2004-08-31
Relativizando as Ideias (X)
Este “relativizar de ideias”, como tudo, tem de ter um fim e pronto é hoje.
Muitas mais ideias ficam por “relativizar”. A propósito, ainda ontem o DN negócios dedicou duas páginas a Angola sob o título “Angolanos preferem empresários brasileiros para fazer negócios”. Acho que o governo português devia reflectir muito sobre o que diz ao DN Alves da Rocha, professor da Universidade Católica em Luanda e uma das vozes mais credíveis sobre a problemática económica de Angola. “Portugal tem de definir onde é que quer estar a tempo inteiro e em part-time”…. “Portugal tem de definir uma estratégia” e, acrescento eu, não andar a reboque de outras potências. Essa estratégia tem de ser definida articulando, no essencial, os interesses nacionais e os de Angola.
Mas, com toda a franqueza, estes posts excederam o objectivo inicial: umas quantas linhas para chamar a atenção para uma realidade africana, em especial a realidade angolana, sobre a qual há muitas ideias feitas, pouco aderentes e pouco evolutivas.
É evidente que se não fossem os comments que me levaram a uma reflexão mais profunda nada disto tinha sido assim. Em especial o João Tunes espicaçou e bem o andar deste processo.
Bem, feito o balanço, valeu.
Mas, antes de terminar o prometido: uma palavra ao Manuel Correia sobre a cultura. Não tenho grande informação sobre o seu estado. Tive oportunidade de comprar uns discos, de estar num lançamento de um livro de Ondjaki “quantas madrugadas tem a noite”, um jovem escritor já com uma vasta obra, e, infelizmente, durante a minha passagem Henrique Abranches, “ o Homem dos Sete Talentos”, deixou–nos.
Mas o panorama cultural, actual e futuro, de Angola não poderá ser insensível e deixar de interiorizar a seguinte questão: a guerra “miscegenizou” muito as etnias, o que levou à perda de muitas das suas especificidades. Esta questão que é muito peculiar de Angola no contexto dos países de língua portuguesa não pode deixar de ser equacionada numa estratégia cultural porque se, por um lado levou à perda da especificidade dessas etnias, cultura, língua, costumes, por outro conduziu a uma aproximação entre esses povos. Acho que este elemento diferenciador da sociedade angolana merece reflexão em várias perspectivas e começa a ser alvo de debate.
Muitas mais ideias ficam por “relativizar”. A propósito, ainda ontem o DN negócios dedicou duas páginas a Angola sob o título “Angolanos preferem empresários brasileiros para fazer negócios”. Acho que o governo português devia reflectir muito sobre o que diz ao DN Alves da Rocha, professor da Universidade Católica em Luanda e uma das vozes mais credíveis sobre a problemática económica de Angola. “Portugal tem de definir onde é que quer estar a tempo inteiro e em part-time”…. “Portugal tem de definir uma estratégia” e, acrescento eu, não andar a reboque de outras potências. Essa estratégia tem de ser definida articulando, no essencial, os interesses nacionais e os de Angola.
Mas, com toda a franqueza, estes posts excederam o objectivo inicial: umas quantas linhas para chamar a atenção para uma realidade africana, em especial a realidade angolana, sobre a qual há muitas ideias feitas, pouco aderentes e pouco evolutivas.
É evidente que se não fossem os comments que me levaram a uma reflexão mais profunda nada disto tinha sido assim. Em especial o João Tunes espicaçou e bem o andar deste processo.
Bem, feito o balanço, valeu.
Mas, antes de terminar o prometido: uma palavra ao Manuel Correia sobre a cultura. Não tenho grande informação sobre o seu estado. Tive oportunidade de comprar uns discos, de estar num lançamento de um livro de Ondjaki “quantas madrugadas tem a noite”, um jovem escritor já com uma vasta obra, e, infelizmente, durante a minha passagem Henrique Abranches, “ o Homem dos Sete Talentos”, deixou–nos.
