local da reunião. Foi à saída de uma estação de Metropolitano pelas 8h da manhã, com senha e contra-senha.
Recordo muito bem a data porque Mário Soares me informou, muito consternado, o que se tinha acabado de passar, na madrugada de 11 de Setembro, no Chile. O golpe militar de Pinochet e o assassinato do presidente Salvador Allende. Não podíamos adivinhar os 20 mil mortos que se seguiriam às mãos dos golpistas e da feroz ditadura que travou os primeiros passos do que se esperava vir ser a primeira experiência mundial de uma revolução socialista pacífica e assente em eleições com base numa aliança entre comunistas e socialistas que levaram o socialista Allende a presidente da República.
Uma aliança destas com resultados tão decisivos e auspiciosos no Chile parecia-me, tendo em conta as desavenças entre comunistas e socialistas portugueses, surpreendente e utópica em Portugal. Não diga isso, respondeu-me um dirigente do PC Chileno com quem estivera um ano antes. Olhe que nós também. Ainda poucos anos antes da aliança confrontávamo-nos violentamente, cada qual na sua trincheira de inabaláveis razões.
Na conversa com Mário Soares a caminho do encontro conversámos também sobre as movimentações que ocorriam nas Forças Armadas Portuguesas e sobre Spínola.
Há coisas de que me lembro perfeitamente mas outras, aparentemente mais fáceis de guardar não consigo recordar, por exemplo a exacta composição da delegação do PS. Além de Mário Soares lembro perfeitamente a participação de António Macedo mas não do terceiro membro da delegação. Tito de Morais? Ramos da Costa?
Há um momento que me ficou gravado impressivamente na memória. Discutia-se o conteúdo do documento que era suposto ser aprovado ali pelos dois partidos e do qual se esperava o maior impacte em Portugal, nos limites dos circuitos clandestinos e da boca a boca porque a censura não dava lugar para a mínima notícia de tal acontecimento, nem rádio, nem jornais e muito menos televisão. A não ser nas ondas curtas da Rádio Portugal Livre (do PCP a partir de Bucareste), da Rádio Voz da Liberdade (da Frente Patriótica de Libertação Nacional, com a voz de Manuel Alegre, a partir de Argel), da Rádio Moscovo ou da BBC.
Esse encontro criou uma grande expectativa, tanto maior quanto se sabia da dificuldade de relacionamento entre o PCP e PS e se pressentiam novas e talvez decisivas dificuldades do regime e do Governo de Marcelo Caetano exposto ao descontentamento dos capitães com a continuação infindável das guerras coloniais.
A certa altura da reunião, Cunhal defendia que no documento ficasse explícito que ambos os partidos “reconheciam o direito à independência total e imediata das colónias portuguesas” onde a guerra durava há 12 anos. Macedo levantou objecções. Algumas “sensibilidades” do PS recusavam a admissão, assim sem mais nem menos, da “independência total e imediata” das colónias. Mas Mário Soares interrompeu António Macedo e garantiu que o PS estava de acordo e poderia ficar assim no comunicado.
Muitos anos depois, aí pelos anos 90, relatava eu isto num debate, creio que na SIC, quando um dos participantes, antigo dirigente político de partido radical me interrompeu com um aparte
– Lá estás tu a branquear o Mário Soares.
Respondi-lhe que lamentava desiludi-lo mas que fora assim que as coisas se passaram.
Reparei também – voltando a 12 de Setembro de 1973 – que Cunhal já trazia o comunicado muito preparado e apenas fez ali algumas alterações propostas por Mário Soares. Operacionalidade, evitando assim nova reunião (clandestina) para a redacção final do documento, e quiçá, mais propostas de alteração.
Lembro-me que a manhã não estava radiosa do Sol português. Paris mergulhava numa atmosfera cinzenta que diminuía o fulgor da mais bela capital do mundo.  Mais bela…  talvez depois  de Lisboa e Nova York. Há opiniões.
Tinha vindo a Paris para uma reunião secreta do Comité Central do PCP que decorrera algum tempo antes e que aprovou um longuíssimo documento intitulado “Por uma grande campanha política de massas (PELA LIBERDADE, PELA FIM DA GUERRA COLONIAL, POR UMA VIDA MELHOR). Fiquei mais algumas semanas retido por uma agenda (como hoje se diria) que incluía várias tarefas incluindo este encontro com o PS.
Ainda estive mais uma vez com Álvaro Cunhal antes de partir para Lisboa, por Biarritz, de comboio, para San Sebastian em autocarro turístico. Daqui, de novo, de comboio até Puebla de Sanabria, próximo de Bragança, depois para o outro lado da fronteira em Portugal a pé por caminhos serranos guiado por um “passador” de pé rápido e pouca conversa como convinha a quem não quer ser identificado e me deixou, num descaminho de macadame, num carro do aparelho de fronteira do PCP, que me levou a Bragança. Aqui esperava-me o meu amigo Pedro Ferreira que me trouxe até Lisboa. Para entrar em casa ainda meti táxi, meia hora a pé e verificação em local pré-estabelecido do sinal de “casa em segurança” posto nesse dia pela Maria que teve de se aguentar sozinha com a nossa filha durante mais de um mês em que andei por fora.
Viagem pouco prática? Talvez. Mas segura. Foi assim, com cautelas e caldos de galinha, disfarces e sustos que me desencontrei da PIDE durante dez anos em Lisboa e arredores. Uma das vezes até aluguei uma casa numa rua do Bairro da Beneficência bem perto do sinistro e mítico, José Gonçalves, chefe de brigada, da PIDE. Era um bom truque. Ali ao lado dele a polícia não desconfiaria. Mas foi sem querer, confesso. Só na primeira visita do “controleiro” Ângelo Veloso, fiquei a saber, quando arregalou os olhos “passado” com a minha decisão. Foi então que me socorri daquela estulta explicação.

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[1897] Aquecimento global traz nova era glaciar


A Europa atinge recordes. A Inglaterra está com 20 graus negativos. Noruega e Suécia apanham com menos 40. Portugal nas zonas interiores contenta-se com 4 positivos e Lisboa com 11. Até nisto se vê o nosso atraso. Valha-nos isso. Mas mesmo assim vai por aí um frio de rachar.
No bojo do aquecimento global uma nova era glaciar?  Só nos faltava isto agora.

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