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2005-07-30

 

O PCP, o PS e a distribuição de papeis à esquerda (again)



Este poste continua a conversa com o meu amigo Raimundo Narciso. (Ver poste imediatamente anterior.)

1. Herdámos uma história de lutas sociais, culturais e políticas que ganhamos em tentar compreender antes de cedermos à tentação (tão conveniente quanto perversa) de nos pormos a nivelar tudo por baixo chamando a essa razia um acto de justiça. O meu amigo Raimundo Narciso não tem nada a aprender sobre isto, eu sei e, por isso, a conversa reveste um interesse especial.

Os grupos socioprofissionais e sociais mais influentes conseguiram, quase sempre, melhores salários, melhores condições de trabalho, melhor protecção social. Nada indica que, desembaraçados dos actuais parêntesis políticos, com ou sem Governo do PS, as coisas não continuem assim. A reprodução das desigualdades está no âmago do «nosso» modo de produção.

Este é o primeiro elemento ideológico estranho nas nossas últimas conversas. Poderá qualquer tipo de nivelamento constituir um acto de justiça? Na minha opinião, não. Vai ser necessário, como sempre, negociar, avançar, recuar, ceder, e conseguir bons acordos. O que se faz com os «grandes», far-se-á também com os «pequenos». É nesse critério que pode haver alguma justiça, - não, seguramente, em qualquer nivelamento de índole igualitária.

2. Quando se sustenta que todos os funcionários públicos são uns privilegiados de alto lá com as aldrabas, confundindo tudo para afiambrar a argumentação

Diz RN: « O meu e certamente o [aplauso] de 4 milhões de cidadãos que contribuem com os seus impostos para a situação de privilégio daqueles 700 mil cidadãos do sector público» (O sublinhado é meu).

... está-se a utilizar um expediente retórico hiperbólico. Nem os contribuintes pagam todos o que deveriam pagar, nem os funcionários públicos são todos privilegiados. Por isto ser tão claro, espanta sempre a facilidade com que o discurso de alguns desliza para a simplificação. Será só para justificar as medidas do Governo?

3. O PCP está a cumprir, com maior ou menor coerência de projecto (na era da crise de todos os projectos) o papel de esquerda da sua tradição. Como o PS não quer, e o BE não pode, o PCP capitaliza e quase poderia agradecer o historicamente repetido desprezo do PS por essas minudências do anticapitalismo e da legitimidade que todos têm em defender os seus interesses.

4. Quanto às Autárquicas do próximo mês de Outubro, acredito que a intenção do que foi dito pelo meu amigo Raimundo Narciso no poste anterior não lhe estivesse associada. Basta ele dizê-lo. Também é verdade que, independentemente disso, não se fala noutra coisa. Governo, Autárquicas e Presidenciais passaram a entrecruzar-se sem remédio.

5. Relativamente à rede de influências do PCP na esfera sindical, sabemos que, não sendo hoje tão poderosa nem tão eficaz quanto já foi, tem ainda uma influência grande. Porém, suponho que é pelas razões inversas que explicam a reduzida influência das organizações similares geridas por outras forças políticas. Todos sabemos que em Portugal cada uma tem a sua central sindical. Rima e, neste caso, também é verdade.

Comments:
Não queres lá ver que este gajo ainda volta ao PC. Mas que fuleirice prhai vai, chico.


O Muito Mauzinho
 
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