8559 km de Murmanski a Havana
Nem todos os dias vamos até Havana, capital de Cuba. Eu fui até lá, em "trabalho", em 1965, frequentar um curso de acções armadas para a criação da ARA Acção Revolucionária Armada. Com a ARA esperávamos fortalecer e acelerar a luta para o derrube do regime fascista do ex-seminarista, vindo de Santa Comba Dão, Salazar de seu nome.
A criação da ARA foi uma odisseia que só se venceu após anos e anos de luta a vencer dificuldades criadas pelo regime salazarento. A primeira acção armada exitosa foi a sabotagem, com duas grandes explosões, do mais moderno navio cargueiro de apoio à guerra colonial, o Cunene, em 1970.
Mas para ir a Cuba era o cabo dos trabalhos. Como chegar lá? De Portugal Salazar não deixava e de muitos outros países países os Estados Unidos também o impediam com o seu cerco a Cuba, de modo que fiz uma viagem de quase uma volta ao mundo para lá chegar.
Como a PIDE ainda não me chegara aos calcanhares pude airosamente ir até Paris e daqui de comboio ou avião até Genebra e Zurique na Suíça. Aqui já mais seguro de quaisquer controles pidescos, parti confiante para Praga e daqui para Moscovo. Pensava partir daqui de avião para Havana mas assim não aconteceu, os tempos eram de guerra ainda que fria e os EUA só não invadiam Cuba porque Moscovo, senhor de armas nucleares em prontidão o impediam. Afinal não segui de Moscovo direto para Havana como pensava. Os países da Europa Ocidental vassalos dos EUA não autorizavam a passagem para Cuba de aviões, sequer de passageiros ou comerciais, pelos seus espaços aéreos. De modo que de Moscovo não segui directamente para Cuba como esperava e fiz o caminho tortuoso que a aviação, da então União Soviética, tinha de fazer, via Murmanski, cidade soviética junto ao Polo Norte e daí via, Oceano Atlântico abaixo, atá ao Mar das Caraíbas e aterragem em Havana. Fiz a viagem com o Rogério de Carvalho, um herói do PCP já com muitos anos de prisão por "Peniches" e "Tarrafais" que ia comigo frequentar o curso de acçãos armadas em Havana.
Em Murmanski fizemos apenas uma rápida paragem mas gostei de ver tanta neve. O avião aterrou numa pista entre duas altíssimas muralhas de neve e por todo o lado só neve, neve e mais neve. Ao interior do avião não chegava o frio mas ao sairmos para a gare usámos uns casaquitos que nos forneceram para o efeito. Pele e lã, fofinhos por dentro mas tão grossos, robustos e pesados que ajoujávamos dentro deles.
Pelo infindo Mar Atlândico abaixo eu e o Rogério pouco ou nada vimos dada a escuridão da noite mas lá mais para a frente, quando já clareava o dia maravilhávamo-nos com a vista verdejante das Caraíbas e de Cuba.
E fico-me por aqui. Depois relatarei a belíssima recepção e estadia cubana durante uns curtos meses.
