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2004-12-28

 

EDUCAÇÃO - Vá! Vamos lá sair da cepa torta!!

O tema da Educação é aliciante e atrai-me tanto quanto é grande a minha ignorância sobre a matéria. Por isso frequento O Professorices!
Vejo o país campo de experiências reformistas há mais de 30 anos, pelo menos desde Veiga Simão, Ministro da Educação de Marcelo Caetano e os resultados são decepcionantes. Por isso considero que um problema estratégico do país é a valorização do nosso principal recurso, da nossa principal matéria prima, os Portugueses. Daí me parecer que o Governo (de Sócrates ou lá quem for) tenha de fazer uma primeira aposta firme de longo prazo (Guterres fez um primeiro esforço e teve um relativo sucesso. Um tema para eventual acordo de regime, se fosse possível, o que duvido): investir e não apenas apenas em dinheiro, na Educação (instrução, formação profissional, investigação científica...).
É claro que governar o país obriga a atender ao mesmo tempo a muitas e instantes urgências e por outro lado, apesar de Fátima, ou talvez em parte por isso mesmo, não somos terra de milagres. Mas agora falemos de Educação.

DN, de 7 de Dezembro:(Artigo de João Pedro Oliveira)
"Alunos portugueses sem competências na Matemática, 20% apenas conseguem resolver problemas óbvios. Média nacional muito abaixo da OCDE.
Um em cada cinco jovens portugueses apenas consegue resolver problemas matemáticos óbvios em que a resposta está implícita na questão apresentada. Este é apenas um entre os muitos dados hoje revelados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), que traçam um quadro negro do ensino da Matemática em Portugal e revelam resultados que deixam o País no 25.º lugar no ranking dos 30 estados membros desta organização.Os números constam da última edição do PISA (Programme for International Student Assessment) e são relativos a 2003.
Público, 7 de Dezembro (transcrito aqui)
Em Portugal, a despesa feita por aluno, desde que começa a escolaridade obrigatória até aos 15 anos, ronda os 36 mil euros. Contudo, os resultados dos estudantes portugueses a Matemática ficam um pouco aquém do investimento feito. Por exemplo, Espanha gasta 35 mil euros e os seus alunos têm um desempenho melhor do que os portugueses, aproximando-se mais do que seria expectável com a despesa que fazem. Já na República Checa, a despesa por aluno representa pouco mais de metade do que é gasto em Portugal e os resultados dos alunos estão 50 pontos acima, demonstrando assim grande eficácia. "
No mesmo sítio, dados do PISA 2003:
"Em Portugal, a despesa feita por aluno, desde que começa a escolaridade obrigatória até aos 15 anos, ronda os 36 mil euros. Contudo, os resultados dos estudantes portugueses a Matemática ficam um pouco aquém do investimento feito. Por exemplo, Espanha gasta 35 mil euros e os seus alunos têm um desempenho melhor do que os portugueses, aproximando-se mais do que seria expectável com a despesa que fazem. Já na República Checa, a despesa por aluno representa pouco mais de metade do que é gasto em Portugal e os resultados dos alunos estão 50 pontos acima, demonstrando assim grande eficácia. "
...
"A Coreia tem um rendimento nacional 30 por cento inferior à média da OCDE e os seus alunos estão entre os que melhor se saem. "
...
Ou ainda: "Finlândia lidera todos os 'rankings'
Os resultados dos alunos finlandeses já tinham sido bons em 2000 e na edição de 2003 não podiam ter sido melhores. Nas três literacias testadas (matemática, leitura, ciências), e olhando apenas para os Estados da OCDE, a Finlândia ocupa sempre o primeiro lugar. A Holanda é outro dos países europeus a conseguir sempre uma posição de destaque."
Sei que não somos a Finlândia, nem a Coreia, nem Hong Kong, nem a República Checa. Que é necessário muito esforço, muita vontade política, mas se já conseguimos ser tão bons em organizar eventos (Expo 98, Euro 2004), gaita! não conseguiremos dar um decisivo passo em frente na Educação e sair da cepa torta!?

Comments:
Eu também percebo pouco de educação, para além de ter filhos e ter e gostar de os ajudar a educarem-se. Mas apesar de perceber pouco tenho opiniões. Podem ser más, mas são as minhas. Não são estáticas na medida em que podem mudar quando concordo com os argumentos dos outros.
Gostava de saber se alguem tem uma estatistica que saiu à uns tempos na visão onde segundo percebi aquele discurso de Portugal ser um dos paises onde se gasta mais em educação cai completamente por terra. É que parece que a comparação é normalmente feita pelos politicos relativamente ao PIB e não por cabeça. Ora bolas. Se é assim andam a enganar-nos nos debates. E o PS (normalmente essa grande pedagoga chamada Ana Benavente) nada diz. Era interessante ler novamente e trocarmos umas impressões.
 
