2004-08-01
O "al-Libi" da política externa dos EUA
O New York Times noticiava, (acessível aqui) ontém, e a imprensa portuguesa de hoje reproduzia uma revelação extraordinária, feita pelos serviços secretos dos EUA. Ibn al-Shaykh al-Libi, preso pelas tropas norte-americanas no Afeganistão, seria o principal responsável pelas afirmações que ligavam a Al Qaeda e o Iraque, no treino de terroristas com armas químicas. A notícia é dada com uma naturalidade que contrasta com a patetice do argumento subjacente. Então a administração Bush dá crédito ao inimigo? Sendo Ibn al-Shaykh al-Libi um próximo de Bin Laden, não deveriam os responsáveis norte-amaericanos manter alguma reserva sobre a veracidade das suas declarações?
José Pedro Zuquete protesta contra o anti-bushismo acéfalo e cobarde que campeia nos Estados Unidos e na Europa ("Reflexão sobre o ódio" in PÚBLICO, 2004/08/01, pág. 10, que pode ser lido aqui), esquecendo-se de mencionar - vá-se lá saber porquê - o Iraque, a Palestina e muitos outros países. Acusa, ainda, o anti-bushismo de configurar o "pensamento único". OK, deve ter havido exageros no tratamento mediático prestado ao Presidente dos EUA. E depois? Qual é a seriedade de uma administração que dá crédito às informações do inimigo? Ou que se serve delas, após os fracassos previsíveis dos seus passeios imperiais, como "al-Libi"?
A guerra deveria ter já sido banida das relações internacionais. O belicismo é um dos piores sintomas da política desumanisada. Mas a administração Bush, nas trapalhadas com que justifica as suas invasões, faz lembrar o pior. Descontemos os exageros, está bem, mas não tentemos tapar o sol com peneiras e, muito menos, com as que foram fornecidas pela própria Al Qaeda.
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"Combater a guerra", "fazer guerra à guerra" são expressões aparentemente inconsistentes. Os que estiveram contra as guerras do século passado, foram, em muitos casos, "obrigados" a combater. Uns porque viram a sua terra invadida e tiveram de defender-se; outros porque foram apanhados entre dois fogos; outros porque acharam melhor ir para desertar, depois.
Mas acho que nos entendemos todos (Escape, Lurdes e Monalisa): o crime da guerra é o da iniciativa da guerra; é o dos que inverteram o enunciado de Klausewitz, apresentando-o sob a forma de "A política é a continuação da guerra por outros meios".
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"Combater a guerra", "fazer guerra à guerra" são expressões aparentemente inconsistentes. Os que estiveram contra as guerras do século passado, foram, em muitos casos, "obrigados" a combater. Uns porque viram a sua terra invadida e tiveram de defender-se; outros porque foram apanhados entre dois fogos; outros porque acharam melhor ir para desertar, depois.
Mas acho que nos entendemos todos (Escape, Lurdes e Monalisa): o crime da guerra é o da iniciativa da guerra; é o dos que inverteram o enunciado de Klausewitz, apresentando-o sob a forma de "A política é a continuação da guerra por outros meios".
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