2004-08-20
Relativizando as Ideias (III)
Ainda não é desta que entro nos domínios mais apetecíveis para o Manuel Correia e para um dos comentadores, a cultura. Não sei mesmo se adiantarei muito sobre isso que já não se saiba. Veremos a seu tempo.
Mas os dois post colocados atingiram pelo menos um objectivo. Já suscitaram uns tantos comments com informação muito rica que pode abrir um caminho de reflexão sobre uma realidade complexa e nada linear, a precisar de tudo menos de análises ligeiras. As nossas Universidades poderiam prestar um grande serviço nesta matéria,é um desafio que se lhes coloca até como preparação para fornecimento de consultores bem preparados (a propósito, li há dias no Público um artigo de um investigador membro da equipa de consultores do Presidente de S. Tomé para a questão petrolífera, liderado por Jeffrey Sachs da Universidade de Columbia que se referia ao papel de Portugal na ajuda a S.Tomé, que para mim é, pelo seu conteúdo, no mínimo "esquisito").
Mas gostaria de voltar um pouco atrás para situar estes meus post. O que me motivou falar da realidade angolana tem por base uma reacção muito semelhante à do comentador/a que afirma que Luanda é uma cidade excessivamente cara e que há, de facto, um segmento alargado da população com elevado poder de compra. Confirmo isso e a compreensão deste fenómeno não é fácil.
Por outro lado, com um espaço de quase 20 anos estive em Angola duas vezes (cerca de um mês cada), na posição de consultor para a área da economia (o que me proporciona alguma informação específica mas também algumas limitações no campo deontológico) e as diferenças visíveis são bastante palpáveis, designadamente, a do poder de consumo alargado. Donde há que olhar/ler bem esta realidade que "se choca" com aquilo que se diz por aqui.
Angola, toda a gente o sabe, é uma economia sustentada pelo petróleo e em menor grau pelos diamantes e toda a sua dinâmica actual e futura, pelo menos por alguns bons anos, não poderá dissociar-se do que é/será esta actividade a nível mundial e sobretudo das multinacionais americanas, dos seus jogos e dos seus interesses.
África está agora um pouco sob os holofotes e sem grande margem de manobra face às grandes multinacionais em know-how em mercados, etc. Não é indiferente para África,ou para a estratégia de alguns países, por exemplo, o desfecho das eleições americanas.
Ora, uma visão estratégica não pode passar ao lado da dinâmica mundial do petróleo, por muito que se queira.
A ciência estará por conseguinte em criar mecanismos de equilíbrio entre esta tendência pesada inultrapassável e os projectos de sociedade nacionais.
Mas os dois post colocados atingiram pelo menos um objectivo. Já suscitaram uns tantos comments com informação muito rica que pode abrir um caminho de reflexão sobre uma realidade complexa e nada linear, a precisar de tudo menos de análises ligeiras. As nossas Universidades poderiam prestar um grande serviço nesta matéria,é um desafio que se lhes coloca até como preparação para fornecimento de consultores bem preparados (a propósito, li há dias no Público um artigo de um investigador membro da equipa de consultores do Presidente de S. Tomé para a questão petrolífera, liderado por Jeffrey Sachs da Universidade de Columbia que se referia ao papel de Portugal na ajuda a S.Tomé, que para mim é, pelo seu conteúdo, no mínimo "esquisito").
Mas gostaria de voltar um pouco atrás para situar estes meus post. O que me motivou falar da realidade angolana tem por base uma reacção muito semelhante à do comentador/a que afirma que Luanda é uma cidade excessivamente cara e que há, de facto, um segmento alargado da população com elevado poder de compra. Confirmo isso e a compreensão deste fenómeno não é fácil.
Por outro lado, com um espaço de quase 20 anos estive em Angola duas vezes (cerca de um mês cada), na posição de consultor para a área da economia (o que me proporciona alguma informação específica mas também algumas limitações no campo deontológico) e as diferenças visíveis são bastante palpáveis, designadamente, a do poder de consumo alargado. Donde há que olhar/ler bem esta realidade que "se choca" com aquilo que se diz por aqui.