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estatuadesal
Fev 18
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(Miguel
Sousa Tavares, in Expresso, 17/02/2023)
Reproduzo um extrato de um artigo de Miguel Sousa Tavares no Expresso reproduzido no "site" Estátua de Sal : (o texto a negrito é de minha autoria)
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4 - Perante um desvanecido Parlamento Europeu, Zelensky apelou à
urgente entrada da Ucrânia na União Europeia com um argumento que, em boa
verdade, lhe foi fornecido pelos próprios europeus: que na guerra contra os
invasores russos ele está a defender os valores europeus. Mas não é verdade,
assim como não é verdade que, como reza a propaganda ocidental, Putin se tenha
oposto à adesão da Ucrânia à UE. Putin opôs-se e opõe-se, sim, à adesão da
Ucrânia à NATO, pela razão elementar de não gostar de ver mísseis nucleares do
inimigo estacionados no seu quintal das traseiras, tal como Kennedy não os quis
ver em Cuba, em 62: tão simples quanto isto. Agora, se, como também reza a
propaganda ocidental (e aí eu concordo), é do interesse de Putin ver a UE
desmembrada por dentro e reduzida à ineficácia, a entrada da Ucrânia servirá às
mil maravilhas os seus interesses. Não se trata apenas da questão de a Ucrânia
ultrapassar na adesão países que há mais tempo estão em lista de espera — com o
caso extremo da Turquia a embaraçar tudo e todos — ou dos custos astronómicos
da sua adesão para o orçamento comunitário, ou da revolução que exigiria na
PAC. Esses problemas, que já seriam capazes, por si, de paralisar a UE durante
anos, deixariam de fora, porém, o principal deles, a médio e longo prazo: é
que, ao contrário do que jura Zelensky, os valores da Europa não são os valores
da Ucrânia. Na sua matriz, a UE — e a sua antecessora, a CEE — colheu a
inspiração política nos valores da democracia ateniense, depois solidificados
por décadas de democracias liberais na Europa Ocidental, embora com excepções
(Portugal e Espanha). Mas a Ucrânia, como a Rússia, pertence a outra história,
outra civilização e outra Europa: a Europa eslava e autocrática. Não é por
acaso que os valores tradicionais liberais da UE esbarraram, após o alargamento
a leste, com a resistência autocrática de países como a Chéquia, a Polónia ou a
Hungria. Assim como não é por acaso que os dossiês mais complicados que estão a
ser negociados entre a Ucrânia e a UE, nesta fase de pré-adesão, sejam assuntos
que nem sequer estiveram em cima da mesa quando, por exemplo, Portugal e
Espanha negociaram: corrupção endémica das instituições do Estado, falta de
independência dos tribunais, insuficiente liberdade de imprensa. Em Bruxelas, a
Ucrânia é um elefante no meio da sala. Os democratas europeus sabem-no e Putin
também. Um pouco mais de conhecimento da História e de percepção geopolítica e
um pouco menos de entusiasmos infantis chegariam para o entender.
(Aleksey Pilko, in Resistir, 17/02/2023)
As declarações de Seymour Hersh à imprensa sobre o envolvimento dos Estados Unidos nas explosões dos “Nord Streams” abriram uma caixa de Pandora. E em vários locais ao mesmo tempo. Em primeiro lugar, o aparecimento de material sobre a ordem directa de Biden para realizar a sabotagem indica o aparecimento de opositores nas elites americanas que não gostam do envolvimento contínuo da América na guerra com a Rússia. Do contrário, o artigo de Hersh simplesmente não poderia ter aparecido.
Em segundo lugar, as declarações de Hersh ao jornal alemão Berliner Zeitung a dizer que o Chanceler Federal da Alemanha Olaf Scholz sabia da próxima sabotagem e quase a aprovou são um ataque de informação direta às elites pró-atlânticas alemãs pelos opositores supracitados do establishment político americano. E é extremamente doloroso para eles, porque tais injecções podem abalar a sociedade alemã e causar um protesto civil generalizado. Naturalmente, não imediatamente, mas a água aguça a pedra.
A Alemanha é hoje o elo mais vulnerável da estratégia da administração Biden, que consiste em infligir uma derrota militar à Rússia na Ucrânia. A sociedade alemã ainda não vê o nosso país como um inimigo, e entre os representantes das elites alemãs há muitos que consideram o que está a acontecer um pesadelo e culpam os Estados Unidos por tudo, pois ao expandir irrefletidamente a NATO provocou uma guerra na Europa. Portanto, a médio prazo, é possível conseguir uma correção da política alemã em relação ao conflito na Ucrânia.
No entanto, o tiro de Hersh tornou-se um gatilho não só para a emergência de discussões nos Estados Unidos e na Europa sobre o tema “Por que diabos é que Biden fez explodir o gasoduto? Resultou também na activação da China, que tem um potencial crescente de conflito nas relações com os Estados Unidos. Afinal, se os americanos podem fazer isto com o gasoduto russo-alemão, então porque não com instalações de infraestruturas chinesas?
