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2005-02-14

 

Haja Memória!



(1967: Emissão Comemorativa do Cinquentenário das Aparições de Fátima)

Mesmo com o risco de ser mal compreendido, quero lavrar um protesto. Não é admissível falar da Irmã Lúcia, seja-se ou não crente, esquecendo o descarado aproveitamento político e ideológico que os sectores mais conservadores da Igreja Católica fizeram das «Aparições de Fátima», dos «Três Pastorinhos» e das «mensagens divinas». Sei que é uma matéria que divide, por dentro, católicos, cristãos e outras correntes religiosas de inspiração Bíblica. Por isso mesmo, seria historicamente criminoso e empobrecedor das nossas culturas religiosas e políticas que se enterrassem, com a Irmã Lúcia, outros entendimentos, radicalmente diferentes, acerca dos «Mistérios de Fátima».
A vida da Irmã Lúcia foi, essa sim, para muitos de nós, um mistério. Tudo indica que a alta hierarquia da Igreja Católica condicionou estritamente as suas declarações públicas, tornando-a praticamente inacessível a quaisquer jornalistas ou estudiosos de temas relacionados com as «Aparições de Fátima».
A carta que Lúcia terá escrito ao Cardeal Cerejeira em 1945, indicando Oliveira Salazar como confirmação da «vontade de Deus», serviu, desde então, para uma inominável operação que pretendeu atribuir ao ditador Oliveira Salazar desígnios divinos.
O empolamento institucional que foi feito da sua morte sugere que, dos idos de Sidónio Pais aos tempos de Santana Lopes, certos arcaísmos político-religiosos, persistem.
Haja memória!

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