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2005-01-17

 

Um exemplo de coragem


Simone Veil

Duas datas importantes comemoram-se este ano: os 60 anos da libertação de Auchwitz e os 30 anos da legalização do aborto em França. A ex-ministra e ex-presidente do parlamento europeu Simone Veil está ligada aos dois acontecimentos: aos 16 anos foi deportada para Auchwitz de onde saiu com a libertação do campo e em 1975, ministra de um governo de direita, contra a opinião dos seus amigos políticos, fez aprovar a lei de liberalização do aborto pelo parlamento francês.
Numa entrevista de domingo 16 de Janeiro Simone Veil lembra-nos algumas evidências que andam algo esquecidas:
«À tentativa de responsabilizar todos sem distinção dizendo: vocês que nada fizeram, que não arriscaram, são também culpados; respondo que não. Churchill e Roosevelt não são Hitler, eles não cometeram o mal absoluto»
A propósito da situação actual e do debate sobre o anti-semitismo em França, Simone Veil tem a coragem de lembrar a violência do racismo contra os africanos e os magrebinos em França, o carácter inadmissível das discriminações de que as pessoas dessas origens são alvo, e a total impunidade desses actos. Para mais detalhes ver aqui.

Uma pequena nota pessoal: desde 2000 assiste-se em França a um aumento importante dos actos anti-semitas, Edgar Morin prefere chamar-lhe anti-judaicos pois os árabes fazem também parte dos semitas. Estes actos têm duas origens distintas: grupos neo-Nazis e jovens de origem árabe. O racismo ordinário é uma constante da sociedade francesa, exemplos disso são os controlos de polícia onde por acaso só se pedem os documentos a quem tenha a pele mais escura ou as recusas de alugar apartamentos a quem tenha um apelido estrangeiro. Só muito excepcionalmente o racismo ordinário é punido.


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