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2004-07-12

 

PABLO NERUDA

PN Posted by Hello

De manhã ouvi na rádio que o grande poeta chileno fazia anos. Cem anos. Bela idade, pensei. Vou enviar-lhe um cartão a dar-lhe os parabéns. Não queria ficar atrás do Pedro que enviou um cartão pessoal ao Machado de Assis, a agradecer o livro que ele amavelmente lhe enviou. Teria sido o D.Casmurro ou as Memórias Póstumas de Brás Cubas? Hoje, à beira de se tornar 1ºM, estou certo que a ideia de enviar o cartão a um senhor que morreu em 1908 não foi sua. Ele que até já foi Secretário de Estado da....da....Cultura! foi ideia, seguramente, de um secretário de pequena ou média literacia.

Quando manhã alta fui ao blog, a seguir à bica, vejo que o Manuel Correia se aproveitou dos meus vagares para insidiosamente se adiantar e colocar nada menos que 3 posts sobre Pablo Neruda.
Despeitado, fui à arca das antiguidades buscar uma relíquia deste grande Homem nacido en Parral en 1904 e muerto en Santiago en 1973 pouco depois do assassinato do seu amigo e Presidente Allende, pelo golpe militar de Pinochet.
É um folheto de 12 páginas com o formato de 1/4 de folha A4 em papel bíblia muito fininho (para se poder comer se a PIDE surgisse de supetão)que tem no alto da capa "Contribuições à luta pela libertação de Álvaro Cunhal". Contém um apelo de Jorge Amado à libertação do lider do PCP (Com 4 anos de prisão e ainda mais 7 pela frente até conseguir escapar na célebre fuga do Forte de Peniche, em Janeiro de 1961) e o poema de Pablo Neruda A LÂMPADA MARINHA de homenagem a Cunhal. Sem ser do melhor que o poeta escreveu não deixa de ter um importante significado.
É uma publicação clandestina do PCP de 1954 e o poema foi traduzido para português do Brasil por E. Carrera Guerra.
Transcrevo a primeira das cinco partes do poema.


A LÂMPADA MARINHA

O Porto Côr de Céu

I

Quando desembarcas
em Lisboa,
Céu celeste e rosa,
estuque branco e ouro
pétalas de ladrilho
as casas,
as portas,
os tetos,
as janelas
salpicadas do ouro verde dos limões,
do azul ultramarino dos navios,
quando desembarcas
não conheces,
não sabes que por detrás das janelas
escuta
ronda
a polícia negra,
os carcereiros de luto
de Salazar, perfeitos
filhos de sacristia e calabouço
despachando presos para as ilhas,
condenando ao silêncio
pululando
como esquadrões de sombras
sob janelas verdes,
entre montes azuis,
a polícia,
sob outonais cornucópias,
a polícia
procurando portugueses,
escarvando o solo,
destinando os homens à sombra
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