2005-03-24
Governo a Subir
A primeira impressão é muito importante quando conhecemos alguém. Assim também com os Governos. E este sem dúvida que tem, repetidas vezes, surpreendido favorávelmente, os Portugueses.
Discrição, seriedade, decisões rápidas e inesperadas a revelar convicção, coragem e trabalho prévio.
Na tomada de posse do Governo a venda livre de remédios sem receita médica afrontando o mais agressivo e poderoso loby corporativo nacional. Na apresentação do programa à AR o anúncio da redução a um mês das férias judiciais, metendo-se com um Estado dentro do Estado (o Estado de Excepção dos intocáveis mas ultimamente muito desacreditado poder judicial).
Coisas apenas simbólicas, poder-se-á retorquir mas que na realidade são sinais fortes de um estilo que cá faltava.
Medidas inéditas como a de fazer coincidir o referendo à Constituição Europeia com as eleições autárquicas ou decidir já para Junho o referendo à interrupção voluntária da gravidez, também revelaram acerto e rapidez de decisão. Rapidez de decisão uma coisa tão deficitária entre nós...
O anúncio de atacar a burocracia de que seria exemplo a redução a um dia do tempo ainda hoje enormíssimo para se consituir uma empresa. Um dia! Sabe-se que não é impossível, já acontece num ou outro país lá fora, mas em Portugal isso seria um milagre de Fátima. Aguardemos para ver.
Governo também andou bem no caso da Bombardier. O Ministério das Obras Públicas (MOPTC) tomou uma posição firme face à provocação da multinacional e o Ministério da Administração Interna que podia ter ficado mal na fotografia com a PSP a dar à protecção à multinacional para tirar da fábrica os computadores especiais, mandou retirar a Polícia de Intervenção e tomou medidas para que nada saísse do país, de modo a respeitar-se a anterior decisão de negociações com a CP.
Também as decisões da cimeira da UE de flexibilizar o Pacto de Estabilidade veio dar algum alívio ao Governo.
O Estado de Graça aí está. E não são as birras do CDS com o Freitas do Amaral ou os maus augúrios que daí extrai Pacheco Pereira na Quadratura do Círculo, sempre a adivinhar desgraças a Sócrates, que alterará o signo favorável do momento.
Por mim aqui estarei para criticar o que me parecer errado na governação mas também para reconhecer o que for bem feito. Sendo certo que o essencial e as grandes provas estão para vir. E há coisas - a fuga de capitais, a perda de competitividade, a seca - que os Governos o mais que podem fazer é minorar ou criar melhores condições para as combater. É isso que se exige ao Governo e é sobre isso que sem demagogias nos devemos debruçar.
Portanto aplausos e esperar para ver.