2004-06-16
Um estado de alma...amargo
Votei como cerca de 38% dos eleitores. Ainda fiz essa opção...
Como uma percentagem de votantes (penso, cada vez mais significativa) o meu acto de cidadania foi exercido em sinal de contrapoder e não por escolha de um projecto político em que me reconhecesse, um projecto político credível, diferenciado, mobilizador de vontades e sobretudo centrado no bem estar das pessoas.
Este país, penso, não vai longe sem uma mudança muito ampla no campo de mentalidades. E os sinais são poucos. Os partidos políticos porque enredados e dominados pelas intrigas (internas e externas) de poder não se preocupam em clarificar os seus projectos, porque a sua matriz de funcionamento (sobretudo objectivos pessoais ou de grupo) já não o permite e, assim, com grande angústia minha, se queria votar, tive de escolher "do mal o menos". Fica-se, no mínimo, com amargos de boca.
Ao ler a imprensa de hoje, este estado de alma subjacente ao meu voto ainda se foi mais abaixo (e agora é a hesitação), porque assisto por sistema (certamente numa visão minha desfocada) a que, neste país, o poder quando incomodado reage sempre no sentido de "impedir" (fazer ou rever leis) quem o pode incomodar.
Isto vem a propósito do ataque ao papel dos jornalistas que está a ser "cozinhado" pelos partidos do bloco central mais CDS-PP no tocante ao segredo de justiça. Refiro-me apenas a estes partidos porque pouco sei dos restantes.
Francamente não pretendo ir pelas questões jurídicas que não domino,(embora pense que, como a política económica não se faz por decreto, as leis estruturantes terão de ter enquadramento societário), mas como cidadão atento, intuo que a informação incomoda mesmo o poder no seu sentido mais global (político, empresarial, sindical, pessoal, etc). Que há excessos, houve e haverá, não tenho dúvidas. Que o poder de informar dos jornalistas incomoda o poder dos "grandes nomes" sonantes, incomoda, e que são os processos mais recentes seja Casa Pia, seja Moderna, seja Apito Dourado que estão na base desta tentativa de "uma lei da rolha" também não tenho dúvidas.
Mas é mais um sinal dos tempos de que as lógicas dos partidos não vão no bom caminho. Até porque a informação dos jornalistas tem fontes e até não sou tão anjinho que acredite que tudo seja linear. Mas PJ, Ministério Público, Tribunais, Defesa dos arguidos etc, não se lhes toca, nada há a dizer, nem a "mexer"? Não entendo tal ferocidade contra os jornalistas. Ou melhor, entendo e bem.
Não é essa a "vox populi". Todos "sabemos" que houve fugas de muito lado, muitas delas orientadas e fica-me a sensação de que até são os tribunais, porque dispõem de fracos recursos para agarrar processos tão delicados, os menos "a visar".
Certamente, estamos nós desinformados e a ver mal "a realidade". Haverá mesmo quem não deixe de comentar que forma tão negra de olhar para as coisas!!....
Como uma percentagem de votantes (penso, cada vez mais significativa) o meu acto de cidadania foi exercido em sinal de contrapoder e não por escolha de um projecto político em que me reconhecesse, um projecto político credível, diferenciado, mobilizador de vontades e sobretudo centrado no bem estar das pessoas.
Este país, penso, não vai longe sem uma mudança muito ampla no campo de mentalidades. E os sinais são poucos. Os partidos políticos porque enredados e dominados pelas intrigas (internas e externas) de poder não se preocupam em clarificar os seus projectos, porque a sua matriz de funcionamento (sobretudo objectivos pessoais ou de grupo) já não o permite e, assim, com grande angústia minha, se queria votar, tive de escolher "do mal o menos". Fica-se, no mínimo, com amargos de boca.
Ao ler a imprensa de hoje, este estado de alma subjacente ao meu voto ainda se foi mais abaixo (e agora é a hesitação), porque assisto por sistema (certamente numa visão minha desfocada) a que, neste país, o poder quando incomodado reage sempre no sentido de "impedir" (fazer ou rever leis) quem o pode incomodar.
Isto vem a propósito do ataque ao papel dos jornalistas que está a ser "cozinhado" pelos partidos do bloco central mais CDS-PP no tocante ao segredo de justiça. Refiro-me apenas a estes partidos porque pouco sei dos restantes.
Francamente não pretendo ir pelas questões jurídicas que não domino,(embora pense que, como a política económica não se faz por decreto, as leis estruturantes terão de ter enquadramento societário), mas como cidadão atento, intuo que a informação incomoda mesmo o poder no seu sentido mais global (político, empresarial, sindical, pessoal, etc). Que há excessos, houve e haverá, não tenho dúvidas. Que o poder de informar dos jornalistas incomoda o poder dos "grandes nomes" sonantes, incomoda, e que são os processos mais recentes seja Casa Pia, seja Moderna, seja Apito Dourado que estão na base desta tentativa de "uma lei da rolha" também não tenho dúvidas.
Mas é mais um sinal dos tempos de que as lógicas dos partidos não vão no bom caminho. Até porque a informação dos jornalistas tem fontes e até não sou tão anjinho que acredite que tudo seja linear. Mas PJ, Ministério Público, Tribunais, Defesa dos arguidos etc, não se lhes toca, nada há a dizer, nem a "mexer"? Não entendo tal ferocidade contra os jornalistas. Ou melhor, entendo e bem.
Não é essa a "vox populi". Todos "sabemos" que houve fugas de muito lado, muitas delas orientadas e fica-me a sensação de que até são os tribunais, porque dispõem de fracos recursos para agarrar processos tão delicados, os menos "a visar".
Certamente, estamos nós desinformados e a ver mal "a realidade". Haverá mesmo quem não deixe de comentar que forma tão negra de olhar para as coisas!!....