2004-07-19
CDS/PP da Madeira ataca Jardim
O post de Manuel Correia Mas... onde está o Centro? (II) imediatamente abaixo deu origem a um interessante debate e a informação sobre a Madeira que escasseia no Continente trazida pela Sara. Por isso pareceu-me interessante publicar aqui o seu comentário.
Porque considera o CDS/Madeira uma força esquizofrénica ?
Sara responde:
A esquizofrenia popular revela-se no seguinte: Na Madeira, as alianças nacionais, desde ao Bloco Central, passando pela AD e pela actual coligação PSD/PP, nunca funcionaram porque o partido de Jardim, desde 1976, governa em maiorias absolutas e bipolarizou a sociedade madeirense entre os do partido do poder (leia-se PSD) e os outros, catalogados de frentismo, ou seja, os que "estão contra o desenvolvimento da Madeira Nova», como diz Jardim. E isto abrange, em pacote, o PS, PCP, UDP e CDS/PP, representados no parlamento regional e facilita o discurso e a prática do PSD na região. Por tudo isto, sem esquecer o passado histórico, o CDS de Paulo Portas é obrigado a fazer um discurso anti-regime na Madeira, contra o PSD, caso contrário perde eleitorado regional, pois, desde sempre, o CDS tem sido oposição a Jardim. Por exemplo, recordo que foi o CDS/PP que denunciou a "falcatrua" de uma Fundação Social Democrata, sediada no Funchal, que detém todo o património do PSD/Madeira, que recebe dinheiros para o partido, e que foi considerada de utilidade pública, com o mesmo estatuto de isenção fiscal de um lar de terceira idade ou instituições do género.Recordo, ainda, que, em 1992, quando o PS mediatizou a questão do défice democrático, problema levantado por Mário Soares na campanha das presidenciais de 1991, o CDS Madeira, então liderado por Ricardo Vieira, propôs que os partidos da oposição não deveriam concorrer às eleições regionais desse ano, por não haver garantias de liberdade e exercício da democracia. O PS e o PCP rejeitaram a ideia. Desculpe a conversa longa mas, infelizmente, existe algum desconhecimento nacional sobre a realidade desta ilha. Na Madeira, ou somos do PSD ou da oposição. Tão simples quanto isto. A questão ideológica ou a divisão esquerda/direita quase desapareceu. Cheira a antigamente, não é verdade? Mas é assim. Quando falei do esquizofrenismo do CDS/PP, referia-me à dualidade de comportamentos, discursos e atitudes exigíveis pela situação. Prometo contar mais histórias sobre esta região, cuja pérola foi dada aos porcos.
Sara