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2005-05-30

 

A França disse NÃO


Distribuição geográfica dos votos.

Segundo os resultados definitivos o NÃO obteve 54,87% dos votos no referendo sobre a constituição europeia organizado em França. O resultado é claríssimo, a abstenção é das mais baixas dos últimos anos (30,26%). Todas as análises mostram que a esquerda votou maioritariamente não (59% do eleitorado PS, 60% do eleitorado verde, acima dos 95% para o PC e trotskistas).

O governo de Chirac sofreu uma pesadíssima derrota e tudo leva a crer que dentro em breve teremos um novo primeiro-ministro. A direcção do PS encontra-se numa situação incómoda: foi largamente desautorizada pelo seu eleitorado e enfrenta a contestação dos seus dirigentes que fizeram campanha pelo não. Outro grande derrotado é Daniel-Cohn Bendit, militante verde que fez campanha comum com a direita e com o PS a favor do sim, tendo, na última fase da campanha, adoptado uma atitude agressiva contra os seus camaradas de partido favoráveis ao não.

De salientar que a grande maioria dos comentadores políticos e dos partidos defendia o sim (cerca de 80%), o desequilíbrio a favor do sim na comunicação social foi esmagador. Esta campanha mostrou também uma população informada, as pessoas leram e discutiram o texto e foram votar em grande número.

O não é obviamente a soma de muitos descontentamentos: o da destruição do modelo social (fim das 35h, ameaças ao sistema de segurança social, etc.); a falta de pachorra para um primeiro-ministro que já devia ter sido mudado há muito tempo; e também, é bom não esquecer, o sempre presente chauvinismo da direita nacionalista francesa (xenofobia, racismo, medo da Turquia, etc.).
Comments:
Segundo entendo, o não consubstancia uma "revolta" genuina do povo francês contra os governantes. E sobretudo uma revolta contra a perda de regalias sociais, enquadradas no modelo social europeu.Mas não será que a França por inépcia política está mesmo a por causa esse modelo?
O que quero dizer? Os Nórdicos tiveram aqui há uns anos esse problema. E souberam dar a volta através de reformas inovadoras a que o Continente, incluindo Portugal,é avesso correndo sérios riscos de todo o modelo se esboroar. Estou a ver mal?
 
Olá João Abel

O teu comentário dá pano para mangas, de facto, por aqui as pessoas têm a sensação de que são sempre os mesmos a pagar as reformas. Desde há alguns anos tenta-se resolver o problema do financiamento do modelo social com a aumento dos impostos indirectos e reduz-se o IRS (que só abrange a metade mais rica da polpulação). A isto juntam-se as provocações de alguns patrões que ao fechar as fábricas em França propõe às pessoas ir trabalhar para o estrangeiro por 100 euros por mês.
 
Significa ainda a distância que existe aentre a classe política e os cidadãos.
 
Meu caro Pedro Ferreira

A vida é difícil. Aqui também há uma sensação idêntica com uma desvantagem. A situação do "estado social português" está muito aquém. Nem podia ser de outra forma. Houve um período bem negro e prolongado da nossa história que atrasou tudo. Depois houve um período embora curto, em que se fomentaram as ilusões mais díspares. Não havia que dar contrapartidas. Só benesses.

E tudo isto complica. Quando aparecem umas luzinhas de mudança, a reacção é todos ao ataque e fé em deus não de diálogo e de um mínimo de apoio. Assim tenho sérias dúvidas...de um novo projecto.
 
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