Claro que seria um exagero dizer que foi Hersh quem lançou os balões chineses para o céu sobre os Estados Unidos. Mas o facto de Pequim se ter tornado mais ativo e ter começado a exigir explicações de Washington sobre a sabotagem nos “Nord Streams” é um facto indiscutível. Porque uma guerra não declarada de infra-estruturas é uma séria ameaça, acima da qual está apenas a utilização de armas nucleares.
E em conclusão, podemos dizer o seguinte: os materiais de Seymour Hersh não são o único episódio do confronto incipiente de informação entre os partidos americanos de “paz” e “guerra”, mas apenas o seu início. Por conseguinte, podemos esperar o aparecimento nos media públicos de bombas barulhentas que podem ter um impacto significativo na nossa percepção do que está a acontecer.
Ver também:
Como os EUA eliminaram o gasoduto Nord Stream, de Seymour Hersh
Será que o Scholz sempre soube sobre o plano Biden para bombardear o Nord Stream?
O original encontra-se em www.stalkerzone.org/seymour-hersh-opened-a-pandoras-box/.
Este artigo encontra-se em resistir.info
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Quem é Seymour Myron "Cy" Hersh é um jornalista investigativo norte-americano, ganhador do Prémio Pulitzer de Reportagem Internacional e especializado em geopolítica, atividades dos serviços secretos e assuntos militares dos Estados Unidos. Wikipédia
Muito esclarecedor este artigo de Thierry Meyssan, in Rede Voltaire, 14/02/2023)
"O Presidente
Zelensky, que ridicularizava a maneira como os Ucranianos vinham a Bruxelas
mendigar quando era humorista, veio a Bruxelas mendigar sendo Presidente.
É um segredo de polichinelo : o governo de Kiev está
em vias de perder militarmente face ao Exército russo. Este avança sem se
apressar e vai construindo a defesa das regiões que por referendo se juntaram a
Moscovo. mas esta inexorável realidade esconde outras coisas. Por exemplo, o
facto da Turquia, que permanece membro da OTAN, apoiar a Rússia e lhe fornecer
peças de reposição ao seu Exército. A Aliança Atlântica não somente perde como
também se fissura.
O futuro da Ucrânia está a
definir-se. Os combates
opõem por um lado o governo de Kiev, que se recusa a honrar a sua assinatura
dos Acordos de Minsk e, do outro, a Rússia que pretende fazer cumprir a
Resolução 2202 do Conselho de Segurança, ratificando os referidos Acordos.
De um lado, um Estado que recusa o Direito Internacional e é apoiado pelos
Ocidentais, do outro, um outro Estado que recusa as regras ocidentais e é
apoiado pela China e pela Turquia.
Como é que o Presidente
Volodymyr Zelensky, eleito para aplicar os Acordos de Minsk, conseguiu se
transformar num «nacionalista integralista» [1], tomar o partido dos fanáticos, herdeiros
dos piores criminosos do século XX? É um mistério. A
hipótese mais provável é a financeira,
já que Zelensky é conhecido, desde a publicação dos Paradise
Papers, pelas suas contas offshore e as suas propriedades em
Inglaterra e em Itália. Fora disso, Volodymyr Zelensky não tem grande relação
com os seus « nacionalistas integralistas ». É um covarde. No início da guerra, ele permaneceu
várias semanas escondido num bunker, provavelmente fora de Kiev. Só saiu depois que o
Primeiro-Ministro israelita Nafatali Bennett lhe ter garantido que o Presidente
Vladimir Putin lhe prometera que não mataria o presidente ucraniano [2]. Desde aí, arma-se em fanfarrão através de
vídeo em todas as cimeiras (cúpulas-br) políticas e festivais artísticos ocidentais.
Como
é que a Turquia, aliado dos Ocidentais no seio da OTAN, se alinhou do lado
russo? Isto é mais fácil de compreender por aqueles que seguiram as tentativas
de assassinato do Presidente
Recep Tayyip Erdoğan pela CIA. À partida, Erdoğan era um bandido de rua.
Depois, envolveu-se numa milícia islâmica que o levou a aproximar-se tanto dos
insurgentes afegãos como dos jiadistas russos da Ichquéria (Chechénia -ndT), só
depois desse percurso é que ele ingressou na política, no sentido clássico do
termo. Durante o seu
período de apoio aos grupos muçulmanos anti-russos, ele foi um agente da CIA.
