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2004-08-29

 

Relativizando as Ideias (IX)

A economia de Angola é extremamente dependente do petróleo. Esta é uma realidade bem conhecida de todos. Talvez o que não seja tão conhecido é a dimensão real desta dependência e, para isso, aqui se registam alguns indicadores.

Peso do Petróleo na Economia de Angola
Anos 1999 2000 2001
%PIB 58.7 60.6 54.0
%Export - - 90.0
%R.Fiscais 87.7 89.3 80.5
Fonte: FMI, OCDE

Mas uma dúvida nos surge: porque razão esta actividade não foi afectada, quando toda a economia angolana esteve paralisada durante estes anos de guerra?

O relatório das Nações Unidas (2002) “Angola os desafios do pós-guerra” avança a seguinte explicação para o facto: “o crescimento da indústria petrolífera em Angola, protegida da guerra devido ao facto de se localizar principalmente offshore e de ter um quadro legal favorável e de incentivos fiscais atraentes, é um dos resultados mais bem sucedidos das últimas duas décadas”.

Este mesmo relatório acrescenta que, devido às descobertas de petróleo da última década, ao largo do litoral angolano, Angola se tornou “numa das zonas de exploração petrolífera mais bem sucedidas no mundo e uma das mais procuradas pelas empresas petrolíferas”.

A esta situação de país dependente quase em exclusivo do petróleo há que apontar vantagens e inconvenientes. As vantagens decorrem do volume de receitas fiscais de que Angola pode dispor ao longo destes anos: um dos mais elevados do Continente africano. Os inconvenientes decorrem, no essencial, da situação pouco saudável, sob os mais diversos aspectos, da elevada concentração/dependência da economia de um único sector, ainda com a agravante da volatilidade do preço do petróleo.

Assim, o futuro de Angola, assente na estabilização a nível macroeconómico e na criação de emprego de forma sustentada, de forma a potenciar a melhoria do nível de vida e bem estar, não pode deixar de assentar necessariamente na diversificação da sua estrutura económica.

Potencialidades reais para atingir este objectivo não faltam a Angola. Mas há apostas indispensáveis e inadiáveis para a exploração dessas potencialidades.

Desde logo, um esforço na criação e transmissão de condições de segurança à população, em que a as acções de desminagem assumem um grande papel, assim como as políticas relativas às armas de pequeno porte. Em paralelo, há que prosseguir com a recuperação e a modernização das infraestruturas básicas para propiciar a circulação de pessoas e bens e as relações entre famílias.

Finalmente, há que criar as condições para estabilizar a vida a nível político. O processo de negociação iniciado com vista a concertar todo um programa conducente ao entendimento sobre a realização de eleições indicia avanços positivos nesse sentido.

Comments:
Há notícias no sentido da abertura dos principais partidos para negociarem a agenda política eleitoral, o que é positivo, mas a estabilização e o desnvolviemento económico não tendem a ser um processo demorado? Como poderia a comunidade internacional dar um empurrão paraavançar-se de forma mais rápida e consequente?
Um Africano em Lisboa
 
Sou moçambicano é já num post anterior fiz um comment e agradeço-lhe a resposta que me clarificou quanto ao seu e meu pensamento.
Penso, no entanto, diferente do comment anterior. A comunidade internacional está pouco interessada em apoiar África. Está interessada nas suas riquezas, sim, mas numa postura neo colonial. Basta olhar para as diferenças de tratamento com o Leste. E isto tem muito a ver com o poder mundial. Para o Leste avançou a UE e em África mandam os EUA.
 
Estou muito sintonizado com o comment Moçambique. Acredito pouco na comunidade internacional, quando o mundo é dominado hoje, completamente pelos EUA de Bush. O progresso está mesmo em forçar internamente as elites dos países africanos a avançar para regimes democráticos e no reforço de instituições regionais como a SADC.É preciso que Africa do Sul e Angola entrem no mesmo carro como potências motoras da região.
 
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