.comment-link {margin-left:.6em;}

2004-10-18

 

As eleições regionais - algumas evidências


Os resultados das recentes eleições regionais permitem evidenciar muitos aspectos interessantes da nossa vida política, como tem sido sublinhado pela generalidade dos analistas, comentadores e participantes em muitos fóruns promovidos pela comunicação social. Gostaria de sublinhar aqui alguns desses aspectos.
O primeiro, é que estes resultados traduzem e reforçam a ideia de que a actual maioria legislativa a nível nacional, assente na coligação entre o PPD/PSD e o CDS/PP, está em franco declínio e conta, cada vez mais, com a oposição, a desconfiança e a falta de apoio dos eleitores.
O segundo, é que, ao invés deste declínio, o PS evidencia uma forte dinâmica de crescimento e é visto, cada vez mais, como o Partido mais bem colocado e preparado para governar o País e para ultrapassar a acentuada crise financeira, económica, social e ambiental em que estamos mergulhados.
O terceiro, é que a aliança do PPD/PSD com o CDS/PP vale menos, em termos eleitorais, do que a soma dos dois partidos, evidenciando a falência, a curto prazo, desta coligação de direita, o que pode conduzir mesmo ao desaparecimento do CDS/PP e à derrota da ala mais direitista do PPD/PSD.
O quarto, é que Carlos César conseguiu reforçar a sua maioria, ultrapassando mesmo a maioria alcançada por Alberto João Jardim, governando com respeito pela regras democráticas e sem insultos, diatribes, ameaças e atentados aos legítimos direitos dos seus críticos e opositores.
O quinto, é que Alberto João Jardim, apesar de governar a Madeira com um elevado nível de despotismo e tudo fazer para silenciar, intimidar ou limitar indevidamente a acção dos seus críticos e opositores, já não consegue evitar a erosão crescente do seu poder.

Comments:
No meu rústico covil urdo um texto que incide sobre as causas, meios e consequências da hegemonia jardinista. Refastelar-me-ia com a vossa visita. Saudaões cordiais.

Vítor Sousa
http://estrangeiros.blogspot.com
 
E não há um "sexto" para o "pequeno pormenor" do significado da CDU ter "desaparecido" de representação parlamentar açoreana? Abraço. João Tunes
 
O comment de João Tunes tem todo o seu quê de curiosidade política sã: perceber os fenómenos. Se me permitem, a minha leitura de um não açoreano, com apreço pelo Decq Mota, é a seguinte.

O Decq foi ensanduichado pelos seus votantes, porque estava em causa valores mais altos: não dar o poder à coligação de direita. O povo sabe. Entre o novo poder (o da coligação) de profundos dissabores nomeadamente acoplado a PSL/PP e o contrapoder(Decq)era mais ajuizado defender o que está que até não tem estado mal. É talvez uma pequena traição que compensa e uma afirmação.

Aliás foi o que se passou no PS nacional. Os militantes mobilizarem-se para dizer não a um candidato a SG que na actual luta política nacional nada acrescentaria para enfrentar esta direita sedeada no poder.Antes pelo contrário. Era o fim da esperança.
 
Há algo de exagero na comenta anterior no que se refere á disputa Sócrates/Alegre, mas em simultâneo há algo de real. Quanto ao resto acho que a leitura é essa mesma. Decq perde porque outras causas estão em causa.
Ana Esteves
 
Caro Vítor Sousa
Já fui ver o seu texto e valeu a pena, pois é uma boa chega para se compreender a situação política na Madeira. Cordiais saudações.

Meu caro amigo João Tunes
Tens toda a razão. Há muitos outros aspectos importantes evidenciados pelos resultados das eleições regionais, e o da fraca votação na CDU é certamente um deles.
Respondendo ao teu desafio, e também ao comentário de Ana Esteves, julgo haver três razões que explicam essa fraca votação. A primeira, mais de fundo, tem a ver com o processo de envelhecimento (de ideias e geracional) e de desadequação com a realidade que, há muitos anos, se tem vindo a desenvolver no PCP e que, lenta mas progressivamente, está a encaminhar este partido para um final inglório. A segunda, tem a ver com o efeito pontualmente acelerativo deste processo provocado pelo anúncio da saída de Carlos Carvalhas de SG, uma vez que esta foi sentida, por muitos militantes e eleitores, como uma vitória da linha mais anquilosada e ortodoxa do PCP (apesar de Carvalhas, de facto, pouco ter feito pela renovação do partido). A terceira, tem a ver com o fenómeno do voto útil, já abordado num comentário anterior ao meu texto, potenciado pela dinâmica de esperança, afirmação e optimismo, no combate à política de direita, introduzida pela eleição de José Sócrates para SG do PS.
Um bom abraço.
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?