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2005-06-08

 

Posição de Freitas do Amaral incomoda o Governo

Apesar das críticas que aqui tenho formulado sobre a posição do governo por achar que, nas actuais circunstâncias, tem falado em demasia e de continuar a defender o indefensável - o referendo a um tratado "em estado comatoso" - e apesar da posição pessoal de Freitas do Amaral se aproximar da que defendo, não consigo perceber que um homem com tanto traquejo político, que tão bem soube agir no tocante à sua reforma, antes de tomar posse, tenha agora tido este deslize.

A um Ministro exige-se que veicule para fora não a sua opinião, mas a do governo. O exercício de funções desta natureza é regido por um princípio básico, o da solidariedade. Sem esta regra teremos um governo pouco funcional. É, portanto, natural que o governo se sinta incomodado tanto mais que Freitas do Amaral não é um Ministro qualquer mas exactamente o da área em que o desencontro entre a sua opinião e a institucional mais significado tem. Imagine-se a anarquia se os embaixadores cada um à vez começassem a dar opiniões pessoais.

Só acho que esta situação acaba por não ter grande gravidade porque a Assembleia da República também alinhou no congelamento da revisão por uns dias. Há também aqui qualquer coisa de insólito.

Comments:
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Acho que quando Sócrates «escolheu» Freitas do Amaral para Ministro de Estado e dos NE), perante o silêncio complacente de muitos socialistas, estava a fazer uma coligação virtual. Sustentei, então, e mantenho, que ali, junto do leme da governação, com os olhos em alvo, dando uma mãozinha ao timão, Freitas era mais do que ele. Como dizia o Pessoa: Aqui ao leme sou mais do que eu.» Freitas sempre teve a sua própria agenda. Aliás ninguém daria emprego a qualquer dos «senadores» da III República, ingenuamente, sem saber o papel que eles próprios se atribuiram. Já nos tempos da AD, Freitas do Amaral desabafava que não tinha jeito nem pachorra para número dois. É óbvio que não o ganhou entretanto. Depois da «reconciliação» com Condoleeza Rice, e da prestimosa ajuda para a colocação de António Guterres no cargo de Alto Comissário da ONU, Freitas revela, uma vez mais, a sua argúcia. Enquanto os entusiastas formais abanam a carruagem para fingir que o comboio continua em marcha, Freitas apita, e aponta para o comboio parado. Quem tirar mais dividendos dessa discussão surda, com fim à vista, ganha. O comboio parou. A melhor saída é voltar às negociações e pô-lo outra vez em marcha. Dir-se-á, depois, que pelo menos houve alguém lúcido no governo. Pois. Quem seria?
 
Tens toda a razão. Ministro é ministro. Não pode andar a contradizer o 1º M. Se não concorda cala-se e diz o que o Governo diz ou se a situação não é comportável então demite-se e fala. Isto é típico de prima-dona. E não é bom sinal. Já o das Finanças começou a "anunciar" aumento de impostos quando o 1ºM negava.
Agora essa da AR é uma boa decisão mas pouco coerente com as posições de PR, 1ºM.
RN
 
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
 
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Chama-se a isto ingratidão. Faz o homem o melhor que pode e sabe. E que ganha ele? Em vez do apoio e compreensão dos que nada exprimiram contra a sua inclusão no elenco governamental, disparam-lhe uma crítica acerba que sugere, por fim, a demissão.
Que ele pensou sair, um dia, do Governo, está claro. Mas não me parece que seja para já...
 
Meu Caro Manuel a verdade é que não sabes o que penso ou pensava da escolha de Freitas para MNE. E o blog onde nos distraímos não esgota o que pensamos.Nem o que dizemos.
Foi coisa que aprendi quando ao ver gente a falar sózinha pelas ruas me respondiam ao meu espanto: Ia porventura lá pôr isto no blog! Assim o MC quando me interpelar pelo que lá escrever logo lhe responderei que há mais mundo que o Blog.
RN
 
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Utlizei o verbo exprimir exactamente porque nunca sei o que as pessoas pensam. Devia ter acrescentado - «publicamente». Não estava a pensar atingir-te, até porque costumamos falar fora do blogue e, estou de acordo contigo que há mais vida para lá do blogue (e de outras intervenções públicas). Peço desculpa pela parte que tomei nessa interpretação desviada. Um abraço.
 
Meu Caro Manel senti-me "atingido" com os teus argumentos mesmo sem para mim serem dirigidos. Mas sem qualquer melindre, que seria totalmente descabido. Os argumentos só podem servir para "atingirem" e por mim fico satisfeito se consigo "atingir" alguém ou se por alguém for "atingido". Só assim há debate.
Passando aos finalmentes.
Estou de acordo contigo, em grande parte do teu comentário inicial. Freitas é e sente-se "un Grand Seigneur". Não sei o que levou Sócrates a convidá-lo. Acho detestável não me consultar, mas paciência. Mas quando o convidou achei má aposta. Não por o Sr. vir da direita porque às vezes estão mais à esquerda os que vêm da direita do que os tendo sido de esquerda estão indo para a direita. Não tanto pela origem mas porque é, un Grand Seigneur, particularmente no lugar que ocupa e a meu ver isso poderia vir a ser um grande constrangimento para um qq 1ºM que não seja, particularmente nos Negócios Estrangeiros ele próprio um Senhor maior que ele. Porquê? Ora porque não se coibirá (como se está a ver)de demonstrar a sua grande sapiência.
Estou também de acordo contigo que as prima-donas têm sempre a sua própria agenda e não estão para as colocarem ao serviço de outrém ou de uma causa que não seja a sua Causa ou a Causa do País definida pelo próprio.
Claro que tendo em conta o mundo actual a diferença entre as políticas de um Jaime Gama, por exemplo, e um Freitas não serão grandes e portanto pode-se convir que num Governo do PS um Freitas, pela sua qualidade, sua experiência, suas relações é uma garantia de bom governo, fora aquele senão. Tinha até demonstrado bom comportamento no Iraque. (Com segundas intenções? Para ser um candidato presidencial do PS? As intenções são pouco relevantes ao lado dos factos.
Mas eu aconselharia a um 1º M que saiba o que quer, nas relações internacionais, um MNE que não tivesse veleidades de Prima-Dona. E na área do PS havia por onde escolher.
Não sei se pensas o mesmo mas a meu ver e quiçá no de Sócrates o convite a Freitas não é uma aliança informal com a direita, ou sectores da direita. Freitas é para a direita um traidor e tão estimado por lá como por os ex-comunistas na Soeiro Pereira Gomes.
 
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