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2005-02-24

 

W. Bush em visita à Europa

W.Bush com Ivan Gasparovic em Bratislava onde se encontrará com Putin
Felipe González numa entrevista a Juan Luís Cebrián que deu origem ao livro “El futuro no es lo que era” relata uma observação de um político inglês (Edward Heath?) que cito de memória: Você como eu, que fomos dirigentes de países, impérios coloniais no passado, compreendemos bem que os povos que as nossas nações oprimiam odiassem os colonizadores, ora o que espanta é os americanos andarem sempre a queixarem-se dos povos que exploram e dominam por não se mostrarem agradecidos à América.
Esta miopia imperial frequente nos dirigentes de Washington revela-se hoje nas relações com a Europa particularmente evidente a propósito do Iraque e, na presente visita de W.Bush à "velha Europa", a propósito do Irão.
Relativamente ao Iraque a Administração Bush considerou que os interesses dos EUA ou ao menos os do seu grupo, passavam pela invasão e futuro controlo político-militar-petrolífero do país e em consequência trataram de o concretizar contrariando a opinião de quase todo o mundo, incluindo a da "velha" Europa.
Ficaram depois muito indignados por alguns dos seus aliados do outro lado do Atlântico recusarem o papel de lacaios que Durão Barroso, mesmo num papel de chefe de cerimónias, com gosto quis representar.
Em dificuldades com o Iraque que "surpreendentemente" também não lhes agradece a destruição do país nem a democracia na ponta dos canhões W. Bush vem à Europa agora em tom conciliatório mas com uma agenda onde a multilateralidade e o desejo de cooperação em pé de igualdade é, na minha opinião, no essencial, apenas aparente.
Ao contrário do Iraque que não tinha armas nucleares (quanto ao pretexto da tirania, na boca de protectores de tiranos, nem vale a pena falar) o Irão não tendo armas nucleares procura tê-las, ainda que até agora o destino civil e pacífico dos seus esforços no nuclear não tenham sido ultrapassados.
A Europa tem proposto e bem esforços políticos para conter Teerão. Os EUA têm priveligiado a ameaça militar.
Na mão dos fundamentalistas islâmicos tal arma é intolerável e portanto é natural e vantajoso que EUA e Europa concertem posições para impedir tal desiderato mas é indispensável que esgotem os meios políticos antes de encarar os meios militares.
Tudo seria mais fácil se o esforço de resolução dos problemas do Médio Oriente não estivesse sob a tutela do "fundamentalismo cristão" da administração Bush onde sobressai a sua cínica política de favorecimento do belicismo e das prepotências de Israel na região.
O Irão quer ter a arma nuclear e para isso tem uma razoável desculpa. O "Ocidente" não é de fiar. Não faz jogo limpo e permitiu o armamento nuclear de Israel.
Como seria mais fácil conter o Irão e dar força às forças democráticas internas se os EUA se empenhassem em conseguir uma solução equitativa ao contencioso Palestina-Israel? Largos sectores democráticos e seculares do Irão estão ansiosos de se verem livres da opressão do fundamentalismo clerical reinante mas não estão ansiosos por o trocarem pelo controlo imperial americano! Como a invasão do Iraque bem ilustra.
Garantir a independência e a segurança de Israel e garantir a independência e segurança do Estado Palestino e combater vigorosamente, e aí sim com autoridade moral, todo e qualquer terrorismo, eis o mais que conhecido busílis da situação.
O Pentágono tem pronto, há muito tempo, o plano militar de ataque ao Irão. Como tinham o do Iraque desde antes dos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2003. É o grande plano de reordenamento político das regiões do petróleo e do gás natural, ou seja do Médio Oriente incluindo Iraque e Irão, porventura a Arábia Saudita se a Casa dos Saud se mostrar demasiado instável e o eixo asiático das antigas repúblicas soviéticas.
Quando o presidente W. Bush apela em Berlim ou com Chirac à necessidade de uma só voz para se falar com o Irão, receio que só à superfície encare a concertação de opiniões entre a América e a Europa e que quando considera "impensável" a solução militar não está a ser sincero.
É indispensável impedir o armamento nuclear do Irão. Mas o caminho para se lá chegar sem novas tragédias como a do Iraque passa por um posicionamento equitativo perante o problema israelo-palestino.

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