2004-07-26
Comentarismo politico (1)
[Marcelo Rebelo de Sousa]
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Marcelo Rebelo de Sousa, pelo meio de um discurso displicente que oscila entre o registo erudito e o registo popular, parecendo o popular uma conversão simplificada do erudito, presenteia-nos, de vez em quando, com as suas pérolas ideológicas. Ontem à noite, na sua habitual peroração na TVI, adiantou uma que vale a pena reter.
“O país é um barco.”
É verdade que para os muitos portugueses familiarizados com as artes da navegação, o trabalho de bordo é diferenciado. Nem todos têm o mesmo poder ou ganham o mesmo, nem todos fazem ou sabem fazer as mesmas coisas, enfim, até se poderia admitir, com muito boa vontade e condescendência que, nalguns aspectos, sim...
Mas eis que uma dúvida mais grada nos assoma ao espírito: qual é a prioridade de salvamento em caso de naufrágio?
Arreiam-se os salva-vidas. Primeiro vão as mulheres e as crianças, os mais fracos e fragilizados; depois os restantes, excepto o comandante, que deve permanecer e assegurar todas as manobras possíveis até ao limite. Diz-se, por isso, que o comandante é o último a retirar.
Veja-se, a esta luz, a vacuidade da metaforização marcelista.
Quando esse tal navio, que seria a pátria, enfrenta as porcelas das conjunturas desfavoráveis, os mais frágeis e desprotegidos são os primeiros a ser atingidos; os investimentos fluem para outras paragens; os marujos são obrigados a trabalhar mais e a ganhar menos, além de serem apontados como os grandes culpados da má navegação e, pasme-se!, os comandantes são os primeiros a abandonar a embarcação.
Foi assim com Cavaco, Guterres e Barroso.
É caso para questionar o insigne comentador: se a nação é, como sugere, um barco, e estamos todos interessados na sua preservação e boa rota, que diabo de marinha é essa?
“O país é um barco.”
É verdade que para os muitos portugueses familiarizados com as artes da navegação, o trabalho de bordo é diferenciado. Nem todos têm o mesmo poder ou ganham o mesmo, nem todos fazem ou sabem fazer as mesmas coisas, enfim, até se poderia admitir, com muito boa vontade e condescendência que, nalguns aspectos, sim...
Mas eis que uma dúvida mais grada nos assoma ao espírito: qual é a prioridade de salvamento em caso de naufrágio?
Arreiam-se os salva-vidas. Primeiro vão as mulheres e as crianças, os mais fracos e fragilizados; depois os restantes, excepto o comandante, que deve permanecer e assegurar todas as manobras possíveis até ao limite. Diz-se, por isso, que o comandante é o último a retirar.
Veja-se, a esta luz, a vacuidade da metaforização marcelista.
Quando esse tal navio, que seria a pátria, enfrenta as porcelas das conjunturas desfavoráveis, os mais frágeis e desprotegidos são os primeiros a ser atingidos; os investimentos fluem para outras paragens; os marujos são obrigados a trabalhar mais e a ganhar menos, além de serem apontados como os grandes culpados da má navegação e, pasme-se!, os comandantes são os primeiros a abandonar a embarcação.
Foi assim com Cavaco, Guterres e Barroso.
É caso para questionar o insigne comentador: se a nação é, como sugere, um barco, e estamos todos interessados na sua preservação e boa rota, que diabo de marinha é essa?