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2004-06-29

 

Portugal, o País da OCDE com pior desempenho na captação de IDE

Segundo dados da OCDE, divulgados ontem, os investidores estrangeiros apenas colocaram em Portugal, no ano de 2003, cerca de 820 milhões de euros contra 1,5 mil milhões em 2002. Embora o investimento seja uma daquelas variáveis com um certo comportamento errático, queda tão pesada (44%) não pode deixar de ser muito preocupante para a economia de um país.

O País precisa de atrair investimento directo estrangeiro para estancar o definhamento do seu aparelho produtivo designadamente o sector industrial e para o fomento de serviços de valor acrescentado em que Portugal é "pobre", precisa de criar condições para que o investimento de origem nacional seja dinamizado e de uma estratégia coerente, que articule estas diferentes componentes do investimento.

O país precisa daquele tipo de investimento que se designa de estruturante, ou seja, daquele investimento que se reproduz no tecido económico, daquele tipo de investimento que induz conhecimento a nível da tecnologia, da inovação, da organização, dos mercados, daquele tipo de investimento que absorve quadros de elevada qualificação e nesta dinâmica "desperta" essa mesma formação, articulando-se com o ensino universitário e ajustando-o.

Não é a criação de uma API "com pompa e circunstância" que muda a situação. Bem, pelo contrário, o lançamento de novos organismos podem constituir-se em mais um entrave, se lhe faltar essa tal estratégia de fundo.

Mas indo um pouco atrás às causas de tão grande mau desempenho pode considerar-se que se trata de uma situação conjuntural, uma vez que se registou um refluxo do IDE em todo o mundo no ano de 2003. Não admitir que este comportamento tem algum impacto seria incorrecto.

Mas a realidade profunda nacional não me parece ser essa. A não captação de IDE tornou-se estrutural, porque o país não criou as condições de atração, apesar de algumas iniciativas promissoras mas descoordenadas como os CFE- centros de formalidades de emepresas, as lojas do cidadão. Só que tudo isto caiu rapidamente na rotina e Portugal continua a dispor das piores condições de tratamento e acolhimento do IDE e do investimento português porque nada se leva até ao fim "com conta, peso e medida". Olhemos para a justiça deste país na perspectiva empresarial...não há termos para descrever: Um simples acto como um não pagamento arrasta-se anos e anos nos tribunais. Constituir uma empresa continua a ser um calvário...Os outros países agilizaram-se e assentam nesta celeridade um dos seus trunfos de competitividade. A vizinha Espanha é em alguns destes segmentos um excelente exemplo de mudança.

O País está em perda no "agarrar" das oportunidades e o actual governo, apesar da grande demagogia de reformas que foi anunciando, deu um contributo decisivo para esta situação, até pela desestruturação que lançou em muitos sectores, aumentando a burocracia e paralizando Ministérios. O da Economia é paradigmático, apesar do muito dinheiro dado a consultores para discernir a sua "reforma", paralisou-o

Precisa-se de uma nova política económica em que o rigor orçamental seja uma componente mas não o objectivo determinante: é preciso criar condições de desenvolvimento que crie riqueza e que essa riqueza se distribua de forma justa.

Comments:
Como conseguir atrair investimento estrangeiro e manter a Estratégia de Lisboa? Qual o balanço que se pode fazer de 2000 para cá?
 
Umas achegas muito incompletas às questões colocadas pelo Manuel Correia sobre a estratégia de Lisboa e a atracção de IDE. A estratégia de Lisboa apostava no vector conhecimento como motor da economia, portanto inovação, qualificação dos RH, I&D(num sentido global e não só tecnológico), assumiam um lugar determinante neste processo, em articulação com a modernização do "modelo social europeu", embora esta segunda faceta fosse menos nítida. Como há dias reconheceu Luc Soete, um dos pais dessa estratégia, numa entrevista a um jornal português, a estratégia de lisboa está longe de atingir esses objectivos e apontou vários argumentos entre eles ser um projecto com uma grande componente de voluntarismo e sem qualquer obrigatoriedade de cumprimento e até fazia a comparação com as penalizações da não observância do PEC.

Penso que se tratou de uma estratégia bem elaborada e que em Portugal se estava a fazer algum bom trabalho nesse contexto, através do PROINOV sob a coordenação da Profª. Maria João Rodrigues.

As ideias e objectivos do PROINOV, se implementados, ajudariam a capacitar o País para um crescimento de "tipo superior" e neste contexto a proporcionar melhores condições de atracção do IDE. Mas o trabalho estava a enfrentar muitos escolhos e depois foi perdendo ritmo com a demissão de António Guterres e desactivado com a entrada em funções da coligação.
 
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