Como muitos, quando chegou ao Poder, considerou as coisas de modo diferente.
Distanciou-se progressivamente de Langley (sede da Cia) e quis servir o seu
povo. No entanto, a sua evolução pessoal foi-se dando enquanto o seu país ia
mudando várias vezes de estratégia. A Turquia nunca digeriu a queda do Império Otomano. Ela
experimentou diferentes estratégias sucessivamente . Desde 1987 que ela é
candidata à União Europeia. Em 2009, com Ahmet Davutoğlu, pensou restabelecer a
sua influência otomana. Uma coisa levando a outra, ela imaginou juntar esse
objectivo nacional ao percurso pessoal do seu Presidente para se tornar a
pátria dos Irmãos Muçulmanos e restabelecer o Califado, suprimido por Mustafa Kemal Atatürk em
1924. Mas, a queda do Emirado Islâmico obriga-a a abandonar esse projecto.
Então a Turquia virou-se para os povos turcófonos. Hesita em incluir os Uigures
e, finalmente, escolhe os povos etnicamente turcos. Seja como for, nessa busca,
ela já não tem necessidade nem dos Europeus, nem dos Estados Unidos, mas da
Rússia e da China. Após a sua vitória contra a Arménia, criou a « Organização
dos Estados Turcos » (o
Cazaquistão, o Quirguistão, a Turquia e o Usbequistão. Além de que a Hungria e
o Turcomenistão têm nela o estatuto de observador).
Hoje,
segundo o Wall
Street Journal, mensalmente 15 empresas turcas exportam, por 18,5
milhões de dólares, materiais comprados aos Estados Unidos para uma dezena de
sociedades russas sujeitas a medidas coercivas ilegais unilaterais dos EUA
(apresentadas como «sanções» pela propaganda atlantista) [3]. O Subsecretário do Tesouro dos EUA encarregado do Terrorismo e da
Inteligência Financeira, Brian Nelson, foi a Ancara em vão a fim de forçar a
Turquia a respeitar as regras ocidentais. Ancara continua secretamente a apoiar
o Exército russo.
Quando
o emissário norte-americano salientou que a Turquia estava na corrida errada ao
colocar-se do lado do perdedor russo, os seus interlocutores apresentaram-lhe os números
verdadeiros da guerra na Ucrânia, estabelecidos pela Mossad e publicados
por Hürseda
Haber [4]. No terreno, a relação de forças é de 1
para 8 a favor da Rússia. Há 18. 480 mortos do lado russo, contra 157. 000 do
lado ucraniano. Tal como no conto de Andersen, o rei vai nu. Hoje em dia, a Turquia bloqueia a adesão da Suécia à OTAN. Ao
fazê-lo, ela bloqueia também a da Finlândia que havia sido apresentada em
conjunto no mesmo dossiê. Se admitirmos as informações do Wall Street Journal, não se trata de um acaso.
É certo, Ancara havia obtido o compromisso destes dois países em extraditar os
chefes do PKK e do movimento de Fethullah Gülen; compromisso que eles não cumpriram. Mas isto não
podia ser diferente na medida em que, depois da prisão do seu chefe, Abdullah
Öcallan, o PKK se tornou
uma ferramenta da CIA e se bate hoje sob as ordens da OTAN, quando antigamente
era aliado dos Soviéticos [5]. Quanto a Fethullah Gülen, ele vive nos
Estados Unidos sob a protecção da CIA.
A Turquia apoia hoje, portanto, a Rússia da mesma forma que a
China : ela fornece-lhe peças de reposição para a sua indústria de Defesa e não
hesita em reexpedir-lhe o material de fabrico norte-americano. Mas enquanto a
Croácia e a Hungria, também membros da OTAN, não hesitam em dizer publicamente
que o apoio da Aliança à Ucrânia é uma estupidez, sem no entanto a deixar,
Ancara finge ser totalmente atlantista.
