2005-06-16
O Cheque Britânico e Blair
Comecemos com o cheque britânico. Em 1984, a Sra Thatcher, numa cimeira agitada disse "quero o meu dinheiro de volta" e a cimeira com o visado principal Miterrand não teve outra saída senão aceitar. Estavamos numa Europa pequena e rica e o Reino Unido numa situação económica frágil. Pode agora argumentar-se que a situação mudou. É um facto. O Reino Unido é agora uma das economias mais desenvolvidas e mais sólidas da UE. Mas os argumentos de então da Sra. Thatcher continuam válidos. Hoje a UE não canaliza 70% do seu orçamento para a agricultura, mas cerca de metade e a França continua a ser a grande beneficiada com esta política. Quer queiramos quer não e caricaturando um pouco não é de mais batatas, ou de mais carne e leite que a UE precisa para se posicionar numa linha de inserção activa no processo de globalização, retirando daí benefícios para os seus cidadãos. A Europa precisa de investir em inovação e conhecimento. E a que se assiste, muito sob pressão francesa? à implementação de políticas que vão contra a cimeira de Lisboa, contra avanços no campo da solidariedade europeia. Faz sentido a continuidade desta política quando até os novos países com potencialidades agrícolas são proporcionalmente menos beneficiados que a França?
Acresce ainda que as relações Londres/Paris nunca foram muito saudáveis. Para além de modelos diferentes de desnvolvimento não podemos esquecer que Paris se opôs numa primeira fase à entrada do Reino Unido na CEE. São as marcas que a história deixa.