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2005-01-17

 

Sampaio na China e a deslocalização dos têxteis

"Agora dou a palavra ao ouvinte XPTO" dizia numa voz mobilizadora da TSF num dos seus fora matinais. O ouvinte era um dirigente sindical dos Têxteis e reprovava o Presidente Sampaio. "Afinal o que ele foi fazer à China - dizia indignado - foi dar boleia aos patrões (referiu a Riopele e uma outra empresa têxtil) para se deslocalizarem para lá e aumentar aqui o desemprego!"
O Riopele ou o outro, interrogado nas terras do Império do Meio, pela nossa mesma popular estação de rádio, tinha guardado as palavras em parte confirmativas. "Pois. Estamos a ver se podemos deslocalizar (Compreendo que é o Economês corrente mas não seria melhor Português dizer deslocar?) para aproveitar a mão de obra muito mais barata mas queremos manter o design e o marketing lá em Portugal".
Boa parte da classe empresarial portuga o que quer é mão de obra chinesa e do resto, formação profissional, investigação, inovação, risco, foge como o diabo da cruz. Que trate o Estado... Por outro lado, grande parte da classe sindical autóctone quer, e justamente, a defesa dos postos de trabalho mas sem querer saber da Economia que os possa garantir. Assim não vamos lá - como dizia o outro.

Comments:
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Raimundo,

Ao ler este teu post, ocorreu-me um título para outro. Depois pensei melhor e achei que era mais ajustado conversar exactamente aqui, à vista do teu texto. Apenas mantive o título que me tinha ocorrido.

Deslocar e deslocalizar. As desventuras do mexilhão.

Penso que «deslocar» não se aplica ao aproveitamento de uma oportunidade de negócio noutras latitudes. Esta diferenciação entre «deslocar» e «deslocalizar» tem a ver, entre outras coisas, com o facto de grande parte dos empresários não estar interessada em deslocar as pessoas a quem davam emprego no local anterior. Fechar uma empresa em Portugal e abrir outra (ainda que com o mesmo nome e patrões) em Singapura não corresponde propriamente a uma deslocação.

À luz desta diferenciação que me parece evidente, detive-me a matutar no significado da seguinte passagem do teu post:

~« (...) grande parte da classe sindical autóctone quer, e justamente, a defesa dos postos de trabalho mas sem querer saber da Economia que os possa garantir.»

A defesa dos postos de trabalho passaria então, por uma atitude e orientação diferentes por parte de «grande parte da classe sindical» que não quereria «saber da Economia que a possa garantir»? Duvido. Tal como acontece aos trabalhadores quando as empresas são «deslocalizadas», os sindicatos não costumam ser chamados a para a discussão acerca de garantias económicas. Ou melhor, sim, quando se trata de «moderarem» as suas reivindicações salariais, condições de trabalho e formação profissional. Digamos que, nesta matéria, como noutras, há um círculo que decide, de facto, e outro que paga as favas. Nas senda de alguns economistas que têm botado faladura recentemente, retomo a ideia que muitas das questões que nos afligem não têm uma feição dominantemente económica. São mais políticas e sociais.

É o que acontece quando o mar bate na rocha...

Um abraço
 
Olá Manuel. A minha observação tem mais a ver com o posicionamento histórico do sindicalismo em Portugal e especialmente com o que mais contou e conta, o da CGTP e nem tanto relativamente aos problemas da globalização, mais sensíveis na última década.
O posicionamento em geral reaccionário do atrasado patronato português levou um movimento sindical de cariz revolucionário, mas com frequência primário, a não usar em sua defesa uma explícita preocupação com a sustentabilidade económica e empresarial de muitas das suas reivindicações.
Aquele abraço
 
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