2004-12-19
O Espectro do Bloco Central (1)
Em matéria de alianças, espera-se pelos resultados eleitorais. O que já se sabe é pouco ainda, mas fundamental. O BE avança com dez medidas para 100 dias (Expresso de sábado passado) e garante que só participará num governo quando tiver uma força parlamentar e social capaz de influenciar as respectivas políticas. Quanto ao PCP, a decisão será tomada face ao anúncio das políticas a seguir... Um e outro (PCP e BE, pelas vozes, respectivamente, de Jerónimo de Sousa e de Francisco Louçã) consideram o PS uma força de direita (Francisco Louçã) ou com políticas de direita (Jerónimo de Sousa), em declarações que certamente se destinam a facilitar o diálogo com os membros, simpatizantes e outros apoiantes do PS...
O PPD-PSD e o CDS-PP firmaram um acordo que visa disfarçar o facto de terem desfeito a coligação. Prevendo a derrota eleitoral, acordam em que nem um nem outro viabilizarão um governo do PS. À esquerda, o PS reteoriza acerca dos quesitos para prováveis alianças à esquerda. Com o PCP de Jerónimo Sousa, não; com o BE de Francisco Louçã, tão pouco... Isto é, o PS, caso não obtenha a maioria absoluta, aliar-se-ia com forças à sua esquerda desde que as respectivas lideranças fossem diferentes das actuais...
Como o PS já governou sozinho, já formou governos com o CDS e com o PSD, não tendo nunca feito a experiência de uma aliança de esquerda no Parlamento ou no Governo, compreende-se a preocupação de João Cravinho, expressa quer no «Expresso da Meia Noite» – SIC – Notícias (16-12-2004) quer em artigo publicado no DN de sábado que pode ser lido aqui), com o espectro do Bloco Central.
Comments:
<< Home
Oh amigo Manuel Correia, não se precipite. Apesar de estar contente com o seu regresso às lides, não posso deixar de lhe lembrar que o PS ainda não apresentou o seu programa eleitoral nem realizou o fórum das Novas Fronteiras. Vá lá... Tenha calma.
Fernando Marques
Fernando Marques
Caro Manuel Correia, primeiro um viva entusiástico ao seu regresso ao bloganço. Depois, se bem me lembro do Cravinho no Expresso da Meia-Noite, ele avançou com outro "medo" (e este parece-me mais real para o caso de as coisas continuarem, com o PS, a desencaminharem-se): uma solução autoritária (exemplo meu: Cavaco na Presidência) com reforço da competência da intervenção presidencial ou mesmo uma deriva constitucional que desemboque no presidencialismo (messiânico, pois claro). E acho que o Cravinho não pirou. Pelo menos, como as coisas estão, convém não excluir hipótese alguma. Uma má resposta de esquerda ao estado em que a direita vai deixar o poder, pode representar uma curva perigosa para a democracia. Mas, não havendo hipóteses de aliança "à esquerda", a solução só pode estar numa boa governação da esquerda com capacidade para governar. E, para isso, muito o Sócrates tem de ser apertado (pela esquerda)! Abraço. João Tunes
_____________________________________
João Tunes, obrigado pelas amistosas palavras. Vindas de um veterano (sem ofensa) da blogosfera, notável na prestação do «BotAcima» e sempre lido com prazer na «ÁguaLisa», sensibilizam-me muito.
Quanto à matéria do poste, estou de acordo, em geral, com o que diz. Penso, até, que a tal solução messiânicade que fala, se insere (também para o Cravinho) no caldo político que haveria de reproduzir o Bloco Central. Depois de uma governação difícil do próximo governo do PS (cenário de maioria relativa para o qual Sócrates já começou afanosamente a trabalhar, reprometendo a sua solução «científica» da co-incineração), com o PSD liberto do incómodo populista de Santana Lopes e quejandos, um PR como Cavaco, não só apadrinharia facilmente como promoveria a estabilidade a rosa-laranja um pacto de regime e um atestado psiquiátrico às forças extremas, críticas, desrazoáveis e radicais.
Para mim, a carta messiânica faz parte do naipe do Bloco Central. Um abraço
Enviar um comentário
João Tunes, obrigado pelas amistosas palavras. Vindas de um veterano (sem ofensa) da blogosfera, notável na prestação do «BotAcima» e sempre lido com prazer na «ÁguaLisa», sensibilizam-me muito.
Quanto à matéria do poste, estou de acordo, em geral, com o que diz. Penso, até, que a tal solução messiânicade que fala, se insere (também para o Cravinho) no caldo político que haveria de reproduzir o Bloco Central. Depois de uma governação difícil do próximo governo do PS (cenário de maioria relativa para o qual Sócrates já começou afanosamente a trabalhar, reprometendo a sua solução «científica» da co-incineração), com o PSD liberto do incómodo populista de Santana Lopes e quejandos, um PR como Cavaco, não só apadrinharia facilmente como promoveria a estabilidade a rosa-laranja um pacto de regime e um atestado psiquiátrico às forças extremas, críticas, desrazoáveis e radicais.
Para mim, a carta messiânica faz parte do naipe do Bloco Central. Um abraço
<< Home