Mas o panorama cultural, actual e futuro, de Angola não poderá ser insensível e deixar de interiorizar a seguinte questão: a guerra “miscegenizou” muito as etnias, o que levou à perda de muitas das suas especificidades. Esta questão que é muito peculiar de Angola no contexto dos países de língua portuguesa não pode deixar de ser equacionada numa estratégia cultural porque se, por um lado levou à perda da especificidade dessas etnias, cultura, língua, costumes, por outro conduziu a uma aproximação entre esses povos. Acho que este elemento diferenciador da sociedade angolana merece reflexão em várias perspectivas e começa a ser alvo de debate.
Comments:
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Antes de mais, estás de parabéns por uma das mais resistentes e estimulantes rúbricas surgidas no PUXA-PALAVRA. Sabemos quão difícil é falar de matérias tão complexas em tão curto espaço, mas tu, com abertura, disponibilidade para a discussão, serenidade, estiveste à altura.
Segui com muito interesse o debate. Entre dúvidas e esperanças, recordava um dos melhores angolanos que li. O Pepetela de «Maiombe» e de «O cão e os calús». E, como um cão, segui, de episódio em episódio, a informação e as opiniões que foram surgindo.
Obrigado e um abraço
Antes de mais, estás de parabéns por uma das mais resistentes e estimulantes rúbricas surgidas no PUXA-PALAVRA. Sabemos quão difícil é falar de matérias tão complexas em tão curto espaço, mas tu, com abertura, disponibilidade para a discussão, serenidade, estiveste à altura.
Segui com muito interesse o debate. Entre dúvidas e esperanças, recordava um dos melhores angolanos que li. O Pepetela de «Maiombe» e de «O cão e os calús». E, como um cão, segui, de episódio em episódio, a informação e as opiniões que foram surgindo.
Obrigado e um abraço
Meu caro Manuel Correia
Uma amiga minha telefonou-me a dizer da tua resposta. Fui ver com alguma expectativa. Foste muito simpático. Alguma resistência, é verdade, mas gostei. Tive alguma facilidade, pois eu só queria alertar. Depois entrei numa resistência "ofensiva", o que é mais simpático.
Por exemplo, hoje, em Portugal, para muitas situações não temos essa oportunidade.
Vejamos o caso mediático do "barco do aborto". O confronto de ideias? Não, o poder de facto do senhor ministro P.Portas, é que impõe as regras. Direito? Ridículo. Atitudes de um ministro com tiques de pequeno ditador e laivos fascistas, à conquista de votos e peso político. SerÁ que o parceiro político vai engolir de form não reactiva. há postura mínimas. Aqui vem ao de cima a costela anti europeia.
Uma amiga minha telefonou-me a dizer da tua resposta. Fui ver com alguma expectativa. Foste muito simpático. Alguma resistência, é verdade, mas gostei. Tive alguma facilidade, pois eu só queria alertar. Depois entrei numa resistência "ofensiva", o que é mais simpático.
Por exemplo, hoje, em Portugal, para muitas situações não temos essa oportunidade.
Vejamos o caso mediático do "barco do aborto". O confronto de ideias? Não, o poder de facto do senhor ministro P.Portas, é que impõe as regras. Direito? Ridículo. Atitudes de um ministro com tiques de pequeno ditador e laivos fascistas, à conquista de votos e peso político. SerÁ que o parceiro político vai engolir de form não reactiva. há postura mínimas. Aqui vem ao de cima a costela anti europeia.
Acho alguma "piada" no v/blog, pq de vez em qdo fogem para temas específicos. Há um segmento para essas abordagens. A massificação das áreas da política já está tomada. Insistam, por exemplo, em temas como o aborto, eleições no PS,eleições americanas, que estratégia de cooperação com África,eleições regionaisAçores/Madeira, temas não faltam. Falta gente, isso sim, para os agarrar de forma aberta. Vocês, pelo menos,entram em colisão dentro da esquerda que vos norteia. É saudável.
Ana Esteves
Ana Esteves
A Ana Esteves coloca vários temas interessantes. Acho, porém que prioritários são os processos de eleições no PS a nível interno e a nível internacional as dos EUA, sob a tese: quem faz correr o quê?
C. Pedro
C. Pedro
Independentemente do assunto abordado, é certo que os posts temáticos dão mais informação aos leitores. tb é verdade que a abordagem de certos temas em alguns blogs dão muito gozo aos próprios mas pouco conhecimento ás pessoas. mas é um passatempo legítimo, como outro qq.
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