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2004-10-06

 

ESTILOS (II)


Edvard Munch - O Grito (Quadro roubado)


1. Carlos Carvalhas decidiu anunciar que não continuará a ser Secretário geral do PCP depois do próximo congresso, a realizar já em Novembro. «Amigos» e adversários vieram testemunhar, através dos media, o «apreço», o «respeito», a «admiração» que nutriam por ele. Tudo aceitável e admiravelmente bem integrado na liturgia política nacional. Porém, como de costume, ficou algo inexplicado. Quem aconselharia um dirigente político a anunciar o abandono de um cargo em plena campanha eleitoral? Ninguém? Acharão os comunistas que uma mensagem desta ordem ajuda à campanha das regionais? O mistério prosseguirá provavelmente, e a opacidade continuará, não apenas a propiciar, mas a encorajar toda a espécie de especulações que por aqueles lados parecem continuar a substituir a discussão política. Estranhas formas de reforçar a esquerda!


2. Marcelo Rebelo de Sousa anunciou que vai abandonar o comentário dominical na TVI. Sobre o modelo do programa (colado e confundido com as notícias) e o formato (charla individual não contraditada) correram rios de tinta e de bytes, chamando a atenção para o despautério ideológico. Muitos limitaram-se a assobiar para o ar, alegando que a qualidade da análise do Professor contrabalançava os inconvenientes apontados ao modelo e ao formato. O costume.
Mas agora, o Governo PPD/PSD-CDS/PP, após alguns arrufos que vieram crescendo nos dois últimos meses, arreeou a bronca. O ministro Gomes da Silva meteu o carrão, ameaçando recorrer à Alta Autoridade para a Comunicação Social. O Conselho de Administração da Media Capital, proprietária da TVI, foi sensível ao pungente ministerial queixume. Após reunião com Marcelo, o assunto ficou resolvido. Marcelo afasta-se.

Entre a liberdade de expressão e a distância que a gestão financeira das empresas de comunicação social respeitam em relação às respectivas direcções redactoriais (passando por cima dos Conselhos de Redacção) está tudo nos manuais marxistas. Governo, sistema financeiro e actores políticos dão-se as mãos para tentar fazer a demonstração que está tudo à venda, muito pior do que a caricatura que os radicais de esquerda costumavam fazer.

É «O Grito» roubado.

Não há dúvida. Como recordava há uns anos atrás um velho dirigente comunista, às vezes, Deus escreve direito por linhas tortas.

Comments:
Os comunistas açorianos ficaram-lhe gratos. Pelo menos houve antena.
 
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Ah!, então foi isso?
Estou a preparar um novo post a pedir desculpa pela minha precipitação. De facto, não me passou pela cabeça que uma «desistência» em campanha pudesse ajudar de algum modo...Mas ele há coisas de ... gritos.
 
Apesar de em posturas diferentes os dois post vão na mesma linha. Mas a importação da TV Berlusconi é mais do tipo salazarento (e é o que está na forja com o PP. Embora não se alinhando com Marcelo não deixava de ser uma pedrada, tanto mais que abalava o campo do inimigo. Era como o Expresso antes do 25.
D. Pontes
 
Para evocar Deus, certamente seria um velho comunista com tendências reformistas. No mínimo, teria sido corrido na "gestão" de Carvalhas.
 
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