Eu também, como o comentarista anterior, não percebo nada do sistema de educação. Mas como empresário reconheço que o nosso ensino não resulta. Se quero um engenheiro, recém licenciado, que me dê apoio no processo de produção, nada. Só depois de muitos largos meses é que começa a produzir. Se quero um economista gestor, ele nem uma contabilidade consegue organizar, não é fazer, atenção, é organizar, Então para que os quero?
Com este ensino as empresas só pagam. Depois os nossos ministros são todos professores. Antes funcionários públicos e técnicos privados, porque esses conhecem as empresas. Atenção, mas quem é parvo que honestamente vai para Ministro, ter chatices e ganhar tão mal? Eu sou um pequeno empresário, mas levo limpos para casa 5000 euros/mês. Podem dizer-me, mas os teus trabalhadores ganham mal. É verdade. Mas é assim e não sou eu que tenho de fazer a revolução, até porque pago acima do contrato. Como pode um ministro ter menos? Como pode um técnico ter menos, trocar uma posição de liberdade com actividade liberal por isto? Só vai quem procura tirar dividendos, digam-me o que quiser. Mas até acho correcto que não aceitem ir. Isto tem de mudar. Os políticos ou são inconscientes ou fazem-nos passar por parvos ou então o que é pior são analfabetos.
Atenção, isto é tudo uma farsa. A mentalidade tem de mudar, mas os sindicatos eos patrões reacionários estão objectivimente coligasdos contra o progresso deste País. Nunca despedi ninguém, mas tem de haver instrumentos eficientes para dispensar quem não produz. Ora aqui quem é reaccionario é o sindicalista pois não quer objectivamente que o país progrida.
 
O Comment anónimo anterior corresponde àquilo que sinto. Também acho como pequeno empresário que o sindicalismo transformou-se numa força bloqueadora. Mas os empresários são ainda piores porque andam na mama do EStado. A pior coisa que aconteceu neste país foi a forma de atribuição de fundos comunitários, para além da corrupção que provocou. Foi um ensino prático da corrupção e tanto dinheiro perdido sem efeitos na dinamização da economia. Se houvesse consciência, quase todos os beneficiados deviam ter uma consciência pesada.
 
Eu gostava de ver isso, mas da maneira que o país anda, num futuro próximo vai ser dificil :(
Que o Novo Ano só traga coisas boas. Beijinho
 
Dois pequenos comentários:
1-Uma parte dos nossos problemas no ensino da matemática vem do facilitismo: a ideia que se devem evitar ou esconder as dificuldades para que todos tenham acesso à matemática tem um efeito contrário ao pretendido, substituir as demonstrações por umas vagas ideias intuitivas só serve para adiar as dificuldades para a universidade.
2- A adequação das formações universitárias às necessidades das empresas requer uma enorme dose de bom senso, se por um lado as universidades devem formar os seus estudantes para que estes se possam rápidamente integrar na vida profissional, por outro lado uma formação demasiado utilitarista que descure os fundamentos é contra produtiva a médio e longo prazo. Um exemplo: numa formção de informática é mais importante ensinar a noção de complexidade do que fazer os alunos conhecer a linguagem de programação que está na moda, alguem bem formado aprende uma nova linguagem em algumas semanas, aprender a raciocinar para saber passar de um problema prático a um programa leva muito mais tempo: é esse o verdadeiro trabalho da universidade.
 
A questão da remuneração dos politicos é importante e muito se tem escrito sobre ela.
O problema dos ministros é o mesmo que o problema dos funcionários públicos em geral. Ganham pouco.
dado o défice e o estado da economia não estou a ver forma de pura e simplesmente aumentar o pessoal todo para trabalharem melhor.
É o velho problema do ovo e da galinha.
Tem de se criar uma dinâmica e esperança tal que motive as pessoas a fazerem melhor pelo mesmo dinheiro.
Quanto a serem parvos poderia falar no caso de Fernando Nobre, fundador da AMI mais abaixo referido neste blog. Por comparação ele é tudo menos parvo.
Porque razão só trabalhamos se tivermos mais televisões sony, um carro mercedes e poder ir para o Algarve um mês inteiro ?.
Não deveria ser ao contrário ? Vamos todos trabalhar melhor e assim conseguir chegar mais longe ?
Não estou a falar de miserabilismo de todos termos de passar fome ! Estou a falar de usar aquilo que temos para chegar mais longe.
 
Os comentários valem mais do que o post daí não me parecer mal, pelo contrário, que comentários a comentários ou suscitados por estes saltem cá para fora para terem outra visibiliade. No caso de se tratar de comentaristas sem acesso ao blogo, por mim fica aberta a possibilidade de me enviarem "post" para o email que eu coloco-os. Naturalmente que usarei de espírito crítico mas de acordo com a boa prática democrática bloguística.
 
Sendo o Lester Burnham um óptimo colaborador do Puxa e havendo controvérsia na família sobre o autor do seu destino fomos ontem rever a história da sua vida. É uma excelente obra de arte. Ganhou quem apostou que no vizinho nazi, frustrado e perdeu quem julgou que o tiro tinha sido dado pela trepidante mulher do Lester. A Beleza. Neste caso Americana.
 
Relativamente ao Pedro acho muito oportunas e certeiras as considerações sobre a Matemática. Apesar de não passar de um curioso das Matemáticas aflige-me o panaroma escolar português nesta área. Trata-se de uma ciência de aprendizagem cumulativa por excelência. Se há um hiato aqui e ali, noutras ciências, pode não ser grave, aqui é quase impeditivo de novos avanços.
 
Este ponto da experiência cumulativa leva-me à questão de que tenho andado há uns dias a propor : SE NÂO CONSEGUIMOS IR A TODAS PORQUE NÃO COMEÇAR COM O 1º CICLO DO ENSINO BÁSICO. Se no fim de uma legislatura se pudesse dizer que do 1º ciclo saiem alunos muito bem preparados acho que seria um grande resultado. Claro que não quero com isto dizer que vamos dar cabo do resto dos graus do ensino, mas Roma e Pavia não se fizeram num dia.
 
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