2004-08-27
As eleições no PS (4)
Os três candidatos apresentaram já as suas moções de candidatura, pelo que será interessante comparar agora as questões, orientações e propostas que cada um considera mais relevantes, quer no que respeita ao partido quer no que respeita ao País, assim como detectar o que mais os une e o que mais os afasta. Procurarei contribuir para para essa apreciação em próximos textos.
Mas não posso deixar de fazer, desde já, um comentário à entrvista de Manuel Alegre, publicada no passado dia 26 no Diário de Notícias.
(A propósito, não sei se o facto desta entrevista ter honras de primeira página e da notícia sobre a apresentação da moção de candidatura de Sócrates ter sido remetida para a página 6 será motivo de alguma interpretação por parte do Manuel Correia).
Tal como tem sucedido com outros textos e entrevistas de Manuel Alegre (e da maior parte dos seus apoiantes que mais notoriamente se têm publicamente manifestado), este candidato gasta muito mais tempo a criticar o candidato José Sócrates com base em juízos preconceituosos, de intenção e de suspeição, do que a esclarecer sobre quais são as suas propostas para o PS e para o País.
A coisa vai mesmo ao ponto de Manuel Alegre afirmar que quem vota em Sócrates não está interessado em prosseguir uma política alternativa de esquerda mas apenas quer o poder pelo poder e substituir os rapazes do PSD na máquina de Estado?!
Trata-se, a meu ver, de uma declaração de desespero, inconsistente e desnecessariamente insultuosa relativamente à maioria dos militantes do PS (é o próprio Manuel Alegre que afirma que Sócrates vai, certamente, ganhar as eleições), aliás repetida por outros dos seus apoiantes, como Vicente Jorge Silva.
Julgo que o PS e o País nunca iriam longe com esta esquerda demagógica e auto-proclamativa, mais de crítica e resistência do que propositiva e de acção. Governar à esquerda é muito mais o que fez Sócrates no Governo (vale a pena ler o artigo de João de Almeida Santos no DN de 20 de Agosto) , do que as grandes tiradas de Manuel Alegre sobre o «Partido Socialista por extenso», as diatribes de Ana Gomes sobre o Presisente Jorge Sampaio (cuja decisão sobre a não convocação de eleições legislativas antecipadas considero ter sido um erro), ou a frouxa gestão de Helena Roseta quando esteve à frente da CM Cascais. Esta não é, claramente, a esquerda com que mais me identifico.
Mas não posso deixar de fazer, desde já, um comentário à entrvista de Manuel Alegre, publicada no passado dia 26 no Diário de Notícias.
(A propósito, não sei se o facto desta entrevista ter honras de primeira página e da notícia sobre a apresentação da moção de candidatura de Sócrates ter sido remetida para a página 6 será motivo de alguma interpretação por parte do Manuel Correia).
Tal como tem sucedido com outros textos e entrevistas de Manuel Alegre (e da maior parte dos seus apoiantes que mais notoriamente se têm publicamente manifestado), este candidato gasta muito mais tempo a criticar o candidato José Sócrates com base em juízos preconceituosos, de intenção e de suspeição, do que a esclarecer sobre quais são as suas propostas para o PS e para o País.
A coisa vai mesmo ao ponto de Manuel Alegre afirmar que quem vota em Sócrates não está interessado em prosseguir uma política alternativa de esquerda mas apenas quer o poder pelo poder e substituir os rapazes do PSD na máquina de Estado?!
Trata-se, a meu ver, de uma declaração de desespero, inconsistente e desnecessariamente insultuosa relativamente à maioria dos militantes do PS (é o próprio Manuel Alegre que afirma que Sócrates vai, certamente, ganhar as eleições), aliás repetida por outros dos seus apoiantes, como Vicente Jorge Silva.
Julgo que o PS e o País nunca iriam longe com esta esquerda demagógica e auto-proclamativa, mais de crítica e resistência do que propositiva e de acção. Governar à esquerda é muito mais o que fez Sócrates no Governo (vale a pena ler o artigo de João de Almeida Santos no DN de 20 de Agosto) , do que as grandes tiradas de Manuel Alegre sobre o «Partido Socialista por extenso», as diatribes de Ana Gomes sobre o Presisente Jorge Sampaio (cuja decisão sobre a não convocação de eleições legislativas antecipadas considero ter sido um erro), ou a frouxa gestão de Helena Roseta quando esteve à frente da CM Cascais. Esta não é, claramente, a esquerda com que mais me identifico.
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Algumas das questões que se colocam aos candidatos a SG do PS têm a ver com a visão que têm da sociedade e do sistema político, decorrendo daí a forma como se colocam na crítica do capitalismo, como classificam as injustiças sociais e de que forma pretendem atalhar a uma distribuição injusta. Neste aspecto é evidente que Sócrates e Alegre, unidos em muita coisa, não dão as mesmas respostas. Lendo cada uma das moções, discernem-se «vontades» diferentes.
Quanto a velhas «causas» também se afastam. A questão do aborto, que desta vez nos chegou pela via marítima, e que já suscitou alguns comentários aqui no PUXA-PALAVRA, deixa Sócrates numa postura mais convencionalmente conservadora do que os outros dois candidatos. Digamos que, sem prejuízo de uma mais detalhada discussão, Sócrates tem recuado (e bem!) em várias matérias relativamente às quais teve, no início, posturas fechadas ou autoritárias. Mesmo que venha a ganhar, terá sido melhor assim...
Quanto ao tratamento mediático, lamento mas, para já, não posso ajudar. Não li com atenção a imprensa nestes últimos dias. Conto, em breve, estar à altura do repto.
Um abraço
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Algumas das questões que se colocam aos candidatos a SG do PS têm a ver com a visão que têm da sociedade e do sistema político, decorrendo daí a forma como se colocam na crítica do capitalismo, como classificam as injustiças sociais e de que forma pretendem atalhar a uma distribuição injusta. Neste aspecto é evidente que Sócrates e Alegre, unidos em muita coisa, não dão as mesmas respostas. Lendo cada uma das moções, discernem-se «vontades» diferentes.
Quanto a velhas «causas» também se afastam. A questão do aborto, que desta vez nos chegou pela via marítima, e que já suscitou alguns comentários aqui no PUXA-PALAVRA, deixa Sócrates numa postura mais convencionalmente conservadora do que os outros dois candidatos. Digamos que, sem prejuízo de uma mais detalhada discussão, Sócrates tem recuado (e bem!) em várias matérias relativamente às quais teve, no início, posturas fechadas ou autoritárias. Mesmo que venha a ganhar, terá sido melhor assim...
Quanto ao tratamento mediático, lamento mas, para já, não posso ajudar. Não li com atenção a imprensa nestes últimos dias. Conto, em breve, estar à altura do repto.
Um abraço
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