2005-07-16
O Regresso do Pensamento Único (1)
Comentário ao artigo de Pacheco Pereira (PP) reproduzido no Abrupto.
«Quando se está em guerra, corre-se para a frente» e «Ou nós ou eles» são dois mimos marciais que PP nos serve no seu artigo (a ler no Abrupto). Para além de falácias descontextualizadas, denotam uma embriaguez doentia do elogio das armas. PP tornou-se o arauto da solução única que disfarça (mal) a apologia do pensamento único.
«Quando se está em guerra, corre-se para a frente» e «Ou nós ou eles» são dois mimos marciais que PP nos serve no seu artigo (a ler no Abrupto). Para além de falácias descontextualizadas, denotam uma embriaguez doentia do elogio das armas. PP tornou-se o arauto da solução única que disfarça (mal) a apologia do pensamento único.
PP disfarça a evidência. Bin Laden, a Al Qaida e os Mujahedines foram treinados, para além de toda a prudência ocidental, pelos serviços secretos dos EUA e do Reino Unido. As conexões foram claras e são agora nebulosas. De nada lhes servirá tentarem ocultá-las. O Império enfrenta mal a era da grande complexidade tecnológica. Os mercados financeiros nem sempre se sentem protegidos pela ordem liberal. Deixaram para o puritanismo religioso a tarefa da estabilização social. Entretanto, os mercenários que o Império recrutou e pagou para apressar o colapso do sistema soviético, tomaram as suas derivas. Nem todos permanecem, com o esperado grau de prontidão, na cadeia de comando norte americana. Não vale a pena deformar o que diz Soares e, ao mesmo tempo, fazer de conta que a história (re) começou em 2001 sobre Manhatan.
O que Soares diz, - para além do óbvio olhar pragmático que lança sobre os incêndios regionais - é que as grandes potências (EUA, UK, França, etc) negoceiam, de facto, com aqueles a quem chamam ou chamaram terroristas, distribuindo, globalmente, notas de imprensa afirmando o contrário.
É tudo demasiado grosseiro para, com tanta desfaçatez, se invocarem as vidas inocentes daqueles e daquelas para quem, de súbito, o mundo se desfez em Nova Yorque, em Madrid ou em Londres. Mas é duplamente hipócrita ocultar que, noutras latitudes, a humilhação e o morticínio genocida continuam. No Afeganistão, o rastilho continua aceso; na Palestina, o amigo americano mancha-se com uma parcimónia inominável; no Paquistão, a aliança é dúbia. Musharaff, protector e mentor da Al Qaida, poderá ser, daqui a pouco, o próximo Bin Laden.
Esse é o caminho que o Império aponta.
Soares tem razão. Os caminhos trilhados até agora, têm apenas trazido mais do mesmo.
Um pouco de história ajudará ou, pelo menos, trará para a discussão um elemento importante. Onde a diplomacia não toma lugar, nenhuma esperança de paz poderá assomar. O caminho único da utilização da força que nos estão a tentar impor, não tem nem a paz no horizonte nem qualquer saída pacífica em vista.
E nesse aspecto PP tem razão.
É a guerra.
Comments:
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Não se percebe muito bem qual a posição do MC e dos outros abonados do PuxaPalavra quanto ao terrorismo global. Só ideias gerais...
Edmiro
Edmiro
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Ideias gerais?
Estás a falar das ideias que passaram na cabeça do cidadão brasileiro abatido à entrada de uma estação de metro em Londres?
Acho que as ideias que advertem para o reducionismo do Pensamento Único, comportam algo de particular e de específico? Não achas?
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Ideias gerais?
Estás a falar das ideias que passaram na cabeça do cidadão brasileiro abatido à entrada de uma estação de metro em Londres?
Acho que as ideias que advertem para o reducionismo do Pensamento Único, comportam algo de particular e de específico? Não achas?
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