.comment-link {margin-left:.6em;}

2004-07-26

 

Comentarismo politico (2)


[Luis Ferreira da Luz: Aguarela.Posted by Hello
________________________________________________

A metáfora da pátria embarcação, comentada em anterior post, é apenas um dos numerosos expedientes a que MRS recorre para fazer passar a ideia de que a estabilidade, tal como a direita a encara, é um valor que todos deveríamos prezar. Geralmente, o discurso da estabilidade é endereçado às forças sociais que manifestam descontentamento com as políticas de direita  e apresentam, com maior ou menor veemência, as suas reivindicações.
 
Se se tratar de satisfazer as exigências das confederações patronais, como ocorreu no Governo de José Barroso, brindando a tripulação (trabalhadores por conta de outrem) com um Código de Trabalho vergonhoso, o caso é outro. São elas as criadoras de emprego (apesar de serem igualmente as primeiras a provocá-lo e a beneficiar com ele) e é por elas que os comentaristas de direita aferem se se trata, ou não da “boa estabilidade”.
 
Para JPP, por exemplo, a verve reivindicativa de alguns grupos sociais era considerada, há tempos, uma espécie de ciúme que raiava o ilegítimo, tendo-lhe, mesmo, chamado “inveja social”.
Em contrapartida, as ciclópicas remunerações do capital, dos gestores de topo, são entendidas como “ambições legítimas”.
 
A barca em que estamos todos, a estabilidade, a razoabilidade, o sacrifício patriótico, são as palavras-passe para os pontos de vista de uma direita bem-falante, civilizada, exercendo a seu bel prazer os poderes comunicacionais que as televisões, as rádios e os jornais lhe concedem.
Para corolário de um comentarismo político tão escandalosamente partidarizado que até parece incomodar, por vezes, os próprios comentaristas, há uma falsa evidência, uma nulidade analítica, tão neutra e inocente como a barca, a estabilidade, etc., que assentou arraiais no discurso político.
O centro, (depois das sábias classificações de “centro-esquerda” e “centro-direita”) de que “governar ao centro”, “ocupar o centro” e o “eleitorado do centro” são subcategorias derivadas.
 
O centro é o papão com que a direita tenta assombrar a esquerda. 

Comments:
Bom post meu caro. A política está a deixar-me agoniado e sem inspiração. Vou ver se amanhã...
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?