2004-06-12
Reagan: criar o mito para esquecer o Iraque
A pompa dos funerais de Reagan foi nos EUA tão grandiosa quanta a necessidade de distrair o povo com um novo mito.
A América sempre necessitou de criar mitos. Uma das razãos advem da pouca História do país o que a levou a imitar a nostálgica e mitificada Europa, pletórica de Heróis e Santos. Até castelos de pedra encaixotada levaram da "Velha Europa" para os reconstruir no Novo Mundo!
Mas agora o mito Reagan tem outras motivações. É preciso fazer esquecer aos eleitores americanos o fracasso da guerra do Iraque, o escândalo das torturas legalizadas superiormente e dar nas eleições que se avizinham uma ajudinha a W. Bush, digno sucessor do ex-presidente, actor e político de segunda.
Reagan como W. Bush não era forte em geopolítica como aliás em quase tudo o que é importante num estadista! Para além da Califórnia e do Texas, e de Washington claro, o resto do mundo era algo sincrético que lhe escapava. Por isso Reagan em visita ao Brasil confundiu o país com o Peru e quando viajou para este fez confusão com a Colombia. Ou vice-versa.
Na condução das negociações sobre o desarmamento nuclear com Gorbatchov em Reykiavik (a TV deu as imagens)Reagan dormitava revelando a importância do seu papel pessoal nas relações internacionais.
A complexidade da condição humana, da sociedade, da História era vista por Reagan a preto e branco. O mundo estava dividido entre o Império do Bem e o Império do Mal. Este representado pelo comunismo e a União Soviética. Aquele pela América. Não a América do progresso, da vanguarda da ciência, da Estátua da Liberdade, de Luther King, dos direitos humanos mas seguramente a América do Macartismo, de Barry Goldwater, da segregação racial, da Klu Klux Klan.
Os grandes poderes na América receiam que os grandes estadistas, possam atrapalhar os seus interesses, por isso preferem políticos à Reagan ou à W. Bush. Quando lhes saiem dos outros chegam a baixezas como no caso Mónica Lavinsky ou recorrem mesmo a extremos como com Kenedy em Dallas.
Reagan era o género de presidente medíocre a milhas de um grande estadista. Bom comunicador (para eleitor primário), óptimo para o lugar na perspectiva da América imperial. Mas como compará-lo, a ele e a W. Bush, com Roosevelt, Kenedy ou Clinton para ir só aos mais recentes presidentes norte-americanos?