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2005-05-09

 

W.Bush em Riga revê a História

"Sessenta anos depois da derrota da Alemanha nazi e do final da II Guerra Mundial, o Presidente norte-americano, George W. Bush, [num discurso em Riga, capital da Letónia, a caminho das comemorações, hoje, em Moscovo] reconheceu que os EUA permitiram em 1945 "um dos maiores males da História": o domínio soviético sobre metade da Europa e a consequente divisão do continente europeu em "dois campos armados". (Público de 2005-05-08. Sem link).

Numa clara alusão aos acordos de Yalta, Bush, que da História deve ter apenas uma vaga ideia conta-nos que os EUA cometeram então um erro político, e induz-nos a conclusão de que se Roosevelt ou Truman fossem como ele, outro galo cantaria. Mas quem conhece a História sabe que os acordos na sequência das guerras expressam a correlação de forças em presença e não truques ou estados de alma. E a relação de forças nos campos de batalha da Europa então, não eram o que hoje é a relação de forças EUA-Rússia.

Quem conhece a história sabe que a 2ª GM na Europa foi, no essencial, ganha pelo Exército Vermelho e não pelas tropas dos aliados ocidentais (EUA, Reino Unido, Canadá) apesar do seu importante papel na derrota da Wermacht. E sabem que os povos europeus no fim da guerra viam na União Soviética o seu libertador da barbárie nazi e que o "preço" ascendia a mais de 21 milhões de soviéticos mortos.
De que fala Bush quando fala em Riga?
De 6 de Junho a 24 de Julho de 1944 enquanto as forças aliadas desembarcadas na Normandia (operação Overlord) tinham conseguido alargar a sua testa de ponte na França numa frente de 100 km e uma profundidade 50 kms, nesse mesmo período o exército vermelho avançou para Ocidente 500 km na Bielorússia. De Junho a Agosto de 1944 as forças armadas de Hitler perdereram na frente Ocidental 294 mil homens. Mas no mesmo período perderam na frente Leste 917 mil.
Próximo do fim da guerra, a meados de Abril, Hitler opunha aos aliados Ocidentais ao longo do rio Elba, 60 divisões, das quais 5 de carros blindados (cerca de 600 mil homens) mas a Leste concentrara 214 divisões das quais 34 de carros blindados (mais de 2 milhões de combatentes).
Na operação de Berlim as tropas soviéticas empenharam cerca de 2, 5 milhões de homens de um total de 6 milhões de combatentes desde a Carélia (próxima do Ártico) à Jugoslávia.
A realidade que determinou os Acordos de Yalta foi esta e não uma hipotética frouxidão de Roosevelt/Truman ou Churchill.

Comments:
O Mundo Ocidental livre, que englobava as potências que emergiram da 2ª Guerra Mundial ostentando o poder decorrente da vitória, sentiram pudor em aplacar os intentos de Estaline. O erro, indubitavelmente, existiu. Os presentes na em Yalta anuiram à subjugação dos países do Báltico devido à descortesia que isso representaria para com os soviéticos. Depois de o martírio ter abalroado milhões de soviéticos - entre militares e civis -, pareceu aos líderes dos EUA e do Reino Unido, nomeadamente, que seria indecoroso erigir obstáculos que impedissem à URSS a reinvindicação dos desepojos de guerra. Redentores de milhões - e o Ocidente esquece isso -, a URSS converteu-se em cárcere tumular de outros milhões. Se é imperioso reconhecer a salvífica intervenção soviética na II Guerra, torna-se inevitável, igualmente, assumir perante o Mundo e vítimas que o Ocidente permitiu a arbitrariedade nefanda de Estaline como recompensa pelos sacrifícios soviéticos. Não simpatizo com Bush, e também acredito que o seu conhecimento da história é tão agudo quanto a sua lorpice. No entanto, mesmo que lhe tenham impingido aquele texto, assumir que foi um erro a complacência ocidental parece-me, por integridade, imperativo. Bush esteve bem.
 
Cometi um erro de "número", logo no intróito do comentário. Leia-se "O Mundo Ocidental(...)sentiu pudor(...)"
 
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