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2004-07-11

 

Que levou Sampaio a decidir como decidiu?

PR Posted by Hello

Terá Sampaio pensado que após uma muito provável vitória do PS em eleições antecipadas não estaria este partido, devido à crise de liderança, em condições de governar bem o país nos próximos quatro anos e portanto preferir um Governo de dois anos de Santana-Portas como um mal menor?
Era uma razão, má porque muito subjectiva àcerca do PS e imprudente àcerca do direita populista, mas enfim era uma explicação para, como Presidente eleito, ter actuado contra a manifesta vontade de quem o elegeu e também de alguns que não votaram nele.
Mas julgo que a razão foi outra. A razão está na sua acanhada interpretação do papel do PR no quadro Constitucional português e no seu estilo pouco voluntarioso. Sampaio tem uma concepção (Devido à extensão continua ali. Um clic, se faz favor)
Comments:
Aduziria um ponto que não é dispiciente, Raimundo.

Já comentei lá mais para baixo (a quente e com linguagem pontualmente brejeira) essa visão minimalista da presidência, e a nossa praxis minimalista da cidadania, perante instituições-pessoas como o PR.

Mas acontece também que o discurso presidencial tem, nestos últimos oito anos e meio, uma outra linha de força: o permanente apelo à participação e envolvimento democráticos dos cidadãos, à sua responsabilização e tomada em mãos do futuro do país.

A incongruência é evidente; as consequências dela (para além da descredibilização do próprio JS) são contudo mais marcantes e essenciais.

Não sei qual a eficácia prática dessa repetida linha de discurso do JS, embora a suspeite muito reduzida. Não obstante, é das poucas ou a única coisa que, até anteontem, o tal de cidadão comum compreendia e sabia existir no discurso presidencial.

Neste quadro, da incongruência entre discurso e decisão do JS resulta necessariamente a descredibilização e esvaziamento do primeiro (e dos seus eventuais efeitos motivadores e mobilizadores), a descrebilização da participação e responsabilidade democráticas. E uma nova "prova" (envolvendo agora o JS) da batida frase popular "os políticos são todos iguais", neste caso na sua variante de "todos uns aldrabões" e tendo como corolário "não vale a pena votar" - quanto mais participar para lá do voto.

Para além das consequências políticas directas e imediatas, esta decisão matou anos de pedagogia democrática que pressuponho sincera. Matou, com ela, o que positivo se pudesse descortinar em dois mandatos presidenciais.

Paulo Granjo
 
Acho que tens razão Paulo. Quando ouvi o Durão Barroso, nos primórdios da crise, dizer que o Sampaio o tinha felicitado considerei que ou o PR disse isso num contexto em que fal felicitação adquiriria outro significado ou então a atitude era grave e não teríamos PR à altura das circunstâncias. Quando DB acrescentou há 15 dias atrás que saiu da reunião com Sampaio convicto de q o PR não convocaria eleições pensei o pior. Mais recentemente Durão reafirmou com ênfase que saiu de Belém profundamente convicto de q o PR não convocava eleições. Depois Jorge Sampaio ao tomar a decisão q tomou só posso entender todo este suspense como uma tentativa canhestra para justificar o compromisso que insensatamente assumira com Barroso. Andei muito tempo sem querer dizer isto receando q era um desprimoroso juizo de intensões. Mas agora que tanta gente o diz...olha também o digo.
 
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