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2004-12-07

 

O Aumento da Produtividade e o Desemprego

Num documento divulgado hoje em Genebra, a OIT vem constatar que não é a deslocalização de actividades económicas que tem tido um efeito drástico no desemprego, nas economias mais desenvolvidas, mas a Produtividade.
Embora a deslocalização tenha impactos negativos na abolição de postos de trabalho, para esta Agência das Nações Unidas, o desemprego, sobretudo na área industrial, tem como causa as reestruturações das empresas decorrentes da necessidade de aumentos de produtividade para poderem competir nos mercados.
Tomando como exemplo a economia americana, a OIT afirma que, no primeiro trimestre de 2003, a deslocalização contribuiu apenas para 2% dos despedimentos globais e assinala que , por exemplo na década de 90, na produção de aço nos EUA, apesar da produção aumentar de 75 para 102 milhões de toneladas, o desemprego baixou de 289 000 postos de trabalho para 74 000.
O que está, de facto em causa, é um novo modelo de produção, onde o trabalho menos qualificado tem cada vez menos lugar na cadeia de valor. Uma sociedade, uma economia, uma empresa, sem capacidade de inovação e de conhecimento "competitivos" enfrentará cada vez mais dificuldades neste processo global.


Comments:
Se isto é assim, como em Portugal estará tudo por reestruturar,porque só se fala na necessidade de aumento de produtividade para podermos sobreviver, que volume de emprego vamos perder?

Reconheço que é um comment altamente provocatório. Talvez fosse mais indicado colocar esta questão aos diversos responsáveis políticos de todos os quadrantes deste País. Mas pode haver achegas.
 
A Irlanda e a Finlândia constituem dois bons exemplos de que é possível partir de uma situação com fortes constrangimentos (desemprego e instabilidades política e económica no caso da Irlanda) ou de mudança no modelo de desenvolvimento e nos parceiros económicos (como aconteceu com a Finlândia em resultado do colapso do bloco soviético) e, mesmo assim, criar condições para consolidar uma trajectória de desenvolvimento convergente.
 
Concordo completamente com o João Abel de freitas. E, embora seja um discurso politicamente incorrecto, até diria mais: a deslocalização pode ser perspectivada positivamente como sendo um sinal de que existe uma aceleração das mutações do nosso padrão de especialização.
Não devemos reproduzir em relação à desindustrialização ou à mudança do padrão de industrialização, a postura conservacionista que muitos defenderam, no passado, em relação à agricultura.
Para além disso, e como se provou em relação à agricultura, a postura defensiva é contraproducente ... e reaccionária!
 
A reestruturação sectorial e a mudança do padrão de especialização só é sustentável se, simultanemente, se estiver atento à coesão social. Por isso mesmo, as políticas sociais são extremamente relevantes.

Agora não me parece razoável uma postura do seguinte tipo: não se devem fazer reestruturações por causa dos efeitos sociais. Esta opção defensiva só pode contribuir para degradar ainda mais a situação actual.
 
Quando se lamenta a deslocalização de uma fábrica de calçado que trabalha em regime de subcontratação dependente, pergunto a mim próprio se com isso queremos significar que somos contra o progresso e a favor da manutenção em Portugal de actividades baseadas na exploração de baixos salários?
 
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