2004-06-09
Há mortes que empobrecem
Que empobrecem o país e a política. A de Sousa Franco é uma delas. É conhecido o seu valor como académico, como servidor do Estado, como governante. Podia-se não concordar com as suas ideias ou não apreciar a sua maneira de ser. Aquela que se conhecia até esta campanha. Porque esta revelou que o académico rigoroso, o governante sizudo e por vezes agreste era também um homem afável, com humor e capaz de se bater com os políticos de feiras e mercados no seu terreno sem perder a seriedade da política séria.
Boa escolha para o exercício do lugar em Bruxelas mas - pensei - a campanha terá de ser assegurada pelas segundas figuras. Cada dia a realidade desmentia este juizo e mostrava um outro Sousa Franco a comandar a campanha, popular quanto baste mas sem cedências popularuchas. Dava gosto ve-lo feliz e seguro na descoberta de outras competências.
Claro que não é o momento para especular sobre lotas, praças e feiras mas de há muito que me interrogo se isso serve a política ou o seu descrédito. E há a certeza de que dá votos?
A morte de Sousa Franco empobrece a política porque ele era dos que (apesar de não serem tão poucos como se diz) nos fazia crer que a política pode ser exercida com integridade e como serviço público.