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2005-05-19

 

ASSUMIR E DESMISTIFICAR

A imprensa de hoje refere que o Ministro da Economia, Manuel Pinho, no debate de ontem no Parlamento sobre o sector têxtil, não avançou com propostas de solução.

Não avançou, nem podia avançar porque não as tem, mas também não as há. E a atribuir culpas sobre o porquê em Portugal desta situação, os empresários não deixam de ser os principais culpados. Culpados porque tiveram tempo suficiente para adapatar as suas empresas às mudanças previsíveis no contexto do comércio mundial e tiveram dinheiro para isso. Só não tiveram vontade e conhecimentos. Deixaram andar porque não antecipando as situações possíveis e prováveis de acontecer não surgiu a vontade de mudar. Para muitos, infelizmente não há solução senão o encerramento a prazo com as nefastas consequências no desemprego.

O Ministro da Economia e o Governo não podem fugir a esta realidade e têm de a assumir face ao País. Umas quantas medidas são ainda possíveis para evitar que a hecatombe chegue de uma vez só. Mas para defender o sector como ele é não há medidas de política económica.

Pelo que o que se impõe nestas circunstâncias é partir para um novo projecto que inclua qual o papel que a fileira têxtil pode ainda desempenhar na indústria nacional, tendo em conta a evolução futura. Continuar com programas de financiamento de equipamentos está provado que é seguir o caminho errado. Esta questão estende-se a muitas outras indústrias e a muitos outros sectores, entre eles o turismo. Se não se atende aos factores de competitividade (domínio do imaterial) não vamos bem. A prazo temos mais "têxteis no terreno".

Os governos não costumam ir por este caminho. Deixam-se ir nas pressões e cedo ou tarde vão na hecatombe, exactamente porque não dão o contributo que se lhes exige para que o modelo de desenvolvimento que todos os dias aparece na teoria e no papel se transforme em realidade. Não é fácil, todos sabemos. Este é que é o caminho do Plano Tecnológico.

Comments:
As questões que o João Abel aqui trata são de grande importância e não menor actualidade.
Que e como fazer para romper o círculo vicioso de crise que gera mais crise.
Já se sabe que o grau médio de preparação cultural e profissional da mão de obra nacional é baixo mas como não são os trabalhadores os condutores do processo produtivo olhamos para os empresários e que vemos? Um panorama equivalente. Baixa qualidade média. Então neste grupo reside uma parte maior, não digo das culpas da crise ou do atraso, porque na economia não adianta atribuir culpas, mas das causas de estrangulamento.Na Economia outro grupo decisivo é o que é constituido pelo Estado, e mais concretamente pelos Governos. Ora a qualidade média dos nossos governantes nas últimas décadas não tem sido muito elevada mas o pior não é isso. O pior são as condições do seu trabalho.A necessidade de "agradar" às clientelas partidárias, de que em parte dependem, de agradar à comunicação social, que condiciona a sua base de sustentação, os seus eleitores. A preocupação com as sondagens e por trás delas com os votos. A atenção permanente ao ciclo eleitoral que os distrai do essencial, agovernação. Estas circunstâncias não estimulam a concretização de objectivos de uma grande visão política (quando haja), nem planos estratégicos sustentáveis (que por serem estratégicos não podem ser de curto prazo). Os políticos obrigados a ter constantemente o olho na sua sustentabilidade como governantes não podem alongar a vista para os grandes desígnios. Estamos cercados? Talvez. Mas não há cerco que não se rompa.
 
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