Angola, toda a gente o sabe, é uma economia sustentada pelo petróleo e em menor grau pelos diamantes e toda a sua dinâmica actual e futura, pelo menos por alguns bons anos, não poderá dissociar-se do que é/será esta actividade a nível mundial e sobretudo das multinacionais americanas, dos seus jogos e dos seus interesses.
África está agora um pouco sob os holofotes e sem grande margem de manobra face às grandes multinacionais em know-how em mercados, etc. Não é indiferente para África,ou para a estratégia de alguns países, por exemplo, o desfecho das eleições americanas.
Ora, uma visão estratégica não pode passar ao lado da dinâmica mundial do petróleo, por muito que se queira.
A ciência estará por conseguinte em criar mecanismos de equilíbrio entre esta tendência pesada inultrapassável e os projectos de sociedade nacionais.
Comments:
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Está a ter algumas solicitações que o podem desviar da via escolhida que me parece ser a de dar alguma informação relevante, pondo em causa ideias feitas. Se fôr necessário isso não vá por aí.
Acho interessante os post que tem colocado. Só hoje tomei conhecimento do site através de um colega e fico leitor se continuarem em abordagens deste tipo.
D. Pontes
D. Pontes
Seria interessante equacionarem no blog a questão da cooperação com África. A ideia que temos no circulo de amigos é que Portugal, neste campo, nem ascende à categoria de amador. De vez em quando há uns ministros que falam sem dizer coisa com coisa e sobretudo faz-se passar a mensagem que o nosso problema é de dinheiro qdo me parece que é falta de ideias e interesse dos nossos políticos e que essa coisa da diplomacia económica foi um BLUFF.
Clara Fonseca
Clara Fonseca
Venho em apoio da ideia da Clara Fonseca sobre a cooperação. Era um serviço que esse blog prestava ao País se arrancasse com a ideia. Porque não organizar uma tertúlia de entendidos para debater essa matéria?
D. Pontes
D. Pontes
É mais fácil comentar que alimentar o blog. Sabemos isso. Mas por vezes surgem boas ideias dos comentários. E a ideia que foi posta de uns post no sentido de abordar a cooperação com África é interessante, por várias razões. Primeiro porque quase não há ideias sobre a cooperação, não há estratégia. Segundo porque o governo de Durão lançou a panaceia da diplomacia económica, pensa-se que continuada por este governo, envolvendo pessoas como o próprio Miguel Cadilhe e com resultados Zero e há que desmistificar isso. Terceiro, porque é fundamental para Portugal uma política séria de cooperação com África,inserida num contexto da internacionalização das economias. A tertúlia talvez seja uma ideia a agarrar. Tanto Prof que há não se conseguirá meia dúzia que nos fale do tema. Mas atenção há experiências vividas interessantes que interessaria trazer. Bom devo estar a propor coisas ambiciosas em demasia.
Apostem na tertúlia, apesar de eu pensar que a ideia não é tarefa fácil, até tecnicamente. Abordar a cooperação numa dimensão de País é complexo pq pode exigir grandes textos, o que pode conflituar com a lógica Blog. De qq modo aposto no bom senso da equipa deste blog.
Franco Silva
Franco Silva
Confio na vossa entrada no tema cooperação. Precisamos, o País precisa de ter ideias sobre isso, porque os vários governos pouco/nada nos tem dado nessa matéria. Sou um empresário que tomei conhecimento deste blog casualmente, pq mo referiram. Pessoalmente e na qualidade de empresário contactei em tempos com um dos elementos do Blog, por razões que não interessam para aqui, mas que me deixou boa impressão pessoal e técnica e até mais mais em termos de projecto de País. A pessoa em causa não me conhece de certeza, nem interessa. Mas como empresário gostaria de pensar em cooperação e ver o que isso me oferece: Incentivo essa abordagem, sou um interessado, embora ache uma tarefa difícil mas nacional.
C. Fernandes (Porto)
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C. Fernandes (Porto)
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