2005-04-27
Vemos, ouvimos e lemos... (2)
Miguel Pérez, na recensão do livro (1), publicada na última edição do Le Monde Diplomatique, versão em português (2), destaca: «O General Hugo dos Santos recusou-se a participar no projecto [série de entrevistas sobre a preparação das acções militares do 25 de abril de 1974] insistindo na existência de um pacto entre altas patentes do exército, guardado em três cofres, que conterá a verdade dos factos do 25 de Abril de 1974, e também do 25 de Novembro de 1975.»
Parece que estamos diante de um desafio perverso. O Raimundo Narciso que é especialista em História Militar e da Resistência (só a mais desfechada modéstia o impede de justamente o assumir), que o diga. Doravante, sabemos que só depois do assalto aos «três cofres» poderemos produzir uma versão fiável da história secreta do 25 de Abril de 1974. Valerá mesmo a pena?
Que fazer?
(1) «A fita do tempo da revolução. A noite que mudou Portugal», Boaventura Sousa Santos (org.), Edições Afrontamento/ Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, Porto, 2004.
(2) Le Monde Diplomatique, nº 73, ano 6, Abril de 2005, pág. 28