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2004-06-18

 

Recordando Sousa Franco

Sobre o Prof. António Sousa Franco, já muita gente escreveu, gente de todos os quadrantes políticos e sociais que conhecia bem o seu percurso político e académico, o seu carácter rigoroso e determinado, o seu ideário genuinamente democrático, as motivações mais profundas da sua actividade como cidadão.
Para quem tinha de Sousa Franco uma visão pouco informada, muitas vezes alimentada pelos seus adversários políticos, deve ter constituído uma grande surpresa a quase unanimidade de pontos de vista (nalguns casos com muita hipocrisia à mistura) sobre as suas enormes qualidades como homem e como cidadão, como certamente constituiu surpresa para muita gente a excelente performance patenteada durante a campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, a cujo debate político e ideológico trouxe fortes convicções, frescura, imaginação e determinação.
Pessoalmente, nunca tive grandes contactos com Sousa Franco, para além de uma experiência vivida em 1999, que muito me marcou e que não mais esqueci, quando ele era Ministro da Finanças do primeiro governo de António Guterres e eu era administrador da IPE e Presidente do Conselho de Administração da Águas de Portugal.
(Artigo publicado no "Diário Económico" de 17.Jun.2004. Para ver o artigo completo consulte o ALFORGE)

Comments:
Bom artigo. Com uma paulada vários coelhos. Dar substância aos elogios a Sousa Franco que merece para se perceber que não se trata de formalismos funerários. Defesa do Sector Público na justa medida e não à outrance e denúncia de certos neoliberais tão só predadores.
Diário Económico muito bem. Mas... e blog?
 
De acordo com o que acima diz Raimundo Narciso. Todavia, aproveitando a boleia do Mário Lino e sem me referir directamente ao interessante e tocante testemunho que ele aqui nos traz, gostaria de propor dois tópicos para posterior discussão.

1.- Não há dúvida que muitos sociais democratas têm, com outras famílias e sensibilidades de esquerda e de direita, objectivos comuns.
Fazer o elogio fúnebre de Sousa Franco decorre dessa lógica de (re)encontro com pessoas que não se submetem demasiadamente às directivas conjunturais emanadas dos seus espaços partidários. Sousa Franco foi, mesmo enquanto dirigente do PPD, uma figura notável e a sua coragem e desapego do poder são, concordo, notáveis.
Assim quanto à homenagem, estamos de acordo.

2. Mas quanto ao posicionamento ideológico e partidário, teremos de juntar uma breve nota: Em recente entrevista à SIC-Notícias, quando perguntado acerca dos seus múltiplos realinhamentos político-partidários (redacção dos estatutos do CDS; direcção e presidência do PSD; ministro e cabeça de lista às eleições europeias do PS), respondeu candidamente que sempre tinha mantido as mesmas posições. Os partidos é que mudaram.

3. Concocordei com ele. Os partidos foram mudando, sempre um pouco mais conformados com a "realidade" que se lhes impunha - outros diriam: sempre um pouco mais à direita - e ele, constante e firme, foi-se alinhando pelos que correspondiam, de mais perto, ao seu pensamento político.

4. Ora isso coloca, pelo menos, duas questões:

Primeira: Qual é a (in) diferença que torna aceitável a tese da coerência do Prof. Sousa Franco?

Segunda: Qual é a (in)diferença programática que, entre outras, dificulta a aproximação entre o PS e as outras expressões da esquerda?

5. Será o PS "apenas" um espaço de maior "sensibildade social" do que o PPD/PSD? Haverá mais do que isso?

6. Sem pôr em causa a memória do Prof. Sousa Franco, que eu admiro apesar de não acompanhar em perspectivas e crenças, "et pour cause", aqui fica esta sugestão de abordagem.
 
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