O tremor de terra que acaba de sacudir a Turquia e a Síria não
tem as características dos tremores de terra observados até agora, em todo o
mundo. O facto de uma dezena
de embaixadores ocidentais terem deixado Ancara nos cinco dias precedendo o
sismo e de, no mesmo período, os seus países terem emitido avisos contra
deslocações à Turquia parece indicar que os Ocidentais sabiam antecipadamente o
que se ia passar. Os
Estados Unidos dispõem de meios técnicos para provocar tremores de terra.
Em 1976, eles tinham-se comprometido a jamais recorrer a a tal. A Senadora romena Diana Ivanovici
Șoșoacă afirma que eles violaram a sua assinatura da « Convenção sobre a
interdição em utilizar técnicas de modificação do ambiente com fins fins
militares ou quaisquer outros fins hostis » e provocaram este sismo [6]. O Presidente Recep Tayyip Erdoğan ordenou
aos seus Serviços Secretos (MİT) estudar aquilo que não passa hoje senão de uma
hipótese. No caso de uma resposta positiva, seria preciso admitir que
Washington, consciente de que já não é mais nem a primeira potência económica
mundial, nem a maior potência militar mundial, está a destruir os seus aliados
antes de morrer.
Contrariamente às mensagens com as quais os Ocidentais são
bombardeados, no terreno, não só a Ucrânia perde como a OTAN é posta em causa
internamente por, pelo menos, três dos seus membros.
Nestas condições, como explicar que os Estados Unidos continuem
a enviar armas para o campo de batalha e a exigir aos seus aliados que as
enviem de forma maciça? É forçoso constatar que a maioria dessas armas não são
modernas, antes datam da Guerra Fria e são geralmente soviéticas. É, pois, inútil desperdiçar
armas dos anos 2000 sabendo que elas serão destruídas porque a Rússia dispõe de
armas mais modernas que as do Ocidente. Além disso, pode ser
interessante para vários exércitos testar armas de última geração em combates
de alta intensidade. Neste
caso, os Ocidentais enviam apenas alguns espécimes destas armas e nada mais.
Por outro lado, enquanto as
unidades de « nacionalistas integralistas » ucranianas recebem armas
ocidentais, os conscritos não. O diferencial, provavelmente dois terços, é
conservado na Albânia e no Kosovo ou enviado para o Sahel. Há três meses, o
Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, na Cimeira da Comissão da Bacia do Lago Chade (LCBC),
denunciou a chegada destas armas em mãos do Estado Islâmico [7]. Perante as exclamações de surpresa e de
indignação dos parlamentares dos EUA, o Pentágono criou uma comissão encarregue
de fazer um seguimento dos fornecimentos. Mas em momento algum, ela deu conta sobre suas actividades e os
desvios que teria constatado.
Há duas semanas, o Inspector-geral do Pentágono dirigiu-se à
Ucrânia, oficialmente para lançar luz sobre esses desvios. Num artigo
precedente, mostrei que ele foi lá principalmente para apagar com êxito os
traços dos negócios de Hunter Biden [8]. O Ministro da Defesa ucraniano, Oleksiy
Reznikov, anunciou que iria com urgência demitir-se junto com vários membros da
sua administração. Ora, nada se passou ainda.
Última pergunta, porque é que eles não reagem às revelações de Seymour Hersch sobre a responsabilidade americano-norueguesa no atentado? [9] ? É certo que o porta-voz dos nacionalistas da “Alternativa para a Alemanha” (AfD) pediu, a propósito desta sabotagem, a criação de uma comissão de inquérito no Bundestag, mas a grande maioria dos responsáveis políticos destes três países fazem-se de mudos : o seu pior inimigo é, afinal, o seu aliado!
Pelo contrário, eles fizeram gala em receber o Presidente Volodymyr Zelensky em Bruxelas. Mas este tinha ido previamente a Washington e a Londres, as duas capitais que contam, antes de vir arengar àqueles que pagam. : porque é que a Alemanha, a
França e a Holanda, co-proprietários dos gasodutos Nord Stream, não protestam
após a sabotagem de que foram vitimas, em 26 de Setembro de 2022 ? "