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2004-09-17

 

J. Soares, M. Alegre e Sócrates! na SIC Notícias

No debate entre Manuel Alegre e João Soares, ontem, na SIC Notícias, Sócrates esteve e não esteve.
Manuel Alegre (sobre Sócrates):
1) "...foi uma candidatura que nasceu feita com o apoio de quase 100% do aparelho partidário". "Ferro demite-se e a candidatura apareceu feita! É o que eu costumo chamar o milagre das rosas."
Sócrates "era um candidato que estava para ser coroado".
2) Estou a acabar com o medo. É um medo que as pessoas interiorizam. Num meio pequeno está-se num cargo executivo 20 ou 25 anos, as pessoas têm medo de falar e votar contra, medo de perder o emprego.
3) "O que pretendo é salvaguardar a autonomia do PS em relação aos de fora que querem decidir quem deve ou não deve dirigir o PS. E eu fiquei muito aliviado e creio que João Soares também, quando não recebemos o apoio de Valentim Loureiro nem do Dr. Marcelo Rebelo de Sousa que se pudesse votava no meu camarada José Sócrates e assim fica-se a saber o que a direita quer e não quer."
João Soares:
Explicava porque é que se candidatou, em Março de 2004, quando se sabia que Ferro Rodrigues queria continuar após o congresso previsto para Novembro: "... porque havia a consciência de que se estava [no PS] num impasse político. Impasse que se estava a generalizar. Estava-se em pleno impasse político!" Mas esclareceu que nunca preparou ou fez campanha no tempo de Ferro Rodrigues.
Quando explicava que no plano ideológico a sua candidatura se identificava com a de MA acrescentou: " que elas têm uma divergência profunda com a do outro candidato".
Tento perceber:
Manuel Alegre acha que Sócrates ao anunciar a sua condidatura pouco tempo depois de Ferro se demitir e ter rapidamente recebido o apoio da maioria dos dirigentes e dos eleitos do PS nas autarquias é uma candiatura que "apareceu feita" e que o candidato "julgava que ia ser coroado". Por outro lado acha que teve nascimento natural e não nasceu feita a candidatura de João Soares. A dele sabe que foi feita por um grupo de notáveis que não apoiava Sócrates e andava à procura de um cabeça de lista e ele contrariado a princípio, entusiasmou-se depois e aceitou.
Manuel Maria Carrilho um dos porta-vozes de MA com a truculenta subtileza que se lhe conhece ficou com a despesa do trabalho... chamemos-lhe pesado e desvendou a "conspiração". Sócrates apoiava Ferro pela frente mas por trás ia " tecendo secretamente uma teia" e mais à frente no seu artigo de 16 de Agosto, no Público:
"Sócrates conseguiu juntar os ingredientes necessários para conseguir um facto tão suspeito como inédito na política portuguesa: o lançamento de uma candidatura «instantânea» que, sem ideias, programas ou manifestos conhecidos, aparece de repente em todo o país, [A televisão agora prega destas partidas]anunciando-se então, como há muito se ciciava em segredo para os media, «imparável».
Por um lado segundo João Soares a liderança de Ferro Rodrigues estava pelo menos desde Março em pleno e generalizado impasse político. O que deve ter levado todo o PS menos Manuel Alegre a pensar, mesmo que só no seu mais recôndido íntimo, em como sair da situação. Quiçá todos falavam com todos ou com quem estivesse à mão.
Se Sócrates andou a "conspirar" então quem conspirou com ele? 95% do Partido? António Vitorino, Jaime Gama, Jorge Coelho, António Costa e mais 95% dos mais de mil dirigentes e autarcas do PS? Então se assim é andava todo o PS de passo trocado e só Manuel Alegre e menos de 5% [alguma percentagem será de João Soares] dos dirigentes, de passo certo.
A tese da conspiração, da teia, da entronização, não passa de vaidade ferida, desapontamento mal disfarsado e argumento para pescar em águas turvas.
Quanto a Valentim Loureiro e Marcelo Rebelo de Sousa poder-se ia agregar a prosa de Manuel Maria Carrilho no citado artigo:
"Descobriu-se, então, um outro – o verdadeiro? – Sócrates: para V. Pulido Valente trata-se de um robot perigoso, tão programado como desvitalizado, para J. Manuel Fernandes vislumbra-se um candidato a líder de plástico..."
Estes ilustres ideólogos da direita, estando contra Sócrates estão com MA e JS?
Que valem estes argumentos? Rigorosamente nada. Podia-se argumentar ao contrário: a direita está a dar munições a Manuel Alegre para atacar Sócrates! Mas isso também não passaria de falácia. Além de que se Marcelo disser que o Porto é no Norte de Portugal não deveremos concluir ou desejar que o Porto fique no Sul. Mas, por acaso, o que disse Marcelo na TVI no último Domingo, até foi diferente e o que disse foi (cito de memória) sou do PSD e se estivesse aqui a defender os interesses do meu partido então o que desejaria era que triunfasse um dos candidatos mais fracos, Alegre ou Soares, mas estou aqui na qualidade de analista e por isso tenho de dizer que o candidato mais forte é Sócrates.

Comments:
Infelizmente PS ou PSD é quase a mesma coisa. No meu entender mt básico, talvez MA faça a diferença. Bom fim-de-semana
 
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Caro Raimundo Narciso,

no teu post sustentas (se me é permitida a distorção voluntária) três grandes ideias. 1) A de que Sócrates, afinal, sempre esteve presente (sem estar) no frente-a-frente da SIC-Notícias; 2) que a tese conspirativa que M. Alegre e J. Soares partilham contra José Sócrates é uma patetice; 3) que os plumitivos e analistas da direita não são unânimes no apoio (ou na valorização) de José Sócatres.

Quanto a 1), descontados os desvarios líricos acerca da «presença - ausência» de quem, no fim de contas, recusou os frente-a-frente, o que sobra é que José Sócrates não quis expor-se e fez constar que já não tinha agenda. Depois os manueis é que são «os poetas». Vê-se!
2) Tens razão. É uma patetice pegada. Assino por baixo essa parte do teu texto.
3) É verdade. A direita também está dividida. Nem todos acham graça ao José Sócrates. Mas para desmontar a análise dominical de Marcelo ou para compreender o entusiasmo deslocado de Valentim, não basta aceitar as classificações, por certo ingénuas, que eles propõem. Um «líder forte», no falajar deles, não torna aquilo que eles chamam «líderes fracos», um «pronto-a-vestir» para a esquerda (esta, aquela ou aqueloutra) democrática e moderna.
A direita está dividida quanto a Sócrates?
Ainda bem! Como é que ele se sentiria se até o J. M. Fernandes e o Vasco Pulido Valente o apontassem como o SG ideal?
Nem quero pensar!...
 
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