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2004-12-26

 

Portugal em mudança?

O título inspira-se na "Espanha em mudança", crónica de Madrid de Manuel Lopes, no DN de hoje.
A Espanha, por tudo o que nos chega, está mesmo a mudar com Zapatero. Os acontecimentos de 11-M terão ditado os resultados eleitorais de 14 de março, correndo com Aznar do poder, uma personalidade forte, controversa e que, sobretudo, se salientou pela sua veia de grande "inventor de factos e desculpas políticas" (falaciosas) e com isto soçobrou. Os povos de Espanha arrearam-no de Moncloa.
E Zapatero entra de mansinho com um leque de ideias no cabaz, mostrando um esforço sério de concretização. Assim, retirou as tropas do Iraque, afastou Espanha da política belicista de Bush, adoptou novas políticas sociais, tomou medidas de facilitação do divórcio, reconheceu os casamentos gay e está a enfrentar a igreja com equílibrio. Não há dúvida de que esta governação tem vindo a agradar e a ser aceite pelo povo.
Portugal pode a 20 de Fevereiro entrar numa etapa semelhante.
Para isso é nececessário levar ao povo português a dimensão do descalabro em que o governo de coligação PPD/PP deixou o país, e desfazer de forma adequada e séria os argumentos que o governo vai invocar para atribuir a terceiros as culpas da sua má governação.
Mas isto só não basta. Há que formular a tal meia dúzia de ideias fundamentais de que este país precisa para uma ruptura com a gestão deste governo e do passado recente. Ideias mobilizadoras, com um conteúdo preciso e aproximação de timings. Algumas delas certamente coincidentes com as de Zapatero.

Comments:
Entre Portugal e Espanha a diferença é enorme, quer na cultura dos povos quer nos dirigentes quer nos "media". Aqui, parece faltarem os Zapateros e os outros. É o diz que não diz. Até à data só um facto positivo. Sócrates afirmou-se na coincineração, embora seja uma questão menor neste contexto. Mas foi importante esta atitude
 
Era bom era, mudar. Mas onde está a ambição dos nossos dirigentes? Onde está a estratégia de ruptura? Com o alargamento, a estratégia europeia se não se esgotou secundarizou-se, aliás foi mal orientada no concreto. O que foi Portugal buscar senão uns míseros dinheiros? A ambição de um grande dirigente do futuro está em conceber e fazer vingar uma estratégia atlântica ém Portugal.
 
Aqui vai a minha visão, certamente deformada pelo facto de viver em França e pela minha profissão:

Educação: fazer uma verdadeira reforma que ponha os estudantes a gostar de aprender (por exemplo as ciências, matemática incluida). Apostar num modelo de desenvolvimento baseado na competência.

Saúde: muito há para ser feito, mas seria bom que se garantisse o acesso de todos a um serviço minimo.

Ambiente: por em prática uma verdadeira politica de reducção dos riscos que inclua tratamento dos residuos e a reducção das fontes de poluição.
 
É sempre a mesma coisa. Mandamos bocas como uma "verdadeira reforma" ou "verdadeira politica" que deixa imenso espaço aos nossos dirigentes para fazerem o que lhes dá na bolha.
O que me chateia é que até concordo com o que se diz mas acho que não serve para nada.
Aí vão umas mais radicais :
Educação :
- Fazer como o Guterres que no seu primeiro mandato apostou e implementou uma rede de pré-escolar em Portugal. Isto foi uma obra histórica de que pouco se falou. Nesta legislatura podiamos definir como prioridade o 1º ciclo (antiga primária) que é o parente pobre da educação em Portugal.
- Correr com os pedagogos que estão à 20 e tal anos no ministério e não sabem o que é a realidade. Ou então obrigá-los a dar aulas para verem como é.
- Obrigar os pedagogos a perceber que é importante saber sobre as coisas (ex: para darem matemática têm de saber matemática).
- Voltar a baixar o máximo de alunos por sala (que no tempo do PS era de 20 alunos por sala e agora voltou aos 30).
Saúde:
- Dar força aos genéricos.
- Obrigar os médicos a chegar a horas e a trabalhar acabando com este espirito do Sr Doutor a quem tudo se atura e que já vem de antes do 25 de Abril.
- Acabar com as S.A.(s). Gestão privada não significa gestão competente. Gestão competente = Gestores competentes.
- Dar poder às chefias para avaliar a sério sem ter de dar "muito bom" a todos sob pena de levarem com os sindicatos em cima quando não o fazem.
- Acabar com a pouca vergonha dos enfermeiros a trabalhar mais do que devem. Quem trabalha 16 horas por dia como consegue dar atenção devida aos doentes ?
Ambiente:
- Resolver o problema dos residuos perigosos. Com co-icineração ou sem ela. Com mais ou menos estudos, mas fazê-lo com coragem.
- Cumprir o plano da produção das energias alternativas.
- Apostar na redução de consumo através dos programas de utilização racional.
- Dar mais benificios fiscais a produtos ecológicamente mais limpos (ex: Automóveis), ou taxar mais os menos limpos.
 
Há aqui comentários muito interessantes e que mereciam (com benefício do Puxa Palavra)aparecer com a visibilidade dos "posts". É por exemplo o caso destas considerações do Lester Burnham
 
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